05

***

Ulisses entrou com a moto no estacionamento da St Tec bufando feito um touro.

Repórteres ainda preenchiam o local, mesmo que em menor número. Alguns deles que sabiam que o ceo ia trabalhar de moto — dado o fato da Ferraria estar amassada feito uma bola de papel em alguma oficina especializada da cidade — por isso, correram na direção de Ulisses assim que o ronco da moto ecoou por todo o ambiente.

Vieram atrás dele feito formigas no açúcar.

Ulisses tirou o capacete, bufando mais uma vez.

— Senhor, nos dê um pronunciamento.

— Já fazem três dias que o senhor está em silencio. Podemos confirmar que saiu do A.A há semanas atrás?

— Senhor...?

Flashes, vozes e microfones vieram de todos os lados.

Ulisses colocou a mão em frente ao rosto, percebendo que entrava mais repórteres no estacionamento. Ignorou a todos e adentrou na empresa sem dizer nada.

Seus passos firmes em direção ao elevador eram resultados da frustração que acabara de passar.

Alcoólicos Anônimos? Ele?

Ulisses apertou o botão do elevador com força. Idiotas!

Quando a porta metálica se abriu, revelou Joice. Uma mulher bela, novata na St Tec e que devorou Ulisses com os olhos na primeira vez que o ceo apareceu na sala de descanso dos funcionários. Ela ouvira falar sobre como ele era bom naquilo e desejava desesperadamente provar.

Os lábios dela foram mordidos assim que Ulisses entrou e lhe desejou um inocente bom dia. Seco. Mal-humorado.

Ele apertou o botão do seu andar e esperou, passando a mão nos cabelos.

A voz de Joice ecoou sugestiva dentro do elevador.

— Parece cansado, chefe. Deveria pensar em relaxar.

Ele conhecia esse tom de voz. Essa intenção.

O radar interesseira-à-vista começou a apitar dentro de sua cabeça.

Ulisses se virou parcialmente, encontrando Joice com um olhar devorador. É. Ela me quer.

— Você tem razão. Jogarei golfe essa noite — tentou mostrar desinteresse, mas Joice era belíssima e sabia como seduzir só com o olhar. — Ou assistir desenhos. Não sei... Eu gosto do Bob Esponja.

Ele nunca sabe o que dizer às mulheres. Nunca precisou se preocupar em dizer algo, na verdade. Todas sempre se jogam em cima dele mesmo que conte a piada tosca do molusco do mar.

Joice sorriu e puxou o botão de segurança, travando o elevador no lugar.

— O que está fazendo? — ele perguntou.

Ela se adiantou até ele na medida em que Ulisses se afastava dela. Até bater contra a parede do elevador. Ai meu pai amado!

— Você é mesmo tão bonito quanto ouvi dizer — Joice passou o dedo no rosto dele.

— Claro que sou bonito. Agora por favor, moça...

— Joice — ela espalma a mão ao lado da cabeça de Ulisses. — E eu acho que posso te ajudar a relaxar bem mais que o golf. Se é que me entende.

Ah, eu entendo...

Então ela enche a mão nas partes intimas de Ulisses, fazendo ele dar um pulinho no lugar.

Joice abriu os lábios sorrindo.

— Uau!

— É-é moça, digo, Joice, meu pau é grande. Agora que descobriu, será que pode me soltar — falou quase gaguejando.

Estava por um fio. Tinha costume de ter noites de prazer quase que todas as noites, mas agora com seu voto, vinha entrado em uma seca que graças ao seu azar em encontrar mulheres que o ame de verdade, poderia se tornar um vasto deserto.

Agora, imagine toda esse tesão acumulado em suas partes quando tem uma mulher o  segurando?

Ela estava fazendo ele suar. Aguenta firme, cara.

— Eu quero você — ela disse. — Aqui e agora!

— Mas eu...

E antes mesmo que pudesse formular uma frase a mulher já estava desabotoando sua calça e a puxando para baixo.

Ulisses olhou para baixo assustado com a rapidez da moça.

Joice agachada e sorrindo na sua frente.

— Nossa, você é ligeira.

— E você, não viu nada ainda.

Joice lhe ofereceu uma piscada e ameaçou abaixar a cueca dele também, quando foi impedida por Ulisses.

— Joice, não faça isso — sua voz quase suplicando. — E-eu não quero.

Joice encarou o mastro escondido na cueca em frente ao seu rosto e depois ergueu os olhos, encarando Ulisses.

— Não parece que não quer.

É, ele estava excitado e seria ridículo negar.

— Vai por mim, eu até quero. Mas não quero.

Joice arqueou uma sobrancelha.

Ulisses aproveitou o momento de confusão dela para andar até o painel e apertar o botão de emergência. Logo o elevador começou a subir novamente.

Ulisses fez que subiria as calças arriadas na canela.

— Ei, ainda não terminei com você — Joice engatinhou rapidamente até ele, o impedindo de se vestir.

— O quê?

Ela o empurrou contra a parede e libertou a fera aprisionada da cueca de Ulisses. Os olhos dela brilharam com o mastro do chefe, exposto e reluzente.

— Minha nossa, isso é uma obra prima — Joice sussurrou.

— Eu fico lisonjeado, mas...

E então, a porta se abriu no seu andar.

Hazel estava parada segurando um copo de café.

Joice salivando e hipnotizada.

Ulisses com as calças arriadas e exposto.

Hazel deu um passo para trás e se virou, andando de volta a sua mesa de trabalho.

— Haze! — ele a gritou. — Não é o que está pensando.

Ulisses tenta se vestir, esbarrando em Joice,  fazendo a mulher reclamar e cair no chão antes de passar por ela para ir até Hazel.

— Haze!

— Eu não vi nada — ela grita de volta.

Ele saiu do elevador já de cueca e puxando a calça da canela, desesperado, até que tropeçou e caiu de cara no chão.

O baque fez ela se virar e encontrar Ulisses esparramado no chão com a calça arriada.

— Que humilhante — ele resmungou contra o chão. — Haze — a olhou —, ela me atacou!

— Ei! — Joice gritou do elevador antes dele se fechar.

— Ela é louca. Me assediou dentro do elevador. Você precisava ver...

— Ah, eu vi — Hazel se aproximou dele. — Vi até demais.

Ulisses apoiou o rosto em uma mão ainda deitado no chão.

— Você disse que não viu nada.

— Verdade, eu não vi nada.

A expressão confusa de Ulisses fez ela rir. Ah, mentirosa.

Ele se levantou reclamando e subiu a calça. Não percebeu o olhar discreto da amiga em seu amigão marcado pela cueca. Digamos que qualquer uma olharia.

Com ela não seria diferente.

Foi o que pensou antes de dar de ombros e voltar para sua mesa. Olhou o copo vazio na mão e se lembrou que ia até a sala de descanso pegar mais. Então deu meia volta, parando antes de esbarrar em Ulisses que vinha atrás de si.

Os olhos castanho do amigo a olhou de uma forma diferente. Não soube explicar.

Ulisses forçou sorrir e passou por ela indo até seu escritório.

Hazel ainda ficou ali, parada, tentando entender a loucura que aconteceu ali. Sabia que Ulisses dormia com algumas funcionárias, pois, já ouvira de muitas as suas aventuras com seu chefe. Isso despertava tanta indignação nela, que preferiu nem pensar muito sobre a cena que acabou de presenciar.

Andou até o elevador, parando e se lamentando pela sala ser tão longe daquele andar. Ela não conseguiria ir de escada.

Apertou o botão e encarou o local quando as portas se abriram. Afinal, o que aconteceu ali de tão terrível? Seu amigo ganhando um boquete?

— Ah... esquece isso!

Hazel apertou o botão do térreo com força, tentando apagar a imagem e o sentimento ruim que sempre sente quando ouve por aí sobre os casos dele.

Indignação.

Raiva.

Fúria.

Um desejo profundo de esganá-lo.

Logo ela balançou a cabeça em negação, soltando o ar com tudo e de olhos fechados. Já mandei esquecer, Hazel... então esqueça. Como toda vez. Esqueça isso.

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