Capítulo 10

Henry

Sentei-me na cama apertando o botão que afastava as cortinas do quarto e me aproximei da janela olhando para a manhã já movimentada que começava. Peguei o jornal que já estava em minha cômoda e sorri debochado ao ver a manchete.

"Bilionário e herdeiro das empresas S.C é visto em clima de romance com suposta namorada. Casal trocou carinhos durante uma partida privada de boliche na noite de ontem e mostrou paixão e sintonia durante todo o momento. Parece que alguém finalmente fisgou um dos bilionários mais cobiçados de Nova Iorque." 

Suspirei largando o jornal na mesinha e segui para o banheiro ligando a ducha. Deixei que meu corpo relaxa-se em um banho tranquilo enquanto lembranças da noite de ontem ainda rondavam minha mente.

Tudo era diferente com Mary, era como se um sorriso fosse muito mais fácil apenas ela estando por perto. Sabia que não podia continuar beijando-a quando me desse na telha, mas era muito mais fácil falar do que fazer. 

Fechei o chuveiro e puxei a toalha secando o cabelo e um pouco o corpo antes de sair do banheiro.

Depois de me arrumar desci para a cozinha e Ruth me estendeu minha xícara de café.

- Quem era aquela moça? - Ruth perguntou e olhei para ela.

- Quem?

- Do jornal, sua amiga. - Indicou o jornal em cima da bancada.

- Como você disse uma amiga. - Disse tomando um gole do meu café.

- No jornal está vocês se beijando, sempre foi muito discreto com as suas amigas. - Disse terminando de secar a louça deixada ontem. - Ela é especial?

- Tenho que ir. - Afirmei bebendo mais um gole do café e pegando meu celular.

- Isso, foge mesmo! - Ruth gritou da cozinha e sorri entrando no elevador.

Entrei no carro que já me esperava e José deu partida seguindo para a empresa. Ruth às vezes conseguia agir como uma mãe e às vezes tenho que lembrá-la que já tenho uma, mas nada para aquela mulher.

- José, pode providenciar com a minha secretária um buquê de rosas azuis para essa tarde? - Perguntei checando os meus e-mails.

- Claro senhor, devo mandar para a senhorita Mary?

- Não, eu mesmo vou entregar, apenas providencie, por favor. - Pedi e o mesmo assentiu voltando a se concentrar no trânsito.

Depois de mais alguns minutos finalmente paramos em frente à empresa. Desci do carro arrumando meu terno e dei a volta entregando algumas notas a José.

- Dê isso a ela. - Mandei. - Para as flores.

- Sim senhor. - Acenei caminhando para dentro e as portas automáticas se abriram enquanto entrava vendo meu assistente se aproximar eufórico.

- Senhor, os jornais não param de ligar. Eu não sei o que dizer. - Disse e apertei o botão do elevador.

- Divulgue uma nota. - Mandei entrando no elevador com ele atrás de mim. - Diga que o namoro é real, e que isso é tudo o que temos a dizer.

Talles me encarou como se tivesse visto um fantasma e o encarei de volta fazendo-o recuar.

- Eu irei providenciar a nota. - Avisou saindo assim que o elevador parou e sai em seguida seguindo para a minha sala.

- Senhor Salt, tem uma mulher querendo te ver, eu pedi que ela aguardasse, mas praticamente me atropelou e não quis deixar a sua sala. - Avisou apreensiva e abri a porta da sala.

- Achei que demoraria mais. - Sorriu.

- Obrigado Linda, pode nos trazer um café? - Pergunte para a secretária que assentiu saindo rapidamente.

Entrei na sala fechando a porta e encarei Lizz.

- Achei que nunca mais viria aqui depois da sua última palhaçada. - Afirmei dando a volta na mesa e me sentando na minha cadeira.

- Achei que já tivesse superado. - Sorriu.

- O que quer aqui?

- Quem e ela? - Perguntou jogando o jornal na mesa. - Achei que você não namorasse.

- Agora namoro, Lizz, por favor. - Suspirei.

- Você disse pra mim, que não namorava! - Exclamou batendo na mesa.

- Por que você saiu? Quem deixou você sair? - Perguntei.

- O convênio parou de cobrir os custos da clínica e os meus pais não podiam me manter lá.

- Você voltou a usar drogas desde que saiu? - Perguntei me levantando.

- Onde ela mora Henry? - Perguntou andando pela sala.

- Para! Não vamos começar com isso novamente Lizz.

- Eu só quero saber onde ela mora. - Disse naturalmente e minha secretária bateu na porta de vidro da minha sala mostrando os cafés. Fiz sinal para que ela entrasse e respirei fundo caminhando até a janela.

- Pode deixar ai Linda, obrigado.

- Com licença. - Murmurou e esperei que saísse e fechasse a porta.

- Você precisa voltar a se cuidar, eu posso arcar com os custos da reabilitação para você. - Ofereci.

Lizz balançou a cabeça de forma frenética e voltou a se levantar caminhando de um lado para o outro. Ela estava visivelmente enérgica.

- Você tem ido a sua casa? - Perguntei olhando suas roupas surradas.

- Eu vou embora. - Afirmou pegando seu casaco.

- E você vai pra onde Lizz?

- Para casa. - Disse abrindo a porta e suspirei.

Lizz já havia me dado problema antes, nunca nos envolvemos de nenhuma forma, ela cresceu comigo e sempre foi como uma irmã casula. Então ela começou a se afundar nas drogas e frequentemente tinha surtos e em um deles invadiu minha casa e quase matou a minha irmã.

Ela estava convencida de que ela era uma garota com quem eu estava dormindo, não conseguia reconhecer ninguém. Depois disso ela foi internada pelos pais e nunca mais ouvi nada dela. Até agora.

          Mary

Ana devorava com voracidade seu hambúrguer na minha frente enquanto eu reclamava por já ter terminado o meu.

- Então - Começou bebendo um pouco do suco. - Esse beijo ai nos jornais parece bem real para mim.

- Você também vai começar com isso? É a segunda vez que ele me beija exatamente quando sabe que tem alguém olhando, ele nunca dá ponto sem nó e eu sou sempre uma anta. - Bufei.

- Você gosta dessa coisa dele, por isso fica assim. Gosta dessa mania de ser fechado, mas ao mesmo tempo engraçado, gosta dessa coisa dele se sentir a vontade com você e gosta mais ainda dos beijos calientes que ele te dá. De alguma forma você quer provar para ele que o amor é algo bom, quer tanto que deixa as coisas escaparem facilmente.

Suspirei afundando na cadeira e a mesma sorriu dando mais uma mordida em seu hambúrguer.

- Mary, tem uma mulher aqui querendo vê-la. - Jeni avisou e olhei para Ana que deu de ombros.

- Tudo bem, manda entrar. - Pedi. Ajeitei um pouco a mesa jogando as embalagens no lixo ao meu lado e me sentei corretamente.

Para a minha surpresa não parecia alguém que viria organizar um casamento. A mulher usava jeans, regata e um casaco com touca.

- É... Posso ajudá-la? - Ana perguntou depois de limpar a boca.

- Mary? - Perguntou.

- Sim, sou eu. - Respondi olhando para ela.

- Eu vim aqui a pedido do Henry...

- Do Henry? Como assim?

- Sou uma antiga amiga da família. Queria muito conhecer a mulher que tomou o coração do nosso aventureiro, então ele me deu o endereço. - Sorriu.

- Ah, é... Um prazer conhecê-la. - Sorri um pouco confusa e me levantei abaixando um pouco o vestido.

- Acredite Mary, o prazer é todo meu.

          &&&

Depois da visita daquela mulher um pouco estranha demais para o meu gosto Ana ficou completamente louca. Disse que não era amiga da família coisa nenhuma e tinha um olhar de louca.

Passamos o resto da tarde sobre a supervisão de Ana e a ordem expressa para não deixar a garota entrar novamente. Perto das seis fechamos o escritório e Ana foi embora com Jeni mesmo emburrada pela minha teima em ir sozinha.

Peguei meu celular entrando no aplicativo do Uber e congelei quando vi um carro parar a minha frente. Assim que o vidro desceu pude ver Henry.

- O que faz aqui? - Perguntei.

- Ana me ligou. Disse que uma amiga minha veio ai. Pode entrar no carro? - Perguntou abrindo a porta e me aproximei entrando no mesmo.

- É ela veio e disse que você que deu o endereço a ela. - Disse fechando a porta.

- Você não pode deixar que ela entre novamente. - Pediu e olhei para ele. - É uma longa história, apenas não deixe que ela entre tudo bem?

- Tá bom. - Disse desconfiada. - Mas depois você irá me contar essa longa história.

- Eu vou sim.

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