Início / Fantasia / Os Sete Pecados Capitais / CAPÍTULO 7: Yoran, o Pecado da ganância
CAPÍTULO 7: Yoran, o Pecado da ganância

Bazzard era uma cidade de pedra e ferro, com ruas fervilhantes de mercadores, guardas e viajantes. Kael e Ágata passaram pelos portões sem dificuldades, exibindo o selo do rei.

— Vamos direto à prisão — disse Ágata.

O prédio era sombrio e úmido, impregnado pelo cheiro metálico de ferrugem e algo mais… algo que Kael reconheceu no instante em que cruzou a entrada.

Ódio.

Quando a cela de Yoran foi aberta, a reação dele foi imediata. Um soco certeiro atingiu Kael no queixo, jogando-o para trás.

— Acha que eu sou idiota?! — rosnou Yoran. — Acha que eu não ia sentir esse cheiro podre em você?!

Kael se ergueu, limpando o canto da boca, o olhar endurecido.

— Filho da—

Antes que terminasse, revidou o golpe, arremessando Yoran contra a parede.

Ágata segurou seu braço antes que ele avançasse de novo.

— Chega.

Yoran cuspiu no chão e estreitou os olhos para ela.

— O que vocês querem?

— Falar com você — respondeu Ágata, soltando Kael. — Mas, se preferir continuar bancando o idiota, podemos deixá-lo aqui.

Yoran bufou.

— Eu não me importo de estar aqui, eu est—

— Aqui por vontade própria, blá-blá-blá… — Ágata revirou os olhos. — Podemos acabar com isso antes do jantar?

Yoran ficou em silêncio.

Kael saiu da sala a pedido de Ágata, encostando-se à parede do lado de fora.

— Isso vai demorar…

Mas, para sua surpresa, minutos depois, Ágata surgiu com um pequeno sorriso.

— E aí, Aghi? Ele vem com a gente?

Ela balançou a cabeça.

— Sim.

Kael fechou a mão. Sem aviso, girou o corpo e socou Yoran no rosto.

O impacto o jogou para trás, caindo pesadamente no chão de pedra.

— Se quiser dizer algo ao meu pai, diga direto pra ele. Eu não sou um garoto de recados — rosnou Kael.

Yoran se ergueu devagar, limpou o sangue do lábio e… sorriu.

— Então esse é o nosso capitão?

Kael bufou.

Ágata massageou as têmporas, exausta.

— Já começaram com isso… Não esqueçam, meninos, meu jantar.

A volta para casa foi silenciosa. Nem mesmo o vento soprava. De vez em quando, Kael olhava para Ágata, que não parava de encarar a lua como se houvesse uma tempestade dentro dela.

— Tudo bem, Aghi?

— Sim… Só odeio ficar com fome. Fico irritada e pouco tolerante.

Yoran riu, mas não comentou nada.

Assim que chegaram em casa, Ágata foi para a cozinha. Mexia na panela com concentração, os movimentos leves como os de uma maga treinada. Mas havia algo estranho. O cheiro não era exatamente apetitoso.

Kael, observando atentamente, percebeu o problema.

Ágata não sabia cozinhar.

Yoran, deitado numa cadeira próxima, sorria divertido.

— Então essa é sua ideia de refeição? — provocou, o humor evidente na voz. — Não tem nada mais… comestível?

Ágata o encarou e riu nervosa.

— Não sou uma chef, Yoran. — Mexeu a colher na panela, frustrada. — Talvez eu devesse deixar a culinária para depois.

Ele cruzou os braços, ainda sorrindo.

— Olha, não sou exigente… — Fez uma pausa, analisando o conteúdo da panela. — Mas isso aqui… Nem meu estômago aceita.

Ágata revirou os olhos, mas, para sua própria surpresa, riu junto com ele.

— Certo, você venceu. — Ela ergueu as mãos em rendição. — Cozinha não é o meu forte.

Kael se divertiu com a cena, mas logo voltou sua atenção para algo mais importante.

— Yoran… — começou, casualmente. — Aquele artefato místico que você encontrou… O que exatamente é?

O sorriso de Yoran desapareceu por um instante. Ele lançou um último olhar para Ágata, que já tinha aceitado a crítica culinária, e se recostou na cadeira.

— Ah, esse artefato… — murmurou, um brilho nostálgico e preocupado nos olhos. — Bom, não foi exatamente "encontrado" de forma limpa.

Kael manteve o olhar atento.

— Na verdade, foi meio… desastroso — continuou Yoran, a voz mais baixa. — Eu tinha acabado de perder um amigo. Um dos poucos que eu tinha. Fiquei desnorteado. Passei dias vagando sem rumo e, sem perceber, entrei no Reino das Fadas.

Ele fez uma pausa, mordendo o lábio.

— As fadas… não são fãs de humanos. Me cercaram antes que eu percebesse. Eu sabia que precisava sair dali, então fui até um rio beber água. Foi lá que vi algo estranho… algo brilhando numa nascente.

O silêncio pesou na sala.

— Tentei me aproximar, mas o chão cedeu e caí. Só que, em vez de cair na água gelada, encontrei uma caverna. O estranho era que, apesar do som da cachoeira, o lugar era quente… seco.

Kael não piscava, absorvendo cada palavra.

— Tentei voltar, mas não achei a saída. Então percebi… que não havia saída. Eu tinha atravessado um portal.

A respiração de Ágata ficou mais pesada.

— Foi quando vi uma chama fraca, como uma vela solitária. E então, senti…

Ele hesitou, os olhos escurecendo.

— Senti que ela me rejeitava.

Kael sentiu um arrepio subir pela espinha.

— E então — Yoran sussurrou — uma voz quebrou o silêncio.

Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App

Capítulos relacionados

Último capítulo

Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App