Henrique percebe o nervosismo de Camila e decide investigar mais um pouco, tentando descobrir ser Jade a pessoa com quem ela falava ao telefone.
— Essa sua amiga é a médica que vai te atender? — Ela o olha sem saber o que responde — Disse ontem que precisava sair mais cedo hoje para ir a uma consulta, eu escutei você falando com alguém, mas como ouvi você falando agora ao telefone que vai buscar alguém no aeroporto, me pergunto se é a médica — Por todo esse questionamento Camila não esperava. — Não... não — Camila arruma as coisas de sua mesa visivelmente nervosa — Essa minha amiga está vindo passar alguns dias comigo, como ela não é daqui, vou buscá-la no aeroporto e ela irá comigo na consulta, é só isso — Camila tenta ser o mais natural possível. — Você sempre foi péssima em mentir — Henrique ajeita a manga do paletó — Traga a declaração do médico amanhã, eu mesmo quero ver. — Sim senhor — Camila responde revirando os olhos, sem se preocupar de não ter nenhuma declaração para apresentar, já que nem ao médico ela iria e ela nunca precisou levar declaração e muito menos chamava Henrique de senhor. Henrique até esquece de fazer o pedido que foi fazer a Camila, a sua cabeça fica fervilhando ao pensar na possibilidade de ser Jade a amiga que Camila ia buscar no aeroporto. Ele até desiste de ir ao setor de logística, não estava com cabeça para resolver nenhum problema. Ele volta para a sua sala e abre a gaveta de sua mesa pegando uma foto de dentro dela. Na foto estava ele e Jade, ele fica absorto olhando para a foto e não percebe alguém entrar. — O que você quer? — Ele pergunta, guardando novamente a foto na gaveta. Não precisava olhar para saber quem era, o perfume forte já revelava. — Eduarda está com saudade, ela me perguntou quando você vai lá em casa? — Se eu pudesse nunca — Henrique responde visivelmente irritado. — Como pode falar assim com a mãe da sua filha... — E só isso o que você é, mãe da Eduarda, portanto falo com você como eu quiser. — Até quando vai continuar me culpando por sua namoradinha ter ido embora — Sofia ri debochada — Não tenho culpa se ela não soube agradar um homem na cama, e você ter ido parar na minha... — SAI DAQUI! — Henrique grita batendo na mesa e se colocando de pé. — Estou mentindo? Gostou tanto que duvido não sentir saudades das nossas loucuras, pena que eu engravidei... — Some daqui! — Henrique a olha com desprezo, ficando próximo a ela — Se quer saber, me sinto o pior dos homens toda vez que eu penso no que eu fiz. — Tão inocente... — Sofia o provoca se aproximando ainda mais dele — B**e, pode bater, adoro sentir o peso de sua mão, fico até excitada... — SAI DO MEU ESCRITÓRIO! — Henrique grita se afastando dela. — Hummm... isso tudo é amor? — Não é a primeira vez que eu te aviso, se continuar cruzando o meu comigo, vou te mandar para bem longe dessa emprensa. — Seus pais jamais irão permitir isso, afinal eu sou a mãe da netinha deles — Henrique a segura pelo braço sem nenhuma delicadeza a levando até a porta do escritório. — Está nervosinho assim só porque a chifruda vai voltar... — Da próxima vez será pela janela — Henrique a empurra quase a derrubando para fora do escritório batendo a porta. — Quantas vezes eu preciso dizer que a entrada de Sofia em meu escritório é proibida? PROIBIDA! — Henrique pergunta a secretária, com a voz alterada. — Mas senhor, ela sempre diz que é sobre a filha de vocês. — Não me interesa o que ela diz, caso você não queira obedecer uma ordem minha, pode procurar um outro emprego — Henrique b**e o telefone com raiva, há muito tempo ele vivia assim, sem nenhuma paciência. Era como se o seu mundo tivesse se transformado em um caos, a filha que ele assumiu, só era filha no papel já que ele praticamente não via a menina, olhar para Eduarda o fazia se sentir um verme, por não conseguir ser nem mesmo pai. Era um homem que vivia com o coração amargo por ter ferido a pessoa que menos merecia, a sua Jade. Eduarda foi um erro e ele se condenava por isso, os seus pais eram quem lhe davam atenção, a neta para eles era tudo e Sofia se aproveitava disso para tirar proveito, vivendo uma vida de luxo e riqueza por ser a mãe da filha dele. Henrique não conseguia se livrar da culpa de ter traído aquela que decidiu lhe abrir o coração, mesmo sendo tão retraída e desconfiada, decidiu confiar nele e com ele demonstrava estar feliz. Só ele sabia como foi dificil conquista-la, mas a dificuldade não o fez valorizá-la. Henrique há muito tempo se sentia como se estivesse no olho do furacão, viu a sua vida se transformar em um inferno desde o dia que Jade o pegou na maternidade. Ver o desprezo nos olhos da mulher que sempre acreditou amar, ver a dor e a mágoa em suas lágrimas o fez se sentir o pior homem do mundo, o ser mais desprezível que pudesse existir na face da terra. Ele a achava tão meiga, tão perfeita e delicada que tinha medo de machucá-la quando estavam fazendo amor. Sim, com ela ele fazia amor, com Jade tudo era diferente, o toque, os beijos, as carícias, as palavras de amor, era uma sintonia perfeita. O sexo deles parecia uma descrição de um livro de romance de tão perfeito. Mas como homem, ou melhor como um animal no cio, ele queria algo mais quente, mas selvagem, mais obsceno, por isso quando estava com Sofia, era apenas sexo e prazer, luxúria nada mais que isso, eram dois animais no cio.Quando Henrique conheceu Sofia, ela lhe ofereceu tudo que ele gostava entre quatro paredes, mas ouvir ela dizer que Jade não sabia o agradar na cama o deixou irado, pois não era verdade, Jade era perfeita demais para ele, foi isso que ele constatou quando se viu sem ela. Depois de quatro longos anos ele ainda pensava em Jade, sentia uma imensa saudade daquela que soube o conquistar com o seu jeito simples e inseguro. Sentia a falta dela em tudo o que faziam juntos, como jantar aos risos, passear de mãos dadas, dançarem colados, mesmo quando era só os dois eles dançavam em um clima bem romântico. Sentia falta da respiração dela em seu pescoço quando dormiam juntos e a falta dela pela manhã quando ele dormia em seu apartamento, ou ela no dele. Nunca pensou sentir tanta a falta de alguém, e era muito dificil continuar sem ela, era como se lhe faltasse algo, e o que mais lhe doía era saber ter sido ele quem a fez ir embora. Henrique sonhava reencontrá-la para lhe pedir perdão e lhe
Henrique permanecia em sua sala, andando de um lado para o outro, atormentado pelas lembranças do passado e com a possibilidade de ser Jade a amiga com quem Camila falava ao telefone e que estava chegando. Depois de um tempo sem conseguir se concentrar no trabalho e se sentindo angustiado com a sua desconfiança, Henrique decide dar uma de detetive, primeiro ele liga para o setor onde Camila trabalhava e descobre que ela estava saindo para o almoço. Em uma atitude impensada ele também sai, cancelando todos os seus compromissos na parte da tarde. Decidido a descobrir quem era a tal amiga, Henrique resolve seguir Camila, mas iria de taxi, qualquer taxista a seguiria de perto por um bom dinheiro, e assim aconteceu, até ele ser deixado no aeroporto. Ele demora um pouco para encontrá-la entre as pessoas, mas ao vê-la de longe se mantém atento, ela estava sentada despreocupada e ele a observa com cuidado para não ser visto e nem perdê-la de vista. Quase uma hora depois ele a vê falando
Elas vão embora rindo de qualquer coisa, como se a vida fosse só flores. Não era a primeira vez que Jade voltava a cidade, ela tinha ido ao enterro do pai, mas preferiu assistir a cerimônia de longe, de que adiantava ir no velório dele se quando ele estava vivo ela nunca aceitou falar com ele? Esse foi o motivo de preferir que todos acreditassem que ela não tinha ido. Ela não ficou na cidade, preferiu ir embora no mesmo dia e voltar quando se sentisse mais confortável. — Eu as vezes penso em como seria se eu aceitasse falar com ele, mas me sentia traindo a memória da minha mãe, quando pensava nessa possibilidade — Jade confessa a amiga quando já estavam no apartamento de Camila. — Jade, eu acho que você deveria ter dado uma chance ao seu pai, eu confesso que gostava muito do senhor Aguiar. — Agora é tarde, mas eu não me arrependo, eu sei o quanto a minha mãe foi infeliz. — Como eu já te disse antes, seu pai era uma boa pessoa, eu não conheci a sua mãe, mas o seu pai sim, e se q
No dia marcado para a assembleia geral na empresa de Henrique, Jade se arruma com esmero, queria estar confiante e segura ao enfrentar aquele que pensou nunca mais ver. Ela tinha escolhido a dedo o vestido que usava, não queria que as pessoas pensassem que a velha Jade ainda existia. Todos que ela conhecia estariam presentes, inclusive o senhor Jaime, pai de Henrique, que sempre a elogiou por sua dedicação ao trabalho, nunca duvidando de sua capacidade de crescer profissionalmente. Jade havia acordado cedo, para que antes de se arrumar pudesse deixar Nicolas no hotelzinho, que tinha lhe garantido dar a ele os alimentos que ele precisava comer. Ao voltar para o apartamento Jade tomou um banho demorado, e depois de secar os cabelos ela vestiu o vestido que ela mesma havia confeccionado, era preto, justo e com uma fenda na frente, era de mangas, mas com um detalhe, um dos ombros ficava a mostra, tendo um detalhe na manga. Nos pés, uma sandália altíssima na cor vinho, e se preocupou ta
Jaime pretendia conversar com Jade a sós, tentaria convencê-la a assumir o cargo que lhe foi oferecido. Tinha ciência que o problema dela era com Henrique, e era compreensivo, afinal quando tudo aconteceu, foi o primeiro a condenar o filho pelo que fez, e as coisas só amenizaram quando ele conheceu Eduarda e Sofia que os conquistou, ele e a esposa. Sofia sempre foi uma jovem alegre, um pouco extravagante, mas eles aprenderam a gostar dela. — Não tenho interesse em ler relatórios de uma empresa a qual não desejo fazer parte — Jade se levanta elegantemente — E se alguém quiser comprar as minha ações é só entrar em contato. Deixarei o meu cartão com a secretária do senhor Henrique — Ao ser tratado por Jade de forma tão formal, tem vontade de dizer que para ela, ele nunca seria o senhor Henrique. — Jade... — Henrique a chama, tentando chamar a sua atenção mas é ignorado. — Tenham um bom dia — Jade sai da sala ignorando os olhares de todos. Ela deixa o cartão com a secretária, dizen
Henrique sem responder, empurra Sofia até a mesa dela dando ordem para que ela pegue a bolsa dela, quando ela faz isso, já um pouco temerosa ele sai a arrastando pelos corredores da empresa, chamando a atenção de todos. Sofia tentava se soltar das garras dele, implorando que ele a soltasse, mas era como se Henrique estivesse cego pelo ódio, ela andava aos tropeços, mas ele pouco se importava. Ele chama o elevador e grita pelos seguranças, que não demoram a aparecer. — Leve esse lixo e a ponha na rua, a partir de hoje ela não põe mais os pés nessa empresa. — Henrique, eu sou a mãe da sua filha, não pode fazer isso comigo — Sofia implorava desesperada — Henrique, me desculpe, mas é que eu fiquei com ciúmes... Henrique, por favor... Quando o elevador chega os seguranças a empurram para dentro, já que Sofia se negava a entrar, enquanto isso, Henrique se mantém parado como uma estátua esperando as portas do elevador se fecharem, seu rosto era feito pedra, sem nenhuma emoção Quand
Henrique não esperava que o seu pai fosse perguntar sobre o assunto, já tinha tido coragem de se abrir com ele, mas daí explicar o que seria BDSM, já era demais. — Pai, não vou entrar em detalhes com o senhor, mas para que possa entender, BDSM são práticas sexuais com uma dose de crueldade e violência, incluindo o sadomasoquismo, dominação e submissão, entre outras práticas, mas tudo o que eu fazia era com a permissão dela, por ela também gostar. — Sofia era uma prostituta? É isso que está me dizendo? — Ela gostar desse tipo de prática não a faz uma prostituta, éramos livres. Sofia era livre para ficar com quem quisesse, nunca me preocupei com isso, não tínhamos sentimentos um pelo outro, como eu disse antes, era apenas sexo. — Você transava com uma pessoa assim sem preservativo? — Eu penso que não, mas preciso confessar que as vezes eu ficava tão alucinado que não posso dar certeza se usava, mas na maioria das vezes com certeza eu usava. — Você realmente estava louco,
Jaime sempre gostou muito de Jade, ele a achava determinada e muito inteligente, nunca recusou um trabalho por achar difícil ou por não se achar capaz, pelo contrário, adorava um desafio. Começou a trabalhar na empresa sem experiência, mas em pouco mais de dois anos seria capaz de assumir o departamento por sua capacidade, mas na época Aguiar, o pai dela, já era o responsável pelo setor. — Como Jade ficou sabendo sobre você e Sofia? — Jaime continua as suas perguntas, queria saber ao máximo sobre a mulher que entrou na vida deles com planos bem traçados. — No dia que Eduarda nasceu eu encontrei Jade no corredor da maternidade. — Eu não sabia disso, coitada de Jade — Jaime se volta para olhar para o filho — Como Jade ficou sabendo do nascimento de Eduarda? — Eu não sei, talvez ela tenha me seguido, já que estávamos jantando e eu a deixei sozinha no restaurante para ir acompanhar o parto de Eduarda, queria cumprir minha promessa. — Confesso que pensei que você fosse mais inte