Hazel se remexeu na cama. — Como assim? — indagou de sobrancelhas unidas. O ceo desviou o olhar, tentando pensar em uma justificativa que não o fizesse parecer um idiota incapaz de quebrar um voto patético que fez para si mesmo no banheiro de sua sala. Mas algo parecia dizê-lo para ser sincero. Ulisses se sentou ao lado dela. — É complicado… — foi o que conseguiu dizer. Ele engoliu em seco. — Lembra quando eu te disse que não estava mais saindo com ninguém? Que eu queria algo sério e que a vida de cachorrão havia acabado pra mim? A mulher assentiu, tentando não revirar os olhos com o fato do namorado ter se referido como um cachorrão. — Sim, me lembro — disse ela, cruzando os braços. — Bem… não pense mal de mim, mas eu fiz um voto. Foi a forma que encontrei de ser fiel ao meu desejo de viver um amor e ter um relacionamento. — Você poderia apenas não sair com ninguém. — Sim, eu sei que parece bobagem. Mas, Haze, veja… eu precisava mesmo de um incentivo. Uma causa que
Existia um silêncio constrangedor na sala de estar da fazenda. O cheiro de chantilly de lata perturbava a face de Ulisses, deixando-o com as narinas enrugadas. Os olhos dele se mantinham passeando na mãe e no homem. Julgando-os…Dona Rita suspirou. Já estavam devidamente vestidos, embora ainda haja resquícios de chantilly no cabelo do homem. Hazel assistia a situação sem olhar para ninguém ou falar.— Eu agradeceria se mudasse essa cara, Ulisses — sugeriu Rita.— Não consigo. Fui traumatizado há minutos atrás. Acho que vou precisar de um psicólogo — disse, desviando o olhar. — Ora, desfaça essa cara agora — a mulher enfezou. — Estou sozinha há anos. Achou que eu merecia viver assim? Os olhos do ceo a miraram. — Mas é claro que não! — Então me diga o que quer de mim? — Rita se exaltou. — Apenas que faça “aquelas” coisas dentro do seu quarto enquanto estivermos aqui. Eu não sou obrigado a presenciar aquela cena horrorosa — disse ele, simulando um calafrio. — Terei pesadelos e nunc
Ulisses estava mesmo, mais que em qualquer outro momento da vida, parecendo um pavão exibido. O peito inflado e o sorriso charmoso revelavam que ele não estava surpreso. Obviamente que Ulisses St Jhon venceria aquele concurso e ficaria ainda mais metido. Mais convencido. Hazel se viu revirando os olhos pela terceira vez. — Céus, guarda essa coisa — implorou ela, rindo nervosamente. — De forma alguma — negou o ceo. — Eu sou, oficialmente, o “Cowboy atraente n°1”. Adiantando um passo para ficar na frente dele, Hazel agarrou-se na camisa do namorado, sorrindo com o rosto divertido. — Você é lindão, amor. Não precisa dessa faixa cheia de brilho e frufru para provar isso. Ulisses estalou a língua.— Não preciso, mas quero — explicou ele. — E você só está agindo assim porque não quer assumir que meu charme supera aquele Capitão Idiotão que você é fã.A gargalhada dela fez as pupilas do ceo dilatarem. Ele se achava tão apaixonado que aquele som era como voar entre as nuvens ou ouvir su
Meses se passaram... O casal andava tendo alguns problemas ultimamente. Hazel estava trabalhando mais do que já trabalhava. De fato, ela era mesmo um tanto viciada no trabalho, e se via ansiosa demais em corresponder ao cargo que estava exercendo agora. Hazel tirava de letra. Resolvia qualquer problema com muita facilidade. No entanto, seu namorado estava dando nos nervos. Ela bufou, apertando o topo do nariz.— Eu já disse que isso é importante, Ulisses — disse ela, sentada em sua mesa. O namorado permanecia com as sobrancelhas unidas, segurando a maçaneta. Havia entrado há poucos segundos, cuspindo seus dramas. — Então quer dizer que o trabalho é mais importante do que estar comigo? — indagou ele, chocado. — Céus, Ulisses. Você está naqueles dias? Anda muito sensível. — Está fazendo piada, mas nós não saímos juntos quase duas semanas. Você me dá um beijo rápido quando nos vemos de manhã e sempre que eu ligo pra você, diz que precisa terminar isso ou aquilo. Somos um cas
Ulisses St Jhon não era de beber, mas a ocasião pedia altas doses de Bourbon para lhe encorajar.O copo bateu na pia de mármore com força.Em seguida encarou o próprio reflexo no espelho do banheiro. Observou seu cavanhaque ralo, passando a mão no queixo.— Tão lindo assim e solteiro. Por que as mulheres não te amam, Ulisses?Era uma pergunta real, difícil de fazer e sem resposta.Suspirou e então tomou coragem.— Eu, Ulisses St Jhon, o homem mais lindo de Nova York e que é um imã de mulheres interesseiras — tomou fôlego por um momento. — Juro a mim mesmo que não farei sexo até encontrar uma namorada que me ame!Ao terminar tudo perdeu sentido e ele soltou o ar se apoiando na pia do banheiro. Pareceu certo virar o restante do Bourbon.— Você precisa disso — tentou se convencer. — Se continuar na farra nunca vai conseguir o que tanto sonha. É... vai valer a pena.E de um segundo para outro, o sentido voltou com tudo. Ele queria alguém para amar. Que o amasse de volta. Que envelhecessem
Estava na ultima série quando um miado esganiçado preencheu a academia da casa.Ulisses soltou o peso, ofegante. Depois sorriu para a bolinha de pelos preta que andava até ele como se estivesse aprendendo a andar.Ulisses deu risada.— Veio aqui fazer o quê?A gatinha miou em um berro agudo.— Ok, já entendi. Está com fome? — perguntou se levantando do banco.Fagulha deu meia volta e começou a correr de um jeito engraçado pela casa.Ulisses foi atrás, passando uma toalha úmida pelo peitoral exposto para secar o suor. Em seguida a jogou sobre o ombro.Costumava ir a academia com o amigo, mas Evan se mudou para Los Angeles. Fazia isso justamente porque lá, encontrava mulheres que pareciam gostar de vê-lo treinar e se derretiam com seu sorriso charmoso. Então sempre voltava bem acompanhando para casa.Mas suas intenções agora são outras. Nada de sexo casual com belas mulheres. Terá que se contentar com a academia de sua casa e a companhia de Fagulha. Bem longe das interesseiras.Ulisses
As manhãs na casa das Parker eram sempre barulhentas. Felícia ouvindo música alta no banheiro enquanto se arruma, Hazel andando pela casa reclamando que tudo por ali estava uma baderna e ao mesmo tempo, o vizinho de cima estreava a cama nova. Às sete horas da manhã! — Eu mereço ter que ouvir essa baixaria logo cedo. Felícia, saí do banheiro que eu quero usar!Hazel gritou enquanto guardava suas coisas na bolsa. Depois foi até a cozinha em busca de cafeína.Ela fez seu café e voltou até o banheiro, se irritando com a porta fechada.Se aproximou e bateu na porta com força.— Oh madame, não existe só você no mundo, sabia? — gritou para a irmã sair.Felícia então desligou a música e abriu a porta. Encarou Hazel com uma expressão esnobe.— Quer entrar para quê se você nem se arruma?Essa garota.— E por acaso não mijo também?— Credo, que linguajar — Felícia saiu do banheiro jogando seu cabelo curto e moderno.Se parecia bastante com Hazel, exceto pelos olhos. Os de Felícia eram escuros c
— Toc-toc — Hazel disse ao invés de bater. — Estou entrando.Ulisses virou o rosto para ela de dentro do banheiro. Estava fazendo a barba e pensando em todos os seus problemas, até ela entrar e deixá-lo inexplicavelmente deslumbrado.O cabelo de Hazel se sacudia para os lados, lindamente, enquanto andava em sua direção.Ele chegou a engolir em seco antes de desviar o olhar para o espelho. O que está havendo comigo? — Estão querendo um pronunciamento seu — ela disse parada na porta.Ulisses virou o rosto para ela com as sobrancelhas grossas unidas.— Quem quer este pronunciamento?— A mídia.A resposta de Ulisses foi um dar de ombros indiferente.Hazel deu um passo para dentro, ficando ao lado dele.— Eu sei que nenhum deles tem a ver com sua vida, mas a mentira de que você foi do A.A está se espalhando. Pessoas importantes estão lingando...— Acionistas?Ulisses lavou a navalha, a olhando de relance.— Sim. Alguns investidores não querem o envolvimento.— Bando de babacas. Deveriam s