Mary
Sexta feira tinha enfim chegado e o dia havia passado mais rápido do que eu gostaria. Eram quase dez da noite quando terminei de arrumar a mala e me troquei esperando Henry na portaria do prédio.
Iríamos ao jato particular da família de Nanda, junto com ela Theodore e seus pais. Ana resmungava enquanto arrastava sua mala para o lado da minha.
- Você falou para ele que eu estava indo com vocês? Vai que ele implica comigo e não me leva? Se eu tiver que chamar um uber de novo eu te bato. - Afirmou sentando na mala.
- Ele não vai te deixar... Eu acho. - Sussurrei e a mesma me encarou. - Chegou! - Exclamei enquanto o SUV parava em frente ao prédio.
Henry desceu do carro dessa vez usando uma camisa cinza, calça jeans preta e tênis. Abriu o porta malas do carro e a porta de trás e a da frente antes de caminhar em nossa direção.
- Esse sabe ser gostoso. - Ana sussurrou e bati em seu braço. - Já encarnou a namorada ciumenta? - Disse divertida se levantando.
- Vocês vão levar tudo isso para uma semana? - Henry perguntou fazendo careta.
- Eu poderia encontrar muitas formas irônicas e obvias de responder essa pergunta, porém irei me limitar a dizer sim. - Ana afirmou e Henry olhou para ela sorrindo em seguida.
- Obrigado pela resposta mais simples. - Ironizou pegando a mala dela e a minha seguindo para o carro.
- Gostei dele. - Murmurou e balancei a cabeça me aproximando do carro com ela. Entrei no banco da frente e Ana no de trás e Henry fechou as duas portas antes de entrar ligando o carro.
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Assim que chegamos ao aeroporto fomos direcionados a pista exclusiva onde todos aguardavam. Henry levava sua mala da mão enquanto arrastava a minha e eu arrastava a da Ana que ia sem nada.
Nanda acenou assim que nos viu e Ana seguiu até ela nos deixando mais atrás.
- Qual deles é o cara? - Perguntou Henry.
- O alto de cabelo escuro. - Sussurrei. - O que está agarrado à morena e não ouse dizer que ela é muito linda, eu sei disso.
- Você é mais. - Afirmou e olhei para ele que olhava para frente. Sorri satisfeita parando perto de Nanda e Theodore.
- Que bom que vieram cadê seu namorado Mary? Não vem? - Perguntou abraçada a Theodore.
- Prazer, sou Henry Salt, namorado da Mary. - Se apresentou estendendo a mão para Nanda.
- Salt? - Perguntou atordoada enquanto apertava sua mão.
- Até onde eu sei, sim. - Sorriu.
- Senhor Salt? Ao que devo sua presença aqui? - Senhor Francis Byers se aproximou sorrindo.
- Estou acompanhando minha namorada. - Me puxou pela cintura apoiando a mão em minhas costas.
- Não sabia que Mary estava namorando, fico muito feliz em saber querida. - Sorriu.
- Obrigada. - Sorri. Henry entrelaçou nossas mãos enquanto levavam nossas malas. - Desculpa pela mão suada. - Sussurrei.
- Não tem problema. - Garantiu me dando espaço para subir no jato.
Escolhi uma poltrona do lado do corredor e sentei na mesma apertando o cinto. Henry se sentou ao meu lado na janela e olhou para mim.
- Tudo bem?
- Tudo. - Sorri. - Não gosto muito de voar.
- Vai ficar tudo bem. - Disse abaixando a bandeja e colocando nela seu MacBook Air.
Em poucos minutos todos estavam em seus lugares e o jato começou a decolar fazendo aumentar o frio na barriga. Olhei para Ana que estava umas cinco poltronas longe de mim com seus fones e a cabeça na janela.
Suspirei olhando para o lado observando Henry digitar seu relatório enquanto Nanda, Theo e Francis se encontravam a duas poltronas virados para nós.
- Você precisa que eu peça alguma coisa para você? Uma água, um calmante... Não sei. - Sugeriu fechando o MacBook.
- Não, eu estou bem. - Afirmei e o mesmo entrelaçou nossas mãos acariciando meus dedos. - O que está fazendo? - Sussurrei.
- Eles estão olhando para nós, achei que quisesse ser convincente. - Murmurou levantando o braço da poltrona e desapertou meu cinto me puxando para mais perto do seu corpo. - Você tem pavor disso e vai vomitar em mim a qualquer momento? - Perguntou e sorri.
- Não, eu vou ficar bem. Achei que não gostasse de demonstrações públicas de carinho.
- Não gosto, mas você está visivelmente abalada e mais ninguém aqui sabe que eu não gosto, apenas você e eu estou tentando me mostrar um namorado carinhoso. - Afirmou.
- Agradeço muito por isso. - Olhei para ele desviando o olhar de Nanda e Theo que trocavam carinhos.
- Isso pode ser de mentira, mas não seremos o tipo de casal que fica se beijando de língua e escandalosamente na frente dos outros. - Resmungou desviando o olhar da cena pavorosa a nossa frente e gargalhei.
- Não mesmo. - Sorri divertida.
- Eu vou ao banheiro. - Avisou e me desencostei dele permitindo que o mesmo levantasse. Olhei para a janela fechada enquanto Henry seguia para o fim do corredor onde havia o banheiro.
- Não fazia ideia de que vocês estavam namorando, onde se conheceram? - Francis perguntou e olhei para os três que agora me encaravam.
- Ah, eu estava tomando café lá perto e acabamos dividindo uma mesa porque estava muito cheio. - Improvisei.
- Sério, e ai? - Nanda perguntou e olhei para trás.
- Ai, nós trocamos números e seguimos conversando assim.
- Não sabia que Henry seria o tipo de homem que flerta com qualquer uma em um café. - Nanda comentou.
- E não sou. - Henry afirmou se aproximando com duas garrafas de água. - Mas como meu pai sempre diz ninguém resiste a uma mulher linda e Mary é um ótimo exemplo disso. - Sorriu.
- É ela sempre foi. - Theodore comentou e Nanda olhou para ele.
- Mesmo que ela odeie esportes e muitas vezes eu tenha que arrastá-la para o tênis comigo, ela é maravilhosa. - Sorriu se sentando ao meu lado.
- Mary sempre teve essa pessoa sedentária dentro dela. - Theodore comentou bem humorado e assenti.
- Pois é.
Henry
Assim que chegamos à Itália eram quase cinco da manhã e Mary parecia bem indisposta.
- Você quer comer alguma coisa? - Perguntei enquanto seguíamos para os carros que nos levariam para a casa da cliente de Mary.
- Não, tudo que eu preciso é dormir um pouco. - Resmungou entrando no carro e balancei a cabeça colocando sua mala no porta malas.
- Mary sempre fica indisposta depois de um voo, sempre foi assim. - Theodore afirmou colocando a mala da sua futura esposa no carro ao lado. - Se quiser Nanda deve ter algum remédio na casa.
- Agradeço a preocupação, mas sei cuidar dela. - Afirmei fechando o porta malas. - Nada que algumas horas de sono e um suco cítrico ou alguma comida leve não resolva, já passamos por isso. - Menti abrindo a porta.
- Claro, eu imagino que já. - Murmurou e assenti entrando no carro.
A viagem para a casa foi silenciosa e assim que chegamos os empregados dos Byers se apressaram para pegar as malas. Abri a porta do lado de Mary e entreguei sua bolsa a sua amiga Ana que entrou para abrir a porta do quarto que ficaríamos.
Peguei Mary com cuidado no colo e empurrei a porta atraindo a atenção de Nanda, Theodore e Francis.- Nossa não é melhor acordá-la? - Nanda perguntou e balancei a cabeça.
- É melhor deixá-la dormir. - Afirmei seguindo para dentro. Subi com cuidado as escadas e Ana apontou para um dos quartos onde a coloquei na cama. - Você pode...
- Claro! - Ana exclamou retirando os sapatos de Mary.
- Vou ver onde estão nossas coisas. - Disse deixando o quarto.
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Mary dormiu uma boa parte da tarde e aproveitei o tempo para terminar meu trabalho e adiantar algumas coisas. Tirei um pequeno cochilo no sofá do quarto e então decidi tomar um banho.
Assim que terminei me sequei e coloquei a cueca e a calça que havia trazido para o banheiro comigo. Sai do mesmo passando a toalha pelo cabelo quando ouvir um pigarrear.
- Oi. - Disse levantando a cabeça e pendurei a toalha no pescoço olhando para Mary. - Melhor?
- O quê? - Perguntou distraída enquanto me encarava. - Ah, sim, eu estou melhor. - Completou parecendo se lembrar do motivo da pergunta.
- Aproveitei o tempo para descansar um pouco e tomar um banho. - Comentei pegando uma camisa.
- Eu deveria tomar um banho também. - Murmurou descendo da cama.
- Pedi que fizessem uma salada para você e um suco natural, pensei que ainda acordaria com o estomago um pouco sensível.
- Isso é perfeito, é bom não exagerar hoje. - Disse abrindo sua mala e coloquei a camisa deixando a toalha estendida.
Deixei o quarto para dar mais privacidade a ela e desci para a sala onde Theodore e Francis conversavam na sala acompanhados de uísque.
- Olá. - Francis saudou. - Nos acompanha em uma dose?
- Eu não bebo, mas posso fazer companhia a vocês. - Disse me sentando no sofá.
- E Mary? - Theodore perguntou e olhei para ele.
- No banho. - Respondi e o mesmo olhou para o meu cabelo úmido.
- Então ela já está melhor?
- Está sim, deve descer logo. - Afirmei. Era óbvio que de alguma forma muito estranha Theodore ainda achava que tinha algum tipo de direito sobre Mary, direito de lhe pedir satisfações, fazer questionários e exigir coisas e com ela sendo a organizadora do seu casamento, algo me diz que esses dois meses serão bem turbulentos.
MaryDesci para o jantar junto com todos e um prato de salada foi posto a minha frente junto com um copo de suco. Peguei o garfo pegando um pouco da alface e Henry me ofereceu um pouco do seu frango o qual aceitei.O jantar foi tranquilo e sem muita conversa. Francis ainda tentou emendar alguma conversa de trabalho com Henry que desviou o assunto.- Então, o que exatamente sua empresa faz? - Ana perguntou enquanto caminhávamos pelo grande jardim.- De tudo um pouco, temos investimentos em quase todas as áreas.- É por que não fazem negócios com as empresas Byers? - Perguntou curiosa e olhei para ela balançando a cabeça.- Porque eu não estou interessado, nesse ramo a coisas que valem a pena investir e outras que não. - Explicou colocando as mãos nos bolsos.- Como uma empresa de importações e exportações não seria um bom investimento?- Quando você já tem a sua. - Respondeu entediado e Ana se calou assentindo.- Vou tomar um banho, nos vemos depois. - Disse voltando para a casa e olhe
MaryNa manhã seguinte demos início ao que realmente viemos fazer aqui. Nanda começou a falar sobre tudo o que queria em seu casamento enquanto Ana anotava o que conseguia.- Deixa eu ver se entendi, você quer flores azuis? Mas nada azul faz parte do tema do casamento? Isso não faz muito sentido. - Ana comentou. - Talvez flores brancas ou violetas...- Não, azuis. - Nanda afirmou.- Não vai combinar. - Ana retrucou tentando mostrar seu ponto.- Mas eu quero flores azuis.- Tudo bem. - Suspirou anotando.- Ótimo, o meu vestido será branco, com um longo véu e duas amigas minhas estarão me ajudando a desenrolá-lo porque eu não quero nenhuma de vocês atrás de mim.- Claro... - Murmurei colocando meus óculos escuros e bebendo mais um gole do meu café.- O bolo quero quatro andares, já tenho em mente a confeitaria então teremos apenas que ir lá acertar as coisas.- Ótimo, pelo menos o bolo e o vestido estão encaminhados. - Comentei. - Vamos andar pelo lugar, você pensa em usar todo o espaço
MaryAssim que chegamos todos ao restaurante esperamos que arrumassem nossa mesa e seguimos para a mesma. Henry estava ao meu lado com o braço em volta da minha cintura.Ele se manteve sempre perto desde que saímos de casa, já desconfiaram de nós uma vez e isso não poderia acontecer novamente.Sentamo-nos, Henry do meu lado direito e Nanda do meu lado esquerdo. A minha frente meus pais e Ana, ao lado os pais de Nanda e as amigas.- Eu amo esse restaurante, na verdade amo comida italiana. Theo me pediu em casamento em um restaurante italiano. - Gabou-se Nanda e peguei o cardápio.- É realmente ótimo saber que vocês estão indo bem. - Disse minha mãe em seu tom de gentileza. Sabia que assim como eu ela achava isso uma palhaçada na maior parte do tempo.- Ah, tudo isso aconteceu tão rápido que eu ainda estou abobado. - Francis sorriu. - Namoraram sei lá, um ano?- Ai pai, nos amamos e estamos querendo firmar o nosso amor o quanto antes. - Afirmou e sorri. Era estranho ver como ela estava
MaryO resto da semana passou tranquilamente. Fizemos o mapeamento do lugar para termos uma noção do que faríamos em cada espaço usado. Faltava apenas um dia para irmos embora.Henry nunca comentou sobre nossa conversa de alguns dias atrás. Talvez ele tivesse soltado aqui em um momento impensado, mas aquilo perecia verdade.- Mary. - Henry chamou e me levantei da sala onde estava com os outros seguindo até ele.- Tudo bem?- Ocorreu um imprevisto na empresa, vou precisar voltar hoje. - Disse parecendo agitado.- Hoje? O que aconteceu?- O meu assistente adiantou algumas reuniões importantes e eu preciso estar lá. Desculpe-me por isso. - Murmurou e assenti.- Claro tudo bem. - Sorri.- Se você quiser voltar comigo posso reservar uma passagem para você também, caso não queira ficar sozinha. - Ofereceu e assenti.- Isso seria ótimo. - Afirmei.Henry subiu para reservar as passagens e voltei para a sala.- Tudo bem? - Meu pai perguntou.- Problema no trabalho. - Murmurei. - Vamos precisar
MaryAs coisas no escritório iam bem, o casamento de Nanda estava nos dando um trabalho e tanto ainda mais por conta da localização, já que teríamos que planejar aqui e arrumar tudo lá.Seguia agora para a casa de Henry, eram quase sete da noite e ele havia me perguntado se poderíamos jantar lá. Parei na portaria saindo do Uber esperando a autorização e logo os portões se abriram e entrei.Sorri para o senhor de cabelos grisalhos que sorriu de volta me levando até o elevador.- Tenha uma boa noite senhorita Tullin. - Desejou.- Obrigada José. - Sorri apertando o botão do elevador. Suspirei segurando em minha bolsa e coloquei o cabelo para trás da orelha olhando para os números do elevador.Assim que o *plim* soou o elevador se abriu no andar da cobertura e Henry apareceu com as mãos nos bolsos da calça social preta que usava e um sorriso convidativo no rosto.- Pode entrar quando quiser. - Brincou e sorri saindo do elevador. O primeiro cômodo era a sala, um espaço amplo de conceito ab
Mary- Ai que ódio! – Exclamei jogando as flores na mesa e Ana ergueu a cabeça me encarando.- Você vai me dizer o que as flores fizeram ou eu vou ter que perguntar para elas? – Perguntou largando a pasta que olhava.- Algumas noites atrás eu tive uma conversa com o Henry. – Comecei e a mesma assentiu se sentando. – Ele me disse que o amor era um conto de fadas, que era doloroso e desnecessário. Disse que eu só acabei nessa situação porque me deixei levar pela ingenuidade do meu coração e se eu não tivesse feito isso eu teria percebido que Theodore não iria estar lá.- Bem, ele está parcialmente certo, talvez se você tivesse sido um pouquinho mais racional no lance do Theodore...- O problema é que eu não disse nada, eu fiquei sem palavras e nos últimos dias eu tenho pensado em várias possíveis respostas para ele. E na hora eu não consegui nem pensar! – Exclamei e Ana sorriu.- Você vive fazendo isso, até em discussões comigo. Achei que já tivesse se acostumado.- É que ele é tão ar
HenrySentei-me na cama apertando o botão que afastava as cortinas do quarto e me aproximei da janela olhando para a manhã já movimentada que começava. Peguei o jornal que já estava em minha cômoda e sorri debochado ao ver a manchete."Bilionário e herdeiro das empresas S.C é visto em clima de romance com suposta namorada. Casal trocou carinhos durante uma partida privada de boliche na noite de ontem e mostrou paixão e sintonia durante todo o momento. Parece que alguém finalmente fisgou um dos bilionários mais cobiçados de Nova Iorque." Suspirei largando o jornal na mesinha e segui para o banheiro ligando a ducha. Deixei que meu corpo relaxa-se em um banho tranquilo enquanto lembranças da noite de ontem ainda rondavam minha mente.Tudo era diferente com Mary, era como se um sorriso fosse muito mais fácil apenas ela estando por perto. Sabia que não podia continuar beijando-a quando me desse na telha, mas era muito mais fácil falar do que fazer. Fechei o chuveiro e puxei a toalha seca
MaryAna passou a tarde escutando com atenção a história que Henry me explicou ontem e agora eu explicava para ela.- Deixa só essa Lizz vim que eu dou um pega nela rapidinho pra ver se desencana dessa coisa ex submissa doida de Christian Grey. Estou falando sério Mary, no livro isso é muito legal, mas se a doida acha que vai ficar te cercando ela está enganada, deixa ela aparecer aqui de novo... - Ameaçou.- Henry disse que iria falar com os pais dela hoje, disse que vai pagar o tratamento dela e assim ela pode ficar fora das ruas. Ela deve ter algum tipo de transtorno que só se agrava com as drogas, isso não é normal.- Se minha mãe estivesse aqui diria que é frescura. - Afirmou se jogando na cadeira e sorri.- Ainda bem que ela não está não é?- Claro... Claro. - Sorriu girando sua cadeira.- Eu preciso que não conte isso a ninguém. - Pedi.- Sou um túmulo minha filha. - Disse pegando sua carteira. - Vamos almoçar?- Henry disse que passaria aqui para me contar como foram as coisas