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4. Caindo na armadilha outra vez

“Que falou sobre isso com você?”

A garotinha ficou um pouco assustada, o que Débora estranhou, mas, tentou uma explicação que ela pudesse entender.

“Você lembra que disse que queria um cachorrinho no seu aniversário?”

“Sim, mamãe. E você disse que se eu ganhasse um animalzinho de estimação teria que amar ‘ele’, e cuidar.”

“Aprendeu bem direitinho. É isso mesmo! Quando uma pessoa adota ela tem que amar e cuidar."

“Então quando a senhora foi na maternidade me pegar foi como se tivesse um cachorrinho.”

Débora ficou chocada com a lógica de Ângela. Mas, tentou explicar melhor.

Não é a mesma coisa, de forma alguma. Você se lembra que eu disse que você nasceu no meu coração?”

“Quando uma mãe adota um bebê, ele primeiro nasce no seu coração. Não pode ser outro. É um filho mesmo. Vamos fazer assim, no fim de semana nós vamos visitar a mamãe e eu te conto como você nasceu no meu coração, sua bebê maluquinha.”

“Está bem. Eu quero uma trança de Elsa.”

Mais uma vez, chocada, Débora ouviu a menina trocar de tema tão rápido.

“Anjinho veja, a mamãe está atrasada para fazer as coisas do trabalho, se você for fazer uma trança de Elsa não vai dar tempo de ir ao cinema.”

“Naninha, você faz uma trança igual a da mamãe? Eu queria fazer uma trança da Elsa, mas, a mamãe disse que demora muito e hoje ela está com pressa.”

“Claro, gatinha Venha aqui!”

A babá começou a trocar a menina enquanto Débora saia para o seu quarto. Lá ela pegou sua bolsa. E desceu, para tirar o carro, usado normalmente para transportar a garotinha. Ela aproveitou para falar com o motorista, que tinha parentes na mesma cidade da família de Fernanda, a babá.

Depois de arrumar a criança, a babá desceu até onde a patroa estava com uma linda menininha de trança.

“Vá arrumar as suas coisas e depois pegue com Manuela o remédio da minha madrinha. Não esqueça de forma alguma, o que ela tem logo acabará.

“Certo, obrigada.

“Já falei com o Fred, ele irá te levar e trazer. Ok?”

“Ok.”

Débora pegou a criança nos braços, colocou-a na cadeirinha especial do carro, amarrou o cinto de segurança e foi até o banco do motorista.

Quando chegou ao hospital a assistente já havia colocado em sua mesa todos os documentos impressos para ela assinar. As enfermeiras assim que ela chegou abraçaram a pequena, elogiando e brincando com ela. Desta forma, Debora teria mais de uma hora para fazer o trabalho burocrático. Ela conferia apenas os números, já que os documentos mandados por e-mail, haviam sido revisados pela própria Débora e depois conferidos pela assistente, que os imprimiu e organizou para a assinatura da responsável.

Deu conta do trabalho burocrático em menos de quinze minutos, então lembrou que queria fazer um reparo em casa. Ligou para o responsável pela segurança da casa e pediu para ele instalar câmeras de vigilância em toda a casa. Dentro e fora. Com boa resolução e com som também. Não gostaria de ficar à mercê do acaso, em outra situação como a de hoje de manhã.

Em pouco tempo já estava no auditório do hospital, um espaço reservado para o aprendizado, no momento que chegou o espaço externo estava repleto de pessoas interessadas no tema do seminário. Que se dirigia a dois principais grupos, profissionais de saúde e educação. Metade das vagas era reservada para a parceria entre o hospital e o governo do estado, a outra era composta de estudantes universitários das duas áreas.

Débora entrou no auditório e uma grande faixa em frente a mesa de debate, tinha as seguintes palavras:

‘I Seminário de combate ao abuso na família.’

O segundo palestrante da tarde era o responsável pela comunicação da polícia federal, após ele o promotor da infância. No dia seguinte representantes de diversos conselhos dariam sua contribuição para a formação dos profissionais que atuavam no momento e outros que em breve iriam atuar nas áreas de saúde e educação. Em pouco tempo a sala ficou lotada e a palestra começou.

Débora abriu a mesa, teria cerca de trinta minutos para expor seus argumentos e depois sairia imediatamente:

“Bom dia, caros, colegas da saúde, profissionais de educação e estudantes universitário. Hoje com a nossa fala, abriremos o, ‘I Seminário de combate ao abuso na família.’ Olhos atentos podem diagnosticar vítimas e abusadores”

“Hoje, neste seminário, estamos chamando de abuso familiar qualquer tipo de violência, física, mental ou sexual, ocorridas no espaço restrito da casa, ou do ambiente familiar. Quem são as vítimas? Serão sempre os mais fracos, na hierarquia, velhos, mulheres, crianças e adolescentes. Os causadores, aqueles que detêm um determinado poder sobre a vítima. Pais e responsáveis, maridos, irmãos ou agregados, empregados responsáveis por cuidar das vítimas. Como reconhecer as vítimas de tal abuso? Geralmente a vítima aparece com machucados recorrentes, sempre justificados com pequenos acidentes.  Geralmente a vítima apresenta medo do abusador, que em muitos casos são os responsáveis por socorrê-las.”

Nesse ponto, Débora passou a mostrar diferentes ferimentos reais de vítimas no projetor.  Mostrando na prática as diferentes formas que os hematomas poderiam ter. 

“Viu alguns desses sinais em pessoas classificadas como possível vítima, procurar imediatamente um profissional da psicologia para fazer determinados exames e comprovar ou não o abuso.”

“Nas próximas palestras receberam orientação de como denunciar, e em quais crimes cada caso se enquadra.”

Terminando a apresentação de fotos Débora encerrou sua participação e deu lugar ao representante da Polícia Federal.

Enquanto Débora palestrava, em outro canto da cidade, uma mente doentia se preparava para mais uma vez, fazer um garoto cair na armadilha.

Inocentemente Débora levou sua garotinha para o shopping, pegara a pipoca e o refrigerante e entraram no cinema a poucos segundos de começar o filme que as duas foram ver. Ângela estava muito feliz, porque iria ver com a sua amada mãe o filme.

Depois que a projeção terminou, mãe e filha foram para a praça de alimentação do centro de compras, era por volta das seis horas quando a mãe pegou os lanches e se sentou para comer com a filha. As duas estavam comendo sanduíches, batata frita e refrigerante, em uma mesa bem no centro da praça, quando o telefone de Débora tocou.

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