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3. Mamãe, o que ser adotada

Ao meio-dia foi acordada por beijos molhados no rosto. Antes de abrir os olhos, um sorriso brilhante se abriu no rosto de Débora. Sua doce Ângela chegou da escola e estava lhe acordando com o maior carinho do mundo.

“Mamãe, eu te amo. Vamos ao cinema?”

“Então a mocinha só me ama, quando quer ir ao cinema?”

“Não, mamãe. Eu te amo sempre. Mas, é que hoje eu quero ver Frozen dois.”

Débora olhou para a garota gordinha e fofa de cinco anos, sentindo seu coração cheio de calor. Eram poucas pessoas que a faziam sentir assim. Provavelmente terminaria o dia no cinema, com aquela filha fofa.

“Vou pensar. Deixe-me tomar banho e ver como fazer com o trabalho de hoje. Mas, se não puder, vamos outro dia. Certo?”

“Sim, mamãe.”

A garota sorriu, respondendo obediente. 

“Já almoçou? Fez a lição?”

“Não. Eu estou aqui para chamar. O almoço está na mesa.”

“Certo. Desça e me espere, vou me arrumar para sair, quando chegar veremos a história do cinema.”

A garotinha de cinco anos deu pulinhos de felicidade, com o que a mãe havia respondido. Se ela não disse, não, de uma vez, era porque iria arrumar um jeito de levá-la  para passear. Depois da comemoração saiu correndo do quarto principal.

Débora ficou no quarto checando as atividades da tarde, seu sorriso permaneceu no rosto apesar do desconforto que ainda sentia, pela TPM. 

Ela tinha que ler e assinar alguns documentos, depois fazer uma palestra no auditório do hospital para profissionais de saúde e educação. Depois disso estaria livre. Então decidiu que iria se divertir com sua filha. Afinal, ela também gostava de desenho animado, em especial, esse da Frozen.

Decidido o que fazer. Agora seria só organizar o que fazer e pronto, tarde e começo de noite, exclusivos para ela e seu bebê. Uma sexta feira traria muita gente ao cinema e ao centro de compras que iria com a filha. Mas, valeria a pena, seria um tempo de qualidade entre as duas.

Pensando assim, pegou o telefone sobre o criado-mudo, e digitou o número tão conhecido de sua assistente. 

“Alô, Chefe. O que queres?”

“Primeiro preciso que você pesquise sobre aquela pessoa. O que ele tem feito nos últimos seis meses. E todas as pessoas relacionadas nesse período. Depois, quero que você fique atenta ao correio-eletrônico, vou enviar os documentos revisados para você imprimir, ler e me entregar assim que chegar no hospital.”

“Ok. Tudo anotado.”

“Aproveite e reserve para mim, dois ingressos de cinema para o filme, ‘frozen dois’. Ângela quer assistir e resolvi que vamos, mesmo.”

“Ok. Te espero lá pelas três?”

“Sim. Chegarei vinte minutos antes da palestra. Assinarei os documentos, falarei e sairei.”

“Até mais.”

“Até, chefe!”

Débora desligou o telefone e desceu para a sala, onde iria comer com sua filha. A garotinha já estava sentada à mesa com a sua babá. Dando-lhe comida na boca. Geralmente, ela gostava de comer sozinha, mas demorava muito, então, como queria que a mãe concordasse em levá-la, pediu a Naninha que a ajudasse a comer, rápido.

“Vejo que já está comendo. Que prato bonito e colorido! Parece que alguém quer mesmo ir ao cinema, hoje.”

“Eu quero! Vamos! Vamos, mamãe! Vou comer tudinho, até os vegetais do meu prato. Depois a Naninha vai ensinar a tarefinha de casa e a gente pode ir?”

 Olhou para Débora com uma carinha fofa de pedinte. 

“Pode, sim.”

Ao sentar-se à mesa e começar a fazer seu prato, com arroz, feijão, legumes refogados, salada verde e peito de frango grelhado. Débora se concentrou na comida, e na calma de uma refeição com sua filha, quando lembrou:

“Dona Manuela, cadê Paulo. Depois daquela confusão da manhã, ele ficou no quarto até a pouco, quando se arrumou e saiu, avisando que iria para a aula na faculdade.”

“Obrigada.”

A empregada parecia querer dizer mais alguma coisa. 

“Pode falar, a senhora sabe como lhe respeito.”

“Me parece que a coisa toda, foi como o menino Paulo falou. Ele é um bom rapaz.”

“O que mais me preocupa, é o fato dele ser um bom menino. Muito inocente, Pode cair nas mãos de gente ruim. Aquela mulher me parece uma raposa.”

“Eu sou uma velha, e não entendo esse casamento de você com o senhor Carlos, mas, ele nunca tinha trazido aqui uma daquelas mulheres com quem ele sai.”

“Vamos deixar isso para lá. Que não se repita. Diga aos seguranças que ele não tem permissão para entrar em casa com mais alguém, sem que eu pessoalmente aceite.”

“Sim, senhora.”

A empregada se virou e foi cumprir as ordens da patroa. Débora levantou a cabeça para olhar sua filha, se alimentando. A babá era uma garota muito jovem, mas, muito cuidadosa com a menina. Débora deu um sorriso satisfeito:

"Amanhã é sua folga, certo?”

“Sim.”

“Vai ver sua mãe. Vou liberar o Fred para ir com você. Agora, segunda de manhã cedo quero os dois aqui. Por favor, quando sair leve os remédios da Madrinha, também.”

“Certo, senhora.”

“Outra coisa, que quero falar com você. Começou a estudar para o vestibular?”

“Não, senhora. Nem sei o que fazer.”

“Você tem muito jeito com Criança. Por que não faz pedagogia? Se não quiser ser professora, tem outras possibilidades para o curso.”

“A senhora acha?”

“Sinceramente, sim, Quando minha tia lhe trouxe, ela disse que era para você trabalhar e estudar. No ano passado você terminou o ensino médio. Agora é hora de seguir em frente. Mesmo porque, quando você terminar o curso Ângela já terá nove anos, não precisará de babá.”

“Vou começar.”

“Muito bem. Agora, no começo do ano, tenho certeza que não dá. Mas, no vestibular do meio do ano, você provavelmente entra. Confie.”

Ângela que ouviu a conversa entre as duas perguntou:

“Naninha, você vai ser professora? Como a minha lá da escola?”

“Se eu estudar muito, vou.”

“Naninha, você vai ser uma professora tão legal.”

As duas mulheres caíram na gargalhada, com a conversa da pequena. Logo que terminou o almoço, a babá levou a menina para o quarto, para fazer a tarefa da escola. Enquanto Débora se sentou em seu escritório terminando de corrigir os contratos que teria de assinar no hospital. Depois de enviar, os anexos em um e-mail, pedido o maior cuidado a assistente.

Foi até o quarto da filha, onde ela e a moça estavam entretidas com a finalização das atividades. O ar de concentração da garotinha, fazia qualquer pessoa pensar que ela estava fazendo algo de vida ou morte. Ao terminar ela deu um sorriso à babá.

“Naninha, eu não disse que você é uma professora legal.”

A babá riu, enquanto guardava as coisas da garotinha na bolsa da escola. Foi quando Ângela viu 

A mãe. Saiu em disparada e abraçou a mãe. 

“Mamãe não fique triste, você é a melhor mãe do mundo todo.”

“Quem disse que eu estou triste. Só estou olhando. Sua boba.”

“Mãe, o que é ser adotada?”

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