Mary
Me aproximei do café ao lado do grande prédio da empresa S.C e olhei em volta sem saber o que fazer.
- Mary? - Chamou uma voz levemente rouca atrás de mim. Virei-me olhando para um cara de terno e gravata, alto, cabelos pretos cortados, olhos verde e muito bonito.
- É... Você é o garoto de programa? - Perguntei baixinho e o mesmo fez uma careta balançando a cabeça.
- Vamos nos sentar. - Ofereceu apontando para a mesa atrás dele e assenti me sentando colocando minha bolsa em meu colo.
- Então, 128 por noite e contando os dias e serão duas semanas-
- Eu não sou garoto de programa. - Disse me cortando.
- O que você é então?
- Meu nome é Henry Salt. - Apresentou-se calmamente.
- Espera Salt? Dono da S.C? Você é bilionário e ainda se prostitui? - Perguntei confusa e o mesmo suspirou.
- Não, eu apenas me sensibilizei com a sua história e estou aqui te oferecendo minha ajuda em troca da sua. - Explicou vagarosamente. Seus lábios rosados se moviam com paciência enquanto as palavras saiam claras e pausadas.
- Eu não vou transar com você! - Adiantei.
- Se eu quisesse isso teria dito pelo telefone. - Continuou em seu tom calmo. - Muita gente tem cuidado da minha vida ultimamente e eu não gosto disso. Creio que ter minha imagem ligada a um relacionamento sério possa aquietar rumores irritantes e você pode ter o seu tal namorado, simples, um favor pelo o outro. - Explicou.
- Mas eu preciso pelas duas semanas e depois por mais dois meses. - Disse nervosa.
- Dois meses, é isso que quer? - Perguntou e assenti. - Teremos dois meses então.
- Você parece tão calmo... Sabe isso na verdade é uma loucura. - Suspirei.
- Trate isso como um negócio, isso é o que eu mais faço afinal, sou um homem de negócios e te garanto ficaremos bem. - Afirmou bebendo um gole do seu café. - Gostaria de pedir alguma coisa?
- Não, estou bem. - Afirmei um pouco admirada com sua confiança.
- Ótimo, quando devemos começar então? - Perguntou e o olhei.
- Esse fim de semana, iremos passar duas semanas na Itália, teremos algumas coisas para organizar referente ao casamento.
- Me mande um e-mail com todos os detalhes da viagem, com um resumo de quem encontraremos por lá e qualquer outra preferencia sua, mandarei o e-mail para o seu celular com o meu novo número. - Avisou e assenti. Ele estava mesmo tratando isso como um negócio.
- Tudo bem, faremos isso então...
- Vai dar tudo certo, basta trabalharmos juntos nisso. Você pode incluir no e-mail, onde trabalha o que gosta de fazer nas horas vagas, alguma alergia ou coisa assim, alguma mania que um namorado saberia, onde se formou se pratica algum esporte, você sabe, essas coisas que eu deveria saber como namorado.
- Seria bom se me mandasse isso também. - Comentei.
- Claro, farei isso essa noite. - Garanti pegando minha bolsa.
- Obrigada por aceitar ajudar uma completa estranha. - Sorri.
- Você está me ajudando também, acredite. - Garantiu sorrindo torto. É ele era muito charmoso.
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- Chegou? - Ana perguntou pela milésima vez e revirei os olhos sentando no sofá ao seu lado com o computador no colo.
- Ainda não. - Disse atualizando a página do e-mail e apareceu um novo. Ana pulou eufórica enquanto eu abria o e-mail.
De: Henry Salt.
Qui 20/09, 21h30min
Para: Mary Tullin.
Assunto: Informações.
Aqui seguem algumas informações que deve saber sobre mim.
Tenho uma irmã, nasci em Londres, sou britânico, odeio fast food e não tomo refrigerante. Tenho vinte e sete anos (acho que já sabe) acordo sempre cedo, sou alérgico a castanhas e jogo tênis, golfe e vôlei, faço natação e vou à academia duas vezes por semana. Sou pontual, detesto atrasos, sou impaciente e às vezes ignorante. Sincero, prático e rápido, não gosto de enrolações. Não gosto muito de demonstrações de afeto em público e não sou muito de apelidos carinhosos. De resto você saberá com o tempo. Até o fim de semana.
Henry Salt."
- Tudo bem, ele é gato, malhado, cuida bem da saúde, e talvez um pouco grosso, mas amiga, você tirou a sorte grande. - Ana sorriu.
- É ele realmente foi curto e grosso essa manhã, disse tudo o que queria e em nenhum momento se mostrou nervoso, ansioso ou algo assim.
- Esse cara é um pedaço de mau caminho. - Disse olhando as fotos dele na internet. - Aproveita essas semanas, finge muitos tropeções e fique sempre naqueles braços. - Piscou.
- Você é muito sem noção. - Sorri fechando o computador.
- Tem coisas na vida minha cara, que devem ser aproveitadas. - Piscou levantando e balancei a cabeça. Seriam duas semanas e tanto.
Naquela noite a ansiedade havia conseguido atrapalhar meu sono por completo, não era como se eu fosse antissocial ou algo assim, mas era a primeira vez que eu fazia uma loucura dessas e era inevitável o quanto Henry Salt me deixava nervosa.
O seu jeito decidido, impositor e autoritário me deixavam um pouco arredia, mas ao mesmo tempo me deixava segura de que essa loucura daria certo, ninguém além dele poderia parecer tão seguro e confiante até mesmo quando estava prestes a viver uma mentira em frente a tantas pessoas.
Theodore havia destruído grande parte da minha confiança quando me deixou praticamente no altar, e aos poucos eu estava tentando me reerguer e colar os meus caquinhos para seguir em frente, toda a humilhação, o falatório que fui obrigada a aguentar por tanto tempo, fizeram-me deixar de amá-lo, mas ainda não haviam me deixado confiante o suficiente para estar a sua frente sem titubear.
Eu realmente não poderia imaginar que ele seria esse tipo de pessoa, o tipo de pessoa que abandona outra e j**a fora anos de relacionamento, o tipo de pessoa que tem coragem de vir até mim para que prepare seu casamento depois de tudo, eu nunca imaginei quão ruim ele poderia ser e quão tola e apaixonada eu estava, mas agora eu finalmente estava pronta, isso finalmente havia me deixado preparada para esquecê-lo de uma vez por todas.
E apenas uma coisa era certa, com toda certeza eu lhe prepararia o melhor casamento de todos.
Mary Sexta feira tinha enfim chegado e o dia havia passado mais rápido do que eu gostaria. Eram quase dez da noite quando terminei de arrumar a mala e me troquei esperando Henry na portaria do prédio. Iríamos ao jato particular da família de Nanda, junto com ela Theodore e seus pais. Ana resmungava enquanto arrastava sua mala para o lado da minha. - Você falou para ele que eu estava indo com vocês? Vai que ele implica comigo e não me leva? Se eu tiver que chamar um uber de novo eu te bato. - Afirmou sentando na mala. - Ele não vai te deixar... Eu acho. - Sussurrei e a mesma me encarou. - Chegou! - Exclamei enquanto o SUV parava em frente ao prédio. Henry desceu do carro dessa vez usando uma camisa cinza, calça jeans preta e tênis. Abriu o porta malas do carro e a porta de trás e a da frente antes de caminhar em nossa direção. - Esse sabe ser gostoso. - Ana sussurrou e bati em seu braço. - Já encarnou a namorada ciumenta? - Disse divertida se levantando. - Vocês vão levar tudo i
MaryDesci para o jantar junto com todos e um prato de salada foi posto a minha frente junto com um copo de suco. Peguei o garfo pegando um pouco da alface e Henry me ofereceu um pouco do seu frango o qual aceitei.O jantar foi tranquilo e sem muita conversa. Francis ainda tentou emendar alguma conversa de trabalho com Henry que desviou o assunto.- Então, o que exatamente sua empresa faz? - Ana perguntou enquanto caminhávamos pelo grande jardim.- De tudo um pouco, temos investimentos em quase todas as áreas.- É por que não fazem negócios com as empresas Byers? - Perguntou curiosa e olhei para ela balançando a cabeça.- Porque eu não estou interessado, nesse ramo a coisas que valem a pena investir e outras que não. - Explicou colocando as mãos nos bolsos.- Como uma empresa de importações e exportações não seria um bom investimento?- Quando você já tem a sua. - Respondeu entediado e Ana se calou assentindo.- Vou tomar um banho, nos vemos depois. - Disse voltando para a casa e olhe
MaryNa manhã seguinte demos início ao que realmente viemos fazer aqui. Nanda começou a falar sobre tudo o que queria em seu casamento enquanto Ana anotava o que conseguia.- Deixa eu ver se entendi, você quer flores azuis? Mas nada azul faz parte do tema do casamento? Isso não faz muito sentido. - Ana comentou. - Talvez flores brancas ou violetas...- Não, azuis. - Nanda afirmou.- Não vai combinar. - Ana retrucou tentando mostrar seu ponto.- Mas eu quero flores azuis.- Tudo bem. - Suspirou anotando.- Ótimo, o meu vestido será branco, com um longo véu e duas amigas minhas estarão me ajudando a desenrolá-lo porque eu não quero nenhuma de vocês atrás de mim.- Claro... - Murmurei colocando meus óculos escuros e bebendo mais um gole do meu café.- O bolo quero quatro andares, já tenho em mente a confeitaria então teremos apenas que ir lá acertar as coisas.- Ótimo, pelo menos o bolo e o vestido estão encaminhados. - Comentei. - Vamos andar pelo lugar, você pensa em usar todo o espaço
MaryAssim que chegamos todos ao restaurante esperamos que arrumassem nossa mesa e seguimos para a mesma. Henry estava ao meu lado com o braço em volta da minha cintura.Ele se manteve sempre perto desde que saímos de casa, já desconfiaram de nós uma vez e isso não poderia acontecer novamente.Sentamo-nos, Henry do meu lado direito e Nanda do meu lado esquerdo. A minha frente meus pais e Ana, ao lado os pais de Nanda e as amigas.- Eu amo esse restaurante, na verdade amo comida italiana. Theo me pediu em casamento em um restaurante italiano. - Gabou-se Nanda e peguei o cardápio.- É realmente ótimo saber que vocês estão indo bem. - Disse minha mãe em seu tom de gentileza. Sabia que assim como eu ela achava isso uma palhaçada na maior parte do tempo.- Ah, tudo isso aconteceu tão rápido que eu ainda estou abobado. - Francis sorriu. - Namoraram sei lá, um ano?- Ai pai, nos amamos e estamos querendo firmar o nosso amor o quanto antes. - Afirmou e sorri. Era estranho ver como ela estava
MaryO resto da semana passou tranquilamente. Fizemos o mapeamento do lugar para termos uma noção do que faríamos em cada espaço usado. Faltava apenas um dia para irmos embora.Henry nunca comentou sobre nossa conversa de alguns dias atrás. Talvez ele tivesse soltado aqui em um momento impensado, mas aquilo perecia verdade.- Mary. - Henry chamou e me levantei da sala onde estava com os outros seguindo até ele.- Tudo bem?- Ocorreu um imprevisto na empresa, vou precisar voltar hoje. - Disse parecendo agitado.- Hoje? O que aconteceu?- O meu assistente adiantou algumas reuniões importantes e eu preciso estar lá. Desculpe-me por isso. - Murmurou e assenti.- Claro tudo bem. - Sorri.- Se você quiser voltar comigo posso reservar uma passagem para você também, caso não queira ficar sozinha. - Ofereceu e assenti.- Isso seria ótimo. - Afirmei.Henry subiu para reservar as passagens e voltei para a sala.- Tudo bem? - Meu pai perguntou.- Problema no trabalho. - Murmurei. - Vamos precisar
MaryAs coisas no escritório iam bem, o casamento de Nanda estava nos dando um trabalho e tanto ainda mais por conta da localização, já que teríamos que planejar aqui e arrumar tudo lá.Seguia agora para a casa de Henry, eram quase sete da noite e ele havia me perguntado se poderíamos jantar lá. Parei na portaria saindo do Uber esperando a autorização e logo os portões se abriram e entrei.Sorri para o senhor de cabelos grisalhos que sorriu de volta me levando até o elevador.- Tenha uma boa noite senhorita Tullin. - Desejou.- Obrigada José. - Sorri apertando o botão do elevador. Suspirei segurando em minha bolsa e coloquei o cabelo para trás da orelha olhando para os números do elevador.Assim que o *plim* soou o elevador se abriu no andar da cobertura e Henry apareceu com as mãos nos bolsos da calça social preta que usava e um sorriso convidativo no rosto.- Pode entrar quando quiser. - Brincou e sorri saindo do elevador. O primeiro cômodo era a sala, um espaço amplo de conceito ab
Mary- Ai que ódio! – Exclamei jogando as flores na mesa e Ana ergueu a cabeça me encarando.- Você vai me dizer o que as flores fizeram ou eu vou ter que perguntar para elas? – Perguntou largando a pasta que olhava.- Algumas noites atrás eu tive uma conversa com o Henry. – Comecei e a mesma assentiu se sentando. – Ele me disse que o amor era um conto de fadas, que era doloroso e desnecessário. Disse que eu só acabei nessa situação porque me deixei levar pela ingenuidade do meu coração e se eu não tivesse feito isso eu teria percebido que Theodore não iria estar lá.- Bem, ele está parcialmente certo, talvez se você tivesse sido um pouquinho mais racional no lance do Theodore...- O problema é que eu não disse nada, eu fiquei sem palavras e nos últimos dias eu tenho pensado em várias possíveis respostas para ele. E na hora eu não consegui nem pensar! – Exclamei e Ana sorriu.- Você vive fazendo isso, até em discussões comigo. Achei que já tivesse se acostumado.- É que ele é tão ar
HenrySentei-me na cama apertando o botão que afastava as cortinas do quarto e me aproximei da janela olhando para a manhã já movimentada que começava. Peguei o jornal que já estava em minha cômoda e sorri debochado ao ver a manchete."Bilionário e herdeiro das empresas S.C é visto em clima de romance com suposta namorada. Casal trocou carinhos durante uma partida privada de boliche na noite de ontem e mostrou paixão e sintonia durante todo o momento. Parece que alguém finalmente fisgou um dos bilionários mais cobiçados de Nova Iorque." Suspirei largando o jornal na mesinha e segui para o banheiro ligando a ducha. Deixei que meu corpo relaxa-se em um banho tranquilo enquanto lembranças da noite de ontem ainda rondavam minha mente.Tudo era diferente com Mary, era como se um sorriso fosse muito mais fácil apenas ela estando por perto. Sabia que não podia continuar beijando-a quando me desse na telha, mas era muito mais fácil falar do que fazer. Fechei o chuveiro e puxei a toalha seca