A noite já caía quando chegaram. O céu estava pintado de tons de púrpura e azul, e a brisa trazia o cheiro fresco da terra molhada. O silêncio da estrada contrastava com a bagunça que encontraram ao entrar.
Kael foi o primeiro a falar: — Precisamos de quartos para todo mundo. Ágata olhou para Kaito, avaliando-o. — Você vai dividir com quem? Kaito sorriu de canto. — Se for com você, não me importo. Kael bufou. — Escolhe outro. — Ora, ora, que defensivo. — Kaito apoiou o queixo sobre a mão, olhando para os outros com curiosidade. — Então... opções? Yoran estalou a língua. — Posso dividir com outro, mas com você não. — Também não quero dividir com você — retrucou Kael. — Eu não me importo — disse Boldar, chegando com um prato de frutas nas mãos. Todos olharam para ele. — O quê? Ele me ajuda na cozinha, diferente de vocês, preguiçosos. Yoran sorriu. — E eu sou um ótimo colega de quarto. Kael cruzou os braços. — Fechado, então. Fique com meu quarto, é o segundo à esquerda. Eu vou dormir com o gatinho. Yoran se levantou, caminhando até Boldar com um sorriso brincalhão. — Espero que não se arrependa da sua escolha, gatinho. Boldar revirou os olhos. — Apenas não ronque. A noite havia mergulhado a casa em um silêncio denso, quebrado apenas pelo farfalhar do vento do lado de fora. Depois de um dia longo, todos dormiam profundamente. Ou quase todos. Boldar ainda estava na cozinha. Era sempre o último a ir para cama, e essa noite não seria diferente. Gostava de deixar tudo organizado. O cheiro de ervas e especiarias ainda pairava no ar, misturando-se ao aroma quente do pão recém-assado. Vestia apenas um avental. Nada além disso. O tecido cobria o essencial, mas não escondia o suficiente. Os músculos bem definidos do abdômen contraíam-se levemente a cada movimento. O brilho das chamas do fogão dançava sobre sua pele, projetando sombras que acentuavam cada curva do seu corpo. Foi quando sentiu. Um olhar queimando sua pele. Seus ombros ficaram tensos. Alguém o observava. Não se virou de imediato. Preferiu fingir que não havia percebido. Terminou de limpar a mesa, alinhou os potes de temperos, varreu as migalhas do balcão. Mas a sensação de ser devorado por um olhar só se intensificava. Caminhou até uma caixa de madeira e pegou um jarro de leite. Sorriu consigo mesmo. "Demorei, mas amanhã Ágata terá o maldito pão fresco que ela ama. Só eu pra cuidar dela assim… Eu sou um amor." Ergueu o copo até os lábios, mas antes que pudesse beber, girou nos calcanhares segurando Yoran pelo pescoço — e seus olhos brilharam em sua verdadeira cor. — Minha verdadeira forma é de um gato, sabia? — Boldar quebrou o silêncio. Yoran permaneceu imóvel. Os olhos escuros deslizaram lentamente pelo corpo seminu do outro. Da clavícula exposta ao ventre definido, do leve brilho de suor no peito até o quadril parcialmente coberto pelo avental. Um meio sorriso curvou seus lábios. — Você é um gato em qualquer forma. Boldar riu baixo, jogando a cabeça de lado. — O que quer aqui? Se der mais alguns passos, vai encontrar o que procura. Yoran inclinou a cabeça, olhar preguiçoso, mas afiado como uma lâmina. — Kael não faz o meu tipo. Boldar ergueu uma sobrancelha. — E como sabe que eu falava dele? Yoran sorriu de canto. — Porque você apontou para a varanda. E porque ele me disse que você estava espiando o banho dele. Boldar congelou. — EU—! — Sua voz saiu mais alta do que deveria. — Não, eu nunca faria isso! Yoran riu baixo, dando mais um passo à frente. — Eu não me importo, gatinho. Olhar não mata. Boldar abriu a boca para retrucar, mas não teve tempo. — Sabe o que mata? — A voz de Yoran desceu uma oitava, carregada de promessas. Ele segurou Boldar pela nuca. — O desejo. E então o beijou. Não houve aviso. Não houve delicadeza. Foi quente, molhado, urgente. Um choque percorreu o corpo de Boldar, e por um momento ele sentiu o mundo girar. O gosto de vinho, o cheiro da pele de Yoran misturado ao seu próprio. — Os quartos são à prova de som. A voz vinda da porta cortou o ar como uma lâmina. Boldar e Yoran se separaram num sobressalto, virando-se ao mesmo tempo. Kaito estava encostado no batente da porta, braços cruzados, um sorriso preguiçoso no rosto. — QUE DIABOS?! — Boldar praticamente pulou para trás. — Calma, ele não vai te morder. — Yoran tentou puxá-lo de volta. — Me deem licença. — Boldar passou por eles rapidamente, sentindo o rosto queimar. — Espera, Boldar… — Yoran resmungou, antes de encarar Kaito de cima a baixo, visivelmente frustrado. — Que belo empata-foda você é, hein, cara. Kaito ergueu as mãos em rendição. — Eu só quis ajudar. Não foi minha intenção atrapalhar… o que quer que fosse isso. Yoran estreitou os olhos. — E o que exatamente você está fazendo aqui, Luxúria? Kaito sorriu. Lento. Malicioso. — Procurando um lanche da madrugada. Yoran não soube dizer se ele estava falando de comida… ou de outra coisa. A cozinha estava carregada de tensão. — Somos uma equipe. Vamos lutar juntos, e eu daria minha vida pela nossa causa. — Yoran manteve a voz firme. — E dependendo da situação, eu salvaria você de um possível ferimento grave... — Ele inclinou ligeiramente a cabeça. — Mas não volte a olhar para o que é meu. Kaito não desviou o olhar. O maldito ainda carregava aquele meio sorriso desenhado no rosto, como se tudo aquilo fosse um jogo cujo resultado ele já conhecia. — Você está bravo? — O tom era calmo, mas provocativo. — Possível? — Yoran soltou uma risada curta e seca. — O cozinheiro é seu amante? A pergunta veio tão casualmente que quase passou despercebida. Mas Yoran não mordeu a isca. — Não foque em nos rotular, Kaito. Apenas certifique-se de não tocar ou sequer pensar no que é meu. Kaito segurou o olhar dele por um longo instante antes de finalmente dar um passo à frente, invadindo seu espaço. — Eu não faria isso. — Sua voz veio baixa, quase um sussurro. — Apesar de não ser um especialista em emoções, sei que serei e terei apenas uma parceira por toda a minha vida. Ele não precisou dizer o nome. Yoran já sabia. Mas Kaito disse mesmo assim: — Minha Lady Ágata. E então saiu. Sem olhar para trás. Yoran permaneceu ali, por um breve instante. Algo na forma como Kaito falava parecia mais uma promessa do que uma simples afirmação. Mas isso não importava. Ele tinha outro assunto para resolver. E foi atrás do seu gatinho. As batidas na porta do quarto soaram mais como um aviso do que um pedido de permissão para entrar. Boldar revirou os olhos ao ver Yoran parado na entrada. — Pode ficar com a cama de cima. Eu não me importo de dormir no chão. — Se quiser, pode dormir comigo — disse Yoran, um sorriso malicioso brincando nos lábios. — Não, eu agradeço a oferta. — Por quê? — Por que o quê? — Por que está fingindo? — Yoran se aproximou, passando os dedos pelo peito de Boldar, roçando os mamilos com um toque provocante. — Eu ouço seu coração. A cada batida, ele parece mais ansioso. Boldar permaneceu imóvel, mas seu olhar se endureceu. — Eu sou um demônio. Meu coração tem a única função de bombear sangue para o meu corpo. Somente os humanos podem se dar ao luxo de usar emoções como desculpa para suas ações infantis. — Palavras duras para alguém que amolece com um simples toque. Boldar afastou a mão de Yoran, os olhos faiscando com um misto de irritação e desejo reprimido. — Eu não posso te ajudar. Sou apenas um demônio menor. Não sei quem selou o pacto com você. — Não — Yoran murmurou, um brilho predatório no olhar — mas podemos nos ajudar. Antes que Boldar pudesse reagir, Yoran deslizou a mão por suas intimidades, sorrindo ao notar a resposta do corpo dele. Boldar soltou um suspiro involuntário, a tensão se dissolvendo por um instante. — E depois? — a voz de Boldar saiu rouca. — Você vai deitar com qualquer demônio que encontrar? — Não. Só com o meu demônio gato domesticado — Yoran sussurrou, os lábios perigosamente próximos do pescoço de Boldar. — Se for um bom gatinho, prometo alimentá-lo com leite todos os dias. O olhar de Boldar se tornou afiado como lâminas. — Seu? — Sim, meu demônio gato. A última resistência se desfez. Um gemido baixo escapou da garganta de Boldar quando ele cedeu ao toque de Yoran. Este, sem hesitar, segurou sua nuca e puxou-o para um beijo necessitado, enquanto suas mãos ágeis trabalhavam para desabotoar a fivela do cinto. — Sabe o que significa fazer isso com um demônio? — murmurou Boldar entre os beijos. — Minha alma? Eu já não a tenho mais — Yoran respondeu sem hesitação. — O que quer que eu lhe dê? — Lealdade. Os dois se encararam por um instante. Então, Yoran sorriu de forma travessa. — Eu lhe darei em dobro… tudo o que você me der. Mas se me trair… — sua expressão se tornou sombria — matarei você com minhas próprias mãos. O olhar de Boldar cintilou de satisfação. Ele passou a língua pelos lábios como se estivesse se preparando para degustar um banquete. — Você faz jus ao pecado que carrega. Eles sorriram, já seminus, mergulhando em um beijo faminto… até que um estrondo sacudiu o quarto. Os dois se sobressaltaram. Outro impacto veio logo em seguida, o intervalo entre eles curto demais para ser coincidência. Provavelmente, um ataque. — AHHHHHH! O QUE ALGUÉM TEM QUE FAZER PRA PODER TRANSAR EM PAZ NESSE LUGAR?! — Yoran gritou, furioso, enquanto vestia a camisa às pressas. Boldar, ainda tentando se recompor da súbita interrupção, só conseguiu resmungar algo ininteligível antes de se apressar tambémOutro impacto sacudiu a casa, dessa vez mais forte. Mas a casa não se partiria. Não era apenas uma construção de madeira e pedra, mas um refúgio mágico, resistente a qualquer ataque. Então, se estavam sentindo o impacto… quem quer que estivesse do lado de fora era forte. Forte o bastante para querer derrubar uma casa feita para suportar magias de alto escalão.— Se for uma maldita tempestade de novo, eu juro que vou… — Yoran começou, mas parou assim que abriu a porta e viu o caos do lado de fora.Kael estava encostado na mureta da varanda, olhos semicerrados, a expressão azeda de quem foi despertado à força. Ele suspirou, exausto.— Eu estava sonhando… — murmurou, esfregando o rosto. — Mas claro, alguém decide me arrancar do único lugar onde a vida ainda faz sentido.Kaito estava parado ao lado dele, com um copo de vinho ainda na mão, como se tivesse acabado de se levantar da cama sem tempo para processar nada. Mais afastada, Ágata subia as escadas do porão, segurando um livro pes
O frio da madrugada cortava como lâminas, e Kael sentia cada rajada de vento atravessar suas roupas. Ele andava rápido, mas atento, guiando o médico pelo caminho irregular da floresta. O céu escuro parecia pesar sobre eles, e a neblina rasteira fazia o chão desaparecer aos poucos.— Faz tempo que não vejo alguém tão jovem carregar tanto peso nos ombros. — O médico quebrou o silêncio.Kael apenas lançou um olhar de esguelha. Talvez, em outro momento, ele tivesse respondido, mas agora não tinha paciência para conversa. Não estava ali para filosofar sobre fardos.— É por aqui. Cuidado onde pisa.— Não se preocupe, eu moro aqui. Sei onde pisar. — O médico passou à frente de Kael, que o olhou de cima a baixo.— Exibido.Eles não demoraram a chegar, mas, quando o fizeram, encontraram Ágata deitada na cama de Kaito. Estava gelada, pálida demais, com a testa coberta de suor. Seu peito subia e descia devagar, como se seu corpo lutasse para continuar funcionando.O médico ajoelhou-se ao
A manhã seguiu seu curso, trazendo consigo um ar de alívio e renovação. Kaito, ainda pálido e visivelmente cansado, havia acordado. Seus olhos claros e brilhantes encontraram os de Ágata, e um sorriso fraco, mas reconfortante, surgiu em seu rosto. Ele não precisava dizer nada; a gratidão e o afeto estavam estampados em seu olhar. Ágata, por sua vez, sentiu um peso sair de seus ombros. Ele estava bem. Isso era o que importava. Mas a inquietação ainda habitava seu peito. Boldar e Yoran não saíam de seus pensamentos. Ela sabia que precisava descansar, que seu corpo ainda estava se recuperando, mas a preocupação falou mais alto. Enquanto Kaito descansava, Ágata decidiu sair escondida. Não queria que Kael percebesse, sabendo que ele tentaria impedi-la. Ela não tinha energia para discutir. Caminhou silenciosamente pelos corredores, até que, de longe, ouviu os gritos de Yoran. O som a deixou apreensiva, acelerando seus passos. Ao chegar mais perto, viu Yoran amarrado a uma cadeira, se deba
sol já se escondia no horizonte, pintando o céu com tons de laranja e roxo. O grupo seguia determinado a encontrar Leon, o Pecado do Orgulho, já que não. sabiam nada sobre Ordan ainda, ele era o próximo.— Tá, mas se o Ordinário não vai, e a espadachim muito menos... então não estão faltando só três? — questionou Kael, semicerrando os olhos.— Bem… é… — começou Yoran.— ACORDA, PORRA! — berrou ele de repente, jogando o que sobrou do pão na cara de Kael.Kael desviou a tempo, mas o pão voou direto na parede e deslizou dramaticamente para o chão.— Joga comida fora não, demônio — repreendeu Kaito, balançando a cabeça.— Ei, isso foi um insulto? — protestou Kael, cruzando os braços.— Não leva pro coração, capitão — Yoran piscou.Ambos riram, mas Kaito olhava para o pão no chão como se fosse cometer um crime. No canto da cozinha, Ágata e Alinna observavam o diálogo sem se meter.— Então… — começou Ágata, cruzando os braços.— Não, mel, não me lembro. Não quero ter essa conversa agora. —
Horas depois, ambos saíram do quarto para beber água. Caminhavam pelo corredor, os corpos ainda sensíveis, quando viram Alinna sentada no meio da cozinha.Ela estava imóvel, os olhos abertos, mas marejados, com lágrimas escorrendo silenciosas pelo rosto.— Alinna? — Yoran chamou, franzindo a testa.Ela não respondeu.— O que diabos…? — Yoran se aproximou, mas hesitou ao ver que ela nem sequer piscava.Eles trocaram um olhar, e, sem perder tempo, Boldar foi chamar Ágata.Quando ela chegou, olhou para Alinna e suspirou.— Ela está dormindo — disse simplesmente.— Isso parece qualquer coisa, menos sono — resmungou Yoran.— Confia em mim.Ágata se ajoelhou ao lado da fada e murmurou:— Adductus somno.Poucos segundos depois, Alinna desabou no chão, agora dormindo de verdade.Yoran passou a mão pelo rosto, exausto.— Se isso é o que nos espera no futuro, eu prefiro me aposentar.— Vai sonhando — retrucou Boldar.Na manhã seguinte, Alinna ainda dormia. Seu rosto estava pálido, e seu corpo s
Kael foi o primeiro a voltar para casa. Ordam carregava Alinna nos braços com tanto cuidado que, às vezes, parecia que ela ia se quebrar. O silêncio acabou quando ele a colocou na cama da varanda. — E aí? Vai contar por que mentiu? — disse Kaito, escorado no batente da porta. — Eu não menti. Meu nome é Ordam de Mortraz. — Eles se entreolharam sérios. — Então, a fada é sua amiga? — Ordam olhou para Alinna, deitada na cama, com um semblante alegre. — Pra mim, ela é muito mais que isso. A porta bateu, e Ágata entrou junto com Boldar e Yoran, trazendo suprimentos. — Vai ter que explicar mesmo por que fez a minha Nina chorar. — O rosto de Ágata estava carregado de crítica e dúvida. — Pensei que fossem demorar — disse Kael, olhando para os três. — Ah, a gente ia, mas o Yoran usou a super velocidade pra terminar logo e ouvir a fofoca. — Todos riram da naturalidade com que Boldar falava. — Uau, sua cara, né, Yoran? — disse Kael, com os olhos semi-serrados. — É...
— Nakim? Esse é seu nome? — Sim, mas já me acostumei a ser chamado de Boldar. Prefiro que continue assim — respondeu Boldar, sentando-se confortavelmente no criado-mudo enquanto Yoran beijava seu pescoço sensualmente. — Aram, aram — Kael interrompeu. — Não quero atrapalhar, mas Ágata pediu para chamá-los. — Capitão, o quarto tem porta — respondeu Yoran, assustado. — Sim, eu vi. Da próxima vez, certifique-se de usá-la. — Boldar riu baixinho. Ele sabia que Yoran odiava ser visto assim. — Está com vergonha de mim? — perguntou Boldar, com a sobrancelha erguida. — Se você mandasse, eu usaria uma coleira com meu nome, meu amor — disse Yoran, dando um beijinho no nariz de Boldar e saindo logo em seguida. — "Amor"? — repetiu Boldar, surpreso descendo as escadas. — Bem, já que estamos todos aqui, tenho que falar sobre o próximo Pecado. De acordo com a princesa Temeria, ele já é um soldado do reino, mas está com problemas agora. — Que tipo de problemas? — perguntou Kai
Vinte e três longos dias se passaram até que chegaram a Moltrap, a aldeia onde os vampiros tinham sua “fábrica”.— E aí, capitão, o que vamos fazer? — perguntou Kaito, girando uma adaga entre os dedos.— Amigos, não sei vocês, mas eu quero tomar uma cerveja — disse Yoran.— Eu também — completou Kaito.— Segura a onda aí, senão você não vai pra lugar nenhum — resmungou Boldar por cima do ombro.— Ih, capitão, tu vai sozinho, então — Yoran sacudiu a cabeça, em negação.— Pau-mandado — sussurraram Kael, Kaito e Ordan em uníssono.— Em minha defesa, não estou indo me embebedar. Vou buscar informações. Embebedar é só um brinde — retrucou o capitão, com um sorriso.— Bem, ele está certo — disse Ágata, entrando na cozinha e se jogando na cadeira. — Vocês três vão ao bordel. Precisamos de informações.— Nós três? Eu não posso, Agui… — Yoran olhou para Boldar.— Pode sim. Boldar também vai. Tenho um trabalho a mais pra ele.— Ah, qual é? Tudo de ruim sobra pra mim!— Não, gatinho