“Raul, por favor, já falei que Otávio é meu amigo. Imagina a vergonha que vai ficar para a minha família.” “Vergonha?! Agora imagina eu e a minha família quando a cidade toda souber o que aconteceu, onde ficará a minha honra?” Nessa ocasião, Felícia já não sustentava mais o choro. “Eu não te toquei, posso anular o nosso casamento. Você segue a sua vida, assim como planejou. Agora, faça as suas malas, te espero lá na sala.” “Eu não vou, não posso voltar.” “Infelizmente acabou, Felícia!” Felícia desmoronou, pensando na vergonha que ela e a sua família iriam se submeter. As pessoas iriam julgá-la por estar desonrada e seu pai não iria aceitá-la de volta. “Otávio nunca me tocou, ele é meu amigo. Eu ainda sou pura!” Evidentemente, aquela afirmação o impactou de forma abrupta e inesperada. Ele mirou a mulher, atordoado com a declaração. “Você não está mentindo para mim, não é mesmo?” “Não, não estou mentindo. Eu ainda sou pura.” “Escuta aqui, Felícia, vou acreditar no que está diz
“Como está a minha filha? Ela está bem?” “Está sim. Vim falar sobre ela. Não sei se o senhor está ciente sobre o boato que me deixou muito enfurecido envolvendo a minha esposa.” “Mas que boato?” “Andam dizendo por aí que Felícia fugiu com outro homem na véspera do nosso casamento e eu quero que o senhor me esclareça essa história, pois estou preocupado com a minha reputação.” O Sr. Molina ficou atordoado com a descoberta do genro, ele respondeu com um nó na garganta: “Meu genro, isso é apenas boato. Realmente, Felícia não queria casar com você e resolveu se esconder na casa de uma amiga, foi só isso que aconteceu.” “Mas não foi dessa forma que o boato se espalhou, fazendeiro. Dizem que o filho do padeiro a pegou aqui e levou para casa dele. Ela fugiu com ele, é essa a história que eu soube em Santa Rita.” “São só fofocas de gente maldosa, filho. Eu te entreguei a minha filha por ela ser uma moça decente, ela jamais teria um caso com um filho de padeiro.” “Sr. Mo
Felícia, ao ver o marido naquelas condições, o levou para o banheiro e o ajudou a tomar um banho, repreendendo-o com um sermão: “Nunca mais faça isso, não vou aturar esse comportamento. Você é um homem casado e tem que se comportar de acordo. As pessoas vão falar e vão comentar. Isso é feio!” Ele retrucou, ressentido e com a voz embargada pelo efeito do álcool: “Feio foi o que você fez... nosso casamento já está na lama. A sua família e a minha são uma vergonha.” “Raul, se você quer vingança, você não terá. Não vou tolerar humilhações, da próxima vez juro que te deixo e vou embora. Não quero continuar com você agindo dessa forma.” “Você não está presa a mim, mulher! Quando desejar, pode partir.” Felícia o deixou e deitou na cama, emburrada e tristonha. Raul terminou seu banho e também caiu na cama. No outro dia, ele não lembrava de nada. Acordou com uma tremenda ressaca e com raiva de si mesmo por ter sido tão depravado. Felícia seguia o seu dia na rotina de sempre, a
Ao amanhecer, ela se achegou ao marido, abraçando-o. Ele retribuiu beijando sua testa. Com a luz do dia iluminando o quarto, Raul percebeu o corpo da mulher marcado, cheio de hematomas principalmente na parte do pescoço e mamilos. Acariciando o rosto da mulher, ele perguntou em tom de preocupação: “Eu te machuquei?” “Não, estou bem!” Timidamente, ela perguntou com tom de voz hesitante: “Agora é possível a gente ser feliz, depois dessa noite?” Ele respondeu serenamente: “A felicidade é construída no dia a dia com a lealdade, fidelidade, confiança e honestidade. E isso só o tempo dirá.” Em clima de paixão, ela confessou ainda acariciando o rosto dele: “Saiba que eu estou disposta a fazer esse casamento dar certo.” Ele apenas acariciou a cabeça dela e beijou os seus lábios corados com desejo. Ela levantou primeiro e se preparou para tomar um banho. “Espere, vamos tomar banho juntos”, pediu Raul. “Não, está louco? E se sua irmã ou sua mãe nos ver entr
Numa sexta-feira à noite, Felícia tinha acabado de tomar banho e entrou no quarto de toalha, secando o cabelo com uma outra toalha. A sua pele estava macia e brilhante e o seu semblante mais leve e, ao mesmo tempo, sedutor enquanto Raul a observava, contemplando-a com um olhar penetrante. “O que foi?” Depois de um suspense, ele respondeu: “Você é tão bela, minha gatinha, ainda não acredito que será minha para sempre.” Ele chegou mais perto e a beijou com desejo. “Quero tê-la agora!” “Agora não, precisamos descer para jantar, a sua mãe está esperando.” “Rapidinho, prometo!” Ele a jogou na cama já ofegante e lhe arrancou a toalha, admirando o seu corpo esculpido. Ela se sentiu envergonhada e tentou cobrir sua intimidade. “Não precisa ter vergonha. Você é minha, só estou contemplando seu corpo perfeito.” Deitou em cima dela e lhe deu um beijo quente e sedutor. Quase como uma fera sedenta, sugou os seus os seios e pescoço com prazer. Em meio ao desejo, ela o puxou par
Raul arregalou os olhos, paralisado com a revelação. Ele não sabia quem era o seu pai biológico já que a sua mãe nunca revelou a informação e sempre lhe dizia que o seu pai havia morrido. Ele perguntou incrédulo: “Tem certeza que o senhor está falando com a pessoa certa?” “Tenho sim. Não é o senhor o engenheiro agrônomo Raul Trajano?” “Sim, sou eu.” “Então estou conversando com a pessoa certa.” “Aqui estão todos os documentos da herança assinados pelo seu pai, com todas as cláusulas. Ele deixou tudo pronto antes de falecer, como uma reparação pelo tempo que não permaneceu com o senhor. A única exigência que ele tem é que o senhor mantenha o seu nome, honra e prestígio. Ele deixou essa carta explicando toda a situação.” Raul pegou a carta e todo o documento da herança, as escrituras, o testamento e as declarações. Ele havia herdado setenta por cento dos bens que o Barão deixou. Também herdaria a sede da fazenda Gran Sierra e as suas duas meias-irmãs ficariam com uma pequ
Chegando na sede da fazenda Gran Sierra, Raul ficou surpreso com o colossal e primoroso complexo. Era um lugar deslumbrante com palmeiras gigantes, jardins de grama verde e fontes de águas cristalinas. O engenheiro foi recebido pelo Dr. Damião. “Sr. Trajano, seja bem-vindo! Entre, venha conhecer a sede da sua fazenda.” O advogado apresentou toda a casa grande a Raul, que observava o seu patrimônio maravilhado. Dr. Damião também lhe apresentou os funcionários. “Agora, vamos conversar. Preciso repassar outras documentações para o senhor.” Os dois se dirigiram ao antigo escritório do velho Barão. Doutor Damião pediu que os empregados lhes servissem uma bebida. “Sr. Trajano, quero adiantar o assunto e informar que suas duas irmãs não estão nem um pouco satisfeitas com a divisão dos bens. Estão revoltadas com o pai e já lhe digo que esse é o seu principal problema no momento.” “Doutor, se tudo está documentado e registrado, então não existe problema.” “Tudo bem. Acredito que c
Ele a intimou já subindo as escadas. Felícia, sem entender, subiu atrás. Raul esperou a mulher entrar, fechou a porta atrás de si e foi logo desabafando com desafeto: “Você achou que eu não iria descobrir, não é?” Ela ficou sem entender nada. “Descobrir o que? Do que você está falando?” “Do cambalacho do seu pai, vocês sabiam que eu era o herdeiro do Barão.” Felícia arregalou os olhos, sentindo um nó se formar na sua garganta. Ela entendeu tudo, sabia que aquilo era verdade. O seu pai a uniu com Raul depois que descobriu que ele era o herdeiro já que ele era amigo do Barão. “Raul, por Deus, eu não sabia... não sabia, eu juro!”, ela respondeu com voz trémula. “Você sabia! Esse casamento foi uma trama criado por você e pelo seu pai. Vocês são pessoas baixas, indecentes, desonestas, mau caráter... Você casou comigo por interesse.” Nesse momento, Felícia não conseguiu segurar as lágrimas. Ela negava a todo custo. “Raul, não é verdade, você está enganado. Eu nã