8 Conselhos dos amigos

Sr. Molina desceu e recebeu o genro cheio de cerimônia.

“Boa noite, meu futuro genro!”

“Boa noite, Sr. Molina!”

“Venha, sente-se, vamos tomar um vinho antes de jantar."

Depois da conversa, o velho fazendeiro gritou de longe:

“Salete, o jantar já tá pronto?”

Dona Salete chegou perto, cumprimentou o engenheiro e respondeu:

“Está sim, vamos para a mesa.”

Durante a refeição, o velho fazendeiro e o engenheiro Trajano conversavam a todo o tempo sobre as lavouras, as inovações no mercado agrícola e o trabalho de Raul.

Raul tinha um olho no sogro e o outro na futura esposa, se esforçava para se concentrar na prosa do sogro, observava Felícia quieta.

Senhor Molina por fim, entrou na parte do casamento: “Então, vamos fazer o seguinte: o casório será realizado aqui na capela da fazenda em três semanas. Felícia já vai ter terminado a escola, é o tempo de nos prepararmos para a celebração.”

“Por mim tudo bem, Sr. Molina”, Raul concordou de imediato.

No final da refeição, ele pediu a permissão do sogro para conversar com Felícia a sós.

Mesmo sem querer, ela sentou no sofá da sala. O homem se achegou junto a ela, declarando-se:

“Felícia, você sabe que eu sempre tive sentimentos por você. Para mim, tê-la como esposa era uma ambição, um sonho que se tornará em realidade em breve. Mas não quero que você se case por obrigação, quero que me diga se está se casando de livre e espontânea vontade. Então... eu lhe pergunto se realmente é isso que você quer para a sua vida, pois, para mim, casamento é para sempre.”

Ela já tinha sido instruída pelo pai e mentiu para o seu noivo enquanto segurava o seu colar com a medalha de Santa Rita pendurado no pescoço.

“Sim, é isso que quero e tenho plena consciência. Eu não te amo, mas com o tempo talvez consiga te amar.”

“Certo, era isso que eu queria saber”, ele respondeu satisfeito.

“Quero que saiba que vou me esforçar ao máximo para te fazer feliz. Como você já sabe, eu sempre te admirei e gostei de você. Garanto que te farei a mulher mais feliz do mundo.”

“Eu também vou me esforçar para esse casamento dar certo.”

“Tudo bem, a gente pode conversar com o seu pai e oficializar o noivado. Inclusive, já estava com as alianças aqui para te entregar.”

Ele tirou a aliança do bolso, pegou a sua mão macia e colocou o anel com delicadeza. Em seguida, deu-lhe um beijo no rosto, quase próximo à boca, encantado com a doçura da mulher.

Depois do noivado, todos brindaram com champanhe.

No dia seguinte bem cedo, Felícia foi à padaria da família de Sarah. Enquanto a amiga atendia os clientes, ela conversava com Otávio:

“Otávio, você entende? Eu não quero casar, todos os meus planos foram ladeira abaixo, estou com muita raiva do meu pai e muito mais daquele homem.”

“É bem delicado a sua situação, minha amiga. Diante disso, você tem dois caminhos: aceitar tudo o que o seu pai impõe e se casar com esse homem ou se rebelar e fugir para bem longe e esquecer a sua família.”

“As duas opções são péssimas!”, ela exprimia angústia na fala.

“Sinto muito, mas infelizmente você está numa situação desesperançosa.”

Felícia também conversou com Sarah e a amiga insistiu:

“Se você quiser fugir, a gente pode te ajudar. Eu tenho alguns parentes na capital, posso conversar com eles.”

“Ai, Sarah, não sei. Tenho medo, passei a minha vida toda na roça. Eu também tenho a minha tia Amália na capital, ela me aceitaria, mas se eu fugisse para lá meu pai me buscaria em dois pulos.”

“Amiga, pensa direitinho, às vezes você tá sofrendo sem necessidade! Talvez ele seja um cara bacana, pelo menos ele é bonito.”

“Mas eu não gosto dele.”

“Oh, minha amiga, de verdade, eu sinto muito. Veja o que você vai fazer, pode contar com o nosso apoio.”

“Tudo bem, Sarah, muito obrigada por me escutar, a gente vai se falando. Eu vou indo, se não o meu pai vem me buscar.”

No caminho para a fazenda, Felícia imaginou o que iria fazer da vida com um destino cruel

Ela passou os dias seguintes trancada no quarto sem querer comer. Nesse tempo, seu vestido de noiva foi confeccionado por sua mãe e sua cunhada Isla.

Na sexta-feira, antevéspera de casamento, após muito pensar, ela finalmente tomou uma decisão e resolveu fugir para a capital ao invés de se submeter a um casamento arranjado.

Ao romper do dia, foi até a padaria da amiga encontrar-se com ela e revelar os seus planos. Juntas, bolaram um plano de fuga.

“É muito arriscado, mas eu vou te ajudar. Vamos fazer o seguinte: vou conversar com meu irmão, ele te pega na fazenda à noite. Ele irá deixar o carro na estrada de baixo e você desce às dez horas em ponto. Você vem e fica aqui escondida no meu quarto e no domingo de manhã parte para a capital de trem.”

Assim como planejaram, Felícia foi para casa e fez as malas as escondida. Às dez horas da noite, desceu em silêncio e esperou na estrada pelo amigo Otávio.

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