Ninguém em sã consciência poderia dizer que ela era uma leoa. Mas, era assim, que o amigo mais íntimo de Carlos, Alberto, a estava vendo agora. Ele sempre teve curiosidade de conhecer a personalidade dessa mulher. Mas, nas raras vezes em que ela apareceu em público com o marido, uma máscara de indiferença cobria seu belo rosto.
Os três homens que foram contratados aleatoriamente na rua para bater no garoto, também se surpreenderam com a personalidade forte da mulher. Izabel a atual namorada de Carlos detestou o ar imponente e a figura bonita que a mulher recém-chegada tinha. Mas, de todos, o mais surpreendido foi o próprio Carlos, que sempre viu a mulher como uma garota calma e fria, sem qualquer emoção aparente. Mesmo na infância, a menina parecia sempre alguém sem qualquer emoção. Só por essa surpresa ele demorou a reagir a atitude dela.
“Esse fedelho andou fazendo a minha namorada beber demasiadamente.”
Só após ele dizer isso, Débora prestou atenção na mulher que estava em pé ao lado da cadeira de Carlo, e a alguns passos de distância de Alberto.
A mulher tinha uma altura mediana, era magra por demasia, tinha cabelos tingidos de vermelho vivo, apesar de estar com roupas caras, nada era capaz de mascarar aquela mulher vulgar.
“Isso...”
A palavra inconclusiva de Débora dava margem para diferentes interpretações.
“Isso o que.”
A mulher olhou mais uma vez para a outra, com maquiagem pesada e ar superior, em comparação a si mesma, que estava com um coque frouxo, nos longos cabelos negros, roupas confortáveis e sapato baixo e sem qualquer maquiagem. Mesmo assim, a outra não era metade da beleza da doutora.
“Meu irmão só tem dezoito anos, enquanto a velha com quem você está, parece ter três décadas e meia. Como ele pode tê-la obrigado a beber.”
Quando ouviu as palavras de Débora, todos na sala se surpreenderam, e os homens olharam com atenção, para a mulher. O vestido que vestia, cheio de cortes e fendas, apesar te ter sido caro, nem era bonito, nem de bom gosto, cobria o essencial, nada mais. O rosto estava coberto por uma grossa maquiagem, marcado principalmente pelos olhos, com uma sombra preta e dourada. Dando realmente à mulher um aspecto de muito mais velha do que era. Alberto e Carlos sabiam que ela tinha vinte e sete anos na atualidade. Enquanto os outros três olhava para ela com um olhar lascivo.
Enquanto os homens se distraiam, perguntando-se qual a idade real da mulher, Débora providenciou reforço. E levantava Paulo do chão.
“Ele fez por isso está levando uma lição para não mexer com a mulher dos outros.”
“É melhor todos saírem agora, se não chamo a polícia.”
Enquanto falava, um dos empregados entrou no quarto, junto com dez guardas da segurança da casa.
“Chamou, senhora.”
“Leve essa gente daqui, agora. E de hoje em diante o senhor Carlos só entra nessa casa se estiver sozinho.”
Carlos se agitou com as palavras de Débora.
“Como é? Eu também sou dono dessa casa e posso trazer aqui quem eu quiser!”
“O senhor, não esteve aqui nos últimos seis meses. Porque de repente, quer entrar aqui com qualquer pessoa.”
A mulher argumentou para o marido. Que consolava a chorosa Izabel, que se sentou em seu colo em frente das pessoas no quarto. Sua tática de parecer um bebê, contrastava com a roupa e a maquiagem vulgar.
Sua atitude atual, era mais reconhecida por Carlos, do que a de antes, no bar, na madrugada de hoje. Lá seu corpo serpenteava em um ritmo louco, deixando à mostra parte da roupa íntima de baixo. E ao mesmo tempo mostrando que ela não usava sutiã. Muito bêbada, não queria sair da boate. Carlos a enrolou em seu blazer e a tirou de lá à força. Depois de levá-la para casa e cuidar para que ela ficasse sóbria. Investigou com quem ela entrou na boate na noite anterior.
Quando Débora chegou, haviam passado apenas uns minutos que ele também tinha entrado dentro de casa. Furioso com o rapaz que ele conheceu desde que era bem pequeno. E que muitas vezes passou férias na casa da família.
“Nós vamos, mas, eu quero ter uma outra conversa com você sobre esse seu protegido. É melhor você alerta a esse retardado a não se meter com a minha mulher.”
A fala um tanto ambígua de Carlos deixou alguns na sala confusos. Menos Debora. Que redarguiu com ironia:
“Como ele não pode falar comigo?”
“Você sabe bem de que mulher estou falando.”
“Da velha aí do seu lado? Ela não pode ser chamada de sua mulher. E uma mulher a toa qualquer um pode pegar. Está na prateleira de mercadoria mais barata.”
A forma como Débora falou de Izabel, irritou muito Carlos que logo foi contido por Alberto, a não fazer nenhuma besteira.
“É melhor sairmos, mesmo. Vamos, vamos.”
O amigo saiu puxando a mulher e o homem pelo braço. Os contratados foram logo atrás destes. Logos que todos saíram da sala. Débora levou Paulo para o quarto, enquanto dava uma lição nele.
“Você está louco? Se você morrer, como irei dizer a sua mãe isso? Aquele homem é impulsivo, para fazer uma besteira com você não custa nada.”
“Irmã, desculpe. Meus amigos ligaram ontem à noite para irmos à boate, mas, quando cheguei lá não tinha ninguém e as mensagens, desmarcado o encontro foram chegando. Aí eu vi aquela mulher, que me chamou para dançar.”
Enquanto falava a doutora limpava o rosto do rapaz. Com medicamentos, depois deu uma bolsa de gelo para ele colocar no olho roxo,
“Me prometa, que nunca mais vai sair com ela.”
“irmã, eu não saí com ela, a encontrei casualmente na porta daquele lugar.”
“Nem assim, quero você com ela.”
“Ok.”
A irritação de Débora elevou a patamares inimagináveis.
“Se cuide! Terei ainda uma tarde de trabalho intenso hoje.”
“Certo! Eu não queria arrumar problemas para você.”
“Não quer arrumar problemas, então fique longe daquela mulher e daquele homem. Pelo bem da sua própria vida. O que vou dizer a Madrinha se você se machucar de verdade na minha casa.”
“Te entendo. Vou procurar me dedicar mais à faculdade. Prometo evitar encrencas.”
“Você é um menino bom. É só se manter no caminho que tínhamos decidido.”
Depois de falar, Debora saiu do quarto do rapaz e foi para o seu próprio. Dormir.
Ao meio-dia foi acordada por beijos molhados no rosto. Antes de abrir os olhos, um sorriso brilhante se abriu no rosto de Débora. Sua doce Ângela chegou da escola e estava lhe acordando com o maior carinho do mundo.“Mamãe, eu te amo. Vamos ao cinema?”“Então a mocinha só me ama, quando quer ir ao cinema?”“Não, mamãe. Eu te amo sempre. Mas, é que hoje eu quero ver Frozen dois.”Débora olhou para a garota gordinha e fofa de cinco anos, sentindo seu coração cheio de calor. Eram poucas pessoas que a faziam sentir assim. Provavelmente terminaria o dia no cinema, com aquela filha fofa.“Vou pensar. Deixe-me tomar banho e ver como fazer com o trabalho de hoje. Mas, se não puder, vamos outro dia. Certo?”“Sim, mamãe.”A garota sorriu, respondendo obediente. “Já almoçou? Fez a lição?”“Não. Eu estou aqui para chamar. O almoço está na mesa.”“Certo. Desça e me espere, vou me arrumar para sair, quando chegar veremos a história do cinema.”A garotinha de cinco anos deu pulinhos de felicidade,
“Que falou sobre isso com você?”A garotinha ficou um pouco assustada, o que Débora estranhou, mas, tentou uma explicação que ela pudesse entender.“Você lembra que disse que queria um cachorrinho no seu aniversário?”“Sim, mamãe. E você disse que se eu ganhasse um animalzinho de estimação teria que amar ‘ele’, e cuidar.”“Aprendeu bem direitinho. É isso mesmo! Quando uma pessoa adota ela tem que amar e cuidar."“Então quando a senhora foi na maternidade me pegar foi como se tivesse um cachorrinho.”Débora ficou chocada com a lógica de Ângela. Mas, tentou explicar melhor.Não é a mesma coisa, de forma alguma. Você se lembra que eu disse que você nasceu no meu coração?”“Quando uma mãe adota um bebê, ele primeiro nasce no seu coração. Não pode ser outro. É um filho mesmo. Vamos fazer assim, no fim de semana nós vamos visitar a mamãe e eu te conto como você nasceu no meu coração, sua bebê maluquinha.”“Está bem. Eu quero uma trança de Elsa.”Mais uma vez, chocada, Débora ouviu a menina
Olhando para a carinha fofinha de sua pequena , Débora atendeu o telefone sem prestar muita atenção. Mas logo ficou alerta quando ouviu a voz aflita de Paulo. “Irmã, onde você está?” “No cinema com Ângela! Por que? Estava na aula de anatomia quando recebi um telefonema estranho de alguém dizendo que você sofreu um acidente perto de casa. Sai correndo, mas, percebi que um dos colegas que me convidou para a boate estava vindo atrás de mim, então entrei na sala de um professor que está lotada e resolvi telefonar para você.” “Fez bem! e o outro rapaz.” “Quando me viu entrar na sala desviou o caminho e entrou no banheiro. de lá dá para ver se além saí da sala do professor.” “Você é muito inteligente. Já identificou quem está armando para você. Volte para sala de aula, que irei resolver o caso. mande a localização do suposto acidente. E mais tarde um segurança irá escoltar você para casa.” Depois de falar isso, desligou o telefone, ligou para o chefe da segurança em casa. “Senhora?
O segurança continuou.Já providenciei as recomendações da senhora hoje cedo. e quando peguei o relatório percebi que precisaremos de um plano de contenção, já que parece nos, o Senhor Paulo é o alvo da mulher.”“Faça isso o mais rápido possível. Não quero que Paulo seja pego pela briga entre amantes.”Débora falou essas palavras sem alterar em nada sua expressão de tédio. "Irmã, desculpe. Eu não sabia que iria trazer problemas para você.”“Você não trouxe. Foram os outros.”Débora se levantou da cadeira em que estava sentada fazendo seu trabalho burocrático, tocou na cabeça do rapaz, para animá-lo. Poucas pessoas eram capazes de despertar o calor no seu coração. Paulo, a médica havia segurado em seus braços quando ele era um bebê. Além do mais, ele era filho de sua madrinha, alguém que cuidou dela e de sua mãe nos momentos mais difíceis.“Vá dormir!”Débora falou olhando para o rosto triste do rapaz.“Boa noite, Irmã.”“Boa noite, querido.”Depois que o rapaz saiu, Débora e o Chefe
Depois de sair da casa de Débora, Izabel estava fervendo de raiva. Ela nunca imaginou que seu plano acabaria assim, com Carlos com raiva dela, também. Quando instigou os colegas de Paulo para o deixar na boate, pensou que iria fazer ciúmes a Carlos e de tabela incomodar a sua esposa. Mesmo todo mundo dizendo que a esposa dele era uma criatura fria e sem emoção. Nos seis meses em que esteve no relacionamento com ele, nunca encontrou a mulher. Sempre teve curiosidade de conhecer pessoalmente essa mulher. Mas, detestou o ar imponente da outra, principalmente quando ela a chamou de velha. Ficou ainda mais disposta em armar contro o rapaz. Ele parecia meio bobinho, perfeito para cair em sua rede. Mas, sentiu um grande golpe em sua confiança quando a tarde o garoto não apareceu no local, em que havia organizado uma outra armadilha. Ao longo do dia sua raiva só foi aumentando mais. Principalmente a noite quando o Carlos não voltou para a casa em que eles viviam. Durante a tarde ela lev
Era sábado, o patriarca da família Nascimento levantou muito cedo, e pediu ao motorista que o levasse do seu pequeno sítio no interior do estado para a capital. A cidade de São Caitano fica a cerca de uma hora e meia de carro do Recife. O velho voltou para sua cidade natal depois de sua aposentadoria e lá vivia em um pequeno pedaço de terra onde de tudo cultivava um pouco. Nos moldes tradicionais, sem agrotóxicos, com a água cristalina que nasce na própria terra. Hoje os empregados que viviam com ele organizaram um monte de coisas para levar para a casa da neta amada. Um dos seus seguranças dirigia o carro enquanto os outros três ficaram na propriedade cuidando da segurança e dos empregados. O velho Jorge Nascimento conhecia aquele trajeto como a palma de sua mão, quando ele saiu da cidade aos quatorze anos para trabalhar na capital, com apenas alguns trocados, ele foi pedindo carona aqui e alí. O velho voltou à realidade depois de pensar um pouco no passado."Damião, você não esqu
A sala inteira vibrou em constrangimento, até a empregada que estava servindo o café segurou a respiração. Ela vivia na casa a muito tempo, na verdade ela serviu na casa antiga e viu todas as coisas que aconteceram na família. Ontem quando Carlos trouxe para dentro de casa a amante e aqueles bandidos para bater em Paulo. A empregada se perguntou quando a situação absurda em que essa família vivia iria ter fim. Débora, paulo e carlos trocaram olhares entre si, sem saber direito o que responder para a garotinha sobre os machucados no rosto do rapaz. “Soube que ele caiu.” Era a voz do velho salvando a situação. Nem um dos três gostaria de falar à criança o real motivo do rapaz estar com o rosto machucado. E antes que ele tivesse conseguido arrumar uma desculpa o velho os tirou do problema. Mas, isso significava, também, que ele sabia do real motivo da situação do rosto do rapaz. “Que dor! Venha aqui para eu lhe dar um beijinho! depois vai sara!” A sala antes tensa, caiu num riso só c
Depois de ver o carro de Carlos na casa de Débora, Izabel voltou fervendo de raiva para casa. Pensando como deveria fazer para retaliar a outra mulher. Já havia visto pelo plano de ontem que não iria conseguir envolver Paulo de novo em suas confusões, então teria de pensar melhor antes de dar o próximo passo. Como lhe disseram, o melhor era ir trabalhar.Entrou na própria mansão e trocou novamente de roupa, desta vez vestiu um terninho para o trabalho. Pediu o táxi e foi direto para a empresa. O melhor era retomar a imagem que tinha antes de ontem.Quando Carlos chegou à sede da rede de supermercados no vigésimo sétimo andar do edifício que levava o nome de seu avô. Não se surpreendeu por encontrar Izabel trabalhando, ela era assistente de sua secretária e estava vindo da área de cópias com um monte de papel nas mãos. Ela lhe deu um sorriso discreto e voltou para o seu lugar na ante sala da presidência do grupo Mandacaru Alimentício. Carlos naquele momento riscou a impressão que teve