Hazel entrou sem bater no escritório de Ulisses, já no fim do expediente. Encontrou ele fazendo flexões. Sem camisa e com suor formado entre os músculos das costas.
Ela desviou o olhar para a porta atrás de si e empurrou com o pé fazendo um baque ecoar.
— Trouxe café — disse.
Hazel andou até a mesa dele e deixou um copo de café, se encostando na mesma para beber seu prazer líquido.
— Já estou acabando.
Ela não falou mais nada. Apenas ficou ali vendo ele terminar a série de flexões e se jogar no chão de barriga para cima. Estava ofegante.
— Pelo visto está chateado — Hazel falou se aproximando dele.
Ulisses sempre se exercita fora de hora quando está irritado ou chateado com algo.
Ela puxa uma cadeira e se senta ao lado do chefe largado no chão.
— Um pouco.
— Vim para fazermos uma declaração sua nas redes sociais. Você precisa dar um parecer.
Ulisses a encarou serio e depois desviou o olhar. Não consigo olhar pra ela.
— Não estou a fim de fazer isso — respondeu e começou a fazer abdominais.
A ideia de Hazel pensar o pior dele o devastava. Encará-la parecia ser um ato difícil demais agora e não sabia se conseguiria.
— Mas precisa. Ao menos uma nota de esclarecimento sobre esse boato do A.A.
— Eu não ligo se espalham mentiras sobre mim. Provavelmente acreditarão mesmo que eu fale que nunca fiz parte de um grupo de alcoólicos.
Hazel esperou alguns segundos, até levar a mão no peitoral dele quando subiu em um dos abdominais.
Ulisses a olhou imediatamente.
Hazel recolheu a mão se achando ridícula no mesmo momento. Já se abraçaram, já brincaram de t***s e coisas parecidas. Tocar em Ulisses nunca foi um problema.
Depois ela encarou o copo em sua mão.
— Está falando isso por causa do que aconteceu?
— Talvez.
E ele voltou a fazer os abdominais.
Hazel se irritou e repetiu o ato, mas sem tirar a mão dessa vez.
— Não é da minha conta com quem você se envolve. Ela parecia querer, então...
— Eu já disse que não era o que parecia. Ela me atacou.
— Bom, você estava pelado, então é difícil de pensar qualquer outra hipótese.
Ulisses maneou a cabeça. Faz sentido.
— Eu entendo. Mas acredite, eu não iria ficar com aquela tal de Joice. Ela me atacou. Queria meu corpo nu a qualquer custo.
Hazel revirou os olhos rindo.
Ulisses apontou o dedo para ela.
— Não revire os olhos para mim, coisa pequena.
E então ela agarra o dedo dele o encarando nos olhos.
— E você não aponte o dedo pra mim, coisa grande — logo travou. — Espera, isso pegou mal, né?
Hazel foi ficando cada vez mais vermelha.
Ulisses gargalhou com a cabeça para trás.
— Ai, meu pai amado. Por essa eu não esperava. Obrigada pelo elogio, Haze.
Ela lhe deu um tapa no ombro, melando a mão de suor. Então fez uma careta.
— Eca.
— Bem que eu vi você olhando para cá...
— Cale a boca, seu idiota. Eu quis revidar sua provocação. E eu não vi nada demais aí!
Mentiu e se levantou da cadeira indo até o café de Ulisses.
Quando notou que os copos eram do café da Grace, ele se levantou rapidamente e foi até ela.
— Ei, desculpa. Sabe que eu perco a amizade, mas não perco a piada — tentou parecer carinhoso. — Me desculpa. E obrigada.
Tomou o café da mão dela, mas ela pegou de volta.
— Primeiro me conta o que aconteceu naquele elevador — ela exigiu.
Hazel se lembrou depois que reviu Joice na sala de descanso, que era a mesma que ficou encarando Ulisses no dia que foi atrás dela para falar mal de Brenda e da tortura matrimonial que ela o colocara. Joice não é flor que se cheire e não merece o amigo. Mesmo que Ulisses seja um galinha.
Ulisses assentiu e pegou o copo, caminhando em direção aos sofás ao lado esquerdo de sua mesa de trabalho, ouvindo Hazel mandar ele devolver o copo. Se jogou no sofá de três lugares e bebeu o café.
Depois olhou o copo.
— Esse é o seu.
Ela se aproxima emburrada e toma bruscamente o copo dele estendendo o outro.
— Aqui o seu, seu abusado.
— Obrigada. Então, eu estava vindo para cá quando ela me atacou no elevador. Foi isso — disse simplesmente e bebeu o café, fazendo uma expressão de prazer. Grace, você arrasa.
Era com toda certeza o melhor café de Nova York.
— Tá — Hazel se sentou na mesinha de centro de frente para ele. — Quer que eu acredite que ela simplesmente pulou em você?
Ulisses foi para frente apoiando os cotovelos nos joelhos.
— Sim. Foi isso que aconteceu. E acontece muito, se quer saber.
— Ulisses?!
— O quê?
— Não quer me dizer?
— Já disse, mulher. A tal Joice lá ficou falando que eu precisava relaxar e quis ajudar. Mesmo eu falando que não queria, a danada insistiu. Elas são assim, Haze.
Hazel arqueou uma sobrancelha.
— Elas? Elas quem?
— Todas as mulheres. Querem, meu corpo nu de qualquer jeito!
Hazel riu de incredulidade. Seu amigo estava ultrapassando todos os níveis de ego inflado.
— Todas as mulheres — ela repetiu. — Ulisses, você nem é tão bonito assim para que todas as mulheres se joguem em cima de você como está dizendo.
A boca de Ulisses se abriu devagar enquanto seu ego se esvaziava feito uma bexiga furada. A mão do ceo foi para o peito, seu coração chegou a doer.
— Haze...
— O que?
— Você acabou de dizer que eu não sou tão bonito assim? Mulher, aumente o grau do seu óculos — ele apontou para o objeto pendurado na gola da camisa dela. — Eu sou lindo, Haze. Como pode me dizer isso?
Hazel ergue a cabeça quando o viu por a mão trêmula contra a boca.
— Ai, como você é dramático...
— Me magoou.
— Tá supera. Dá próxima você inventa que tem uma namorada ou que cortou a pistola fora.
— Haze!
Ulisses cobriu a virilha. A cada frase dela ele perdia mais sua masculinidade. Ela é insana.
A Parker começou a rir do amigo.
— É jeito de dizer para você inventar uma desculpa, por mais maluca que seja. Pode acabar com um processo de assédio nas costas. Já te disse isso.
Ulisses assentiu, bebendo mais um gole de café.
Inventar que tem uma namorada o deixaria deprimido, pois, desejaria que essa mentira fosse verdade. Dizer que cortou a pistola fora seria doentio demais. Sequer consegue pensar na ideia sem fazer uma careta. Preciso inventar algo, caso Joice ou outra me ataque novamente.
— Eu vou pensar em algo.
— Ótimo — Hazel se levantou em direção a mesa dele.
Ulisses observou que ela estava a mesma Hazel de sempre. Coque, roupas largas, sem maquiagem...
Quando ela se virou de volta ele desviou o olhar do corpo dela para beber mais um gole de café. Ela é linda de qualquer jeito.
— Aqui. Entre no seu Twitter. Irei te ajudar a escrever uma nota decente.
Ulisses se deu por vencido e pegou o celular. Ele desbloqueou a tela na frente dela.
Hazel conseguiu ver mensagens de mulheres que Ulisses ignorou e por isso suspirou.
Os olhos dele a encararam.
— O que foi? — ele perguntou.
— Nada.
Ulisses deitou a cabeça ainda a olhando. Estava curioso.
— Por que não veio maquiada como naquele dia?
— Por que eu viria?
Hazel chegou a fazer uma careta como se aquilo fosse um absurdo.
— Ah, sei lá — Ulisses encarou a tela entrando no aplicativo. — Só gostei de olhar pra você daquele jeito.
Hazel não soube explicar o porquê de ter gostado de ouvir aquilo. Mas gostou. Gostou muito.
A semana passou rápido demais, porém em nada Hazel poderia reclamar. Precisava de uma folga. De fazer nada . Procrastinar. Só comer e dormir.Não se lembrava da última vez que desacelerou seu ritmo.Los Angeles a aguardava dentro de alguns dias e por isso, vinha trabalhando dobrado para não deixar nada no trabalhar acumular. Então, naquela bela e ensolarada manhã de sábado, Hazel decidiu se cuidar como a muito tempo não fazia.Felícia estava dormindo na casa de uma amiga e passaria o fim de semana lá sem incomodar a irmã mais velha para absolutamente nada. Era o fim de semana ideal.Assim que acordou foi para o banho. Hidratou a pele e o cabelo, depilou as pernas e passou óleo de baunilha no corpo quando desligou o chuveiro.Saiu do banheiro enrolada na toalha. Renovada e com fome.- Aquela pirralha acabou com o cereal?Hazel bateu na porta do armário pegando uma maçã em cima da mesa.Estava seguindo para o quarto quando ouviu alguém bater na porta.Rapidamente ela andou em direção à
Ulisses fechou o livro em um suspiro. O teto alvo de seus olhos lhe pareceu bem interessante. — Eu posso estragar tudo...Era verdade.Em seguida ele se sentou na cama e encarou a capa do romance que estava lendo: Estupidamente apaixonado, de Lyssa Kay Adams. Uma história de amor entre amigos que o fez questionar a possibilidade de Hazel e ele se relacionarem. Logo ele negou com a cabeça, jogando o livro ao seu lado e deitando novamente. — Tentar algo irá estragar nossa amizade!E ele preferia viver sem um amor do que perder a companhia de Hazel. Sem ela, Ulisses não será feliz, então, se tentar algo ou chamá-la para sair em um encontro, como casal, significa perder a amizade dela, então não valerá a pena. Não!Ulisses levantou da cama rapidamente.— Não dá pra arriscar o que temos. Ficou de pé e andou até seu closet. Lá se despiu para tomar banho e seguiu para o banheiro luxuoso. Já deveria estar na empresa dado ao horário, mas mergulhou no romance entre amigos e viu tanta semel
Esperava o café ficar pronto em uma das mesas na cafeteria de Grace quando seu celular vibrou no bolso. Era Hazel. Algumas mulheres ainda mandavam mensagem para ele, até mesmo a que devorou seu bolo com folhas de ouro e tudo mais que estava em sua geladeira. Mas se recusava a responder cada uma delas.Principalmente agora. Estava com incertezas e sentimentos dentro de si que podia estragar uma relação importantes par ele. Sequer cogitava sair com algumas dessas interesseiras.Embora a falta de sexo o deixar maluco e sensível às vezes.Entrou na conversa de Hazel:“Virá na empresa hoje?”Ulisses ia responder, mas viu ela entrar na cafeteria. Chegou a s com a coincidência, mas não durou muito já que ela estava acompanhada por aquele tal de Marcolino. As sobrancelhas de Ulisses se uniram tanto que um vinco se formou. Por que estão juntos?— Ei — ele gritou, percebendo que fez isso alto demais. Ulisses atraiu não só a atenção de Hazel e Marcotário — como o chamou em seu pensamento —,
A semana se passou estranha para os amigos. Ulisses fazia tudo ficar estranho, graças aos seus sentimentos confusos e pela briga interna entre se arriscar ou manter a amizade. Obviamente que Hazel percebeu as diferentes atitudes do amigo. Ele estava indo mais vezes na sala de funcionários e pelo menos duas vezes naquela semana a levou para almoçarem juntos em um restaurante perto da St Tec. Estava oferecendo mais caronas do que costumava oferecer e sempre tratava Marcolino como se fosse o cara fosse um problema. Nada disso a incomodava. Comer de graça em restaurantes chiques e andar na garupa de uma moto que vale milhões não era o problema aqui. Ulisses estava mais grudento do que o normal! Um chiclete. Tanto, que queria ir buscar Hazel na casa dela no dia da viagem, sendo que em breve iriam se ver e ficar trancados no jatinho particular dele cinco horas seguidas. É muito Ulisses!Hazel riu de seus pensamentos ao chegar na pista de pouso. Pagou o taxista e percorreu toda a pista p
Primeiro dia de evento. Hazel estava com os nervos à flor da pele. Era sua grande chance e desejava aproveitar cada segundo do que virá pela frente. Mesmo que àquele primeiro dia seja apenas uma recepção formal entre os empresários da área de tecnologia. Ela terminou o banho se enrolando na toalha felpuda do Hotel de luxo que Ulisses e ela estão hospedados. Cada um em um quarto, obviamente.Andou pelo enorme cômodo se jogando com os braços abertos na cama. Chegou a suspirar com a maciez daquele colchão, os lençóis pareciam ser feitos de nuvem. Ah, eu isso que eu mereço. Nesse mesmo momento alguém bate na porta. Ela sabia que era Ulisses, pois ele a chamou logo depois de bater. Saco. Hazel bufou se colocando de pé e andando até a porta que abriu com uma expressão irritada.Os olhos de Ulisses desceram para o corpo dela assim que Hazel abriu a porta.— O quê? — ela perguntou, seca.— Por que sempre abre a porta pra mim de toalha?Não que ele fosse reclamar, mas estava sendo complica
Por sorte, a camisa de Ulisses tampava seu corpo e sua bunda — principalmente a tatuagem — e isso era confortável.Hazel e ele tomaram café da manhã juntos e falaram um pouco sobre o evento da noite. Quando Ulisses mencionou que Lennon provavelmente estará lá, Hazel teve um pequeno ataque de empolgação.— Mas se controle, ela é um pouco séria demais e se você agir assim ela vai te achar louca.Hazel apenas piscou e assentiu.— Ok, anotado. Sem histeria.Ele riu pelo nariz e abandonou a xícara de capuccino na mesa. Depois se levantou.<
Ulisses estava usando o quinto modelito, mas ainda não estava se sentindo confortável com a escolha. Embora estivesse convencido de que nada nele ficava feio, algo estava lhe provocando frio na barriga. Não sabia dizer bem o quê?Deu uma olhada rápida no espelho fazendo careta. Essa também não.Então começou a desabotoar a camisa social vinho, tirando e jogando para dentro do closet com certo desânimo.— Por que nada parece bom? — Perguntou para si mesmo retirando uma camisa social azul royal do cabide. — Ah, deve servir.Colocou e se olhou no espelho novamente. E novamente, não ficou totalmente satis
O caminho até o evento, mesmo com a tensão daquele momento, foi tranquilo e divertido. Ulisses era bom em deixar tudo e todos ao seu redor mais leves e à vontade.Havia fotógrafos por toda parte na entrada e o movimento de carros estava congestionando as ruas por conta de um bar Country super famoso na área.Havia congestionamento, exceto para os empresários convidados que seguiam há um estacionamento no subsolo.Saíram do carro com sorrisos no rosto. Ulisses deu novamente o braço para Hazel, que segurou rapidamente por medo de cair.Usava um salto branco e fino que poderia provocar a maior pagação de mico de sua vid