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Os Sete Pecados Capitais
Os Sete Pecados Capitais
Por: Sofia Rivera
CAPÍTULO 1: O INÍCIO DE TUDO

Houve um tempo em que os gigantes esculpiam montanhas com as mãos nuas, as fadas dançavam em florestas de cristal e os demônios brindavam com vinho sob a luz de duas luas. A Terra era uma tapeçaria de raças, tecida com magia e sangue. Mas o equilíbrio é frágil, e a ganância dos deuses, ainda mais.

Nas ruínas de um mundo outrora grandioso, Andrômeda observava o céu, o olhar perdido entre as estrelas. O eco da voz de Kael era longínquo, mas presente. Ela sentia o sangue escorrer entre os dedos, que freneticamente pressionavam o ferimento profundo em seu ventre.

— Não, não, não… Mil vezes eu, mas minha Deusa, não!

Kael estava no centro de uma planície destruída, onde a terra rachada se estendia até onde os olhos podiam ver. O cheiro de cinzas e sangue impregnava o ar, enquanto nuvens negras rodopiavam no céu como presságios de um destino inevitável.

A voz dele se tornou um lamento desesperado.

— Abre os olhos, por favor… Fica comigo. Não me deixa. Eu não quero… Eu não consigo ficar aqui sem você.

O pranto dele misturava-se ao cheiro de ferro no ar.

— Já a condenou. Ao menos deixe-a descansar em paz.

A voz de Azrael cortou o silêncio como uma lâmina fria.

Kael ergueu o rosto, os olhos âmbar ardendo de fúria.

— Por que fez isso? Ela era uma sacerdotisa!

— Ela era uma traidora — Azrael manteve a voz firme. — Traiu sua raça para ficar ao lado de um demônio. Não há nada mais abominável.

O golpe veio rápido. Kael não se defendeu. Apenas ergueu o braço, permitindo que a lâmina cortasse sua carne, e se virou para revelar sua verdadeira face.

— Matou minha mulher por uma lei criada por uma velha estúpida que nem está mais viva?

— Leis existem para manter a ordem. Eu não...

— Eu não me importo com a ordem! — gritou Kael, agarrando Azrael pelo pescoço e erguendo-o do chão como se fosse um boneco. — Vai me dizer como trazer Andrômeda de volta… ou vou lhe mostrar por que os mortais temem o inferno.

O olhar dourado de Kael perfurava a alma do anjo. Azrael engoliu seco e, pela primeira vez, o medo nasceu em seu peito.

— Trazer Andrômeda de volta? — ele arfou.

— Andrômeda — a voz de Kael era um rosnado. — E sinta-se privilegiado por poder dizer o nome dela. Vermes como você não merecem sequer pensar em algo tão puro e perfeito.

— Ela não era perfeita — Azrael sorriu com desdém. — Ninguém é. Todos têm pecados. O dela foi confiar em um demônio. Ela morreu para que as deusas perdoassem esse erro.

Kael abaixou a cabeça por um instante. O silêncio que se seguiu parecia pesar mais do que qualquer sentença. Então, ergueu o rosto. O luto ainda o sufocava. Mas, enquanto olhava para Azrael, uma nova emoção tomou seu lugar. A fúria. Seu peito subia e descia pesadamente, os olhos âmbar queimando. O sorriso veio então.

— Está tremendo? Não se preocupe. Não vou matá-lo agora. Minha Deusa odiaria ver mais sangue derramado. Mas, para o seu bem… saia e não volte.

Kael o soltou, e Azrael caiu de joelhos, sem ar.

Por um momento, tudo ficou quieto. Mas, com um movimento traiçoeiro, Azrael atacou pelas costas.

O erro custaria sua vida.

Kael desviou da lâmina com precisão brutal. Agarrou o braço do anjo e torceu-o. Um estalido seco rompeu o silêncio da planície devastada. Azrael gritou, mas Kael não lhe deu tempo para reagir. Com um golpe certeiro, suas garras perfuraram o peito do traidor, atravessando-o de lado a lado.

O mundo ficou em silêncio quando Azrael caiu, seu sangue escorrendo sobre a terra devastada. Kael olhou para as próprias mãos, ainda tremendo de fúria. A voz de Andrômeda ecoava em sua mente:

*"Promete-me que não se perderá na escuridão."*

Mas a escuridão era tudo o que lhe restava.

Quando Agatha apareceu, sua presença era como um véu de névoa — suave, mas sufocante.

— Não creio que queira me machucar, capitão — sussurrou, enquanto as sombras se enrolavam em seu corpo.

Kael tentou resistir, mas seu próprio poder o traiu. A última coisa que viu foram os olhos dourados de Agatha, frios como o inverno do inferno.

Ela ergueu as mãos. A sombra que Kael projetava no chão ganhou vida, enroscando-se ao redor de seu corpo como serpentes negras. Ele tentou resistir. Tentou lutar. Mas seu próprio poder… o traiu.

Agatha estalou os dedos. O ar, antes rarefeito, ficou mais leve. Kael sentiu seu corpo flutuar, e uma dor aguda o fez se contorcer.

Uma parte de sua alma foi arrancada. O som foi distorcido pelo véu sombrio que o envolvia.

E então… tudo se apagou.

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