Henry
Sentei-me na cama apertando o botão que afastava as cortinas do quarto e me aproximei da janela olhando para a manhã já movimentada que começava. Peguei o jornal que já estava em minha cômoda e sorri debochado ao ver a manchete.
"Bilionário e herdeiro das empresas S.C é visto em clima de romance com suposta namorada. Casal trocou carinhos durante uma partida privada de boliche na noite de ontem e mostrou paixão e sintonia durante todo o momento. Parece que alguém finalmente fisgou um dos bilionários mais cobiçados de Nova Iorque."
Suspirei largando o jornal na mesinha e segui para o banheiro ligando a ducha. Deixei que meu corpo relaxa-se em um banho tranquilo enquanto lembranças da noite de ontem ainda rondavam minha mente.
Tudo era diferente com Mary, era como se um sorriso fosse muito mais fácil apenas ela estando por perto. Sabia que não podia continuar beijando-a quando me desse na telha, mas era muito mais fácil falar do que fazer.
Fechei o chuveiro e puxei a toalha secando o cabelo e um pouco o corpo antes de sair do banheiro.
Depois de me arrumar desci para a cozinha e Ruth me estendeu minha xícara de café.
- Quem era aquela moça? - Ruth perguntou e olhei para ela.
- Quem?
- Do jornal, sua amiga. - Indicou o jornal em cima da bancada.
- Como você disse uma amiga. - Disse tomando um gole do meu café.
- No jornal está vocês se beijando, sempre foi muito discreto com as suas amigas. - Disse terminando de secar a louça deixada ontem. - Ela é especial?
- Tenho que ir. - Afirmei bebendo mais um gole do café e pegando meu celular.
- Isso, foge mesmo! - Ruth gritou da cozinha e sorri entrando no elevador.
Entrei no carro que já me esperava e José deu partida seguindo para a empresa. Ruth às vezes conseguia agir como uma mãe e às vezes tenho que lembrá-la que já tenho uma, mas nada para aquela mulher.
- José, pode providenciar com a minha secretária um buquê de rosas azuis para essa tarde? - Perguntei checando os meus e-mails.
- Claro senhor, devo mandar para a senhorita Mary?
- Não, eu mesmo vou entregar, apenas providencie, por favor. - Pedi e o mesmo assentiu voltando a se concentrar no trânsito.
Depois de mais alguns minutos finalmente paramos em frente à empresa. Desci do carro arrumando meu terno e dei a volta entregando algumas notas a José.
- Dê isso a ela. - Mandei. - Para as flores.
- Sim senhor. - Acenei caminhando para dentro e as portas automáticas se abriram enquanto entrava vendo meu assistente se aproximar eufórico.
- Senhor, os jornais não param de ligar. Eu não sei o que dizer. - Disse e apertei o botão do elevador.
- Divulgue uma nota. - Mandei entrando no elevador com ele atrás de mim. - Diga que o namoro é real, e que isso é tudo o que temos a dizer.
Talles me encarou como se tivesse visto um fantasma e o encarei de volta fazendo-o recuar.
- Eu irei providenciar a nota. - Avisou saindo assim que o elevador parou e sai em seguida seguindo para a minha sala.
- Senhor Salt, tem uma mulher querendo te ver, eu pedi que ela aguardasse, mas praticamente me atropelou e não quis deixar a sua sala. - Avisou apreensiva e abri a porta da sala.
- Achei que demoraria mais. - Sorriu.
- Obrigado Linda, pode nos trazer um café? - Pergunte para a secretária que assentiu saindo rapidamente.
Entrei na sala fechando a porta e encarei Lizz.
- Achei que nunca mais viria aqui depois da sua última palhaçada. - Afirmei dando a volta na mesa e me sentando na minha cadeira.
- Achei que já tivesse superado. - Sorriu.
- O que quer aqui?
- Quem e ela? - Perguntou jogando o jornal na mesa. - Achei que você não namorasse.
- Agora namoro, Lizz, por favor. - Suspirei.
- Você disse pra mim, que não namorava! - Exclamou batendo na mesa.
- Por que você saiu? Quem deixou você sair? - Perguntei.
- O convênio parou de cobrir os custos da clínica e os meus pais não podiam me manter lá.
- Você voltou a usar drogas desde que saiu? - Perguntei me levantando.
- Onde ela mora Henry? - Perguntou andando pela sala.
- Para! Não vamos começar com isso novamente Lizz.
- Eu só quero saber onde ela mora. - Disse naturalmente e minha secretária bateu na porta de vidro da minha sala mostrando os cafés. Fiz sinal para que ela entrasse e respirei fundo caminhando até a janela.
- Pode deixar ai Linda, obrigado.
- Com licença. - Murmurou e esperei que saísse e fechasse a porta.
- Você precisa voltar a se cuidar, eu posso arcar com os custos da reabilitação para você. - Ofereci.
Lizz balançou a cabeça de forma frenética e voltou a se levantar caminhando de um lado para o outro. Ela estava visivelmente enérgica.
- Você tem ido a sua casa? - Perguntei olhando suas roupas surradas.
- Eu vou embora. - Afirmou pegando seu casaco.
- E você vai pra onde Lizz?
- Para casa. - Disse abrindo a porta e suspirei.
Lizz já havia me dado problema antes, nunca nos envolvemos de nenhuma forma, ela cresceu comigo e sempre foi como uma irmã casula. Então ela começou a se afundar nas drogas e frequentemente tinha surtos e em um deles invadiu minha casa e quase matou a minha irmã.
Ela estava convencida de que ela era uma garota com quem eu estava dormindo, não conseguia reconhecer ninguém. Depois disso ela foi internada pelos pais e nunca mais ouvi nada dela. Até agora.
Mary
Ana devorava com voracidade seu hambúrguer na minha frente enquanto eu reclamava por já ter terminado o meu.
- Então - Começou bebendo um pouco do suco. - Esse beijo ai nos jornais parece bem real para mim.
- Você também vai começar com isso? É a segunda vez que ele me beija exatamente quando sabe que tem alguém olhando, ele nunca dá ponto sem nó e eu sou sempre uma anta. - Bufei.
- Você gosta dessa coisa dele, por isso fica assim. Gosta dessa mania de ser fechado, mas ao mesmo tempo engraçado, gosta dessa coisa dele se sentir a vontade com você e gosta mais ainda dos beijos calientes que ele te dá. De alguma forma você quer provar para ele que o amor é algo bom, quer tanto que deixa as coisas escaparem facilmente.
Suspirei afundando na cadeira e a mesma sorriu dando mais uma mordida em seu hambúrguer.
- Mary, tem uma mulher aqui querendo vê-la. - Jeni avisou e olhei para Ana que deu de ombros.
- Tudo bem, manda entrar. - Pedi. Ajeitei um pouco a mesa jogando as embalagens no lixo ao meu lado e me sentei corretamente.
Para a minha surpresa não parecia alguém que viria organizar um casamento. A mulher usava jeans, regata e um casaco com touca.
- É... Posso ajudá-la? - Ana perguntou depois de limpar a boca.
- Mary? - Perguntou.
- Sim, sou eu. - Respondi olhando para ela.
- Eu vim aqui a pedido do Henry...
- Do Henry? Como assim?
- Sou uma antiga amiga da família. Queria muito conhecer a mulher que tomou o coração do nosso aventureiro, então ele me deu o endereço. - Sorriu.
- Ah, é... Um prazer conhecê-la. - Sorri um pouco confusa e me levantei abaixando um pouco o vestido.
- Acredite Mary, o prazer é todo meu.
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Depois da visita daquela mulher um pouco estranha demais para o meu gosto Ana ficou completamente louca. Disse que não era amiga da família coisa nenhuma e tinha um olhar de louca.
Passamos o resto da tarde sobre a supervisão de Ana e a ordem expressa para não deixar a garota entrar novamente. Perto das seis fechamos o escritório e Ana foi embora com Jeni mesmo emburrada pela minha teima em ir sozinha.
Peguei meu celular entrando no aplicativo do Uber e congelei quando vi um carro parar a minha frente. Assim que o vidro desceu pude ver Henry.
- O que faz aqui? - Perguntei.
- Ana me ligou. Disse que uma amiga minha veio ai. Pode entrar no carro? - Perguntou abrindo a porta e me aproximei entrando no mesmo.
- É ela veio e disse que você que deu o endereço a ela. - Disse fechando a porta.
- Você não pode deixar que ela entre novamente. - Pediu e olhei para ele. - É uma longa história, apenas não deixe que ela entre tudo bem?
- Tá bom. - Disse desconfiada. - Mas depois você irá me contar essa longa história.
- Eu vou sim.
MaryAna passou a tarde escutando com atenção a história que Henry me explicou ontem e agora eu explicava para ela.- Deixa só essa Lizz vim que eu dou um pega nela rapidinho pra ver se desencana dessa coisa ex submissa doida de Christian Grey. Estou falando sério Mary, no livro isso é muito legal, mas se a doida acha que vai ficar te cercando ela está enganada, deixa ela aparecer aqui de novo... - Ameaçou.- Henry disse que iria falar com os pais dela hoje, disse que vai pagar o tratamento dela e assim ela pode ficar fora das ruas. Ela deve ter algum tipo de transtorno que só se agrava com as drogas, isso não é normal.- Se minha mãe estivesse aqui diria que é frescura. - Afirmou se jogando na cadeira e sorri.- Ainda bem que ela não está não é?- Claro... Claro. - Sorriu girando sua cadeira.- Eu preciso que não conte isso a ninguém. - Pedi.- Sou um túmulo minha filha. - Disse pegando sua carteira. - Vamos almoçar?- Henry disse que passaria aqui para me contar como foram as coisas
MaryAgradeci Henry pelo jantar ainda envolvida pelo pequeno momento na mesa e o mesmo me acompanhou até o elevador.- Por que não fica? - Perguntou.- Como?- Está tarde e como ainda não coloquei seguranças no seu prédio, não me sinto seguro em deixá-la ir. Eu tenho quartos de hóspedes, você sabe...- Aonde costuma levar suas garotas de uma noite. - Afirmei.- Podemos fazer uma troca, você dorme no meu quarto e eu no de hóspedes. - Sugeriu e o encarei.- Não é preciso, eu posso-- Faço questão! Assim eu poderei dormir mais tranquilo também. - Disse e suspirei. - Posso te emprestar alguma coisa para dormir. - Ofereceu.- Tudo bem. - Murmurei. - Eu posso ficar essa noite. - Garanti e o mesmo sorriu deixando que o elevador se fechasse.Henry me levou até seu quarto e entrou no closet saindo de lá um pouco depois com uma camisa e uma cueca.- Limpas. Caso não queira continuar com a sua calcinha. - Disse colocando tudo em cima da cama. Ele abriu as portas de correr do armário no canto d
HenryAbri as cortinas contemplando o céu nublado dessa manhã e olhei para a cama onde Mary estava enrolada ao edredom com um dos braços para fora e as canelas expostas. Seus cabelos loiros estavam por todo o travesseiro e como eu havia prometido a ela eu a satisfiz por toda a noite.Sua pele macia e aveludada era a minha perdição e seus gemidos prazerosos e nada contidos continuavam fodendo a minha mente. Não estávamos falando de uma noite, estávamos falando de mais. Ela era meiga, doce e sorridente, mas na cama era uma devassa dona do controle e muito gostosa.Eu queria aquilo de novo.Mary se remexeu na cama e voltei a fechar as cortinas seguindo para o banheiro. Liguei o chuveiro entrando debaixo da água morna e suspirei apoiando a testa na parede. Meu corpo pela primeira vez se sentia cansado depois de uma noite de prazer, eu nunca me senti assim, mas Mary exigia de mim exatamente aquilo que eu exigia dela. Tudo.Vi suas mãos delicadas subirem pelo meu abdômen e senti seus s
HenryMeu celular tocava insistentemente enquanto eu me negava a abrir os olhos. Eu estava cansado e precisa dormir um pouco mais. Bufei esticando o braço até a mesinha e tateei a mesma até encontrar o celular abrindo um pouco os olhos apenas para deslizar pelo lado certo."Quem é?" - Perguntei sem esconder meu mau humor."Sua mãe desgraça. Onde você passou a noite Henry?""Laura?""Você pediu para que eu te esperasse para jantar e sumiu!" - Exclamou irritada."Eu jantei em outro lugar, desculpa, esqueci-me de avisar que não iria para casa." - Murmurei olhando para Mary que continuava adormecida em meu peito."Vai vim para casa não?""Agora não. Em duas ou três horas eu estou ai.""Não esquece que eu vou embora hoje à noite.""Tudo bem, vou desligar Laura.""Manda um beijo para a loira do jornal. É com ela que você tá, né?""Tchau.""Trás ela hoje, um almoço aqui.""Vou ver.""Tchau Henry."Desliguei o celular colocando ele onde estava anteriormente e suspirei frustrado pelo sono pe
MaryMinhas malas estavam arrumadas no canto da porta enquanto esperava Henry chegar. Estava ansiosa com o fim de semana, nunca havíamos passado dois dias inteiros juntos sem contar com as noites e isso era um avanço no que seja lá que estamos tendo.Ouvi a batida suave na porta e abri a mesma sorrindo para José.- Boa noite senhorita, onde estão as malas? – Perguntou simpático como sempre.- Aqui ao lado da porta José. – Disse pegando minha bagagem de mão e José pegou a outra. Tranquei a porta e joguei a chave dentro da bolsa seguindo para o elevador. – Onde está Henry?- Ele irá encontrá-la no jato senhorita.José seguiu para o aeroporto no Alfa Romeo de Henry. A cidade estava movimentada como sempre está à noite e a minha ansiedade por essa viagem apenas aumentava.Assim que chegamos ao aeroporto José nos encaminhou para a pista privada onde o jato das empresas S.C já aguardava. Henry caminhava pelo lado de fora com as mãos nos bolsos e o celular no ouvido enquanto parecia gr
MaryDormir era o novo item da minha listinha de "coisas que eu não conseguirei fazer essa noite" estava exatamente abaixo de "conseguir uma certeza de um futuro relacionamento com Henry" e acima de "uma longa noite de amor."Era frustrante perceber que mesmo sem nenhuma base eu continuava aqui pelo simples fato de que seria ruim quando acabasse, mas seria pior se acabasse agora. Talvez eu não conseguisse me apaixonar, sentir e esquecer... Ao menos não rapidamente.Alguma parte burra ou ingênua de mim acreditava que a qualquer momento ele diria o que e se sente alguma coisa. Eu queria que ele dissesse.- Mary? - Sua voz grave me despertou dos meus devaneios e desviei o olhar das grandes janelas para ele. - Não consegue dormir?- Não. - Murmurei e o mesmo puxou o ar levantando da cama. Henry estendeu sua mão para mim e peguei a mesma sendo puxada para ele.- Por favor. - Sussurrou. - Não complique o que não precisa ser complicado. - Pediu e o abracei.- Eu sou complicada. - Sorri. Henr
MaryO celular tocou fazendo-me despertar e Henry apertou mais seu braço em volta da minha cintura suspirando em meu pescoço. Alcancei o celular estendendo a mão e atendi o mesmo."Henry você está atrasado!" – Uma voz feminina soou e arqueei as sobrancelhas."Desculpe, quem é?" "Mary? É Vivian, pode avisar ao Henry que ele está atrasado para o café da manhã que havíamos marcado?" "Só um minuto." Deixei o celular na cama querendo estapear Henry, mas apenas o balancei fazendo o mesmo resmungar.- Vivian está no telefone, disse que você está atrasado para o café que marcaram. – Disse jogando o telefone em seu peito e me afastei sentando na cama."Vivian? Oi... Não eu não vou poder ir, desculpe... Não te dei certeza ontem Viv, você decidiu isso sozinha... Nos falamos depois... Tudo bem, tchau." Espreguicei-me abaixando a blusa que usava e Henry jogou o celular no colchão.- Não precisamos levantar agora. – Murmurou segurando em meu pulso.- Achei que tinha um café ou uma reunião, sei
MaryAs últimas semanas seguiram corridas. Os preparativos do casamento estavam a todo o vapor e Nanda nos apressava cada dia mais com medo de que Theo escapasse de sua coleira.Estava evitando ao máximo o assunto Henry. Não estava realmente a fim de me aborrecer com isso, acabou e pronto, ele mesmo disse que deveria esquecê-lo.- As amostras das cortinas chegaram, pode levar para Nanda? – Ana perguntou enquanto pegava seus celular e sua bolsa. – Preciso resolver o contratempo do bolo, erraram no pedido.- Tudo bem, eu levo. – Disse levantando e peguei minha bolsa. Ana me entregou a pasta com as amostras de tecidos e sai do escritório sinalizando para um táxi.Entreguei o endereço para o taxista e peguei meu celular que vibrava.De Henry: Aceita jantar comigo essa noite?De Mary: ?De Henry: Precisamos conversar, por favor.De Mary: Preciso trabalhar essa noite, e todas as outras até o casamento. Desculpe.De Henry: Sei que fui duro com você Mary, sei que fui injusto na maior parte do