Ao meio-dia foi acordada por beijos molhados no rosto. Antes de abrir os olhos, um sorriso brilhante se abriu no rosto de Débora. Sua doce Ângela chegou da escola e estava lhe acordando com o maior carinho do mundo.
“Mamãe, eu te amo. Vamos ao cinema?”
“Então a mocinha só me ama, quando quer ir ao cinema?”
“Não, mamãe. Eu te amo sempre. Mas, é que hoje eu quero ver Frozen dois.”
Débora olhou para a garota gordinha e fofa de cinco anos, sentindo seu coração cheio de calor. Eram poucas pessoas que a faziam sentir assim. Provavelmente terminaria o dia no cinema, com aquela filha fofa.
“Vou pensar. Deixe-me tomar banho e ver como fazer com o trabalho de hoje. Mas, se não puder, vamos outro dia. Certo?”
“Sim, mamãe.”
A garota sorriu, respondendo obediente.
“Já almoçou? Fez a lição?”
“Não. Eu estou aqui para chamar. O almoço está na mesa.”
“Certo. Desça e me espere, vou me arrumar para sair, quando chegar veremos a história do cinema.”
A garotinha de cinco anos deu pulinhos de felicidade, com o que a mãe havia respondido. Se ela não disse, não, de uma vez, era porque iria arrumar um jeito de levá-la para passear. Depois da comemoração saiu correndo do quarto principal.
Débora ficou no quarto checando as atividades da tarde, seu sorriso permaneceu no rosto apesar do desconforto que ainda sentia, pela TPM.
Ela tinha que ler e assinar alguns documentos, depois fazer uma palestra no auditório do hospital para profissionais de saúde e educação. Depois disso estaria livre. Então decidiu que iria se divertir com sua filha. Afinal, ela também gostava de desenho animado, em especial, esse da Frozen.
Decidido o que fazer. Agora seria só organizar o que fazer e pronto, tarde e começo de noite, exclusivos para ela e seu bebê. Uma sexta feira traria muita gente ao cinema e ao centro de compras que iria com a filha. Mas, valeria a pena, seria um tempo de qualidade entre as duas.
Pensando assim, pegou o telefone sobre o criado-mudo, e digitou o número tão conhecido de sua assistente.
“Alô, Chefe. O que queres?”
“Primeiro preciso que você pesquise sobre aquela pessoa. O que ele tem feito nos últimos seis meses. E todas as pessoas relacionadas nesse período. Depois, quero que você fique atenta ao correio-eletrônico, vou enviar os documentos revisados para você imprimir, ler e me entregar assim que chegar no hospital.”
“Ok. Tudo anotado.”
“Aproveite e reserve para mim, dois ingressos de cinema para o filme, ‘frozen dois’. Ângela quer assistir e resolvi que vamos, mesmo.”
“Ok. Te espero lá pelas três?”
“Sim. Chegarei vinte minutos antes da palestra. Assinarei os documentos, falarei e sairei.”
“Até mais.”
“Até, chefe!”
Débora desligou o telefone e desceu para a sala, onde iria comer com sua filha. A garotinha já estava sentada à mesa com a sua babá. Dando-lhe comida na boca. Geralmente, ela gostava de comer sozinha, mas demorava muito, então, como queria que a mãe concordasse em levá-la, pediu a Naninha que a ajudasse a comer, rápido.
“Vejo que já está comendo. Que prato bonito e colorido! Parece que alguém quer mesmo ir ao cinema, hoje.”
“Eu quero! Vamos! Vamos, mamãe! Vou comer tudinho, até os vegetais do meu prato. Depois a Naninha vai ensinar a tarefinha de casa e a gente pode ir?”
Olhou para Débora com uma carinha fofa de pedinte.
“Pode, sim.”
Ao sentar-se à mesa e começar a fazer seu prato, com arroz, feijão, legumes refogados, salada verde e peito de frango grelhado. Débora se concentrou na comida, e na calma de uma refeição com sua filha, quando lembrou:
“Dona Manuela, cadê Paulo. Depois daquela confusão da manhã, ele ficou no quarto até a pouco, quando se arrumou e saiu, avisando que iria para a aula na faculdade.”
“Obrigada.”
A empregada parecia querer dizer mais alguma coisa.
“Pode falar, a senhora sabe como lhe respeito.”
“Me parece que a coisa toda, foi como o menino Paulo falou. Ele é um bom rapaz.”
“O que mais me preocupa, é o fato dele ser um bom menino. Muito inocente, Pode cair nas mãos de gente ruim. Aquela mulher me parece uma raposa.”
“Eu sou uma velha, e não entendo esse casamento de você com o senhor Carlos, mas, ele nunca tinha trazido aqui uma daquelas mulheres com quem ele sai.”
“Vamos deixar isso para lá. Que não se repita. Diga aos seguranças que ele não tem permissão para entrar em casa com mais alguém, sem que eu pessoalmente aceite.”
“Sim, senhora.”
A empregada se virou e foi cumprir as ordens da patroa. Débora levantou a cabeça para olhar sua filha, se alimentando. A babá era uma garota muito jovem, mas, muito cuidadosa com a menina. Débora deu um sorriso satisfeito:
"Amanhã é sua folga, certo?”
“Sim.”
“Vai ver sua mãe. Vou liberar o Fred para ir com você. Agora, segunda de manhã cedo quero os dois aqui. Por favor, quando sair leve os remédios da Madrinha, também.”
“Certo, senhora.”
“Outra coisa, que quero falar com você. Começou a estudar para o vestibular?”
“Não, senhora. Nem sei o que fazer.”
“Você tem muito jeito com Criança. Por que não faz pedagogia? Se não quiser ser professora, tem outras possibilidades para o curso.”
“A senhora acha?”
“Sinceramente, sim, Quando minha tia lhe trouxe, ela disse que era para você trabalhar e estudar. No ano passado você terminou o ensino médio. Agora é hora de seguir em frente. Mesmo porque, quando você terminar o curso Ângela já terá nove anos, não precisará de babá.”
“Vou começar.”
“Muito bem. Agora, no começo do ano, tenho certeza que não dá. Mas, no vestibular do meio do ano, você provavelmente entra. Confie.”
Ângela que ouviu a conversa entre as duas perguntou:
“Naninha, você vai ser professora? Como a minha lá da escola?”
“Se eu estudar muito, vou.”
“Naninha, você vai ser uma professora tão legal.”
As duas mulheres caíram na gargalhada, com a conversa da pequena. Logo que terminou o almoço, a babá levou a menina para o quarto, para fazer a tarefa da escola. Enquanto Débora se sentou em seu escritório terminando de corrigir os contratos que teria de assinar no hospital. Depois de enviar, os anexos em um e-mail, pedido o maior cuidado a assistente.
Foi até o quarto da filha, onde ela e a moça estavam entretidas com a finalização das atividades. O ar de concentração da garotinha, fazia qualquer pessoa pensar que ela estava fazendo algo de vida ou morte. Ao terminar ela deu um sorriso à babá.
“Naninha, eu não disse que você é uma professora legal.”
A babá riu, enquanto guardava as coisas da garotinha na bolsa da escola. Foi quando Ângela viu
A mãe. Saiu em disparada e abraçou a mãe.
“Mamãe não fique triste, você é a melhor mãe do mundo todo.”
“Quem disse que eu estou triste. Só estou olhando. Sua boba.”
“Mãe, o que é ser adotada?”
“Que falou sobre isso com você?”A garotinha ficou um pouco assustada, o que Débora estranhou, mas, tentou uma explicação que ela pudesse entender.“Você lembra que disse que queria um cachorrinho no seu aniversário?”“Sim, mamãe. E você disse que se eu ganhasse um animalzinho de estimação teria que amar ‘ele’, e cuidar.”“Aprendeu bem direitinho. É isso mesmo! Quando uma pessoa adota ela tem que amar e cuidar."“Então quando a senhora foi na maternidade me pegar foi como se tivesse um cachorrinho.”Débora ficou chocada com a lógica de Ângela. Mas, tentou explicar melhor.Não é a mesma coisa, de forma alguma. Você se lembra que eu disse que você nasceu no meu coração?”“Quando uma mãe adota um bebê, ele primeiro nasce no seu coração. Não pode ser outro. É um filho mesmo. Vamos fazer assim, no fim de semana nós vamos visitar a mamãe e eu te conto como você nasceu no meu coração, sua bebê maluquinha.”“Está bem. Eu quero uma trança de Elsa.”Mais uma vez, chocada, Débora ouviu a menina
Olhando para a carinha fofinha de sua pequena , Débora atendeu o telefone sem prestar muita atenção. Mas logo ficou alerta quando ouviu a voz aflita de Paulo. “Irmã, onde você está?” “No cinema com Ângela! Por que? Estava na aula de anatomia quando recebi um telefonema estranho de alguém dizendo que você sofreu um acidente perto de casa. Sai correndo, mas, percebi que um dos colegas que me convidou para a boate estava vindo atrás de mim, então entrei na sala de um professor que está lotada e resolvi telefonar para você.” “Fez bem! e o outro rapaz.” “Quando me viu entrar na sala desviou o caminho e entrou no banheiro. de lá dá para ver se além saí da sala do professor.” “Você é muito inteligente. Já identificou quem está armando para você. Volte para sala de aula, que irei resolver o caso. mande a localização do suposto acidente. E mais tarde um segurança irá escoltar você para casa.” Depois de falar isso, desligou o telefone, ligou para o chefe da segurança em casa. “Senhora?
O segurança continuou.Já providenciei as recomendações da senhora hoje cedo. e quando peguei o relatório percebi que precisaremos de um plano de contenção, já que parece nos, o Senhor Paulo é o alvo da mulher.”“Faça isso o mais rápido possível. Não quero que Paulo seja pego pela briga entre amantes.”Débora falou essas palavras sem alterar em nada sua expressão de tédio. "Irmã, desculpe. Eu não sabia que iria trazer problemas para você.”“Você não trouxe. Foram os outros.”Débora se levantou da cadeira em que estava sentada fazendo seu trabalho burocrático, tocou na cabeça do rapaz, para animá-lo. Poucas pessoas eram capazes de despertar o calor no seu coração. Paulo, a médica havia segurado em seus braços quando ele era um bebê. Além do mais, ele era filho de sua madrinha, alguém que cuidou dela e de sua mãe nos momentos mais difíceis.“Vá dormir!”Débora falou olhando para o rosto triste do rapaz.“Boa noite, Irmã.”“Boa noite, querido.”Depois que o rapaz saiu, Débora e o Chefe
Depois de sair da casa de Débora, Izabel estava fervendo de raiva. Ela nunca imaginou que seu plano acabaria assim, com Carlos com raiva dela, também. Quando instigou os colegas de Paulo para o deixar na boate, pensou que iria fazer ciúmes a Carlos e de tabela incomodar a sua esposa. Mesmo todo mundo dizendo que a esposa dele era uma criatura fria e sem emoção. Nos seis meses em que esteve no relacionamento com ele, nunca encontrou a mulher. Sempre teve curiosidade de conhecer pessoalmente essa mulher. Mas, detestou o ar imponente da outra, principalmente quando ela a chamou de velha. Ficou ainda mais disposta em armar contro o rapaz. Ele parecia meio bobinho, perfeito para cair em sua rede. Mas, sentiu um grande golpe em sua confiança quando a tarde o garoto não apareceu no local, em que havia organizado uma outra armadilha. Ao longo do dia sua raiva só foi aumentando mais. Principalmente a noite quando o Carlos não voltou para a casa em que eles viviam. Durante a tarde ela lev
Era sábado, o patriarca da família Nascimento levantou muito cedo, e pediu ao motorista que o levasse do seu pequeno sítio no interior do estado para a capital. A cidade de São Caitano fica a cerca de uma hora e meia de carro do Recife. O velho voltou para sua cidade natal depois de sua aposentadoria e lá vivia em um pequeno pedaço de terra onde de tudo cultivava um pouco. Nos moldes tradicionais, sem agrotóxicos, com a água cristalina que nasce na própria terra. Hoje os empregados que viviam com ele organizaram um monte de coisas para levar para a casa da neta amada. Um dos seus seguranças dirigia o carro enquanto os outros três ficaram na propriedade cuidando da segurança e dos empregados. O velho Jorge Nascimento conhecia aquele trajeto como a palma de sua mão, quando ele saiu da cidade aos quatorze anos para trabalhar na capital, com apenas alguns trocados, ele foi pedindo carona aqui e alí. O velho voltou à realidade depois de pensar um pouco no passado."Damião, você não esqu
A sala inteira vibrou em constrangimento, até a empregada que estava servindo o café segurou a respiração. Ela vivia na casa a muito tempo, na verdade ela serviu na casa antiga e viu todas as coisas que aconteceram na família. Ontem quando Carlos trouxe para dentro de casa a amante e aqueles bandidos para bater em Paulo. A empregada se perguntou quando a situação absurda em que essa família vivia iria ter fim. Débora, paulo e carlos trocaram olhares entre si, sem saber direito o que responder para a garotinha sobre os machucados no rosto do rapaz. “Soube que ele caiu.” Era a voz do velho salvando a situação. Nem um dos três gostaria de falar à criança o real motivo do rapaz estar com o rosto machucado. E antes que ele tivesse conseguido arrumar uma desculpa o velho os tirou do problema. Mas, isso significava, também, que ele sabia do real motivo da situação do rosto do rapaz. “Que dor! Venha aqui para eu lhe dar um beijinho! depois vai sara!” A sala antes tensa, caiu num riso só c
Depois de ver o carro de Carlos na casa de Débora, Izabel voltou fervendo de raiva para casa. Pensando como deveria fazer para retaliar a outra mulher. Já havia visto pelo plano de ontem que não iria conseguir envolver Paulo de novo em suas confusões, então teria de pensar melhor antes de dar o próximo passo. Como lhe disseram, o melhor era ir trabalhar.Entrou na própria mansão e trocou novamente de roupa, desta vez vestiu um terninho para o trabalho. Pediu o táxi e foi direto para a empresa. O melhor era retomar a imagem que tinha antes de ontem.Quando Carlos chegou à sede da rede de supermercados no vigésimo sétimo andar do edifício que levava o nome de seu avô. Não se surpreendeu por encontrar Izabel trabalhando, ela era assistente de sua secretária e estava vindo da área de cópias com um monte de papel nas mãos. Ela lhe deu um sorriso discreto e voltou para o seu lugar na ante sala da presidência do grupo Mandacaru Alimentício. Carlos naquele momento riscou a impressão que teve
Depois de falar até a criança ficar satisfeita, as duas ajoelhadas começaram a rezar pela alma da de quem se foi. Passaram quinze minutos ajoelhadas sobre o chão frio da capela. Ao levantar Débora olhou em volta, a capela estava limpa e arrumada, flores frescas ornavam o altar e os pés da tumba de Maria Ângela. Elas estavam levantando quando um casal de meia idade entrou na capela. ângela com sua exuberância característica correu para os braços da mulher."Vovó, vovô que saudade de vocês.”“A vovó também tem saudade dessa neta linda.”“Bom dia, tia, tio.”Débora cumprimentou respeitosamente o casal. A menina pegou na mão da senhora alegre. A mãe de Maria Ângela ficou feliz com a visita delas ao local de descanso da filha.“Senhor Jorge, como o senhor está.”“Bem, senhora Fátima.”“Quero lhe apresentar meu marido, Joaquim.”"Prazer, senhor Joaquim.”Eles foram saindo da capela.“A senhora não vai ficar para rezar?”“Não, nós moramos perto. E eu venho todo dia para cuidar da capela, e