04

— Toc-toc — Hazel disse ao invés de bater. — Estou entrando.

Ulisses virou o rosto para ela de dentro do banheiro. Estava fazendo a barba e pensando em todos os seus problemas, até ela entrar e deixá-lo inexplicavelmente deslumbrado.

O cabelo de Hazel se sacudia para os lados, lindamente, enquanto andava em sua direção.

Ele chegou a engolir em seco antes de desviar o olhar para o espelho. O que está havendo comigo?

— Estão querendo um pronunciamento seu — ela disse parada na porta.

Ulisses virou o rosto para ela com as sobrancelhas grossas unidas.

— Quem quer este pronunciamento?

— A mídia.

A resposta de Ulisses foi um dar de ombros indiferente.

Hazel deu um passo para dentro, ficando ao lado dele.

— Eu sei que nenhum deles tem a ver com sua vida, mas a mentira de que você foi do A.A está se espalhando. Pessoas importantes estão lingando...

— Acionistas?

Ulisses lavou a navalha, a olhando de relance.

— Sim. Alguns investidores não querem o envolvimento.

— Bando de babacas. Deveriam saber que eu não sou assim.

— Deveria fazer o pronunciamento. Pode ser nas redes sociais mesmo.

Ele soltou um suspiro e encarou seu reflexo. Agora com um cavanhaque perfeito. Eu fico lindo assim.

— Ei?

Hazel estrala os dedos para que Ulisses a respondesse.

— Para de se namorar e me responda.

— Não sei. Eu não sei o que fazer...

E então passa por ela.

— Eu vou almoçar fora. Não sei se eu volto para a empresa.

Ulisses parou na mesa e pegou o celular, o guardando no bolso. Depois olhou para Hazel, que com um rostinho pensativo, fez ele quere mudar de ideia e voltar somente por ela. Gostava da companhia de Hazel.

— Ou talvez, venha. Não sei.

Se apressou em sair da sala, piscando os olhos com força. Hazel apenas mudou o penteado, como podia ter transformado sua imagem tanto assim?

Ulisses não gostava da ideia de se sentir estranho na presença da a amiga só por causa de um cabelo solto ou uma roupa que seja do tamanho dela. Eram amigos. Isso não fazia sentido. É a Haze, pelo amor de Deus!

Cruzou a porta dando uma meia volta logo depois.

Esbarrou com Hazel logo atrás de si e seus corpos se chocaram. Ai meu pai amado.

Ulisses engoliu em seco quando segurou ela para não esbarrar na porta.

Hazel apenas sorriu, lhe dando dois tapinhas no ombro.

— Uh, foi por pouco — ela disse.

— Você está bem?

— Sim. E você...?

Ela não entendia o porquê dele não tê-la soltado ainda.

Então Ulisses pisca rapidamente e a solta. Sua cabeça em uma repentina confusão.

— Eu... eu tenho que ir. Me ligue se algo acontecer.

Ulisses coçou a nuca e deu as costas para Hazel, fechando os olhos com força depois. Entrou no elevador e então soltou uma suspiro pesado.

Estava confundindo as coisas. Nunca sentiu esse tipo de atração por Hazel, nunca a viu como uma mulher que lhe daria mole. E não porque não a considera uma mulher bonita, mas porque Hazel é diferente de tudo que já conheceu.

Ao som da musiquinha do elevador, Ulisses riu com a cabeça levantada.

— Ela é mesmo. Diferente de tudo e...

E seus pensamentos completaram: Diferente de todas!

 (...)

Ulisses parou com a moto no estacionamento de um famoso restaurante italiano ali de Nova York. Desceu da moto e tirou o capacete bagunçando o cabelo.

Parada em frente ao estabelecimento, Brenda o esperava com toda sua pose de rainha do mundo. Algumas pessoas paravam para tirar foto com a modelo famosa. Ela adorava essa fama e seus fãs.

As caras e bocas da amiga para as fotos o fez rir e se aproximar.

— Brenda Scoot, tira uma foto comigo — ele afinou a voz para chamar a atenção dela.

A modelo riu e se despede dos fãs. Se virou para ele com as mãos na cintura prestes a dá-lo um sermão.

— Bebendo? Batendo em postes? Se quer se matar me chame que eu faço isso sem estragar sua Ferrari, seu trate — Brenda adiantou um passo e lhe deu um tapa forte no braço antes de entrar no restaurante.

Ulisses passou a mão no lugar do tapa. Mão pesada.

Depois a seguiu para dentro do estabelecimento. Logo estavam em uma boa mesa com vista para as ruas de Nova York.

— Então — ela começou depois se acomodou na cadeira —, vai me dizer o que está acontecendo com você?

— Eu estou bem. Acabei exagerando no Bourbon.

Ulisses respondeu quando também se acomodou, em uma cadeira em frente a ela. Depois olhou ao redor do restaurante vendo um garçom fazer sinal que em breve iria até eles.

— E então, vamos falar sobre o casamento? — ele muda de assunto a encarando.

— Exagerando no Bourbon?

Ulisses pegou o cardápio. Chegou a pensar por um breve momento em levar Hazel ali. Será que ela gosta de comida Italiana?

— Ulisses?

— Nossa, eu adoro esse restaurante. O que vai pedir?

— Você bateu em um poste!

— Acho que vou pegar lasanha.

— Ulisses?

— Não!

Brenda se irritou e puxou o cardápio dele. Oh, mulher!

— Cadê sua classe, Brenda Scoot?

— Você deve ter bebido junto com o Bourbon. Por que fez isso? Você não é assim.

Os olhos dela estavam preocupados. O tipo de preocupação que Ulisses não queria ter que lidar, pois era sua melhor amiga.

Se conheceram em uma festa da faculdade. Ulisses, o-nerd, tentou roubar um beijo dela, a-popular. A história acabou em um tapa e depois, em uma amizade duradoura.

Por isso era tão difícil dizer que vinha se afundando em solidão nos últimos dias. Acabaria despertando pena em uma das pessoas que amava na vida.

— Eu só fiquei chateado comigo e o Bourbon estava perto. E você sabe o quanto adoro Bourbon.

— É, eu sei. Mas isso não justifica. Toda vez que ficar chateado vai se embebedar?

— Não. Você mesma disse, eu não sou de fazer essas coisas. E já passou. Anda, me diga tudo sobre o casamento.

Ela decidiu acreditar que Ulisses não se sabotaria daquela forma novamente.

No mesmo segundo, Brenda bateu palmas cheia de euforia tirando um sorriso sincero de Ulisses.

— Eu quero que seja minha madrinha.

Ela quer o quê?

— Padrinho?

— Não. Madrinha.

— Você sabe que sou homem, não sabe? Tem um pinto entre minhas pernas, Brenda.

— Ai, eu sei — ela cochichou sobre a mesa, olhando para os lados. — Não fale assim, seu bocudo. Eu tenho uma fama a zelar.

— E eu também!

— Você não vai usar vestidos ou se vestir de mulher. Só vai me ajudar a organizar o casamento como uma madrinha faz. É meu melhor amigo.

Ela jogou pesado, acertando o lado manteiga derretida de Ulisses.

— Ok. Eu serei sua madrinha.

Brenda sorriu com sombra nos olhos e Ulisses viu ali, sua masculinidade indo para o ralo.

Vindo de Brenda, aquele sorrisinho não significava boa coisa.

— Maravilha. Eu sabia que aceitaria. Agora, vamos falar do seu terno. Ele será rosa-choque.

(...)

Era fim do expediente, mas Ulisses decidiu voltar para a empresa. Não sabia bem porquê, mas queria falar tudo que Brenda estava fazendo ela passar. Toda a tortura matrimonial.

Saiu do seu andar pois Hazel não estava por ali. A conhecendo bem como conhece, sabia que a amiga estava atrás de café.

Andou pelos corredores do térreo a procura da sala de descanso dos funcionários. Nunca foi lá, então não sabia bem aonde era.

Errou entrando em algumas salas, até ouvir risos e vozes vindo de uma porta dupla em frente uma máquina de doces.

Quando abriu a porta todas as vozes pararam imediatamente. Olhos o encarava sem e pareciam piscar juntos.

O chefe na sala de descanso dos funcionários. Nada mais estanho...

Ulisses sorriu sem graça.

— Não liguem para mim. Estou procurando a Hazel.

Ao dizer isso, alguns olham para a direção da máquina de café.

Ulisses segue os olhares e a encontra.

Parada e com um olhar entediado. Olhar direcionado a ele.

— Haze!

E então entrou na sala.

Hazel riu e se virou para pegar o café, virando para ele depois.

— O que foi?

— Preciso da sua ajuda.

— Claro. Depois que meu descanso acabar.

Hazel andou até uma mesa vazia.

Ulisses a seguiu e se sentou em uma cadeira ao lado dela.

Os olhos de Hazel se reviraram pela ansiedade do chefe.

— Brenda me pediu para ser madrinha dela.

Hazel o encarou e riu.

— Madrinha?

— É. Mas não vou bancar a moça, só vou ajudar ela com o casamento.

Hazel soltou um Hum pensativo.

— Já entendi. Quer que eu faça essas coisas pra você.

— ... Tipo isso.

— Mas nem morta. O madrinha é você!

Ulisses fez uma expressão casada e caiu com a testa na mesa. Depois olhou para ela.

— Por favor, Haze.

— Posso apenas te enviar links de arranjos, flores, tecidos e lugares. Mas é você quem vai decidir.

— Eu sei — Ulisses caiu com o rosto contra a mesa de novo. — Aquela mulher é louca!

Hazel deu risada, revirando os olhos e olhando ao redor. Algumas mulheres o olhava de soslaio mordendo o lábio.

Ulisses não percebeu esses olhares. Nem o desejo nos olhos de Joice que parecia devora-lo.

Logo Hazel bebeu o café e se levantou.

— Irei terminar uma relatórios. Enquanto faço isso você pode fazer as pesquisas e me mostrar para te dar minha opinião.

Ulisses levantou a cabeça sorrindo aliviado.

— Você é a melhor, sabia?

— Eu sabia.

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