2. Ela é uma leoa

Ninguém em sã consciência poderia dizer que ela era uma leoa. Mas, era assim, que o amigo mais íntimo de Carlos, Alberto, a estava vendo agora. Ele sempre teve curiosidade de conhecer a personalidade dessa mulher. Mas, nas raras vezes em que ela apareceu em público com o marido, uma máscara de indiferença cobria seu belo rosto.

Os três homens que foram contratados aleatoriamente na rua para bater no garoto, também se surpreenderam com a personalidade forte da mulher. Izabel a atual namorada de Carlos detestou o ar imponente e a figura bonita que a mulher recém-chegada tinha.  Mas, de todos, o mais surpreendido foi o próprio Carlos, que sempre viu a mulher como uma garota calma e fria, sem qualquer emoção aparente. Mesmo na infância, a menina parecia sempre alguém sem qualquer emoção. Só por essa surpresa ele demorou a reagir a atitude dela.

“Esse fedelho andou fazendo a minha namorada beber demasiadamente.”

Só após ele dizer isso, Débora prestou atenção na mulher que estava em pé ao lado da cadeira de Carlo, e a alguns passos de distância de Alberto.

A mulher tinha uma altura mediana, era magra por demasia, tinha cabelos tingidos de vermelho vivo, apesar de estar com roupas caras, nada era capaz de mascarar aquela mulher vulgar.

“Isso...”

A palavra inconclusiva de Débora dava margem para diferentes interpretações.

“Isso o que.”

A mulher olhou mais uma vez para a outra, com maquiagem pesada e ar superior, em comparação a si mesma, que estava com um coque frouxo, nos longos cabelos negros, roupas confortáveis e sapato baixo e sem qualquer maquiagem. Mesmo assim, a outra não era metade da beleza da doutora.

“Meu irmão só tem dezoito anos, enquanto a velha com quem você está, parece ter  três décadas e meia.  Como ele pode tê-la obrigado a beber.”

Quando ouviu as palavras de Débora, todos na sala se surpreenderam, e os homens olharam com atenção, para a mulher. O vestido que vestia, cheio de cortes e fendas, apesar te ter sido caro, nem era bonito, nem de bom gosto, cobria o essencial, nada mais. O rosto estava coberto por uma grossa maquiagem, marcado principalmente pelos olhos, com uma sombra preta e dourada. Dando realmente à mulher um aspecto de muito mais velha do que era. Alberto e Carlos sabiam que ela tinha vinte e sete anos na atualidade. Enquanto os outros três olhava para ela com um olhar lascivo.

Enquanto os homens se distraiam, perguntando-se qual a idade real da mulher, Débora providenciou reforço. E levantava Paulo do chão.

“Ele fez por isso está levando uma lição para não mexer com a mulher dos outros.”

“É melhor todos saírem agora, se não chamo a polícia.”

Enquanto falava, um dos empregados entrou no quarto, junto com dez guardas da segurança da casa.

“Chamou, senhora.”

“Leve essa gente daqui, agora. E de hoje em diante o senhor Carlos só entra nessa casa se estiver sozinho.”

Carlos se agitou com as palavras de Débora.

“Como é? Eu também sou dono dessa casa e posso trazer aqui quem eu quiser!”

“O senhor, não esteve aqui nos últimos seis meses. Porque de repente, quer entrar aqui com qualquer pessoa.”

A mulher argumentou para o marido. Que consolava a chorosa Izabel, que se sentou em seu colo em frente das pessoas no quarto. Sua tática de parecer um bebê, contrastava com a roupa e a maquiagem vulgar.

Sua atitude atual, era mais reconhecida por Carlos, do que a de antes, no bar, na madrugada de hoje. Lá seu corpo serpenteava em um ritmo louco, deixando à mostra parte da roupa íntima de baixo. E ao mesmo tempo mostrando que ela não usava sutiã. Muito bêbada,  não queria sair da boate. Carlos a enrolou em seu blazer e a tirou de lá à força. Depois de levá-la para casa e cuidar para que ela ficasse sóbria. Investigou com quem ela entrou na boate na noite anterior.

Quando Débora chegou, haviam passado apenas uns minutos que ele também tinha entrado dentro de casa. Furioso com o rapaz que ele conheceu desde que era bem pequeno. E que muitas vezes passou férias na casa da família. 

“Nós vamos, mas, eu quero ter uma outra conversa com você sobre esse seu protegido. É melhor você alerta a esse retardado a não se meter com a minha mulher.”

A fala um tanto ambígua de Carlos deixou alguns na sala confusos. Menos Debora. Que redarguiu com ironia:

“Como ele não pode falar comigo?”

“Você sabe bem de que mulher estou falando.”

“Da velha aí do seu lado? Ela não pode ser chamada de sua mulher. E  uma mulher a toa qualquer um pode pegar. Está na prateleira de mercadoria mais barata.”

A forma como Débora falou de Izabel, irritou muito Carlos que logo foi contido por Alberto, a não fazer nenhuma besteira. 

“É melhor sairmos, mesmo. Vamos, vamos.”

O amigo saiu puxando a mulher e o homem pelo braço. Os contratados foram logo atrás destes. Logos que todos saíram da sala. Débora levou Paulo para o quarto, enquanto dava uma lição nele.

“Você está louco? Se você morrer, como irei dizer a sua mãe isso? Aquele homem é impulsivo, para fazer uma besteira com você não custa nada.”

“Irmã, desculpe. Meus amigos ligaram ontem à noite para irmos à boate, mas, quando cheguei lá não tinha ninguém e as mensagens, desmarcado o encontro foram chegando. Aí eu vi aquela mulher, que me chamou para dançar.”

Enquanto falava a doutora limpava o rosto do rapaz. Com medicamentos, depois deu uma bolsa de gelo para ele colocar no olho roxo,

“Me prometa, que nunca mais vai sair com ela.”

“irmã, eu não saí com ela, a encontrei casualmente na porta daquele lugar.”

“Nem assim, quero você com ela.”

“Ok.”

A irritação de Débora elevou a patamares inimagináveis.

“Se cuide! Terei ainda uma tarde de trabalho intenso hoje.”

“Certo! Eu não queria arrumar problemas para você.”

“Não quer arrumar problemas, então fique longe daquela mulher e daquele homem. Pelo bem da sua própria vida. O que vou dizer a Madrinha se você se machucar de verdade na minha casa.”

“Te entendo. Vou procurar me dedicar mais à faculdade. Prometo evitar encrencas.”

“Você é um menino bom. É só se manter no caminho que tínhamos decidido.”

Depois de falar, Debora saiu do quarto do rapaz e foi para o seu próprio. Dormir.

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