O Silêncio de Uma Noite

O Silêncio de Uma NoitePT

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Erasmo S.S  concluído
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Índice

Após acordar, de uma noite estranhamente longa, um adolescente se encontra cercado de fatos inexplicáveis e perturbadores. Sua saída será partir em busca de respostas para tudo que o atormenta.

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Prólogo
 Uma pessoa vinha caminhando a passos largos numa estrada em companhia de seu cachorro de cor preta. O animal a vigiava e mantinha seus ouvidos atentos em tudo que se mexia ao redor. A mulher sabia dos sinais que ele podia lhe passar, ela também estava ligada a tudo quanto o cão pudesse lhe dizer. O perigo sempre foi iminente naquele mundo. A razão havia se perdido a muito e os poucos que ainda tinham não agiam de acordo com os padrões que a sociedade havia sido um dia, as correntes foram quebradas, todavia, os que se libertaram não eram tão inocentes assim.Ela sabia que estava próxima de seu destino. Estava a dias caminhando e se localizava por um pequeno mapa velho que pegou em uma escola abandonada nas redondezas de um lugar antigo chamado Sulacap. Havia poucos deles ainda existentes nesse mundo. Tudo havia se informatizado, antes da queda, e com a destruição da sociedade da informaç
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Parte 1 - Capítulo 1
Essa noite pareceu longa para Pedro de uma forma que não conseguia explicar. O sono o pegou e lhe arrastou para um precipício muito fundo, íngreme e perpendicular, tornando cada vez maior sua queda, causando o continuo aprofundamento, diretamente ao mais fundo do seu próprio interior. Dormiu por tantas horas que pareciam infinitas. Não que isso seja incomum para ele, mas dessa vez foi diferente.  É de se admirar que ainda esteja cansado, mesmo após todas as horas que permaneceu apagado. Um cansaço que seu corpo não permitia que conseguisse abrir os olhos para o nascer de um novo dia. O mundo tem tantos problemas difíceis de serem encarados que muitos fazem a escolha,  por diversas vezes, de que é melhor fechar os olhos e não abri-los mais. Não há cortina mais expressa do que a membranas que tapam nossas janelas. Não há luz que penetre quando estamos dispostos a e
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Capítulo 2
 Minha mãe é a pessoa mais forte que já conheci. Ela sozinha tomou conta de mim, minha irmã e minha avó. Sempre trabalhou duro na casa de outras pessoas. Certa vez fui acompanha-la em um trabalho e quis ajuda-la em seu serviço, isso não foi muito fácil. A prática a levou a um nível de competência no que fazia que me espantava. Como uma mulher que pouco dormia, mal conseguia comer bem com o dinheiro que tinha, e pouco descansava, pois ainda chegava em casa e tinha que cuidar dos seus, fazia aquele trabalho duro e desgastante tão bem feito? Acredito que isso seja coisa de mãe. Mães nascem com um espírito diferente dos demais seres. Sua energia é distinta biologicamente ou seu espirito é evoluído e programado para cuidar, não sei explicar bem. Acredito que a natureza deu a aquela que gera um amor diferente dos outros, que trás a tona o
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Capítulo 3
          Estava magro, ao ponto de conseguir ver suas costelas sobressaindo sobre a parte lateral do tronco. Passou os dedos sobre a pele e sentia o relevo que o esqueleto fazia sobre todo seu lado direito e esquerdo. Parecia que estava sem comer há séculos, ou mesmo que era um viciado em drogas, como aqueles que vemos perambulando pelas ruas, embora não estivesse sujo, mas sentia sua pele áspera como se a beira de escamar. Notava uma coceira incômoda entre as juntas. Seus joelhos estavam enrugados, os tornozelos e pés irreconhecíveis. Quando subiu sua visão até a imagem do espelho percebeu que estava com os cabelos compridos, haviam crescido até a altura dos seus ombros. Pedro Ferreira Rodrigues tinha o cabelo liso, fino e ralo, quando ele crescia logo caia para os lados e se dividia ao meio naturalmente. Porém naquele momento o que se apresentava a sua
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Capítulo 4
          Não vou dizer que meu relacionamento com minha irmã era dos melhores. Afinal, somos irmãos. Conhecem irmãos que não brigam?  Ela é dois anos mais velha do que eu. Sempre mais calada e na dela. Não gostava quando eu estava por perto e junto dos meus amigos, mas nunca mexeu comigo. Apenas gostava de mim do jeito dela.         Diz minha avó que Clarice foi quem mais sofreu com a morte do meu pai após minha mãe. Mesmo quando era uma criança bem pequena ela era muito apegada a ele, e ele a ela. Faziam tudo juntos. Mesmo não possuindo muitas condições ele adorava trazer pequenos presentes pra ela.         — Seu pai adorava a Clara. Era encantado pela pequena dele, como ele mesmo a chamava. Acredita que uma vez ele comprou uma
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Capítulo 5
           Quando recobrou a consciência percebeu que havia ficado naquele lugar por horas. Tudo estava escuro. Sabia que tinha anoitecido. O ar estava frio e sentia coisas sinistras o observando por todos os lugares. Levantou-se e tentou se orientar pra saber onde exatamente estava. Descobriu que tinha dormido por horas numa rua próxima da sua casa. Nunca tinha feito algo do tipo. —  Nossa que estranho. Sempre dormi na minha própria cama. Como pude dormir tanto tempo aqui? — Caminhou até a entrada da ruela e olhou em volta. Onde estava não havia seres vivos. — Onde estão todos? — Todavia percebeu que existiam sombras furtivas lhe observando curiosas, mas que mesmo olhando para ele de onde estavam não se aproximavam para incomoda-lo, apenas o vigiavam.         Sentiu um peso sobre si, como uma g
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Capítulo 6
Gosto de lembrar-me da rua onde cresci com a imagem dos meus amigos de infância jogando bola e brincando de pique pega, polícia e ladrão e de tudo o que podíamos inventar no dia. As ruas eram largas, o vento sempre chegava pra trazer um ar mais fresco e levava embora a fadiga do cansaço e o desgaste decorrente do tanto que usamos a energia que a juventude nos deu. Não havia muito movimento de pessoas e carros naquela região, nem havia muita preocupação com a presença de estranhos e tumultos comuns nos bairros adjacentes ao meu. Alguns bairros, vizinhos nosso, possuíam por características o comercio de massas. Onde moro é significativo o número de residências.Eram horas de corre pra cá, corre pra lá. Uma parada pra um lanche e assistir o programa da tarde no canal preferido junto de nosso principal colega e com um copo de achocolatado gelado na mão junto
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Capítulo 7
A Fenda Uma grande mão magra, escaravelha, marcada pela pele como couro seco que cobria toda sua extensão, terminada por pontiagudas unhas escuras, duras como se a muito existente, mas agudas como fio de navalha, afiadas pelo tempo e pelo plano que a ela foi destinado, apareceu nos céus do Rio de Janeiro. Ninguém a viu e nem de que maneira surgiu no grande azul da atmosfera local, apenas estava lá, naquele determinado local e determinado tempo.Lá embaixo tudo gira como se tem ocorrido por milênios na normalidade terrena. Pessoas vão e voltam enquanto outras nunca mais retornam. Umas vivem, mas outras arrebatam a vida dos outros. Algumas sonham e diversas outras tem pesadelos. Em determinadas corredeiras passam águas, em outras rios de sangue. Umas são sãs, porém, em sua grande maioria, as pessoas encontram-se perdidas em seus próprios devaneios.
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Parte 2 - Capítulo 8
Remanso, Bahia, 1972.         17 dias.          Como se saísse de dentro das profundezas de um estado de hibernação, desta vez Rita está acordada. Perdida totalmente em relação ao tempo e onde estava exatamente. São muitos dias dentro de um buraco escuro, isolado deste mundo, que não a permitia crescer como os outros, ser normal como todas as crianças.         — Mãe! — Grita a menina.         Seu medo de estar sozinha sempre estava presente, afinal até que tudo se ponha no lugar o que se apresenta a ela é aquele momento, o momento em que desperta.— Meu Deus minha filha, você acordou finalmente.A mãe correu já com lágrimas nos olhos e abra&
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Capítulo 9
A menina, de pele morena e cabelos encaracolados, saiu pela porta principal de sua casa. Seguia seu irmão, meio desorientada, pois se sentia deslocada depois de tantos dias fora de sintonia. Caminhava arrastando seus pés descalços até a varanda. Sentia o piso queimado avermelhado sob seus pés, daquele feito de concreto e argamassa, finalizado com uma boa mão habilidosa de nivelamento com a colher de um pedreiro. Algo barato, característico das casas de interior. Rita, com seus olhos escuros, pela primeira vez desde que acordou, via a luz do dia por completo. Seu quintal continuava o mesmo. As plantas estavam luminosas e refletiam a luz do sol. Tudo típico da estação mais quente do ano. Não gostava muito da temperatura abrasando sua pele. A fadiga era sempre presente nessa época quando a umidade estava presente em potencial na atmosfera e o suor grudado no corpo torna-se uma característica do t
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