O dia estava muito quente, apesar de ser cedo pela manhã, o calor sufocava a doutora Débora Nascimento, no fim do plantão, nem o banho frio foi capaz de amenizar o calor que ela estava sentindo. Além do calor sufocante que fazia na cidade esse dia, a TPM estava em seu ciclo mais alto. Tudo de verdade que ela queria era chegar em casa, tomar um novo banho, trocar de roupa e dormir.Quando Débora pegou o carro no estacionamento do hospital seu corpo transpirava todo. Logo entrou no veículo e ligou o ar-condicionado. Aos poucos o desconforto provocado pelo calor foi diminuindo, apesar da irritação por começar o dia desse jeito não passar.Um plantão de doze horas, com atendimentos intermináveis e a constante dor de cabeça, causada pelos hormônios do período pré-menstrual foi a combinação perfeita para fazer um começo de dia difícil para a médica.Ligou uma música no som ambiente do carro, olhou para uma foto de sua filha balançando no espelho retrovisor da frente do carro. Respirou fun
Ninguém em sã consciência poderia dizer que ela era uma leoa. Mas, era assim, que o amigo mais íntimo de Carlos, Alberto, a estava vendo agora. Ele sempre teve curiosidade de conhecer a personalidade dessa mulher. Mas, nas raras vezes em que ela apareceu em público com o marido, uma máscara de indiferença cobria seu belo rosto.Os três homens que foram contratados aleatoriamente na rua para bater no garoto, também se surpreenderam com a personalidade forte da mulher. Izabel a atual namorada de Carlos detestou o ar imponente e a figura bonita que a mulher recém-chegada tinha. Mas, de todos, o mais surpreendido foi o próprio Carlos, que sempre viu a mulher como uma garota calma e fria, sem qualquer emoção aparente. Mesmo na infância, a menina parecia sempre alguém sem qualquer emoção. Só por essa surpresa ele demorou a reagir a atitude dela.“Esse fedelho andou fazendo a minha namorada beber demasiadamente.”Só após ele dizer isso, Débora prestou atenção na mulher que estava em pé ao l
Ao meio-dia foi acordada por beijos molhados no rosto. Antes de abrir os olhos, um sorriso brilhante se abriu no rosto de Débora. Sua doce Ângela chegou da escola e estava lhe acordando com o maior carinho do mundo.“Mamãe, eu te amo. Vamos ao cinema?”“Então a mocinha só me ama, quando quer ir ao cinema?”“Não, mamãe. Eu te amo sempre. Mas, é que hoje eu quero ver Frozen dois.”Débora olhou para a garota gordinha e fofa de cinco anos, sentindo seu coração cheio de calor. Eram poucas pessoas que a faziam sentir assim. Provavelmente terminaria o dia no cinema, com aquela filha fofa.“Vou pensar. Deixe-me tomar banho e ver como fazer com o trabalho de hoje. Mas, se não puder, vamos outro dia. Certo?”“Sim, mamãe.”A garota sorriu, respondendo obediente. “Já almoçou? Fez a lição?”“Não. Eu estou aqui para chamar. O almoço está na mesa.”“Certo. Desça e me espere, vou me arrumar para sair, quando chegar veremos a história do cinema.”A garotinha de cinco anos deu pulinhos de felicidade,
“Que falou sobre isso com você?”A garotinha ficou um pouco assustada, o que Débora estranhou, mas, tentou uma explicação que ela pudesse entender.“Você lembra que disse que queria um cachorrinho no seu aniversário?”“Sim, mamãe. E você disse que se eu ganhasse um animalzinho de estimação teria que amar ‘ele’, e cuidar.”“Aprendeu bem direitinho. É isso mesmo! Quando uma pessoa adota ela tem que amar e cuidar."“Então quando a senhora foi na maternidade me pegar foi como se tivesse um cachorrinho.”Débora ficou chocada com a lógica de Ângela. Mas, tentou explicar melhor.Não é a mesma coisa, de forma alguma. Você se lembra que eu disse que você nasceu no meu coração?”“Quando uma mãe adota um bebê, ele primeiro nasce no seu coração. Não pode ser outro. É um filho mesmo. Vamos fazer assim, no fim de semana nós vamos visitar a mamãe e eu te conto como você nasceu no meu coração, sua bebê maluquinha.”“Está bem. Eu quero uma trança de Elsa.”Mais uma vez, chocada, Débora ouviu a menina
Olhando para a carinha fofinha de sua pequena , Débora atendeu o telefone sem prestar muita atenção. Mas logo ficou alerta quando ouviu a voz aflita de Paulo. “Irmã, onde você está?” “No cinema com Ângela! Por que? Estava na aula de anatomia quando recebi um telefonema estranho de alguém dizendo que você sofreu um acidente perto de casa. Sai correndo, mas, percebi que um dos colegas que me convidou para a boate estava vindo atrás de mim, então entrei na sala de um professor que está lotada e resolvi telefonar para você.” “Fez bem! e o outro rapaz.” “Quando me viu entrar na sala desviou o caminho e entrou no banheiro. de lá dá para ver se além saí da sala do professor.” “Você é muito inteligente. Já identificou quem está armando para você. Volte para sala de aula, que irei resolver o caso. mande a localização do suposto acidente. E mais tarde um segurança irá escoltar você para casa.” Depois de falar isso, desligou o telefone, ligou para o chefe da segurança em casa. “Senhora?
O segurança continuou.Já providenciei as recomendações da senhora hoje cedo. e quando peguei o relatório percebi que precisaremos de um plano de contenção, já que parece nos, o Senhor Paulo é o alvo da mulher.”“Faça isso o mais rápido possível. Não quero que Paulo seja pego pela briga entre amantes.”Débora falou essas palavras sem alterar em nada sua expressão de tédio. "Irmã, desculpe. Eu não sabia que iria trazer problemas para você.”“Você não trouxe. Foram os outros.”Débora se levantou da cadeira em que estava sentada fazendo seu trabalho burocrático, tocou na cabeça do rapaz, para animá-lo. Poucas pessoas eram capazes de despertar o calor no seu coração. Paulo, a médica havia segurado em seus braços quando ele era um bebê. Além do mais, ele era filho de sua madrinha, alguém que cuidou dela e de sua mãe nos momentos mais difíceis.“Vá dormir!”Débora falou olhando para o rosto triste do rapaz.“Boa noite, Irmã.”“Boa noite, querido.”Depois que o rapaz saiu, Débora e o Chefe
Depois de sair da casa de Débora, Izabel estava fervendo de raiva. Ela nunca imaginou que seu plano acabaria assim, com Carlos com raiva dela, também. Quando instigou os colegas de Paulo para o deixar na boate, pensou que iria fazer ciúmes a Carlos e de tabela incomodar a sua esposa. Mesmo todo mundo dizendo que a esposa dele era uma criatura fria e sem emoção. Nos seis meses em que esteve no relacionamento com ele, nunca encontrou a mulher. Sempre teve curiosidade de conhecer pessoalmente essa mulher. Mas, detestou o ar imponente da outra, principalmente quando ela a chamou de velha. Ficou ainda mais disposta em armar contro o rapaz. Ele parecia meio bobinho, perfeito para cair em sua rede. Mas, sentiu um grande golpe em sua confiança quando a tarde o garoto não apareceu no local, em que havia organizado uma outra armadilha. Ao longo do dia sua raiva só foi aumentando mais. Principalmente a noite quando o Carlos não voltou para a casa em que eles viviam. Durante a tarde ela lev
Era sábado, o patriarca da família Nascimento levantou muito cedo, e pediu ao motorista que o levasse do seu pequeno sítio no interior do estado para a capital. A cidade de São Caitano fica a cerca de uma hora e meia de carro do Recife. O velho voltou para sua cidade natal depois de sua aposentadoria e lá vivia em um pequeno pedaço de terra onde de tudo cultivava um pouco. Nos moldes tradicionais, sem agrotóxicos, com a água cristalina que nasce na própria terra. Hoje os empregados que viviam com ele organizaram um monte de coisas para levar para a casa da neta amada. Um dos seus seguranças dirigia o carro enquanto os outros três ficaram na propriedade cuidando da segurança e dos empregados. O velho Jorge Nascimento conhecia aquele trajeto como a palma de sua mão, quando ele saiu da cidade aos quatorze anos para trabalhar na capital, com apenas alguns trocados, ele foi pedindo carona aqui e alí. O velho voltou à realidade depois de pensar um pouco no passado."Damião, você não esqu