Sr. Molina desceu e recebeu o genro cheio de cerimônia.
“Boa noite, meu futuro genro!” “Boa noite, Sr. Molina!” “Venha, sente-se, vamos tomar um vinho antes de jantar." Depois da conversa, o velho fazendeiro gritou de longe: “Salete, o jantar já tá pronto?” Dona Salete chegou perto, cumprimentou o engenheiro e respondeu: “Está sim, vamos para a mesa.” Durante a refeição, o velho fazendeiro e o engenheiro Trajano conversavam a todo o tempo sobre as lavouras, as inovações no mercado agrícola e o trabalho de Raul. Raul tinha um olho no sogro e o outro na futura esposa, se esforçava para se concentrar na prosa do sogro, observava Felícia quieta. Senhor Molina por fim, entrou na parte do casamento: “Então, vamos fazer o seguinte: o casório será realizado aqui na capela da fazenda em três semanas. Felícia já vai ter terminado a escola, é o tempo de nos prepararmos para a celebração.” “Por mim tudo bem, Sr. Molina”, Raul concordou de imediato. No final da refeição, ele pediu a permissão do sogro para conversar com Felícia a sós. Mesmo sem querer, ela sentou no sofá da sala. O homem se achegou junto a ela, declarando-se: “Felícia, você sabe que eu sempre tive sentimentos por você. Para mim, tê-la como esposa era uma ambição, um sonho que se tornará em realidade em breve. Mas não quero que você se case por obrigação, quero que me diga se está se casando de livre e espontânea vontade. Então... eu lhe pergunto se realmente é isso que você quer para a sua vida, pois, para mim, casamento é para sempre.” Ela já tinha sido instruída pelo pai e mentiu para o seu noivo enquanto segurava o seu colar com a medalha de Santa Rita pendurado no pescoço. “Sim, é isso que quero e tenho plena consciência. Eu não te amo, mas com o tempo talvez consiga te amar.” “Certo, era isso que eu queria saber”, ele respondeu satisfeito. “Quero que saiba que vou me esforçar ao máximo para te fazer feliz. Como você já sabe, eu sempre te admirei e gostei de você. Garanto que te farei a mulher mais feliz do mundo.” “Eu também vou me esforçar para esse casamento dar certo.” “Tudo bem, a gente pode conversar com o seu pai e oficializar o noivado. Inclusive, já estava com as alianças aqui para te entregar.” Ele tirou a aliança do bolso, pegou a sua mão macia e colocou o anel com delicadeza. Em seguida, deu-lhe um beijo no rosto, quase próximo à boca, encantado com a doçura da mulher. Depois do noivado, todos brindaram com champanhe. No dia seguinte bem cedo, Felícia foi à padaria da família de Sarah. Enquanto a amiga atendia os clientes, ela conversava com Otávio: “Otávio, você entende? Eu não quero casar, todos os meus planos foram ladeira abaixo, estou com muita raiva do meu pai e muito mais daquele homem.” “É bem delicado a sua situação, minha amiga. Diante disso, você tem dois caminhos: aceitar tudo o que o seu pai impõe e se casar com esse homem ou se rebelar e fugir para bem longe e esquecer a sua família.” “As duas opções são péssimas!”, ela exprimia angústia na fala. “Sinto muito, mas infelizmente você está numa situação desesperançosa.” Felícia também conversou com Sarah e a amiga insistiu: “Se você quiser fugir, a gente pode te ajudar. Eu tenho alguns parentes na capital, posso conversar com eles.” “Ai, Sarah, não sei. Tenho medo, passei a minha vida toda na roça. Eu também tenho a minha tia Amália na capital, ela me aceitaria, mas se eu fugisse para lá meu pai me buscaria em dois pulos.” “Amiga, pensa direitinho, às vezes você tá sofrendo sem necessidade! Talvez ele seja um cara bacana, pelo menos ele é bonito.” “Mas eu não gosto dele.” “Oh, minha amiga, de verdade, eu sinto muito. Veja o que você vai fazer, pode contar com o nosso apoio.” “Tudo bem, Sarah, muito obrigada por me escutar, a gente vai se falando. Eu vou indo, se não o meu pai vem me buscar.” No caminho para a fazenda, Felícia imaginou o que iria fazer da vida com um destino cruel Ela passou os dias seguintes trancada no quarto sem querer comer. Nesse tempo, seu vestido de noiva foi confeccionado por sua mãe e sua cunhada Isla. Na sexta-feira, antevéspera de casamento, após muito pensar, ela finalmente tomou uma decisão e resolveu fugir para a capital ao invés de se submeter a um casamento arranjado. Ao romper do dia, foi até a padaria da amiga encontrar-se com ela e revelar os seus planos. Juntas, bolaram um plano de fuga. “É muito arriscado, mas eu vou te ajudar. Vamos fazer o seguinte: vou conversar com meu irmão, ele te pega na fazenda à noite. Ele irá deixar o carro na estrada de baixo e você desce às dez horas em ponto. Você vem e fica aqui escondida no meu quarto e no domingo de manhã parte para a capital de trem.” Assim como planejaram, Felícia foi para casa e fez as malas as escondida. Às dez horas da noite, desceu em silêncio e esperou na estrada pelo amigo Otávio.Os dois saíram de carro e Felícia permaneceu a noite e o dia escondida no quarto de Sarah. Ela fugiu e se escondeu na casa dos amigos, esperando o trem para capital. O trem só saía uma vez na semana, no domingo de manhã, dia de seu casamento. Os primeiros raios de sol começou a surgir. Dona Salete se levantou cedo, pois era sábado, dia dos preparativos para festa de casamento da filha. “Felícia, filha, acorde! A gente precisa adiantar a arrumação para o seu casório amanhã.” Ela entrou no quarto e viu a cama da filha arrumada. Dona Salete procurou a filha por toda a casa, porém não a encontrou. Movida pelo desespero, não viu outra alternativa a não ser falar com o marido: “Dante, Dante, a nossa filha sumiu! Felícia não está aqui.” O Sr. Molina se levantou nervoso da mesa do café da manhã. “Tem certeza, mulher? Já procurou por toda a casa?” “Já sim, velho, ela sumiu!” O Sr. Molina pediu que os empregados procurassem nas redondezas. Em seguida, pegou sua caminhonete e, junto de
O engenheiro morava em Santa Rita com a mãe e a irmã mais nova num sobrado modesto e aconchegante de três quartos com um quintal extenso. A irmã mais velha, Catarina, vivia na capital estudando enfermagem. Já em casa, a sogra Dona Quitéria apresentava a moradia para a nora: “... E esse será seu quarto e do seu marido. Lá na frente é o banheiro. Amanhã, lhe apresento o quintal.” “Obrigada, Dona Quitéria, agora vou tomar um banho, estou muito cansada.” Na simplicidade do seu novo lar, Felícia olhava tudo com desgosto, lembrando do luxo da sua vida na fazenda. Já no quarto, ela não estava com nenhuma disposição de ter a sua primeira noite numa cama velha e num colchão duro. Enquanto mexia na sua mala, Raul entrou no quarto. “Você pode usar essa parte do armário e o que precisar pode me solicitar, farei de tudo para que se sinta feliz aqui.” Ela só respondeu “Obrigada”, bem baixinho. “Agora você pode sair, pois vou me trocar.” “Não precisa ter vergonha, agora somos casados, vamo
“Agora preciso trabalhar, volto meio-dia para o almoço. Espero que fique bem.” “Vou ficar sim, bom trabalho!”, ela falou com afago, esboçando um sorriso discreto, porém carregado de docilidade e gentileza. Raul prestou serviço numa fazenda durante a manhã e voltou para casa para almoçar e matar a saudade da esposa. Quando passava pelo centro da cidade com sua caminhonete, foi abordado por seu amigo Vicente. “Bom dia, camarada, você está com tempo? Preciso falar com você, tenho algo importante para conversar. A gente pode ir ali no boteco do seu Zé?” “Só vou porque fiquei curioso, seja breve. Não vejo a hora de chegar em casa para cheirar o meu brotinho.” “Vamos, então.” Eles pediram uma bebida. Depois disso, Vicente muito inquieto começou a relatar os boatos que vinha ouvindo na cidade. “Meu amigo, quero falar com você sobre uma história que escutei de uma pessoa aqui na cidade.” “Do que se trata?” “Dizem que a sua esposa fugiu com outro homem na véspera do seu casa
“Raul, por favor, já falei que Otávio é meu amigo. Imagina a vergonha que vai ficar para a minha família.” “Vergonha?! Agora imagina eu e a minha família quando a cidade toda souber o que aconteceu, onde ficará a minha honra?” Nessa ocasião, Felícia já não sustentava mais o choro. “Eu não te toquei, posso anular o nosso casamento. Você segue a sua vida, assim como planejou. Agora, faça as suas malas, te espero lá na sala.” “Eu não vou, não posso voltar.” “Infelizmente acabou, Felícia!” Felícia desmoronou, pensando na vergonha que ela e a sua família iriam se submeter. As pessoas iriam julgá-la por estar desonrada e seu pai não iria aceitá-la de volta. “Otávio nunca me tocou, ele é meu amigo. Eu ainda sou pura!” Evidentemente, aquela afirmação o impactou de forma abrupta e inesperada. Ele mirou a mulher, atordoado com a declaração. “Você não está mentindo para mim, não é mesmo?” “Não, não estou mentindo. Eu ainda sou pura.” “Escuta aqui, Felícia, vou acreditar no que está diz
“Como está a minha filha? Ela está bem?” “Está sim. Vim falar sobre ela. Não sei se o senhor está ciente sobre o boato que me deixou muito enfurecido envolvendo a minha esposa.” “Mas que boato?” “Andam dizendo por aí que Felícia fugiu com outro homem na véspera do nosso casamento e eu quero que o senhor me esclareça essa história, pois estou preocupado com a minha reputação.” O Sr. Molina ficou atordoado com a descoberta do genro, ele respondeu com um nó na garganta: “Meu genro, isso é apenas boato. Realmente, Felícia não queria casar com você e resolveu se esconder na casa de uma amiga, foi só isso que aconteceu.” “Mas não foi dessa forma que o boato se espalhou, fazendeiro. Dizem que o filho do padeiro a pegou aqui e levou para casa dele. Ela fugiu com ele, é essa a história que eu soube em Santa Rita.” “São só fofocas de gente maldosa, filho. Eu te entreguei a minha filha por ela ser uma moça decente, ela jamais teria um caso com um filho de padeiro.” “Sr. Mo
Felícia, ao ver o marido naquelas condições, o levou para o banheiro e o ajudou a tomar um banho, repreendendo-o com um sermão: “Nunca mais faça isso, não vou aturar esse comportamento. Você é um homem casado e tem que se comportar de acordo. As pessoas vão falar e vão comentar. Isso é feio!” Ele retrucou, ressentido e com a voz embargada pelo efeito do álcool: “Feio foi o que você fez... nosso casamento já está na lama. A sua família e a minha são uma vergonha.” “Raul, se você quer vingança, você não terá. Não vou tolerar humilhações, da próxima vez juro que te deixo e vou embora. Não quero continuar com você agindo dessa forma.” “Você não está presa a mim, mulher! Quando desejar, pode partir.” Felícia o deixou e deitou na cama, emburrada e tristonha. Raul terminou seu banho e também caiu na cama. No outro dia, ele não lembrava de nada. Acordou com uma tremenda ressaca e com raiva de si mesmo por ter sido tão depravado. Felícia seguia o seu dia na rotina de sempre, a
Ao amanhecer, ela se achegou ao marido, abraçando-o. Ele retribuiu beijando sua testa. Com a luz do dia iluminando o quarto, Raul percebeu o corpo da mulher marcado, cheio de hematomas principalmente na parte do pescoço e mamilos. Acariciando o rosto da mulher, ele perguntou em tom de preocupação: “Eu te machuquei?” “Não, estou bem!” Timidamente, ela perguntou com tom de voz hesitante: “Agora é possível a gente ser feliz, depois dessa noite?” Ele respondeu serenamente: “A felicidade é construída no dia a dia com a lealdade, fidelidade, confiança e honestidade. E isso só o tempo dirá.” Em clima de paixão, ela confessou ainda acariciando o rosto dele: “Saiba que eu estou disposta a fazer esse casamento dar certo.” Ele apenas acariciou a cabeça dela e beijou os seus lábios corados com desejo. Ela levantou primeiro e se preparou para tomar um banho. “Espere, vamos tomar banho juntos”, pediu Raul. “Não, está louco? E se sua irmã ou sua mãe nos ver entr
Numa sexta-feira à noite, Felícia tinha acabado de tomar banho e entrou no quarto de toalha, secando o cabelo com uma outra toalha. A sua pele estava macia e brilhante e o seu semblante mais leve e, ao mesmo tempo, sedutor enquanto Raul a observava, contemplando-a com um olhar penetrante. “O que foi?” Depois de um suspense, ele respondeu: “Você é tão bela, minha gatinha, ainda não acredito que será minha para sempre.” Ele chegou mais perto e a beijou com desejo. “Quero tê-la agora!” “Agora não, precisamos descer para jantar, a sua mãe está esperando.” “Rapidinho, prometo!” Ele a jogou na cama já ofegante e lhe arrancou a toalha, admirando o seu corpo esculpido. Ela se sentiu envergonhada e tentou cobrir sua intimidade. “Não precisa ter vergonha. Você é minha, só estou contemplando seu corpo perfeito.” Deitou em cima dela e lhe deu um beijo quente e sedutor. Quase como uma fera sedenta, sugou os seus os seios e pescoço com prazer. Em meio ao desejo, ela o puxou par