Capítulo 4

Henrique percebe o nervosismo de Camila e decide investigar mais um pouco, tentando descobrir ser Jade a pessoa com quem ela falava ao telefone.

— Essa sua amiga é a médica que vai te atender? — Ela o olha sem saber o que responde — Disse ontem que precisava sair mais cedo hoje para ir a uma consulta, eu escutei você falando com alguém, mas como ouvi você falando agora ao telefone que vai buscar alguém no aeroporto, me pergunto se é a médica — Por todo esse questionamento Camila não esperava.

— Não... não — Camila arruma as coisas de sua mesa visivelmente nervosa — Essa minha amiga está vindo passar alguns dias comigo, como ela não é daqui, vou buscá-la no aeroporto e ela irá comigo na consulta, é só isso — Camila tenta ser o mais natural possível.

— Você sempre foi péssima em mentir — Henrique ajeita a manga do paletó — Traga a declaração do médico amanhã, eu mesmo quero ver.

— Sim senhor — Camila responde revirando os olhos, sem se preocupar de não ter nenhuma declaração para apresentar, já que nem ao médico ela iria e ela nunca precisou levar declaração e muito menos chamava Henrique de senhor.

Henrique até esquece de fazer o pedido que foi fazer a Camila, a sua cabeça fica fervilhando ao pensar na possibilidade de ser Jade a amiga que Camila ia buscar no aeroporto. Ele até desiste de ir ao setor de logística, não estava com cabeça para resolver nenhum problema. Ele volta para a sua sala e abre a gaveta de sua mesa pegando uma foto de dentro dela. Na foto estava ele e Jade, ele fica absorto olhando para a foto e não percebe alguém entrar.

— O que você quer? — Ele pergunta, guardando novamente a foto na gaveta. Não precisava olhar para saber quem era, o perfume forte já revelava.

— Eduarda está com saudade, ela me perguntou quando você vai lá em casa?

— Se eu pudesse nunca — Henrique responde visivelmente irritado.

— Como pode falar assim com a mãe da sua filha...

— E só isso o que você é, mãe da Eduarda, portanto falo com você como eu quiser.

— Até quando vai continuar me culpando por sua namoradinha ter ido embora — Sofia ri debochada — Não tenho culpa se ela não soube agradar um homem na cama, e você ter ido parar na minha...

— SAI DAQUI! — Henrique grita batendo na mesa e se colocando de pé.

— Estou mentindo? Gostou tanto que duvido não sentir saudades das nossas loucuras, pena que eu engravidei...

— Some daqui! — Henrique a olha com desprezo, ficando próximo a ela — Se quer saber, me sinto o pior dos homens toda vez que eu penso no que eu fiz.

— Tão inocente... — Sofia o provoca se aproximando ainda mais dele — B**e, pode bater, adoro sentir o peso de sua mão, fico até excitada...

— SAI DO MEU ESCRITÓRIO! — Henrique grita se afastando dela.

— Hummm... isso tudo é amor?

— Não é a primeira vez que eu te aviso, se continuar cruzando o meu comigo, vou te mandar para bem longe dessa emprensa.

— Seus pais jamais irão permitir isso, afinal eu sou a mãe da netinha deles — Henrique a segura pelo braço sem nenhuma delicadeza a levando até a porta do escritório. — Está nervosinho assim só porque a chifruda vai voltar...

— Da próxima vez será pela janela — Henrique a empurra quase a derrubando para fora do escritório batendo a porta.

— Quantas vezes eu preciso dizer que a entrada de Sofia em meu escritório é proibida? PROIBIDA! — Henrique pergunta a secretária, com a voz alterada.

— Mas senhor, ela sempre diz que é sobre a filha de vocês.

— Não me interesa o que ela diz, caso você não queira obedecer uma ordem minha, pode procurar um outro emprego — Henrique b**e o telefone com raiva, há muito tempo ele vivia assim, sem nenhuma paciência.

Era como se o seu mundo tivesse se transformado em um caos, a filha que ele assumiu, só era filha no papel já que ele praticamente não via a menina, olhar para Eduarda o fazia se sentir um verme, por não conseguir ser nem mesmo pai. Era um homem que vivia com o coração amargo por ter ferido a pessoa que menos merecia, a sua Jade.

Eduarda foi um erro e ele se condenava por isso, os seus pais eram quem lhe davam atenção, a neta para eles era tudo e Sofia se aproveitava disso para tirar proveito, vivendo uma vida de luxo e riqueza por ser a mãe da filha dele.

Henrique não conseguia se livrar da culpa de ter traído aquela que decidiu lhe abrir o coração, mesmo sendo tão retraída e desconfiada, decidiu confiar nele e com ele demonstrava estar feliz. Só ele sabia como foi dificil conquista-la, mas a dificuldade não o fez valorizá-la.

Henrique há muito tempo se sentia como se estivesse no olho do furacão, viu a sua vida se transformar em um inferno desde o dia que Jade o pegou na maternidade. Ver o desprezo nos olhos da mulher que sempre acreditou amar, ver a dor e a mágoa em suas lágrimas o fez se sentir o pior homem do mundo, o ser mais desprezível que pudesse existir na face da terra.

Ele a achava tão meiga, tão perfeita e delicada que tinha medo de machucá-la quando estavam fazendo amor. Sim, com ela ele fazia amor, com Jade tudo era diferente, o toque, os beijos, as carícias, as palavras de amor, era uma sintonia perfeita. O sexo deles parecia uma descrição de um livro de romance de tão perfeito. Mas como homem, ou melhor como um animal no cio, ele queria algo mais quente, mas selvagem, mais obsceno, por isso quando estava com Sofia, era apenas sexo e prazer, luxúria nada mais que isso, eram dois animais no cio.

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