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Repórteres ainda preenchiam o local, mesmo que em menor número. Alguns deles que sabiam que o ceo ia trabalhar de moto — dado o fato da Ferraria estar amassada feito uma bola de papel em alguma oficina especializada da cidade — por isso, correram na direção de Ulisses assim que o ronco da moto ecoou por todo o ambiente.
Vieram atrás dele feito formigas no açúcar.
Ulisses tirou o capacete, bufando mais uma vez.
— Senhor, nos dê um pronunciamento.
— Já fazem três dias que o senhor está em silencio. Podemos confirmar que saiu do A.A há semanas atrás?
— Senhor...?
Flashes, vozes e microfones vieram de todos os lados.
Ulisses colocou a mão em frente ao rosto, percebendo que entrava mais repórteres no estacionamento. Ignorou a todos e adentrou na empresa sem dizer nada.
Seus passos firmes em direção ao elevador eram resultados da frustração que acabara de passar.
Alcoólicos Anônimos? Ele?
Ulisses apertou o botão do elevador com força. Idiotas!
Quando a porta metálica se abriu, revelou Joice. Uma mulher bela, novata na St Tec e que devorou Ulisses com os olhos na primeira vez que o ceo apareceu na sala de descanso dos funcionários. Ela ouvira falar sobre como ele era bom naquilo e desejava desesperadamente provar.
Os lábios dela foram mordidos assim que Ulisses entrou e lhe desejou um inocente bom dia. Seco. Mal-humorado.
Ele apertou o botão do seu andar e esperou, passando a mão nos cabelos.
A voz de Joice ecoou sugestiva dentro do elevador.
— Parece cansado, chefe. Deveria pensar em relaxar.
Ele conhecia esse tom de voz. Essa intenção.
O radar interesseira-à-vista começou a apitar dentro de sua cabeça.
Ulisses se virou parcialmente, encontrando Joice com um olhar devorador. É. Ela me quer.
— Você tem razão. Jogarei golfe essa noite — tentou mostrar desinteresse, mas Joice era belíssima e sabia como seduzir só com o olhar. — Ou assistir desenhos. Não sei... Eu gosto do Bob Esponja.
Ele nunca sabe o que dizer às mulheres. Nunca precisou se preocupar em dizer algo, na verdade. Todas sempre se jogam em cima dele mesmo que conte a piada tosca do molusco do mar.
Joice sorriu e puxou o botão de segurança, travando o elevador no lugar.
— O que está fazendo? — ele perguntou.
Ela se adiantou até ele na medida em que Ulisses se afastava dela. Até bater contra a parede do elevador. Ai meu pai amado!
— Você é mesmo tão bonito quanto ouvi dizer — Joice passou o dedo no rosto dele.
— Claro que sou bonito. Agora por favor, moça...
— Joice — ela espalma a mão ao lado da cabeça de Ulisses. — E eu acho que posso te ajudar a relaxar bem mais que o golf. Se é que me entende.
Ah, eu entendo...
Então ela enche a mão nas partes intimas de Ulisses, fazendo ele dar um pulinho no lugar.
Joice abriu os lábios sorrindo.
— Uau!
— É-é moça, digo, Joice, meu pau é grande. Agora que descobriu, será que pode me soltar — falou quase gaguejando.
Estava por um fio. Tinha costume de ter noites de prazer quase que todas as noites, mas agora com seu voto, vinha entrado em uma seca que graças ao seu azar em encontrar mulheres que o ame de verdade, poderia se tornar um vasto deserto.
Agora, imagine toda esse tesão acumulado em suas partes quando tem uma mulher o segurando?
Ela estava fazendo ele suar. Aguenta firme, cara.
— Eu quero você — ela disse. — Aqui e agora!
— Mas eu...
E antes mesmo que pudesse formular uma frase a mulher já estava desabotoando sua calça e a puxando para baixo.
Ulisses olhou para baixo assustado com a rapidez da moça.
Joice agachada e sorrindo na sua frente.
— Nossa, você é ligeira.
— E você, não viu nada ainda.
Joice lhe ofereceu uma piscada e ameaçou abaixar a cueca dele também, quando foi impedida por Ulisses.
— Joice, não faça isso — sua voz quase suplicando. — E-eu não quero.
Joice encarou o mastro escondido na cueca em frente ao seu rosto e depois ergueu os olhos, encarando Ulisses.
— Não parece que não quer.
É, ele estava excitado e seria ridículo negar.
— Vai por mim, eu até quero. Mas não quero.
Joice arqueou uma sobrancelha.
Ulisses aproveitou o momento de confusão dela para andar até o painel e apertar o botão de emergência. Logo o elevador começou a subir novamente.
Ulisses fez que subiria as calças arriadas na canela.
— Ei, ainda não terminei com você — Joice engatinhou rapidamente até ele, o impedindo de se vestir.
— O quê?
Ela o empurrou contra a parede e libertou a fera aprisionada da cueca de Ulisses. Os olhos dela brilharam com o mastro do chefe, exposto e reluzente.
— Minha nossa, isso é uma obra prima — Joice sussurrou.
— Eu fico lisonjeado, mas...
E então, a porta se abriu no seu andar.
Hazel estava parada segurando um copo de café.
Joice salivando e hipnotizada.
Ulisses com as calças arriadas e exposto.
Hazel deu um passo para trás e se virou, andando de volta a sua mesa de trabalho.
— Haze! — ele a gritou. — Não é o que está pensando.
Ulisses tenta se vestir, esbarrando em Joice, fazendo a mulher reclamar e cair no chão antes de passar por ela para ir até Hazel.
— Haze!
— Eu não vi nada — ela grita de volta.
Ele saiu do elevador já de cueca e puxando a calça da canela, desesperado, até que tropeçou e caiu de cara no chão.
O baque fez ela se virar e encontrar Ulisses esparramado no chão com a calça arriada.
— Que humilhante — ele resmungou contra o chão. — Haze — a olhou —, ela me atacou!
— Ei! — Joice gritou do elevador antes dele se fechar.
— Ela é louca. Me assediou dentro do elevador. Você precisava ver...
— Ah, eu vi — Hazel se aproximou dele. — Vi até demais.
Ulisses apoiou o rosto em uma mão ainda deitado no chão.
— Você disse que não viu nada.
— Verdade, eu não vi nada.
A expressão confusa de Ulisses fez ela rir. Ah, mentirosa.
Ele se levantou reclamando e subiu a calça. Não percebeu o olhar discreto da amiga em seu amigão marcado pela cueca. Digamos que qualquer uma olharia.
Com ela não seria diferente.
Foi o que pensou antes de dar de ombros e voltar para sua mesa. Olhou o copo vazio na mão e se lembrou que ia até a sala de descanso pegar mais. Então deu meia volta, parando antes de esbarrar em Ulisses que vinha atrás de si.
Os olhos castanho do amigo a olhou de uma forma diferente. Não soube explicar.
Ulisses forçou sorrir e passou por ela indo até seu escritório.
Hazel ainda ficou ali, parada, tentando entender a loucura que aconteceu ali. Sabia que Ulisses dormia com algumas funcionárias, pois, já ouvira de muitas as suas aventuras com seu chefe. Isso despertava tanta indignação nela, que preferiu nem pensar muito sobre a cena que acabou de presenciar.
Andou até o elevador, parando e se lamentando pela sala ser tão longe daquele andar. Ela não conseguiria ir de escada.
Apertou o botão e encarou o local quando as portas se abriram. Afinal, o que aconteceu ali de tão terrível? Seu amigo ganhando um boquete?
— Ah... esquece isso!
Hazel apertou o botão do térreo com força, tentando apagar a imagem e o sentimento ruim que sempre sente quando ouve por aí sobre os casos dele.
Indignação.
Raiva.
Fúria.
Um desejo profundo de esganá-lo.
Logo ela balançou a cabeça em negação, soltando o ar com tudo e de olhos fechados. Já mandei esquecer, Hazel... então esqueça. Como toda vez. Esqueça isso.
Hazel entrou sem bater no escritório de Ulisses, já no fim do expediente. Encontrou ele fazendo flexões. Sem camisa e com suor formado entre os músculos das costas.Ela desviou o olhar para a porta atrás de si e empurrou com o pé fazendo um baque ecoar.— Trouxe café — disse.Hazel andou até a mesa dele e deixou um copo de café, se encostando na mesma para beber seu prazer líquido.— Já estou acabando.Ela não falou mais nada. Apenas ficou ali vendo ele terminar a série de flexões e se jogar no chão de barriga para cima. Estava ofegante.— Pelo visto está chateado — Hazel falou se aproximando dele.Ulisses sempre se exercita fora de hora quando está irritado ou chateado com algo.Ela puxa uma cadeira e se senta ao lado do chefe largado no chão.— Um pouco.— Vim para fazermos uma declaração sua nas redes sociais. Você precisa dar um parecer.Ulisses a encarou serio e depois desviou o olhar. Não consigo olhar pra ela.— Não estou a fim de fazer isso — respondeu e começou a fazer abdom
A semana passou rápido demais, porém em nada Hazel poderia reclamar. Precisava de uma folga. De fazer nada . Procrastinar. Só comer e dormir.Não se lembrava da última vez que desacelerou seu ritmo.Los Angeles a aguardava dentro de alguns dias e por isso, vinha trabalhando dobrado para não deixar nada no trabalhar acumular. Então, naquela bela e ensolarada manhã de sábado, Hazel decidiu se cuidar como a muito tempo não fazia.Felícia estava dormindo na casa de uma amiga e passaria o fim de semana lá sem incomodar a irmã mais velha para absolutamente nada. Era o fim de semana ideal.Assim que acordou foi para o banho. Hidratou a pele e o cabelo, depilou as pernas e passou óleo de baunilha no corpo quando desligou o chuveiro.Saiu do banheiro enrolada na toalha. Renovada e com fome.- Aquela pirralha acabou com o cereal?Hazel bateu na porta do armário pegando uma maçã em cima da mesa.Estava seguindo para o quarto quando ouviu alguém bater na porta.Rapidamente ela andou em direção à
Ulisses fechou o livro em um suspiro. O teto alvo de seus olhos lhe pareceu bem interessante. — Eu posso estragar tudo...Era verdade.Em seguida ele se sentou na cama e encarou a capa do romance que estava lendo: Estupidamente apaixonado, de Lyssa Kay Adams. Uma história de amor entre amigos que o fez questionar a possibilidade de Hazel e ele se relacionarem. Logo ele negou com a cabeça, jogando o livro ao seu lado e deitando novamente. — Tentar algo irá estragar nossa amizade!E ele preferia viver sem um amor do que perder a companhia de Hazel. Sem ela, Ulisses não será feliz, então, se tentar algo ou chamá-la para sair em um encontro, como casal, significa perder a amizade dela, então não valerá a pena. Não!Ulisses levantou da cama rapidamente.— Não dá pra arriscar o que temos. Ficou de pé e andou até seu closet. Lá se despiu para tomar banho e seguiu para o banheiro luxuoso. Já deveria estar na empresa dado ao horário, mas mergulhou no romance entre amigos e viu tanta semel
Esperava o café ficar pronto em uma das mesas na cafeteria de Grace quando seu celular vibrou no bolso. Era Hazel. Algumas mulheres ainda mandavam mensagem para ele, até mesmo a que devorou seu bolo com folhas de ouro e tudo mais que estava em sua geladeira. Mas se recusava a responder cada uma delas.Principalmente agora. Estava com incertezas e sentimentos dentro de si que podia estragar uma relação importantes par ele. Sequer cogitava sair com algumas dessas interesseiras.Embora a falta de sexo o deixar maluco e sensível às vezes.Entrou na conversa de Hazel:“Virá na empresa hoje?”Ulisses ia responder, mas viu ela entrar na cafeteria. Chegou a s com a coincidência, mas não durou muito já que ela estava acompanhada por aquele tal de Marcolino. As sobrancelhas de Ulisses se uniram tanto que um vinco se formou. Por que estão juntos?— Ei — ele gritou, percebendo que fez isso alto demais. Ulisses atraiu não só a atenção de Hazel e Marcotário — como o chamou em seu pensamento —,
A semana se passou estranha para os amigos. Ulisses fazia tudo ficar estranho, graças aos seus sentimentos confusos e pela briga interna entre se arriscar ou manter a amizade. Obviamente que Hazel percebeu as diferentes atitudes do amigo. Ele estava indo mais vezes na sala de funcionários e pelo menos duas vezes naquela semana a levou para almoçarem juntos em um restaurante perto da St Tec. Estava oferecendo mais caronas do que costumava oferecer e sempre tratava Marcolino como se fosse o cara fosse um problema. Nada disso a incomodava. Comer de graça em restaurantes chiques e andar na garupa de uma moto que vale milhões não era o problema aqui. Ulisses estava mais grudento do que o normal! Um chiclete. Tanto, que queria ir buscar Hazel na casa dela no dia da viagem, sendo que em breve iriam se ver e ficar trancados no jatinho particular dele cinco horas seguidas. É muito Ulisses!Hazel riu de seus pensamentos ao chegar na pista de pouso. Pagou o taxista e percorreu toda a pista p
Primeiro dia de evento. Hazel estava com os nervos à flor da pele. Era sua grande chance e desejava aproveitar cada segundo do que virá pela frente. Mesmo que àquele primeiro dia seja apenas uma recepção formal entre os empresários da área de tecnologia. Ela terminou o banho se enrolando na toalha felpuda do Hotel de luxo que Ulisses e ela estão hospedados. Cada um em um quarto, obviamente.Andou pelo enorme cômodo se jogando com os braços abertos na cama. Chegou a suspirar com a maciez daquele colchão, os lençóis pareciam ser feitos de nuvem. Ah, eu isso que eu mereço. Nesse mesmo momento alguém bate na porta. Ela sabia que era Ulisses, pois ele a chamou logo depois de bater. Saco. Hazel bufou se colocando de pé e andando até a porta que abriu com uma expressão irritada.Os olhos de Ulisses desceram para o corpo dela assim que Hazel abriu a porta.— O quê? — ela perguntou, seca.— Por que sempre abre a porta pra mim de toalha?Não que ele fosse reclamar, mas estava sendo complica
Por sorte, a camisa de Ulisses tampava seu corpo e sua bunda — principalmente a tatuagem — e isso era confortável.Hazel e ele tomaram café da manhã juntos e falaram um pouco sobre o evento da noite. Quando Ulisses mencionou que Lennon provavelmente estará lá, Hazel teve um pequeno ataque de empolgação.— Mas se controle, ela é um pouco séria demais e se você agir assim ela vai te achar louca.Hazel apenas piscou e assentiu.— Ok, anotado. Sem histeria.Ele riu pelo nariz e abandonou a xícara de capuccino na mesa. Depois se levantou.<
Ulisses estava usando o quinto modelito, mas ainda não estava se sentindo confortável com a escolha. Embora estivesse convencido de que nada nele ficava feio, algo estava lhe provocando frio na barriga. Não sabia dizer bem o quê?Deu uma olhada rápida no espelho fazendo careta. Essa também não.Então começou a desabotoar a camisa social vinho, tirando e jogando para dentro do closet com certo desânimo.— Por que nada parece bom? — Perguntou para si mesmo retirando uma camisa social azul royal do cabide. — Ah, deve servir.Colocou e se olhou no espelho novamente. E novamente, não ficou totalmente satis