No submundo, onde sangue e poder ditam as regras, o coração pode ser a mais mortal das traições. Aos oito anos, Mallory Scott viu sua família ser massacrada pela ’Ndrangheta, sob as ordens do implacável Dante Caruso. Deixada para morrer, ela desapareceu, trocando sua identidade por um único propósito: vingança. Agora, anos depois, Mallory retorna como uma mulher perigosa e letal, pronta para destruir o homem que transformou sua vida em cinzas. Infiltrando-se no império de Caruso, ela joga com sedução e manipulação, determinada a derrubá-lo de dentro. Mas quanto mais se aproxima, mais percebe que o monstro de seu passado é feito de carne, sangue… e segredos que podem mudar tudo. Entre desejo e ódio, lealdades quebradas e verdades inesperadas, Mallory se vê diante da escolha mais difícil: cumprir sua promessa de vingança ou sucumbir a uma atração que pode destruí-la. No jogo da máfia, onde traições são fatais e cada movimento pode ser o último, o maior perigo pode não estar no inimigo… mas no próprio coração.
Ler maisNarrado por Enrico Enrico: A Âncora da TempestadeA casa de Matteo estava mergulhada em um caos que nem mesmo meus anos na máfia poderiam ter me preparado para testemunhar. Sangue espalhado por todos os cantos, corpos amontoados no chão como se a morte tivesse dançado livremente por cada cômodo. Mallory havia transformado aquele lugar em um verdadeiro cenário de terror. E, mesmo com toda a violência que já presenciei, aquilo me desafiava. Era algo além de qualquer expectativa, além de tudo que eu já vi.Lembrei-me das muitas conversas com Dante sobre ela, meus alertas ignorados por ele, dia após dia. “A escuridão vai consumi-la, filho,” eu dizia. E agora, ao ver os rastros de destruição que ela deixava para trás, sabia que minhas previsões se concretizaram.Dante estava abalado, e com razão. Mallory era uma força incontrolável, um caos que ele tentava domar, mas não havia controle sobre ela, não por ele, não por ninguém. E ainda assim, eu sabia que ele jamais desistiria. Ele queria a
Narrado por Mallory Tentava gritar para mim mesma que não era nada do que Matteo havia dito. Mas as palavras, como veneno, se infiltravam lentamente em minha mente, como se uma parte de mim, muito mais escura e profunda, estivesse concordando com ele. Eu queria negar. Queria gritar, mas a verdade, cruel e inescapável, começava a se formar dentro de mim. Eu não era mais quem pensava ser. A escuridão que carregava dentro de mim não era apenas uma sombra, mas uma extensão do que me tornara. Fugir disso seria como tentar escapar da própria sombra.Entrei no carro, a mente girando, o coração pesado, mas o corpo, como um mecanismo automático, se movia. Dirigi até a casa de Dante, o silêncio do caminho ecoando, pesado como uma corrente que me prendia. As palavras de Matteo ainda ressoavam, mas não conseguia mais lutar contra elas. Tudo parecia se misturar, as memórias, as emoções, as escolhas. Eu já não sabia mais o que era real.Chegando à casa de Dante, entrei e fui direto ao banheiro, co
Dante Saimos de casa, e a porta do quarto de Mallory estava trancada. Algo dentro de mim dizia que não era apenas mais uma de suas fugas emocionais, mas eu preferi não dar atenção a esse pressentimento. Quando chegamos à Mansão de Matteo, o silêncio que pairava na casa era inusitado, como se a própria estrutura estivesse temerosa do que poderia acontecer a seguir. Entramos cuidadosamente, os passos sendo abafados pelo grosso tapete que cobria o chão de mármore. No corredor, comecei a notar um cheiro familiar, um odor que, antes de ser processado pela minha mente, me deixou alerta. O silêncio na mansão foi quebrado pela visão dos corpos espalhados pelo chão, sangue de todos os lados, manchando os tapetes e escorrendo pelas paredes como uma marca da destruição que Mallory tinha causado. Leoni estava estirado na base da escada, os olhos arregalados em uma expressão de dor permanente. Seus braços estavam estendidos, mas seus dedos haviam sido petrificados pela morte. O ar estava pesad
Mallory Dante era transparente demais para um Don, e, embora eu não quisesse admitir em voz alta, sabia que não havia mais o que recuperar entre nós. A escuridão em mim era como uma marca permanente, algo que nos afastava, mesmo quando ele tentava se aproximar. Ele ainda acreditava que poderia me trazer de volta, mas não sabia que já era tarde demais.Eu lhe contei sobre Matteo e Leoni, revelando parte do meu plano. Mas ele mal fazia ideia de que eu sabia muito mais do que havia dito. Especialmente sobre o envolvimento do pai dele. Assim que saí, entrei no quarto ao lado, no final do corredor, e fiquei na porta, quieta. A posição era estratégica, e minha respiração era contida, quase imperceptível.Eu ouvi cada palavra da conversa entre Dante e seu pai. Exatamente como eu esperava, estavam discutindo planos que deliberadamente me mantinham no escuro. Planejavam “me proteger”, ou pelo menos era o que Dante parecia acreditar. Mas para mim, soava como mais uma tentativa de controle, um
Dante — O que quer dizer com isso? — perguntei, tentando conter a inquietação em minha voz.Mallory virou-se para mim, sua expressão carregada de uma frieza que, mesmo agora, ainda conseguia me desconcertar. Seus olhos pareciam duas lâminas afiadas, cortando qualquer resistência que eu pudesse apresentar.— Quero dizer, Dante, que agora eu vou atrás deles. Um por um. Como uma sombra que nunca podem se livrar. — Sua voz era controlada, quase baixa, mas cheia de uma força que me fez sentir o peso de suas palavras. — O próximo a cair será Matteo. Depois, Leoni. O antigo subordinado do meu pai. E então… só então, terei minha vingança.Ela fez uma pausa, se aproximando até que estávamos frente a frente. Senti o cheiro metálico de sangue ainda impregnado nela, como se a brutalidade dos últimos dias estivesse tatuada em sua pele.— Vou deixar uma marca em todos os lugares onde passar. Uma mensagem clara. — Sua voz ficou mais dura, quase um sussurro perigoso. — Ninguém ousa pisar no meu calo
Dante O olhar frio e a aura sombria que Mallory exalava naquele momento eram algo que eu nunca tinha visto antes. Havia uma firmeza, quase cruel, em seus movimentos e palavras. Quando ela nos mandou sair da sala, obedecemos sem questionar, mas conectamos a câmera e o áudio para acompanhar tudo em tempo real. Não sabíamos o que esperar, mas precisávamos saber até onde ela iria.Sentado ao lado de Enrico e dos outros soldados, assisti à cena em silêncio. Minha mãe, acorrentada, dizia coisas que Mallory poderia usar contra mim, coisas que poderiam atingir diretamente seu coração. Eu sabia que isso teria consequências mais tarde, talvez não para ela, mas para nós dois. Mallory, no entanto, parecia imune. Cada palavra, cada provocação que saía da boca de Teresa não a abalava. Pelo contrário, parecia apenas reforçar sua determinação.Os gritos de minha mãe ecoavam pelo monitor, acompanhados pelas lágrimas que desciam pelo seu rosto. Mas, estranhamente, não doeu em mim. Talvez porque eu já
Mallory — Sabe qual foi o seu maior erro, Teresa? — Minha voz saiu baixa, mas com uma intensidade que fez o ar na sala pesar.Ela ergueu o queixo em desafio, mas seus olhos revelavam algo diferente. Medo.— Vai dizer de novo que foi trair minha família? — Ela rebateu, tentando manter a compostura, mas sua voz vacilava.Eu dei uma gargalhada fria, ecoando pelo espaço. — Ai é que você se engana, Teresa. Seu maior erro foi ter cruzado o meu caminho. Foi ter acreditado, mesmo por um segundo, que Victor te amou.Ela piscou, confusa, seu rosto perdendo um pouco da arrogância.— Ah, sim, ele te usou. Você acha que ele voltaria para te resgatar? Que você era importante para ele? Vamos esclarecer algo: Victor conseguiu exatamente o que queria. Ele queria trazer a escuridão de volta, ele queria que eu renascesse das cinzas, e ele conseguiu. Mas sabe como ele fez isso? Ele matou o meu filho.A última palavra saiu como um sussurro carregado de dor e ódio. O impacto das minhas palavras a fez empa
Mallory Enquanto os passos ecoavam pelo corredor, segui atrás de Teresa, com Dante ao meu lado. Não trocamos nenhuma palavra. Havia uma tensão quase palpável no ar, como a calmaria antes de uma tempestade. Quando chegamos à sala preparada para a tortura os guardas já haviam colocado Teresa em uma cadeira de aço no centro. A sala era simples, com paredes de concreto cru e uma mesa de metal à frente dela. Apenas uma lâmpada pendurada no teto iluminava o ambiente, lançando sombras que pareciam dançar de maneira ameaçadora.Em cima da mesa havia uma coleção cuidadosamente organizada de instrumentos, cada um escolhido com um propósito específico. Facas de diferentes tamanhos e formatos, tesouras de jardinagem que pareciam perigosamente afiadas, mordedores enferrujados, pregos alinhados como uma promessa cruel, pedaços de madeira que poderiam ser usados para causar dor, recipientes com água que poderiam ser usados para sufocar, e outras ferramentas sinistras que apenas intensificavam o pe
Mallory Fazia um mês desde que recebi alta do hospital, mas a ferida da perda do meu filho ainda estava aberta e latejante. Não houve um único dia em que eu não pensasse nele, em tudo o que poderia ter sido. Durante esse tempo, Dante me contou que Victor estava morto, mas isso não trouxe nenhum alívio. O peso do luto e da vingança ainda pairava sobre nós.Dante, preocupado com minha recuperação e segurança, não me permitia sair de casa. Porém, mesmo sob vigilância constante, nossa casa anterior já não era mais segura. Mudamos para uma propriedade que ele mantinha em segredo, uma fortaleza discreta e bem próxima à sede da máfia. Enrico veio morar conosco por segurança, e a presença dele foi um alívio. Ele era como uma muralha que eu sabia que jamais desmoronaria.Eu podia estar limitada fisicamente, mas minha mente estava mais afiada do que nunca. Pedi a Dante computadores de alto desempenho, sistemas que hackers usariam, e mergulhei de cabeça no trabalho. Não seria apenas a “esposa”