— Toc-toc — Hazel disse ao invés de bater. — Estou entrando.
Ulisses virou o rosto para ela de dentro do banheiro. Estava fazendo a barba e pensando em todos os seus problemas, até ela entrar e deixá-lo inexplicavelmente deslumbrado.
O cabelo de Hazel se sacudia para os lados, lindamente, enquanto andava em sua direção.
Ele chegou a engolir em seco antes de desviar o olhar para o espelho. O que está havendo comigo?
— Estão querendo um pronunciamento seu — ela disse parada na porta.
Ulisses virou o rosto para ela com as sobrancelhas grossas unidas.
— Quem quer este pronunciamento?
— A mídia.
A resposta de Ulisses foi um dar de ombros indiferente.
Hazel deu um passo para dentro, ficando ao lado dele.
— Eu sei que nenhum deles tem a ver com sua vida, mas a mentira de que você foi do A.A está se espalhando. Pessoas importantes estão lingando...
— Acionistas?
Ulisses lavou a navalha, a olhando de relance.
— Sim. Alguns investidores não querem o envolvimento.
— Bando de babacas. Deveriam saber que eu não sou assim.
— Deveria fazer o pronunciamento. Pode ser nas redes sociais mesmo.
Ele soltou um suspiro e encarou seu reflexo. Agora com um cavanhaque perfeito. Eu fico lindo assim.
— Ei?
Hazel estrala os dedos para que Ulisses a respondesse.
— Para de se namorar e me responda.
— Não sei. Eu não sei o que fazer...
E então passa por ela.
— Eu vou almoçar fora. Não sei se eu volto para a empresa.
Ulisses parou na mesa e pegou o celular, o guardando no bolso. Depois olhou para Hazel, que com um rostinho pensativo, fez ele quere mudar de ideia e voltar somente por ela. Gostava da companhia de Hazel.
— Ou talvez, venha. Não sei.
Se apressou em sair da sala, piscando os olhos com força. Hazel apenas mudou o penteado, como podia ter transformado sua imagem tanto assim?
Ulisses não gostava da ideia de se sentir estranho na presença da a amiga só por causa de um cabelo solto ou uma roupa que seja do tamanho dela. Eram amigos. Isso não fazia sentido. É a Haze, pelo amor de Deus!
Cruzou a porta dando uma meia volta logo depois.
Esbarrou com Hazel logo atrás de si e seus corpos se chocaram. Ai meu pai amado.
Ulisses engoliu em seco quando segurou ela para não esbarrar na porta.
Hazel apenas sorriu, lhe dando dois tapinhas no ombro.
— Uh, foi por pouco — ela disse.
— Você está bem?
— Sim. E você...?
Ela não entendia o porquê dele não tê-la soltado ainda.
Então Ulisses pisca rapidamente e a solta. Sua cabeça em uma repentina confusão.
— Eu... eu tenho que ir. Me ligue se algo acontecer.
Ulisses coçou a nuca e deu as costas para Hazel, fechando os olhos com força depois. Entrou no elevador e então soltou uma suspiro pesado.
Estava confundindo as coisas. Nunca sentiu esse tipo de atração por Hazel, nunca a viu como uma mulher que lhe daria mole. E não porque não a considera uma mulher bonita, mas porque Hazel é diferente de tudo que já conheceu.
Ao som da musiquinha do elevador, Ulisses riu com a cabeça levantada.
— Ela é mesmo. Diferente de tudo e...
E seus pensamentos completaram: Diferente de todas!
(...)
Ulisses parou com a moto no estacionamento de um famoso restaurante italiano ali de Nova York. Desceu da moto e tirou o capacete bagunçando o cabelo.
Parada em frente ao estabelecimento, Brenda o esperava com toda sua pose de rainha do mundo. Algumas pessoas paravam para tirar foto com a modelo famosa. Ela adorava essa fama e seus fãs.
As caras e bocas da amiga para as fotos o fez rir e se aproximar.
— Brenda Scoot, tira uma foto comigo — ele afinou a voz para chamar a atenção dela.
A modelo riu e se despede dos fãs. Se virou para ele com as mãos na cintura prestes a dá-lo um sermão.
— Bebendo? Batendo em postes? Se quer se matar me chame que eu faço isso sem estragar sua Ferrari, seu trate — Brenda adiantou um passo e lhe deu um tapa forte no braço antes de entrar no restaurante.
Ulisses passou a mão no lugar do tapa. Mão pesada.
Depois a seguiu para dentro do estabelecimento. Logo estavam em uma boa mesa com vista para as ruas de Nova York.
— Então — ela começou depois se acomodou na cadeira —, vai me dizer o que está acontecendo com você?
— Eu estou bem. Acabei exagerando no Bourbon.
Ulisses respondeu quando também se acomodou, em uma cadeira em frente a ela. Depois olhou ao redor do restaurante vendo um garçom fazer sinal que em breve iria até eles.
— E então, vamos falar sobre o casamento? — ele muda de assunto a encarando.
— Exagerando no Bourbon?
Ulisses pegou o cardápio. Chegou a pensar por um breve momento em levar Hazel ali. Será que ela gosta de comida Italiana?
— Ulisses?
— Nossa, eu adoro esse restaurante. O que vai pedir?
— Você bateu em um poste!
— Acho que vou pegar lasanha.
— Ulisses?
— Não!
Brenda se irritou e puxou o cardápio dele. Oh, mulher!
— Cadê sua classe, Brenda Scoot?
— Você deve ter bebido junto com o Bourbon. Por que fez isso? Você não é assim.
Os olhos dela estavam preocupados. O tipo de preocupação que Ulisses não queria ter que lidar, pois era sua melhor amiga.
Se conheceram em uma festa da faculdade. Ulisses, o-nerd, tentou roubar um beijo dela, a-popular. A história acabou em um tapa e depois, em uma amizade duradoura.
Por isso era tão difícil dizer que vinha se afundando em solidão nos últimos dias. Acabaria despertando pena em uma das pessoas que amava na vida.
— Eu só fiquei chateado comigo e o Bourbon estava perto. E você sabe o quanto adoro Bourbon.
— É, eu sei. Mas isso não justifica. Toda vez que ficar chateado vai se embebedar?
— Não. Você mesma disse, eu não sou de fazer essas coisas. E já passou. Anda, me diga tudo sobre o casamento.
Ela decidiu acreditar que Ulisses não se sabotaria daquela forma novamente.
No mesmo segundo, Brenda bateu palmas cheia de euforia tirando um sorriso sincero de Ulisses.
— Eu quero que seja minha madrinha.
Ela quer o quê?
— Padrinho?
— Não. Madrinha.
— Você sabe que sou homem, não sabe? Tem um pinto entre minhas pernas, Brenda.
— Ai, eu sei — ela cochichou sobre a mesa, olhando para os lados. — Não fale assim, seu bocudo. Eu tenho uma fama a zelar.
— E eu também!
— Você não vai usar vestidos ou se vestir de mulher. Só vai me ajudar a organizar o casamento como uma madrinha faz. É meu melhor amigo.
Ela jogou pesado, acertando o lado manteiga derretida de Ulisses.
— Ok. Eu serei sua madrinha.
Brenda sorriu com sombra nos olhos e Ulisses viu ali, sua masculinidade indo para o ralo.
Vindo de Brenda, aquele sorrisinho não significava boa coisa.
— Maravilha. Eu sabia que aceitaria. Agora, vamos falar do seu terno. Ele será rosa-choque.
(...)
Era fim do expediente, mas Ulisses decidiu voltar para a empresa. Não sabia bem porquê, mas queria falar tudo que Brenda estava fazendo ela passar. Toda a tortura matrimonial.
Saiu do seu andar pois Hazel não estava por ali. A conhecendo bem como conhece, sabia que a amiga estava atrás de café.
Andou pelos corredores do térreo a procura da sala de descanso dos funcionários. Nunca foi lá, então não sabia bem aonde era.
Errou entrando em algumas salas, até ouvir risos e vozes vindo de uma porta dupla em frente uma máquina de doces.
Quando abriu a porta todas as vozes pararam imediatamente. Olhos o encarava sem e pareciam piscar juntos.
O chefe na sala de descanso dos funcionários. Nada mais estanho...
Ulisses sorriu sem graça.
— Não liguem para mim. Estou procurando a Hazel.
Ao dizer isso, alguns olham para a direção da máquina de café.
Ulisses segue os olhares e a encontra.
Parada e com um olhar entediado. Olhar direcionado a ele.
— Haze!
E então entrou na sala.
Hazel riu e se virou para pegar o café, virando para ele depois.
— O que foi?
— Preciso da sua ajuda.
— Claro. Depois que meu descanso acabar.
Hazel andou até uma mesa vazia.
Ulisses a seguiu e se sentou em uma cadeira ao lado dela.
Os olhos de Hazel se reviraram pela ansiedade do chefe.
— Brenda me pediu para ser madrinha dela.
Hazel o encarou e riu.
— Madrinha?
— É. Mas não vou bancar a moça, só vou ajudar ela com o casamento.
Hazel soltou um Hum pensativo.
— Já entendi. Quer que eu faça essas coisas pra você.
— ... Tipo isso.
— Mas nem morta. O madrinha é você!
Ulisses fez uma expressão casada e caiu com a testa na mesa. Depois olhou para ela.
— Por favor, Haze.
— Posso apenas te enviar links de arranjos, flores, tecidos e lugares. Mas é você quem vai decidir.
— Eu sei — Ulisses caiu com o rosto contra a mesa de novo. — Aquela mulher é louca!
Hazel deu risada, revirando os olhos e olhando ao redor. Algumas mulheres o olhava de soslaio mordendo o lábio.
Ulisses não percebeu esses olhares. Nem o desejo nos olhos de Joice que parecia devora-lo.
Logo Hazel bebeu o café e se levantou.
— Irei terminar uma relatórios. Enquanto faço isso você pode fazer as pesquisas e me mostrar para te dar minha opinião.
Ulisses levantou a cabeça sorrindo aliviado.
— Você é a melhor, sabia?
— Eu sabia.
*** Ulisses entrou com a moto no estacionamento da St Tec bufando feito um touro.Repórteres ainda preenchiam o local, mesmo que em menor número. Alguns deles que sabiam que o ceo ia trabalhar de moto — dado o fato da Ferraria estar amassada feito uma bola de papel em alguma oficina especializada da cidade — por isso, correram na direção de Ulisses assim que o ronco da moto ecoou por todo o ambiente.Vieram atrás dele feito formigas no açúcar.Ulisses tirou o capacete, bufando mais uma vez.— Senhor, nos dê um pronunciamento.— Já fazem três dias que o senhor está em silencio. Podemos confirmar que saiu do A.A há semanas atrás?— Senhor...?Flashes, vozes e microfones vieram de todos os lados.Ulisses colocou a mão em frente ao rosto, percebendo que entrava mais repórteres no estacionamento. Ignorou a todos e adentrou na empresa sem dizer nada.Seus passos firmes em direção ao elevador eram resultados da frustração que acabara de passar.Alcoólicos Anônimos? Ele?Ulisses apertou o
Hazel entrou sem bater no escritório de Ulisses, já no fim do expediente. Encontrou ele fazendo flexões. Sem camisa e com suor formado entre os músculos das costas.Ela desviou o olhar para a porta atrás de si e empurrou com o pé fazendo um baque ecoar.— Trouxe café — disse.Hazel andou até a mesa dele e deixou um copo de café, se encostando na mesma para beber seu prazer líquido.— Já estou acabando.Ela não falou mais nada. Apenas ficou ali vendo ele terminar a série de flexões e se jogar no chão de barriga para cima. Estava ofegante.— Pelo visto está chateado — Hazel falou se aproximando dele.Ulisses sempre se exercita fora de hora quando está irritado ou chateado com algo.Ela puxa uma cadeira e se senta ao lado do chefe largado no chão.— Um pouco.— Vim para fazermos uma declaração sua nas redes sociais. Você precisa dar um parecer.Ulisses a encarou serio e depois desviou o olhar. Não consigo olhar pra ela.— Não estou a fim de fazer isso — respondeu e começou a fazer abdom
A semana passou rápido demais, porém em nada Hazel poderia reclamar. Precisava de uma folga. De fazer nada . Procrastinar. Só comer e dormir.Não se lembrava da última vez que desacelerou seu ritmo.Los Angeles a aguardava dentro de alguns dias e por isso, vinha trabalhando dobrado para não deixar nada no trabalhar acumular. Então, naquela bela e ensolarada manhã de sábado, Hazel decidiu se cuidar como a muito tempo não fazia.Felícia estava dormindo na casa de uma amiga e passaria o fim de semana lá sem incomodar a irmã mais velha para absolutamente nada. Era o fim de semana ideal.Assim que acordou foi para o banho. Hidratou a pele e o cabelo, depilou as pernas e passou óleo de baunilha no corpo quando desligou o chuveiro.Saiu do banheiro enrolada na toalha. Renovada e com fome.- Aquela pirralha acabou com o cereal?Hazel bateu na porta do armário pegando uma maçã em cima da mesa.Estava seguindo para o quarto quando ouviu alguém bater na porta.Rapidamente ela andou em direção à
Ulisses fechou o livro em um suspiro. O teto alvo de seus olhos lhe pareceu bem interessante. — Eu posso estragar tudo...Era verdade.Em seguida ele se sentou na cama e encarou a capa do romance que estava lendo: Estupidamente apaixonado, de Lyssa Kay Adams. Uma história de amor entre amigos que o fez questionar a possibilidade de Hazel e ele se relacionarem. Logo ele negou com a cabeça, jogando o livro ao seu lado e deitando novamente. — Tentar algo irá estragar nossa amizade!E ele preferia viver sem um amor do que perder a companhia de Hazel. Sem ela, Ulisses não será feliz, então, se tentar algo ou chamá-la para sair em um encontro, como casal, significa perder a amizade dela, então não valerá a pena. Não!Ulisses levantou da cama rapidamente.— Não dá pra arriscar o que temos. Ficou de pé e andou até seu closet. Lá se despiu para tomar banho e seguiu para o banheiro luxuoso. Já deveria estar na empresa dado ao horário, mas mergulhou no romance entre amigos e viu tanta semel
Esperava o café ficar pronto em uma das mesas na cafeteria de Grace quando seu celular vibrou no bolso. Era Hazel. Algumas mulheres ainda mandavam mensagem para ele, até mesmo a que devorou seu bolo com folhas de ouro e tudo mais que estava em sua geladeira. Mas se recusava a responder cada uma delas.Principalmente agora. Estava com incertezas e sentimentos dentro de si que podia estragar uma relação importantes par ele. Sequer cogitava sair com algumas dessas interesseiras.Embora a falta de sexo o deixar maluco e sensível às vezes.Entrou na conversa de Hazel:“Virá na empresa hoje?”Ulisses ia responder, mas viu ela entrar na cafeteria. Chegou a s com a coincidência, mas não durou muito já que ela estava acompanhada por aquele tal de Marcolino. As sobrancelhas de Ulisses se uniram tanto que um vinco se formou. Por que estão juntos?— Ei — ele gritou, percebendo que fez isso alto demais. Ulisses atraiu não só a atenção de Hazel e Marcotário — como o chamou em seu pensamento —,
A semana se passou estranha para os amigos. Ulisses fazia tudo ficar estranho, graças aos seus sentimentos confusos e pela briga interna entre se arriscar ou manter a amizade. Obviamente que Hazel percebeu as diferentes atitudes do amigo. Ele estava indo mais vezes na sala de funcionários e pelo menos duas vezes naquela semana a levou para almoçarem juntos em um restaurante perto da St Tec. Estava oferecendo mais caronas do que costumava oferecer e sempre tratava Marcolino como se fosse o cara fosse um problema. Nada disso a incomodava. Comer de graça em restaurantes chiques e andar na garupa de uma moto que vale milhões não era o problema aqui. Ulisses estava mais grudento do que o normal! Um chiclete. Tanto, que queria ir buscar Hazel na casa dela no dia da viagem, sendo que em breve iriam se ver e ficar trancados no jatinho particular dele cinco horas seguidas. É muito Ulisses!Hazel riu de seus pensamentos ao chegar na pista de pouso. Pagou o taxista e percorreu toda a pista p
Primeiro dia de evento. Hazel estava com os nervos à flor da pele. Era sua grande chance e desejava aproveitar cada segundo do que virá pela frente. Mesmo que àquele primeiro dia seja apenas uma recepção formal entre os empresários da área de tecnologia. Ela terminou o banho se enrolando na toalha felpuda do Hotel de luxo que Ulisses e ela estão hospedados. Cada um em um quarto, obviamente.Andou pelo enorme cômodo se jogando com os braços abertos na cama. Chegou a suspirar com a maciez daquele colchão, os lençóis pareciam ser feitos de nuvem. Ah, eu isso que eu mereço. Nesse mesmo momento alguém bate na porta. Ela sabia que era Ulisses, pois ele a chamou logo depois de bater. Saco. Hazel bufou se colocando de pé e andando até a porta que abriu com uma expressão irritada.Os olhos de Ulisses desceram para o corpo dela assim que Hazel abriu a porta.— O quê? — ela perguntou, seca.— Por que sempre abre a porta pra mim de toalha?Não que ele fosse reclamar, mas estava sendo complica
Por sorte, a camisa de Ulisses tampava seu corpo e sua bunda — principalmente a tatuagem — e isso era confortável.Hazel e ele tomaram café da manhã juntos e falaram um pouco sobre o evento da noite. Quando Ulisses mencionou que Lennon provavelmente estará lá, Hazel teve um pequeno ataque de empolgação.— Mas se controle, ela é um pouco séria demais e se você agir assim ela vai te achar louca.Hazel apenas piscou e assentiu.— Ok, anotado. Sem histeria.Ele riu pelo nariz e abandonou a xícara de capuccino na mesa. Depois se levantou.<