Capítulo 06

Mary

Assim que chegamos todos ao restaurante esperamos que arrumassem nossa mesa e seguimos para a mesma. Henry estava ao meu lado com o braço em volta da minha cintura.

Ele se manteve sempre perto desde que saímos de casa, já desconfiaram de nós uma vez e isso não poderia acontecer novamente.

Sentamo-nos, Henry do meu lado direito e Nanda do meu lado esquerdo. A minha frente meus pais e Ana, ao lado os pais de Nanda e as amigas.

- Eu amo esse restaurante, na verdade amo comida italiana. Theo me pediu em casamento em um restaurante italiano. - Gabou-se Nanda e peguei o cardápio.

- É realmente ótimo saber que vocês estão indo bem. - Disse minha mãe em seu tom de gentileza. Sabia que assim como eu ela achava isso uma palhaçada na maior parte do tempo.

- Ah, tudo isso aconteceu tão rápido que eu ainda estou abobado. - Francis sorriu. - Namoraram sei lá, um ano?

- Ai pai, nos amamos e estamos querendo firmar o nosso amor o quanto antes. - Afirmou e sorri. Era estranho ver como ela estava fazendo exatamente o que eu fiz, mas espero que seu final seja diferente.

- Querida, quer ajuda com o cardápio? - Meu pai perguntou e olhei para ele. Henry abaixou seu cardápio me encarando e senti meu rosto corar.

- Mary faltava muito às aulas de italiano. - Minha mãe sorriu.

- Eu ajudo. - Henry anunciou pegando gentilmente meu cardápio. Todos olharam para escolher seus pratos e olhei para Henry. - O que tem em mente? - Perguntou.

- Não sei massa? - Perguntei e o mesmo balançou a cabeça. Henry fez nosso pedido em seu italiano perfeito que a sua entonação e a rouquidão da sua voz atribuía uma sensualidade até mesmo na hora de pedir comida.

Bebi um gole generoso do vinho que haviam servido e Henry me encarou.

- Alterne com água. - Indicou sussurrando ao pé do meu ouvido. Será que ele poderia me beijar novamente? Agora!

- Tudo bem. - Sussurrei soltando o ar preso em minha garganta.

- Então, há quanto tempo estão juntos? - Francis perguntou e olhei para ele.

- Oito meses. - Henry respondeu calmamente adotando seu tom neutro e inabalável.

- E por que a senhorita não nos avisou? - Meu pai perguntou divertido.

- Muito trabalho... E também estávamos querendo todo esse tempo para nós. - Disse tentando soar o menos sugestiva possível.

- Eu estive nos prédios da S.C há uns dois meses. As duas torres em Nova Iorque são realmente incríveis, tanto por fora quanto por dentro. - Francis elogiou.

- David meu arquiteto teve toda essa ideia das duas torres. - Henry comentou bebendo um pouco de água.

- Conseguimos um contrato com uma empresa semana passada. - Comentou. - Estamos muito animados para começar a trabalhar.

- Isso é ótimo. - Henry murmurou.

Nossa comida enfim chegou e me concentrei em meu prato permanecendo calada. Sabia que Francis estava chateado com a recusa do contrato da parte da S.C. Mas ficar falando disso toda hora era muito chato.

Depois do jantar veio à sobremesa e eu já estava me arrependendo de ter vindo com o vestido branco. Assim que fechamos a conta Henry se levantou me esperando e passou o braço pela minha cintura puxando-me para ele.

- Está satisfeita? - Perguntou e assenti.

- Estou sim, a comida estava boa?

- Agradável. - Sorriu sem mostrar os dentes e assenti enquanto saíamos do restaurante.

- Quer dar uma volta? - Perguntei.

- Tudo bem...                                  

- A gente vai dar uma volta. - Avisei parada em frente ao restaurante.

- Como vocês vão voltar? - Meu pai perguntou.

- Táxi. - Disse pegando meu casaco no carro. - Não vamos demorar.

- Cuidado. - Francis alertou e assentimos. Henry colocou uma das mãos no bolso e entrelaçou a outra a minha. Seguimos assim até virar a esquina saindo da vista de todos e ele rapidamente soltou minha mão como se estivesse queimando.

- Então, bem legais os seus pais. - Comentou balançando a cabeça.

- Sim, são sim. Eles me deram um grande apoio depois de tudo. - Sorri.

- Como se sente sobre isso? - Perguntou e olhei para ele.

- Sobre o quê?

- Ele, o casamento, estar aqui...

- Não sei. - Murmurei subindo para a calçada. - Não parei para pensar sobre isso na verdade.

- Você ainda o ama?

- Não. - Afirmei. - Eu não o amo.

- Mas ele mexe com você... - Concluiu e suspirei. Não Henry, você mexe comigo, ele não faz nada.

- Ele é passado e deve ficar lá.

          &&&

O táxi nos deixou em frente à mansão dos Byers e seguimos direto para as escadas com a intenção de subirmos para dormir já que todos pareciam estar fazendo o mesmo.

- Você acha mesmo que isso é possível? É ridículo. - Ouvi alguém do alto da escada e Henry parou me puxando para a parede.

- Ela parece bem. - Ouvi a voz da minha mãe.

- É só você juntar as coisas senhora Tullin, Henry Salt com sua filha? Desculpe-me, mas até Theodore a deixou...

- Minha filha tem plena capacidade de arrumar alguém como ele, essa história de fingir um namoro é a maior loucura que já ouvi Nanda. Mary não esta fazendo isso. - Afirmou e ouvimos os saltos baterem firme contra o assoalho indicando que minha mãe estava saindo e furiosa.

Henry me virou encostando-me na parede quando Nanda começou a descer e acariciou meu rosto.

- Sei que não posso ficar fazendo isso, mas é necessário. - Sussurrou aproximando seu rosto do meu.

- Henry... - Sussurrei sendo traída pela minha própria voz. Henry respirou fundo parecendo buscar por algum controle e seus lábios novamente se chocaram contra os meus. Meus dedos se enroscaram em seu cabelo e meu corpo foi levemente erguido pela proximidade do seu.

Um gemido de apreciação escapou abafado pelos meus lábios e ouvimos um pigarrear fazendo Henry se afastar lentamente. Olhei em seus olhos escurecidos pelo desejo enquanto nossas respirações ofegantes se misturavam. Eu queria beijá-lo novamente.

- Quando chegaram? - A voz de Nanda fez Henry desviar seu olhar se afastando lentamente e suspirei.

- É... Eu vou dormir. - Afirmei ignorando a pergunta de Nanda e correndo escada acima.

Dois meses... Não se iluda Mary, não faça isso com você mesma.

          Henry

- Acho que vou subir também. - Murmurei um tempo depois que Mary subiu.

- Sabe, eu desconfiei bastante quando Mary apareceu com você. Aqui entre nós você pode me dizer caso ela seja uma amiga e você só esteja tentando ajudá-la a passar por isso. - Afirmou.

- Ela é sim uma amiga e namorada. - Disse seguindo para as escadas. - Ela seguiu em frente Nanda, então deixe Mary em paz.

Suspirei entrando no quarto e Mary já estava enrolada aos lençóis da cama. Tirei meus sapatos e meias me livrando da blusa em seguida e levantei desfazendo o cinto. Tirei a calça jeans que usava e coloquei tudo sobre a minha mala.

Segui para o banheiro colocando pasta na escova e escovei os dentes lavando a boca e o rosto em seguida. Era uma merda tudo isso, mas eu estava começando a gostar de beijar Mary, era sempre intenso, inesperado... Isso não deveria estar acontecendo.

- Está dormindo? - Perguntei olhando para Mary que balançou a cabeça abrindo os olhos. Abaixei-me próximo a cama e a mesma me analisou em silêncio. Seus grandes olhos azuis pareciam desvendar minha alma ao mesmo tempo em que parecia não entender nada. - Quer falar?

- Eu sou uma fracassada? - Perguntou.

- Por que não tem namorado?

- Eu estou organizando o casamento do meu ex. E se ela estiver certa? Ele me deixou no altar e se o problema for comigo? - Suspirei me sentando na cama e Mary se sentou abraçando os joelhos.

- Essa é uma forma totalmente errada de pensar. - Afirmei. - Ele te largou lá e a culpa não é e nunca foi sua e sim dele. Ele foi um covarde, teve medo e a culpa é dele.

- Às vezes eu sinto que nunca segui em frente... Sempre fique parada no mesmo lugar na minha vida amorosa, eu tive alguns homens depois dele, mas nunca consegui me conectar a ninguém. - Sussurrou.

- Você é uma mulher linda Mary, inteligente, educada, simples, divertida. O sortudo que conseguir a proeza de conquistar seu coração terá o mundo em mãos. - Murmurei olhando para ela e a mesma sorriu levemente com a cabeça encostada nos joelhos.

- Além de bilionário, charmoso é também um bom ouvinte? Que loucura. - Brincou e sorri.

- Não se empolgue, estou abrindo uma exceção para você.

- Você diria... Que é feliz? - Perguntou e olhei para ela. Eu tinha muito dinheiro, muitas mulheres, muitos amigos, muitos carros, muitas casas, muitas empresas... Mas eu era feliz?

- Não, ainda não.

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