Mary
- Ai que ódio! – Exclamei jogando as flores na mesa e Ana ergueu a cabeça me encarando.
- Você vai me dizer o que as flores fizeram ou eu vou ter que perguntar para elas? – Perguntou largando a pasta que olhava.
- Algumas noites atrás eu tive uma conversa com o Henry. – Comecei e a mesma assentiu se sentando. – Ele me disse que o amor era um conto de fadas, que era doloroso e desnecessário. Disse que eu só acabei nessa situação porque me deixei levar pela ingenuidade do meu coração e se eu não tivesse feito isso eu teria percebido que Theodore não iria estar lá.
- Bem, ele está parcialmente certo, talvez se você tivesse sido um pouquinho mais racional no lance do Theodore...
- O problema é que eu não disse nada, eu fiquei sem palavras e nos últimos dias eu tenho pensado em várias possíveis respostas para ele. E na hora eu não consegui nem pensar! – Exclamei e Ana sorriu.
- Você vive fazendo isso, até em discussões comigo. Achei que já tivesse se acostumado.
- É que ele é tão arrogante em achar que está sempre tão certo que eu fico com raiva de não conseguir provar que ele não está.
- Se continuar assim você vai ter um AVC até o final desses dois meses. A verdade é que ele é gato, tem uma mente um pouco fechada e às vezes tem essa coisa de querer estar sempre certo, mas é gato e está mexendo com você.
- Lá vem você Ana. – Bufei pegando as flores para continuar a arrumar.
- Não esquenta boba, você também está mexendo com ele. – Piscou. Balancei a cabeça em negação terminando de arrumar o vaso quando Jeni entrou com um buquê de rosas vermelhas.
- Jeni eu já arrumei as flores, não vamos precisar de mais. – Afirmei.
- Essas acabaram de ser entregues, e são pra você. – Sorriu me estendendo buquê e peguei o mesmo confusa. Pequei o cartão preso no meio das flores e abri.
"Pensei em convidá-la para jantar, mas a última vez que fizemos isso acabou em uma conversa desconfortável, meu motorista diz que as pessoas costumam ir ao cinema ou ao boliche, e como eu não tenho paciência para assistir um filme fora de casa, aqui vai o meu convite. Hoje as sete eu, você e boliche. O que me diz?
Ass: Henry Salt."
Sorri saindo da sala com as rosas e Ana me encarou olhando para as rosas.
- Vai me contar tudo depois. – Disse mexendo os lábios sem fazer som e assenti entrando na minha sala. Coloquei as flores na água e sentei na minha cadeira teimando com o sorriso bobo que insistia em aparecer.
Isso podia não ser um encontro, mas ele estava se esforçando para se desculpar pelo clima da última conversa e pra mim isso significava que eu estava certa.
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Perto das seis e quarenta eu finalmente estava pronta. Usava uma camisa branca com bolinhas pretas manga longa e uma calça jeans preta e botas. Soltei o cabelo e fiz a pele passando apenas mascara de cílios. Passei perfume e creme nas mãos antes de sentar para esperar.
As sete em ponto o interfone soou e o síndico avisou que Henry me esperava lá embaixo. Peguei minha bolsa e segui para o elevador sentindo minhas mãos soarem. Eu nunca admitiria o nervosismo que ele me causava.
Henry usava uma camisa polo preta e uma calça jeans da mesma cor, botas chelsea marrons e o cabelo para cima lhe dando um ar mais sexy e despojado.
- Oi. – Saudei parando a sua frente.
- Está linda. – Elogiou beijando minha bochecha e respirei fundo.
- Obrigada. – Sorri nervosa.
- Vamos? – Perguntou abrindo a porta do carro. Henry havia trocado o seu conhecido SUV por um Alfa Romeo Giulia branco.
- É um belo carro. – Comentei quando o mesmo o ligou.
- É um dos meus preferidos. – Afirmou saindo da frente do prédio. – Você dirige?
- Não, eu tirei a habilitação, mas nunca gostei muito de dirigir.
- Por quê?
- Não sei. – Dei de ombros olhando pela janela a cidade que parecia passar rapidamente por nós.
Assim que chegamos ao boliche Henry me surpreendeu ao pegar minha mão enquanto entrávamos. Pegamos dois pares de sapato e escolhemos uma pista.
- Comprei a pista do lado também para não acabarmos perto de um bando de adolescente escandaloso. – Henry afirmou e olhei para ele enquanto terminava de tirar as botas.
- Você tem uma mania muito estranha de lidar com as coisas. – Comentei colocando minhas botas de lado.
- Tenho uma maneira simples, é diferente.
Henry colocou nossos nomes no painel e me levantei depois de colocar os sapatos.
- Você pode começar. – Indicou a pista com a cabeça e sorri pegando a primeira bola. Aproximei-me mais segurando a bola de forma correta e joguei a mesma que rolou para o lado não derrubando nenhum pino. – Muito bom! – Henry ironizou e fiz uma careta.
- Sua vez. – Disse me sentando e o mesmo se levantou estralando os dedos e revirei os olhos.
Henry se aproximou da pista e jogou a bola que rolou suave até bater no meio dos pinos deixando apenas os dois do canto. Olhei para cima quando ele virou fingindo não ver e escutei sua gargalhada.
Henry jogou a segunda bola derrubando apenas mais um pino.
- Agora é você loirinha. – Caçoou e levantei. – Vou pegar alguma coisa pra beber. – Avisou e assenti pegando uma bola. Aproximei-me da pista e respirei fundo antes de jogar a bola que rolou pela pista até bater no pino e derrubar todos de uma vez.
Sorri muito satisfeita e me sentei à espera de Henry que não demorou muito para voltar com dois copos grandes de plástico com canudo.
- Chupa. – Zombei pegando o copo que o mesmo me estendia e ele olhou para o painel.
- Quantas tentativas? – Perguntou incrédulo.
- De primeira meu amor. – Pisquei puxando o liquido pelo canudo. – Coca?
- Pensei que gostasse. – Deu de ombros.
- Você disse que não tomava refrigerante. – Murmurei bebendo mais um pouco.
- Isso é água. – Afirmou e peguei seu copo deixando o meu na mesinha e abrindo o mesmo.
- Tenho certeza que eles têm suco aqui. – Voltei a fechar o copo depois de ver que era realmente água.
- Não é natural e geralmente costuma ter uma quantidade absurda de açúcar. – Afirmou pegando uma bola.
- Você me parece bem, pra que essa preocupação toda?
- São manias que sempre tive, se me visse nu saberia que dão resultados. – Piscou indo para a pista e me sentei pegando meu refrigerante.
- É eu tenho uma ideia. – Sussurrei enquanto ele jogava distraído. Oh se tenho.
- Você. – Sorriu e olhei para o painel vendo que ele havia feito um Strike e um Spare.
- Tudo bem vamos fazer um jogo, eu falo nomes de comidas e você me diz se come ou não. – Sugeri pegando uma bola.
- Manda. – Sorriu pegando seu copo.
- Chocolate?
- Não. – Olhei para ele fazendo uma careta antes de me virar para frente.
- Sorvete?
- Raramente. – Joguei a bola derrubando metade dos pinos e voltei para buscar outra.
- Lasanha?
- Só quando vou visitar minha mãe.
- Bolo?
- Raramente. – Voltei para a pista com a bola nova.
- Macarrão?
- Nos meus dias de preguiça. – Joguei a bola derrubando mais dois pinos.
- Salada?
- Quase todos os dias. – Murmurou colocando o copo na mesinha e me sentei pegando o meu.
- Maça?
- Às vezes pela manhã ou à noite. – Disse jogando sua bola.
- Abacate?
- Não gosto muito, uma vitamina talvez...
- Carne ou frango?
- Os dois, mas mais frango de preferencia grelhado ou carne assada.
- Então você é saudável e dá umas escapadinhas de vez em quando.
- Exatamente.
- Minha vez. – Disse pegando a bola de sua mão.
- Ei, eu tenho duas jogadas! – Protestou me abraçando por trás e puxando a bola das minhas mãos. Virei-me fazendo bico e o mesmo sorriu. Sorri sem saber do que estávamos sorrindo e Henry jogou a bola para a pista sem olhar direito para onde ia, me virei para ver e a bola rolou para fora.
- Você perdeu essa. – Comentei me virando de volta e congelei quando seus lábios foram pressionados contra os meus. Amoleci em seus braços e o mesmo me puxou pela cintura intensificando o beijo.
Segurei em sua nuca puxando-o para mim e Henry se afastou lentamente mantendo sua testa contra a minha.
- Acho que já jogamos o suficiente. – Sussurrou me soltando e assenti limpando a garganta.
- Claro... É jogamos sim. – Tossi bebendo mais um pouco do refrigerante.
Henry pediu para encerrarem as pistas e pagou a conta. Tirei os sapatos colocando minhas botas de volta e sai para esperá-lo do lado de fora do boliche.
- Pronta para ir para casa? – Perguntou e assenti vendo o manobrista que trazia o seu carro.
- Sim, estou sim.
HenrySentei-me na cama apertando o botão que afastava as cortinas do quarto e me aproximei da janela olhando para a manhã já movimentada que começava. Peguei o jornal que já estava em minha cômoda e sorri debochado ao ver a manchete."Bilionário e herdeiro das empresas S.C é visto em clima de romance com suposta namorada. Casal trocou carinhos durante uma partida privada de boliche na noite de ontem e mostrou paixão e sintonia durante todo o momento. Parece que alguém finalmente fisgou um dos bilionários mais cobiçados de Nova Iorque." Suspirei largando o jornal na mesinha e segui para o banheiro ligando a ducha. Deixei que meu corpo relaxa-se em um banho tranquilo enquanto lembranças da noite de ontem ainda rondavam minha mente.Tudo era diferente com Mary, era como se um sorriso fosse muito mais fácil apenas ela estando por perto. Sabia que não podia continuar beijando-a quando me desse na telha, mas era muito mais fácil falar do que fazer. Fechei o chuveiro e puxei a toalha seca
MaryAna passou a tarde escutando com atenção a história que Henry me explicou ontem e agora eu explicava para ela.- Deixa só essa Lizz vim que eu dou um pega nela rapidinho pra ver se desencana dessa coisa ex submissa doida de Christian Grey. Estou falando sério Mary, no livro isso é muito legal, mas se a doida acha que vai ficar te cercando ela está enganada, deixa ela aparecer aqui de novo... - Ameaçou.- Henry disse que iria falar com os pais dela hoje, disse que vai pagar o tratamento dela e assim ela pode ficar fora das ruas. Ela deve ter algum tipo de transtorno que só se agrava com as drogas, isso não é normal.- Se minha mãe estivesse aqui diria que é frescura. - Afirmou se jogando na cadeira e sorri.- Ainda bem que ela não está não é?- Claro... Claro. - Sorriu girando sua cadeira.- Eu preciso que não conte isso a ninguém. - Pedi.- Sou um túmulo minha filha. - Disse pegando sua carteira. - Vamos almoçar?- Henry disse que passaria aqui para me contar como foram as coisas
MaryAgradeci Henry pelo jantar ainda envolvida pelo pequeno momento na mesa e o mesmo me acompanhou até o elevador.- Por que não fica? - Perguntou.- Como?- Está tarde e como ainda não coloquei seguranças no seu prédio, não me sinto seguro em deixá-la ir. Eu tenho quartos de hóspedes, você sabe...- Aonde costuma levar suas garotas de uma noite. - Afirmei.- Podemos fazer uma troca, você dorme no meu quarto e eu no de hóspedes. - Sugeriu e o encarei.- Não é preciso, eu posso-- Faço questão! Assim eu poderei dormir mais tranquilo também. - Disse e suspirei. - Posso te emprestar alguma coisa para dormir. - Ofereceu.- Tudo bem. - Murmurei. - Eu posso ficar essa noite. - Garanti e o mesmo sorriu deixando que o elevador se fechasse.Henry me levou até seu quarto e entrou no closet saindo de lá um pouco depois com uma camisa e uma cueca.- Limpas. Caso não queira continuar com a sua calcinha. - Disse colocando tudo em cima da cama. Ele abriu as portas de correr do armário no canto d
HenryAbri as cortinas contemplando o céu nublado dessa manhã e olhei para a cama onde Mary estava enrolada ao edredom com um dos braços para fora e as canelas expostas. Seus cabelos loiros estavam por todo o travesseiro e como eu havia prometido a ela eu a satisfiz por toda a noite.Sua pele macia e aveludada era a minha perdição e seus gemidos prazerosos e nada contidos continuavam fodendo a minha mente. Não estávamos falando de uma noite, estávamos falando de mais. Ela era meiga, doce e sorridente, mas na cama era uma devassa dona do controle e muito gostosa.Eu queria aquilo de novo.Mary se remexeu na cama e voltei a fechar as cortinas seguindo para o banheiro. Liguei o chuveiro entrando debaixo da água morna e suspirei apoiando a testa na parede. Meu corpo pela primeira vez se sentia cansado depois de uma noite de prazer, eu nunca me senti assim, mas Mary exigia de mim exatamente aquilo que eu exigia dela. Tudo.Vi suas mãos delicadas subirem pelo meu abdômen e senti seus s
HenryMeu celular tocava insistentemente enquanto eu me negava a abrir os olhos. Eu estava cansado e precisa dormir um pouco mais. Bufei esticando o braço até a mesinha e tateei a mesma até encontrar o celular abrindo um pouco os olhos apenas para deslizar pelo lado certo."Quem é?" - Perguntei sem esconder meu mau humor."Sua mãe desgraça. Onde você passou a noite Henry?""Laura?""Você pediu para que eu te esperasse para jantar e sumiu!" - Exclamou irritada."Eu jantei em outro lugar, desculpa, esqueci-me de avisar que não iria para casa." - Murmurei olhando para Mary que continuava adormecida em meu peito."Vai vim para casa não?""Agora não. Em duas ou três horas eu estou ai.""Não esquece que eu vou embora hoje à noite.""Tudo bem, vou desligar Laura.""Manda um beijo para a loira do jornal. É com ela que você tá, né?""Tchau.""Trás ela hoje, um almoço aqui.""Vou ver.""Tchau Henry."Desliguei o celular colocando ele onde estava anteriormente e suspirei frustrado pelo sono pe
MaryMinhas malas estavam arrumadas no canto da porta enquanto esperava Henry chegar. Estava ansiosa com o fim de semana, nunca havíamos passado dois dias inteiros juntos sem contar com as noites e isso era um avanço no que seja lá que estamos tendo.Ouvi a batida suave na porta e abri a mesma sorrindo para José.- Boa noite senhorita, onde estão as malas? – Perguntou simpático como sempre.- Aqui ao lado da porta José. – Disse pegando minha bagagem de mão e José pegou a outra. Tranquei a porta e joguei a chave dentro da bolsa seguindo para o elevador. – Onde está Henry?- Ele irá encontrá-la no jato senhorita.José seguiu para o aeroporto no Alfa Romeo de Henry. A cidade estava movimentada como sempre está à noite e a minha ansiedade por essa viagem apenas aumentava.Assim que chegamos ao aeroporto José nos encaminhou para a pista privada onde o jato das empresas S.C já aguardava. Henry caminhava pelo lado de fora com as mãos nos bolsos e o celular no ouvido enquanto parecia gr
MaryDormir era o novo item da minha listinha de "coisas que eu não conseguirei fazer essa noite" estava exatamente abaixo de "conseguir uma certeza de um futuro relacionamento com Henry" e acima de "uma longa noite de amor."Era frustrante perceber que mesmo sem nenhuma base eu continuava aqui pelo simples fato de que seria ruim quando acabasse, mas seria pior se acabasse agora. Talvez eu não conseguisse me apaixonar, sentir e esquecer... Ao menos não rapidamente.Alguma parte burra ou ingênua de mim acreditava que a qualquer momento ele diria o que e se sente alguma coisa. Eu queria que ele dissesse.- Mary? - Sua voz grave me despertou dos meus devaneios e desviei o olhar das grandes janelas para ele. - Não consegue dormir?- Não. - Murmurei e o mesmo puxou o ar levantando da cama. Henry estendeu sua mão para mim e peguei a mesma sendo puxada para ele.- Por favor. - Sussurrou. - Não complique o que não precisa ser complicado. - Pediu e o abracei.- Eu sou complicada. - Sorri. Henr
MaryO celular tocou fazendo-me despertar e Henry apertou mais seu braço em volta da minha cintura suspirando em meu pescoço. Alcancei o celular estendendo a mão e atendi o mesmo."Henry você está atrasado!" – Uma voz feminina soou e arqueei as sobrancelhas."Desculpe, quem é?" "Mary? É Vivian, pode avisar ao Henry que ele está atrasado para o café da manhã que havíamos marcado?" "Só um minuto." Deixei o celular na cama querendo estapear Henry, mas apenas o balancei fazendo o mesmo resmungar.- Vivian está no telefone, disse que você está atrasado para o café que marcaram. – Disse jogando o telefone em seu peito e me afastei sentando na cama."Vivian? Oi... Não eu não vou poder ir, desculpe... Não te dei certeza ontem Viv, você decidiu isso sozinha... Nos falamos depois... Tudo bem, tchau." Espreguicei-me abaixando a blusa que usava e Henry jogou o celular no colchão.- Não precisamos levantar agora. – Murmurou segurando em meu pulso.- Achei que tinha um café ou uma reunião, sei