Ulisses estava mesmo, mais que em qualquer outro momento da vida, parecendo um pavão exibido. O peito inflado e o sorriso charmoso revelavam que ele não estava surpreso. Obviamente que Ulisses St Jhon venceria aquele concurso e ficaria ainda mais metido. Mais convencido. Hazel se viu revirando os olhos pela terceira vez. — Céus, guarda essa coisa — implorou ela, rindo nervosamente. — De forma alguma — negou o ceo. — Eu sou, oficialmente, o “Cowboy atraente n°1”. Adiantando um passo para ficar na frente dele, Hazel agarrou-se na camisa do namorado, sorrindo com o rosto divertido. — Você é lindão, amor. Não precisa dessa faixa cheia de brilho e frufru para provar isso. Ulisses estalou a língua.— Não preciso, mas quero — explicou ele. — E você só está agindo assim porque não quer assumir que meu charme supera aquele Capitão Idiotão que você é fã.A gargalhada dela fez as pupilas do ceo dilatarem. Ele se achava tão apaixonado que aquele som era como voar entre as nuvens ou ouvir su
Meses se passaram... O casal andava tendo alguns problemas ultimamente. Hazel estava trabalhando mais do que já trabalhava. De fato, ela era mesmo um tanto viciada no trabalho, e se via ansiosa demais em corresponder ao cargo que estava exercendo agora. Hazel tirava de letra. Resolvia qualquer problema com muita facilidade. No entanto, seu namorado estava dando nos nervos. Ela bufou, apertando o topo do nariz.— Eu já disse que isso é importante, Ulisses — disse ela, sentada em sua mesa. O namorado permanecia com as sobrancelhas unidas, segurando a maçaneta. Havia entrado há poucos segundos, cuspindo seus dramas. — Então quer dizer que o trabalho é mais importante do que estar comigo? — indagou ele, chocado. — Céus, Ulisses. Você está naqueles dias? Anda muito sensível. — Está fazendo piada, mas nós não saímos juntos quase duas semanas. Você me dá um beijo rápido quando nos vemos de manhã e sempre que eu ligo pra você, diz que precisa terminar isso ou aquilo. Somos um cas
Ulisses St Jhon não era de beber, mas a ocasião pedia altas doses de Bourbon para lhe encorajar.O copo bateu na pia de mármore com força.Em seguida encarou o próprio reflexo no espelho do banheiro. Observou seu cavanhaque ralo, passando a mão no queixo.— Tão lindo assim e solteiro. Por que as mulheres não te amam, Ulisses?Era uma pergunta real, difícil de fazer e sem resposta.Suspirou e então tomou coragem.— Eu, Ulisses St Jhon, o homem mais lindo de Nova York e que é um imã de mulheres interesseiras — tomou fôlego por um momento. — Juro a mim mesmo que não farei sexo até encontrar uma namorada que me ame!Ao terminar tudo perdeu sentido e ele soltou o ar se apoiando na pia do banheiro. Pareceu certo virar o restante do Bourbon.— Você precisa disso — tentou se convencer. — Se continuar na farra nunca vai conseguir o que tanto sonha. É... vai valer a pena.E de um segundo para outro, o sentido voltou com tudo. Ele queria alguém para amar. Que o amasse de volta. Que envelhecessem
Estava na ultima série quando um miado esganiçado preencheu a academia da casa.Ulisses soltou o peso, ofegante. Depois sorriu para a bolinha de pelos preta que andava até ele como se estivesse aprendendo a andar.Ulisses deu risada.— Veio aqui fazer o quê?A gatinha miou em um berro agudo.— Ok, já entendi. Está com fome? — perguntou se levantando do banco.Fagulha deu meia volta e começou a correr de um jeito engraçado pela casa.Ulisses foi atrás, passando uma toalha úmida pelo peitoral exposto para secar o suor. Em seguida a jogou sobre o ombro.Costumava ir a academia com o amigo, mas Evan se mudou para Los Angeles. Fazia isso justamente porque lá, encontrava mulheres que pareciam gostar de vê-lo treinar e se derretiam com seu sorriso charmoso. Então sempre voltava bem acompanhando para casa.Mas suas intenções agora são outras. Nada de sexo casual com belas mulheres. Terá que se contentar com a academia de sua casa e a companhia de Fagulha. Bem longe das interesseiras.Ulisses
As manhãs na casa das Parker eram sempre barulhentas. Felícia ouvindo música alta no banheiro enquanto se arruma, Hazel andando pela casa reclamando que tudo por ali estava uma baderna e ao mesmo tempo, o vizinho de cima estreava a cama nova. Às sete horas da manhã! — Eu mereço ter que ouvir essa baixaria logo cedo. Felícia, saí do banheiro que eu quero usar!Hazel gritou enquanto guardava suas coisas na bolsa. Depois foi até a cozinha em busca de cafeína.Ela fez seu café e voltou até o banheiro, se irritando com a porta fechada.Se aproximou e bateu na porta com força.— Oh madame, não existe só você no mundo, sabia? — gritou para a irmã sair.Felícia então desligou a música e abriu a porta. Encarou Hazel com uma expressão esnobe.— Quer entrar para quê se você nem se arruma?Essa garota.— E por acaso não mijo também?— Credo, que linguajar — Felícia saiu do banheiro jogando seu cabelo curto e moderno.Se parecia bastante com Hazel, exceto pelos olhos. Os de Felícia eram escuros c
— Toc-toc — Hazel disse ao invés de bater. — Estou entrando.Ulisses virou o rosto para ela de dentro do banheiro. Estava fazendo a barba e pensando em todos os seus problemas, até ela entrar e deixá-lo inexplicavelmente deslumbrado.O cabelo de Hazel se sacudia para os lados, lindamente, enquanto andava em sua direção.Ele chegou a engolir em seco antes de desviar o olhar para o espelho. O que está havendo comigo? — Estão querendo um pronunciamento seu — ela disse parada na porta.Ulisses virou o rosto para ela com as sobrancelhas grossas unidas.— Quem quer este pronunciamento?— A mídia.A resposta de Ulisses foi um dar de ombros indiferente.Hazel deu um passo para dentro, ficando ao lado dele.— Eu sei que nenhum deles tem a ver com sua vida, mas a mentira de que você foi do A.A está se espalhando. Pessoas importantes estão lingando...— Acionistas?Ulisses lavou a navalha, a olhando de relance.— Sim. Alguns investidores não querem o envolvimento.— Bando de babacas. Deveriam s
*** Ulisses entrou com a moto no estacionamento da St Tec bufando feito um touro.Repórteres ainda preenchiam o local, mesmo que em menor número. Alguns deles que sabiam que o ceo ia trabalhar de moto — dado o fato da Ferraria estar amassada feito uma bola de papel em alguma oficina especializada da cidade — por isso, correram na direção de Ulisses assim que o ronco da moto ecoou por todo o ambiente.Vieram atrás dele feito formigas no açúcar.Ulisses tirou o capacete, bufando mais uma vez.— Senhor, nos dê um pronunciamento.— Já fazem três dias que o senhor está em silencio. Podemos confirmar que saiu do A.A há semanas atrás?— Senhor...?Flashes, vozes e microfones vieram de todos os lados.Ulisses colocou a mão em frente ao rosto, percebendo que entrava mais repórteres no estacionamento. Ignorou a todos e adentrou na empresa sem dizer nada.Seus passos firmes em direção ao elevador eram resultados da frustração que acabara de passar.Alcoólicos Anônimos? Ele?Ulisses apertou o
Hazel entrou sem bater no escritório de Ulisses, já no fim do expediente. Encontrou ele fazendo flexões. Sem camisa e com suor formado entre os músculos das costas.Ela desviou o olhar para a porta atrás de si e empurrou com o pé fazendo um baque ecoar.— Trouxe café — disse.Hazel andou até a mesa dele e deixou um copo de café, se encostando na mesma para beber seu prazer líquido.— Já estou acabando.Ela não falou mais nada. Apenas ficou ali vendo ele terminar a série de flexões e se jogar no chão de barriga para cima. Estava ofegante.— Pelo visto está chateado — Hazel falou se aproximando dele.Ulisses sempre se exercita fora de hora quando está irritado ou chateado com algo.Ela puxa uma cadeira e se senta ao lado do chefe largado no chão.— Um pouco.— Vim para fazermos uma declaração sua nas redes sociais. Você precisa dar um parecer.Ulisses a encarou serio e depois desviou o olhar. Não consigo olhar pra ela.— Não estou a fim de fazer isso — respondeu e começou a fazer abdom