Depois de dar um beijo no filho, Jade volta para o seu quarto, ela já estava com tudo organizado, havia feito um planejamento e sabia exatamente o que iria fazer e como. Decidida a ficar apenas o tempo necessário para resolver as questões inadiaveis, levava pouca coisa, se tudo corresse como planejado logo estaria de volta.
Seus planos era colocar a casa e o apartamento que lhe foi deixado à venda, os imóveis alugados continuariam alugados, quanto as ações da empresa estava disposta a vender e, se ninguém se interessasse em comprar, seria capaz de fazer uma doação, apenas para se livrar de algo que a ligasse a Henrique. Aguiar, seu pai, não apenas assumia um cargo importante na empresa, mas era um dos acionistas da empresa de Henrique, por isso ela foi convocada para uma assembleia geral, e nessa assembleia ela ofereceria as suas ações. Na verdade, Jade torcia para que alguém a procurasse antes, e lhe fisesse uma proposta, as venderia por qualquer valor, o importante era se livrar delas. Sempre soube que o seu pai era rico, mas nunca imaginou o valor de sua fortuna, sua mãe dizia que ele se negou a ajudá-las depois da separação, mas com a morte do pai, Jade descobriu existir uma conta bancária em seu nome com um saldo exorbitante, já que foram feitos depósitos por anos, desde que ela tinha 8 anos, idade que tinha quando os pais se separaram. Jade nunca se sentiu amada pelos pais, era como se tivesse sido um fardo para eles, pois quando criança se escondia no quarto para não ouvir as constantes discussões dos dois. As vezes ela tapava os ouvidos para não ouvir as ofensas entre eles, mas era impossível não ouvir os gritos de sua mãe acusando o marido de traição. Quando as discussões acabavam nenhum dos dois a procurava, a mãe se trancava no quarto e o pai saia de casa, passando a noite fora, fazendo Jade acreditar nas acusações que a mãe fazia. Quando parecia não ser mais possível o convívio entre eles, aconteceu o divórcio, e Jade foi levada pela mãe. Mas as discussões não tiveram fim pois, todas as vezes que Aguiar ia visitar Jade, acontecia as mesmas discussões. Um dos motivos era Damaris, a mãe de Jade, não permitir que o pai levasse a filha para passar alguns dias com ele, nem mesmo vê-la ela permitia, pois Jade permanecia no quarto em obediência a mãe, negando também a filha o direito de ver o pai, mas Jade pensava ser pelo seu bem. Cansada de ver os pais quase se matando, Jade pediu que o pai não fosse mais procurá-la e depois desse dia, ela mesma se trancava em seu quarto e dizia não querer mais vê-lo. Com o tempo Aguiar deixou de procurá-las e com isso pai e filha se distanciaram ao ponto de mesmo depois de adulta, Jade o rejeitar, isso por acreditar que a mãe foi infeliz por culpa dele. Damaris, morreu ainda jovem, com problemas no fígado, talvez por beber constantemente, e o amor que Jade recebeu foi de sua avó materna, com quem Damaris voltou a morar depois de Aguiar se distanciar delas. Ela nunca soube o real motivo das discussões entre os pais, traição? Mas como a mãe suportou por tantos anos ser traida? Se perguntava. Outra coisa que era dificil para Jade entender era como duas pessoas podiam conviver na mesma casa e brigar tanto, mesmo na frente de uma criança pequena. Jade pensa em Henrique, talvez se não tivesse descoberto sobre a outra, eles poderiam estar casados vivendo a mesma situação dos pais dela. Jade tenta afastar esses pensamentos pois, jamais se sujeitaria ao que a mãe se sujeitou, ver o marido passar noites e noites fora de casa. Quando encontrou Henrique naquela maternidade, onde ele havia acompanhado o nascimento da filha, Jade jurou nunca mais querer saber dele. Quando ela lhe virou as costas, jurou que o esqueceria a qualquer custo e quando esse dia chegasse, nunca mais choraria por ele, mas isso nunca aconteceu, ela ainda se pegava chorando por ele, mesmo o odiando. Mesmo tendo feito de tudo para esquecê-lo não havia conseguido, ainda podia se lembrar do dia que ele a deixou sozinha no restaurante, ele simplismente se levantou e disse ter que ir, isso depois de receber uma ligação. Eles estavam felizes, comemorando o aniversáriode de dois anos de namoro, mas ao receber aquela ligação o semblante de Henrique mudou e ele alegou que precisava resolver um assunto urgente, mas a verdade era que a filha dele estava nascendo, e ele queria acompanhar o parto. Nunca pensou sentir tanto ódio de alguém, nunca pensou que um dia fosse desejar a morte de uma pessoa, mas naquele dia o seu ódio por Henrique foi tão grande que ela desejou que ele morresse. Henrique a procurou para conversarem, mas ela não quis ouvir o que ele tinha a dizer, não havia justificativa para o que ele tinha feito. Na época Jade trabalhava na empresa de Henrique, no setor de logística, no mesmo setor onde o pai dela trabalhava como diretor. Apesar do pai de Jade ser rico e um dos acionista da empresa, e o seu namorado ser o CEO da empresa, Jade fazia questão de mostrar sua eficiência, conseguiu o emprego por sua competência, e na empresa ela nunca quis ser reconhecida como a filha de Aguiar, ou namorada de Henrique, e sim como a funcionária eficiente do setor. Camila foi quem lhe conseguiu o emprego, e para Jade foi ótimo conseguir algo em sua área de formação, mas depois que soube da traição, pediu demissão e foi embora deixando tudo para trás.Usando todas as economias que tinha, Jade decidiu mudar de cidade, optando por morar em outro estado, não queria correr o risco de Henrique encontrá-la, isso é, se ele a procurasse, já que estaria ocupado com a filha recém nascida e a amante de resguardo, assim ela pensou na época. Decidiu recomeçar do zero, disposta encontrar um trabalho tão bom ou um cargo melhor do que o que ocupava antes, mas ao descobrir a gravidez pensou ser difícil conseguir um emprego formal, por isso, Jade decidiu por em prática o que tinha aprendido nos anos que morou com a sua avó, costurar. Aos poucos ela conseguiu montar uma pequena confecção que crescia gradativamente, e atualmente a sua marca lhe dava uma boa lucratividade. Na manhã seguinte, depois de passar quase toda a noite em claro, Jade acorda com alguém em sua cama, fazendo festa. — Mamãe, é hoje que vamu viaja? — Nicolas pergunta animado.— Hummmm... ainda não está na hora de acordar rapazinho.— Tá sim mamãe, eu já domi muito e a mamãe tamb
Henrique percebe o nervosismo de Camila e decide investigar mais um pouco, tentando descobrir ser Jade a pessoa com quem ela falava ao telefone.— Essa sua amiga é a médica que vai te atender? — Ela o olha sem saber o que responde — Disse ontem que precisava sair mais cedo hoje para ir a uma consulta, eu escutei você falando com alguém, mas como ouvi você falando agora ao telefone que vai buscar alguém no aeroporto, me pergunto se é a médica — Por todo esse questionamento Camila não esperava. — Não... não — Camila arruma as coisas de sua mesa visivelmente nervosa — Essa minha amiga está vindo passar alguns dias comigo, como ela não é daqui, vou buscá-la no aeroporto e ela irá comigo na consulta, é só isso — Camila tenta ser o mais natural possível.— Você sempre foi péssima em mentir — Henrique ajeita a manga do paletó — Traga a declaração do médico amanhã, eu mesmo quero ver.— Sim senhor — Camila responde revirando os olhos, sem se preocupar de não ter nenhuma declaração para apre
Quando Henrique conheceu Sofia, ela lhe ofereceu tudo que ele gostava entre quatro paredes, mas ouvir ela dizer que Jade não sabia o agradar na cama o deixou irado, pois não era verdade, Jade era perfeita demais para ele, foi isso que ele constatou quando se viu sem ela. Depois de quatro longos anos ele ainda pensava em Jade, sentia uma imensa saudade daquela que soube o conquistar com o seu jeito simples e inseguro. Sentia a falta dela em tudo o que faziam juntos, como jantar aos risos, passear de mãos dadas, dançarem colados, mesmo quando era só os dois eles dançavam em um clima bem romântico. Sentia falta da respiração dela em seu pescoço quando dormiam juntos e a falta dela pela manhã quando ele dormia em seu apartamento, ou ela no dele. Nunca pensou sentir tanta a falta de alguém, e era muito dificil continuar sem ela, era como se lhe faltasse algo, e o que mais lhe doía era saber ter sido ele quem a fez ir embora. Henrique sonhava reencontrá-la para lhe pedir perdão e lhe
Henrique permanecia em sua sala, andando de um lado para o outro, atormentado pelas lembranças do passado e com a possibilidade de ser Jade a amiga com quem Camila falava ao telefone e que estava chegando. Depois de um tempo sem conseguir se concentrar no trabalho e se sentindo angustiado com a sua desconfiança, Henrique decide dar uma de detetive, primeiro ele liga para o setor onde Camila trabalhava e descobre que ela estava saindo para o almoço. Em uma atitude impensada ele também sai, cancelando todos os seus compromissos na parte da tarde. Decidido a descobrir quem era a tal amiga, Henrique resolve seguir Camila, mas iria de taxi, qualquer taxista a seguiria de perto por um bom dinheiro, e assim aconteceu, até ele ser deixado no aeroporto. Ele demora um pouco para encontrá-la entre as pessoas, mas ao vê-la de longe se mantém atento, ela estava sentada despreocupada e ele a observa com cuidado para não ser visto e nem perdê-la de vista. Quase uma hora depois ele a vê falando
Elas vão embora rindo de qualquer coisa, como se a vida fosse só flores. Não era a primeira vez que Jade voltava a cidade, ela tinha ido ao enterro do pai, mas preferiu assistir a cerimônia de longe, de que adiantava ir no velório dele se quando ele estava vivo ela nunca aceitou falar com ele? Esse foi o motivo de preferir que todos acreditassem que ela não tinha ido. Ela não ficou na cidade, preferiu ir embora no mesmo dia e voltar quando se sentisse mais confortável. — Eu as vezes penso em como seria se eu aceitasse falar com ele, mas me sentia traindo a memória da minha mãe, quando pensava nessa possibilidade — Jade confessa a amiga quando já estavam no apartamento de Camila. — Jade, eu acho que você deveria ter dado uma chance ao seu pai, eu confesso que gostava muito do senhor Aguiar. — Agora é tarde, mas eu não me arrependo, eu sei o quanto a minha mãe foi infeliz. — Como eu já te disse antes, seu pai era uma boa pessoa, eu não conheci a sua mãe, mas o seu pai sim, e se q
No dia marcado para a assembleia geral na empresa de Henrique, Jade se arruma com esmero, queria estar confiante e segura ao enfrentar aquele que pensou nunca mais ver. Ela tinha escolhido a dedo o vestido que usava, não queria que as pessoas pensassem que a velha Jade ainda existia. Todos que ela conhecia estariam presentes, inclusive o senhor Jaime, pai de Henrique, que sempre a elogiou por sua dedicação ao trabalho, nunca duvidando de sua capacidade de crescer profissionalmente. Jade havia acordado cedo, para que antes de se arrumar pudesse deixar Nicolas no hotelzinho, que tinha lhe garantido dar a ele os alimentos que ele precisava comer. Ao voltar para o apartamento Jade tomou um banho demorado, e depois de secar os cabelos ela vestiu o vestido que ela mesma havia confeccionado, era preto, justo e com uma fenda na frente, era de mangas, mas com um detalhe, um dos ombros ficava a mostra, tendo um detalhe na manga. Nos pés, uma sandália altíssima na cor vinho, e se preocupou ta
Jaime pretendia conversar com Jade a sós, tentaria convencê-la a assumir o cargo que lhe foi oferecido. Tinha ciência que o problema dela era com Henrique, e era compreensivo, afinal quando tudo aconteceu, foi o primeiro a condenar o filho pelo que fez, e as coisas só amenizaram quando ele conheceu Eduarda e Sofia que os conquistou, ele e a esposa. Sofia sempre foi uma jovem alegre, um pouco extravagante, mas eles aprenderam a gostar dela. — Não tenho interesse em ler relatórios de uma empresa a qual não desejo fazer parte — Jade se levanta elegantemente — E se alguém quiser comprar as minha ações é só entrar em contato. Deixarei o meu cartão com a secretária do senhor Henrique — Ao ser tratado por Jade de forma tão formal, tem vontade de dizer que para ela, ele nunca seria o senhor Henrique. — Jade... — Henrique a chama, tentando chamar a sua atenção mas é ignorado. — Tenham um bom dia — Jade sai da sala ignorando os olhares de todos. Ela deixa o cartão com a secretária, dizen
Henrique sem responder, empurra Sofia até a mesa dela dando ordem para que ela pegue a bolsa dela, quando ela faz isso, já um pouco temerosa ele sai a arrastando pelos corredores da empresa, chamando a atenção de todos. Sofia tentava se soltar das garras dele, implorando que ele a soltasse, mas era como se Henrique estivesse cego pelo ódio, ela andava aos tropeços, mas ele pouco se importava. Ele chama o elevador e grita pelos seguranças, que não demoram a aparecer. — Leve esse lixo e a ponha na rua, a partir de hoje ela não põe mais os pés nessa empresa. — Henrique, eu sou a mãe da sua filha, não pode fazer isso comigo — Sofia implorava desesperada — Henrique, me desculpe, mas é que eu fiquei com ciúmes... Henrique, por favor... Quando o elevador chega os seguranças a empurram para dentro, já que Sofia se negava a entrar, enquanto isso, Henrique se mantém parado como uma estátua esperando as portas do elevador se fecharem, seu rosto era feito pedra, sem nenhuma emoção Quand