Capítulo 9

  Mary

- Ai que ódio! – Exclamei jogando as flores na mesa e Ana ergueu a cabeça me encarando.

- Você vai me dizer o que as flores fizeram ou eu vou ter que perguntar para elas? – Perguntou largando a pasta que olhava.

- Algumas noites atrás eu tive uma conversa com o Henry. – Comecei e a mesma assentiu se sentando. – Ele me disse que o amor era um conto de fadas, que era doloroso e desnecessário. Disse que eu só acabei nessa situação porque me deixei levar pela ingenuidade do meu coração e se eu não tivesse feito isso eu teria percebido que Theodore não iria estar lá.

- Bem, ele está parcialmente certo, talvez se você tivesse sido um pouquinho mais racional no lance do Theodore...

- O problema é que eu não disse nada, eu fiquei sem palavras e nos últimos dias eu tenho pensado em várias possíveis respostas para ele. E na hora eu não consegui nem pensar! – Exclamei e Ana sorriu.

- Você vive fazendo isso, até em discussões comigo. Achei que já tivesse se acostumado.

- É que ele é tão arrogante em achar que está sempre tão certo que eu fico com raiva de não conseguir provar que ele não está.

- Se continuar assim você vai ter um AVC até o final desses dois meses. A verdade é que ele é gato, tem uma mente um pouco fechada e às vezes tem essa coisa de querer estar sempre certo, mas é gato e está mexendo com você.

- Lá vem você Ana. – Bufei pegando as flores para continuar a arrumar.

- Não esquenta boba, você também está mexendo com ele. – Piscou. Balancei a cabeça em negação terminando de arrumar o vaso quando Jeni entrou com um buquê de rosas vermelhas.

- Jeni eu já arrumei as flores, não vamos precisar de mais. – Afirmei.

- Essas acabaram de ser entregues, e são pra você. – Sorriu me estendendo buquê e peguei o mesmo confusa. Pequei o cartão preso no meio das flores e abri.

"Pensei em convidá-la para jantar, mas a última vez que fizemos isso acabou em uma conversa desconfortável, meu motorista diz que as pessoas costumam ir ao cinema ou ao boliche, e como eu não tenho paciência para assistir um filme fora de casa, aqui vai o meu convite. Hoje as sete eu, você e boliche. O que me diz?

Ass: Henry Salt." 

Sorri saindo da sala com as rosas e Ana me encarou olhando para as rosas.

Vai me contar tudo depois. – Disse mexendo os lábios sem fazer som e assenti entrando na minha sala. Coloquei as flores na água e sentei na minha cadeira teimando com o sorriso bobo que insistia em aparecer.

Isso podia não ser um encontro, mas ele estava se esforçando para se desculpar pelo clima da última conversa e pra mim isso significava que eu estava certa.

          &&&

Perto das seis e quarenta eu finalmente estava pronta. Usava uma camisa branca com bolinhas pretas manga longa e uma calça jeans preta e botas. Soltei o cabelo e fiz a pele passando apenas mascara de cílios. Passei perfume e creme nas mãos antes de sentar para esperar.

As sete em ponto o interfone soou e o síndico avisou que Henry me esperava lá embaixo. Peguei minha bolsa e segui para o elevador sentindo minhas mãos soarem. Eu nunca admitiria o nervosismo que ele me causava.

Henry usava uma camisa polo preta e uma calça jeans da mesma cor, botas chelsea marrons e o cabelo para cima lhe dando um ar mais sexy e despojado.

- Oi. – Saudei parando a sua frente.

- Está linda. – Elogiou beijando minha bochecha e respirei fundo.

- Obrigada. – Sorri nervosa.

- Vamos? – Perguntou abrindo a porta do carro. Henry havia trocado o seu conhecido SUV por um Alfa Romeo Giulia branco.

- É um belo carro. – Comentei quando o mesmo o ligou.

- É um dos meus preferidos. – Afirmou saindo da frente do prédio. – Você dirige?

- Não, eu tirei a habilitação, mas nunca gostei muito de dirigir.

- Por quê?

- Não sei. – Dei de ombros olhando pela janela a cidade que parecia passar rapidamente por nós.

Assim que chegamos ao boliche Henry me surpreendeu ao pegar minha mão enquanto entrávamos. Pegamos dois pares de sapato e escolhemos uma pista.

- Comprei a pista do lado também para não acabarmos perto de um bando de adolescente escandaloso. – Henry afirmou e olhei para ele enquanto terminava de tirar as botas.

- Você tem uma mania muito estranha de lidar com as coisas. – Comentei colocando minhas botas de lado.

- Tenho uma maneira simples, é diferente.

Henry colocou nossos nomes no painel e me levantei depois de colocar os sapatos.

- Você pode começar. – Indicou a pista com a cabeça e sorri pegando a primeira bola. Aproximei-me mais segurando a bola de forma correta e joguei a mesma que rolou para o lado não derrubando nenhum pino. – Muito bom! – Henry ironizou e fiz uma careta.

- Sua vez. – Disse me sentando e o mesmo se levantou estralando os dedos e revirei os olhos.

Henry se aproximou da pista e jogou a bola que rolou suave até bater no meio dos pinos deixando apenas os dois do canto. Olhei para cima quando ele virou fingindo não ver e escutei sua gargalhada.

Henry jogou a segunda bola derrubando apenas mais um pino.

- Agora é você loirinha. – Caçoou e levantei. – Vou pegar alguma coisa pra beber. – Avisou e assenti pegando uma bola. Aproximei-me da pista e respirei fundo antes de jogar a bola que rolou pela pista até bater no pino e derrubar todos de uma vez.

Sorri muito satisfeita e me sentei à espera de Henry que não demorou muito para voltar com dois copos grandes de plástico com canudo.

- Chupa. – Zombei pegando o copo que o mesmo me estendia e ele olhou para o painel.

- Quantas tentativas? – Perguntou incrédulo.

- De primeira meu amor. – Pisquei puxando o liquido pelo canudo. – Coca?

- Pensei que gostasse. – Deu de ombros.

- Você disse que não tomava refrigerante. – Murmurei bebendo mais um pouco.

- Isso é água. – Afirmou e peguei seu copo deixando o meu na mesinha e abrindo o mesmo.

- Tenho certeza que eles têm suco aqui. – Voltei a fechar o copo depois de ver que era realmente água.

- Não é natural e geralmente costuma ter uma quantidade absurda de açúcar. – Afirmou pegando uma bola.

- Você me parece bem, pra que essa preocupação toda?

- São manias que sempre tive, se me visse nu saberia que dão resultados. – Piscou indo para a pista e me sentei pegando meu refrigerante.

- É eu tenho uma ideia. – Sussurrei enquanto ele jogava distraído. Oh se tenho.

- Você. – Sorriu e olhei para o painel vendo que ele havia feito um Strike e um Spare.

- Tudo bem vamos fazer um jogo, eu falo nomes de comidas e você me diz se come ou não. – Sugeri pegando uma bola.

- Manda. – Sorriu pegando seu copo.

- Chocolate?

- Não. – Olhei para ele fazendo uma careta antes de me virar para frente.

- Sorvete?

- Raramente. – Joguei a bola derrubando metade dos pinos e voltei para buscar outra.

- Lasanha?

- Só quando vou visitar minha mãe.

- Bolo?

- Raramente. – Voltei para a pista com a bola nova.

- Macarrão?

- Nos meus dias de preguiça. – Joguei a bola derrubando mais dois pinos.

- Salada?

- Quase todos os dias. – Murmurou colocando o copo na mesinha e me sentei pegando o meu.

- Maça?

- Às vezes pela manhã ou à noite. – Disse jogando sua bola.

- Abacate?

- Não gosto muito, uma vitamina talvez...

- Carne ou frango?

- Os dois, mas mais frango de preferencia grelhado ou carne assada.

- Então você é saudável e dá umas escapadinhas de vez em quando.

- Exatamente.

- Minha vez. – Disse pegando a bola de sua mão.

- Ei, eu tenho duas jogadas! – Protestou me abraçando por trás e puxando a bola das minhas mãos. Virei-me fazendo bico e o mesmo sorriu. Sorri sem saber do que estávamos sorrindo e Henry jogou a bola para a pista sem olhar direito para onde ia, me virei para ver e a bola rolou para fora.

- Você perdeu essa. – Comentei me virando de volta e congelei quando seus lábios foram pressionados contra os meus. Amoleci em seus braços e o mesmo me puxou pela cintura intensificando o beijo.

Segurei em sua nuca puxando-o para mim e Henry se afastou lentamente mantendo sua testa contra a minha.

- Acho que já jogamos o suficiente. – Sussurrou me soltando e assenti limpando a garganta.

- Claro... É jogamos sim. – Tossi bebendo mais um pouco do refrigerante.

Henry pediu para encerrarem as pistas e pagou a conta. Tirei os sapatos colocando minhas botas de volta e sai para esperá-lo do lado de fora do boliche.

- Pronta para ir para casa? – Perguntou e assenti vendo o manobrista que trazia o seu carro.

- Sim, estou sim.

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