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Perdono Proibito
Perdono Proibito
Por: Lorany T Valenciano
O nascimento de um Corvo

Narrado por Mallory

Meu nome é Mallory Scott. Nasci e cresci sob as luzes mais brilhantes da América, na cidade que nunca dorme: Nova York. Minha vida sempre pareceu perfeita, ou pelo menos, era isso que eu acreditava.

Minha mãe morreu ao me dar à luz, mas isso nunca diminuiu o amor que meu pai tinha por mim e por meus irmãos, frutos de outro casamento. Ele era o tipo de homem que carregava o peso do mundo nos ombros, mas em casa, com a gente, era puro afeto. Lembro-me do som de sua risada ecoando pela sala e do aroma de bolinhos e bolachas frescas que sempre preenchia o ar.

Eu sabia que havia sombras em Nova York. Sussurros sobre a máfia, olhares furtivos e nomes que ninguém ousava pronunciar em voz alta. Meu pai era o Don dos Corvos Negros, mas, para mim, ele era apenas meu herói. Mesmo assim, naquela época, esses segredos pareciam tão distantes quanto as estrelas.

Até que ele apareceu. Até que Dante Caruso cruzou o nosso caminho.

Eu tinha apenas 8 anos quando tudo mudou. Dez anos e sonhos tão ingênuos quanto a ideia de que o mundo era justo. A noite em que minha vida desmoronou começou como tantas outras: todos reunidos na sala, cercados de risos e o calor da família. Mas então vieram os gritos.

Tudo aconteceu rápido demais. Eu me lembro de fragmentos: o cheiro de pólvora, passos apressados, o olhar tenso do meu pai. Ele não teve tempo para explicar. Só teve tempo para agir.

Ele abriu o armário e me empurrou para dentro de um baú escondido sob as tábuas do chão. O choro desesperado dos meus irmãos ecoava pela sala, mas ele não pôde salvá-los. A urgência em sua voz me fez entender que aquele momento era um adeus.

— Preciso que faça silêncio, querida. — Sua voz tremia, mas seus olhos estavam determinados. — Não pode fazer barulho. E, por nada neste mundo, saia daqui. Promete?

Eu assenti, engolindo soluços. Ele beijou minha testa, demoradamente, como se tentasse eternizar aquele instante.

— Eu te amo para sempre, Mallory. Sempre.

Essas foram suas últimas palavras antes de fechar a porta do armário, mergulhando-me na escuridão.

Por uma fresta do baú, vi o que nenhuma criança deveria ver. Homens armados invadiram nossa casa como uma tempestade. Meu pai tentou lutar. Ele lutou com tudo o que tinha, mas não era o suficiente. Vi quando ele caiu, o sangue manchando o chão que antes era o palco de nossas brincadeiras.

E então, vi Dante Caruso. Ele sorriu. Aquele sorriso… frio, satisfeito, como se tivesse vencido um jogo justo, quando na verdade ele havia acabado de destruir minha vida.

Queria gritar, correr, atacá-lo com minhas mãos pequenas e indefesas. Mas eu não podia. A última ordem do meu pai ecoava na minha mente: Não saia por nada neste mundo.

Foi naquele baú escuro, com lágrimas quentes queimando meu rosto, que jurei vingança. Não era apenas um desejo. Era uma promessa.

“Eu vou me vingar. Vou fazer Dante Caruso pagar, mesmo que isso custe a minha vida.”

Fui a única sobrevivente. Talvez Dante não soubesse da minha existência. Foi o maior erro que ele cometeu.

Os Corvos Negros, o que restou deles, me protegeram. Apagaram minha existência dos registros e transformaram a menina assustada em uma arma letal. Treinaram-me para ser o que meu pai acreditava que eu poderia ser: forte, implacável, capaz de lutar.

Aprendi a atirar antes de entender o peso da morte. Aprendi a esconder emoções porque fraqueza era uma sentença de morte. A cada treino, a cada golpe, lembrava-me do sorriso de Dante Caruso naquela noite.

Minha vingança tornou-se meu propósito. Não quero apenas matá-lo. Isso seria fácil demais. Quero que ele sofra, que sinta a mesma dor que senti ao ver minha família destruída. Quero que veja tudo o que construiu ruir diante dos seus olhos.

Eu não sou mais a menina que ele deixou para trás. Sou Mallory Scott, filha do Don dos Corvos Negros. E vou fazer Dante Caruso pagar, nem que seja a última coisa que eu faça na vida.

O peso da promessa que fiz naquela noite nunca diminuiu. Pelo contrário, tornou-se mais forte a cada ano que passava. Cresci no silêncio das sombras, longe do mundo que um dia chamei de lar. Mas o isolamento não me quebrou. Ele me moldou.

Os Corvos Negros me ensinaram a sobreviver em um mundo onde o sangue é a moeda mais valiosa. Aprendi a manipular, a mentir, a ser invisível quando necessário e implacável quando o momento exigia. Fui treinada por homens e mulheres que tinham perdido tudo, assim como eu, e que agora colocavam suas esperanças na minha vingança.

Houve dias em que me perguntei se meu pai teria aprovado o que eu me tornara. Ele sempre quis nos proteger desse mundo cruel, mantendo a violência da máfia fora das paredes de nossa casa. Mas o que ele não sabia é que sua morte me colocou diretamente no coração daquele mesmo submundo. Não havia como escapar.

Com o tempo, meu nome começou a circular entre as sombras. Não como Mallory Scott—esse nome havia morrido junto com a menina de dez anos. Passei a ser conhecida apenas como Corvo. Um lembrete de onde eu vinha. Uma promessa de que a linhagem de meu pai não havia sido apagada.

O mais irônico de tudo isso é que, enquanto eu me preparava para destruir Dante Caruso, ele continuava a crescer. Sua organização se expandia, seus negócios prosperavam, e ele se tornava mais intocável a cada dia. Mas eu sabia que o poder dele tinha uma fraqueza. Todo homem poderoso tem.

Para Dante, seu ponto fraco sempre foi o orgulho. Ele acreditava ser invencível, acreditava que ninguém ousaria desafiá-lo. E isso era exatamente o que eu planejava usar contra ele.

Mas vingança não é algo que se alcança com pressa. Eu sabia que precisava de tempo, de paciência, e de um plano que o atingisse onde mais doía. Passei anos me infiltrando nos círculos de poder que ele controlava, ganhando a confiança de seus aliados, aprendendo seus segredos.

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