“A alma não tem segredo que o comportamento não revele.”
Lao-Tsé
— ARTUR – Uriah grita, chamando atenção de todos.
— O que foi agora?
— Tem certeza que ela pode cavalgar vestida assim?
— Sei que minhas roupas não são apropriadas, mas não temos outra opção no momento, ou por ventura o senhor teria um vestido em sua posse para me trocar? - Com uma coragem que jamais imaginara ter, Ísis responde ao Uriah.
— Como ousa falar assim com um homem? – Heitor fala, mas apesar de suas palavras pesadas, seu tom era calmo, ele a estava testando, queria saber como ela reagiria e o que responderia e Ísis sabia disso.
— Com a autoridade de uma princesa, mais precisamente da princesa das terras onde o Duque se encontra – antes que Ísis tivesse tempo de responder, Uriah responde ao Duque – Me desculpe alteza – se desculpa se curvando, Ísis apenas retribui com uma leve reverência.
— Todos prontos, então vamos antes que a noiteça. – Fala o Homem Mascarado.
Artur segue a frente do grupo, seguido por Uriah e Heitor, mais atrás Ísis segue ao lado de Pedro, a jovem dama nada falou, mas entendia a preocupação do General em relação as suas roupas, afinal estava em outra época e poderia ser confundida com uma cortesã. Na verdade, as cortesãs da época se vestiam de forma mais recatada que a dama ali estava vestida, mas uma coisa ela tinha certeza, a fala do Duque além de machista era desrespeitosa, principalmente se tudo aquilo que escrito na carta da tal Carol for verdade. Seu sangue ferveu e se não fosse a intervenção de Uriah sua resposta não seria nada educada.
O caminho foi silencioso, o grupo cavalgava calmamente, acompanhados pelo grande pássaro, ora ele estava a sua frente, ora os seguia. Já havia se passado algumas horas quando avistaram o grande castelo. Ísis pensou que para chegar ao castelo primeiro passariam por alguma cidade ou vilarejo e ali talvez encontrasse uma forma de retornar para sua casa, sua vida, seu tempo, mas não foi o que aconteceu.
Ao se aproximarem dos portões, pessoas uniformizadas foram ao encontro do grupo, o homem mascarado pousa seu pássaro ao lado de Ísis evitando que qualquer pessoa se aproxime, então discretamente a ajuda a descer do cavalo, evitando que suas pernas sejam vistas pelos soldados próximos. Com ajuda do nobre cavaleiro Ísis ajeita o sobretudo o fechando completamente, prende seus cabelos e coloca o capuz do sobretudo, deixando visível apenas parte de seu rosto.
— Fique calma alteza, estamos aqui para protegê-la, nem eu, nem Pedro permitiremos que te machuquem. - Ele fala conferindo se nada estava fora do lugar, ele faz menção de se afastar, mas logo é parado por Ísis.
— Eu deveria saber o nome de meu protetor, não acha?
— Pode me chamar de Enzo, alteza – o cavaleiro responde realizando uma leve mensura, então se afasta indo em direção aos demais, Ísis vai logo atrás, os Generais e o Duque estão logo a frente, Ísis e Enzo param ao lado de Pedro que ficou um pouco recuado dos demais.
— General Castro, General Garcia. – Um dos soldados os cumprimenta assim que se aproxima, logo depois se vira para o Duque ao qual faz uma leve reverência, mostrando respeito aristocrata. – Estávamos a espera de vossas excelências, Duque Gonçalves, sua prima já se encontra no castelo. – Fala se dirigindo ao Duque, este apenas acena em concordância. O soldado, que até então não havia direcionado o olhar aqueles que se encontravam mais atrás, finalmente os nota. Sua atenção ficou demasiado tempo sobre a Dama ali presente, afinal apesar de todos os esforços de não permitir que qualquer parte de seu corpo ficasse exposta, um sobretudo era consideravelmente justo, o que demarcava bem suas curvas. Um pigarro chama atenção do soldado, afinal ele encarava constrangedoramente cada curva de Ísis, o que incomodou aos cavaleiros ali. O soldado, assim como os demais, direciona seu olhar para o autor do pigarro, recebendo o olhar ameaçador de Enzo, sua postura muda completamente, podia se dizer qu
— Pedro, não brinca com esse coração velho… não me diga – A Imperatriz fala, observando Ísis atentamente, com um leve sinal de Enzo, Ísis entende que esse é o momento de se apresentar. Delicadamente Ísis solta a mão de Enzo, e lentamente retira o capuz do sobretudo, somente agora revelando seu rosto, sem graça e com receio que seu sobretudo abra, a tornando o personagem principal de uma cena constrangedora, ela se curva perante o casal.— Chamo-me Ísis Duarte, e sinto-me honrada de estar na presença de Vossas majestades. - O cumprimento perfeito surpreendeu não somente quem observava, mas a própria Ísis, que não fazia ideia de onde aprendera. — É você mesmo? Minha princesa voltou para casa… Olha Antony, nosso bebê cresceu… - Anna fala para o marido, se aproxima lentamente da jovem, faz menção de tocá-la, porém, a mesma se afasta, não permitindo o toque. Uma névoa de tristeza passou pelo olhar da Imperatriz, mas logo a postura séria retornou, mas tal lapso não passou despercebido por
— Quem é ela? - questiona encarando a jovem.— Ninguém sabe ao certo. - Pedro responde novamente. - Alguns a chamam de fada, outros de bruxa.— Como assim? Por que ninguém faz nada? Tem uma estranha parada no meio do jardim. - Ísis questiona perplexa.— Não sabemos se ela está realmente aqui. - Enzo falar. - Aparentemente somente nós estamos vendo ela, o que pelo que sei não significa boa coisa.— Não significa boa coisa? Como sabe, se segundo vocês, ninguém sabe quem ela é?— “Era uma bela Dama, os cabelos de cor exótica, uma mistura do mais dourado do ouro com o mel mais puro já extraído das abelhas mais raras, sua pele tão branca como a neve. Suas vestes, uma união da realeza com a simplicidade camponesa, contudo nada é mais marcante que seu olhar penetrante, mas jamais esqueça a presença de tal Dama pode ou não ser um mau presságio.” - Pedro responde - Essa é apenas uma das muitas histórias em torno da Bela Dama misteriosa.Ísis nada comentou com os cavaleiros, mas um dos motivos
De joelhos, com um dos braços imobilizados, e com o joelho de Ísis a forçando para baixo, estava Maria, uma das bruxas mais temidas do reino. Ao notar a expressão de espanto nos rostos dos Generais ali presentes e principalmente do Imperador, um sorriso maléfico é esboçado no rosto da bruxa.— Quem é você e o que fez com a tia imperial? – Pergunta Uriah, o que causou um certo estranhamento por parte de Ísis, afinal nunca imaginou que Uriah poderia ser um membro da família real. Então o corpo da mulher abaixo de Ísis treme com a gargalhada emitida pela Bruxa. — É incrível o seu poder Princesa Duarte, estou infiltrada nesse castelo há quase 15 anos e ninguém notou, mas bastou um olhar seu e meu disfarce foi descoberto, e olha que nem chegaste a conhecer sua mãe, é realmente admirável… - a Bruxa fala ainda com um sorriso maléfico no rosto. Não era possível para Ísis ver o rosto da mulher, mas conseguia identificar maldade em sua voz.— Quem é você e o que fez a imperatriz? - Ísis pergun
— Por isso trouxe Ísis de volta logo que descobri que a Imperatriz Anna fora morta. - afirma Karen encarando todos no salão. - O reino precisa de uma imperatriz, levem-na para a prisão imperial. - Karen ordena aos soldados que ali apenas observava a cena, porém esse são impedidos por Ísis.— Disseste que ela não estava mais ali, - fala apontando para janela onde Enzo se encontra – disseste que ninguém deseja ver tal dama, algo me diz que sabe quem é ela?— Ah! Claro que sei, todos os seres que possuem alguma importância – a bruxa fala com certo orgulho em sua voz. - sabe. — De que dama falam? E quem pode ser mais importante que o Imperador? - Antony, mesmo ainda em choque com a notícia da morte de sua esposa, questiona a bruxa.— Seu nome é Sinis, não se sabe exatamente o que ela é, muito menos a dimensão de seus poderes, apenas que cruzar seu caminho pode ser desastroso. - A bruxa responde calmamente, mas Ísis sentia que essa calma era somente por fora, no fundo, ela parecia em pâni
“As Aparências Enganam? Não elas apenas tentam ti induzir a um novo '‘conto de farsas’'!”Jess Nesta— Quem pensas que é para dar ordens a princesa? Majestade, viste como esse mero soldado trata a princesa? E como ele tramou para a fuga da assassina da imperatriz?— General Castro, peço que se contenhas, sei que toda essa situação é um tanto quanto inusitada, mas temos que nos manter calmos. - Karen tenta apaziguar a situação.— Majestade, imagino que também precisas descansar um pouco? Por que não conversamos todos amanhã? - Pedro então se pronuncia pela primeira vez, então sem pronunciar uma palavra sequer o imperador sai do grande salão acompanhado de alguns soldados.— Sua Majestade amava muito a Imperatriz, descobrir que conviveu durante tantos anos ao lado de uma impostora, e que sua amada, na verdade, está morta foi um grande choque para ele. - Karen fala olhando para porta por onde o imperador havia saído. - Muitas coisas aconteceram hoje, e todos temos dúvidas, mas como Pedro
— Entendo, não tenho nenhum pedido especial, mas eu poderia comer em outro lugar? Não estou acostumada a comer no mesmo ambiente em que durmo. - Ísis explica calmamente, então Elena olha para janela e depois encara a princesa.— Acredito que esteja na hora do jantar de Vossas Majestades, eles devem estar reunidos no grande salão. - Responde calmamente. - Tudo bem para Vossa Alteza se juntar a eles?— Claro. - Ísis concorda, de certa forma estranhando o fato de tal proposta não ter sido realizada no início.Ambas seguem pelo caminho pelo qual vieram, ao descerem as escadas encontram com a senhora Karen acompanhada de uma bela dama, elas realizam uma leve reverência a princesa. O grupo segue silenciosamente para o salão guiados por Elena que andava um pouco mais a frente, mas para abruptamente levando Ísis a esbarrar nela levemente, mas antes que algo fosse falado, vozes exaltadas são ouvidas. Ísis se aproxima da porta onde Elena havia parado, no salão uma Senhora e sua Majestade discut
— Apesar de a letra ser exatamente igual à da senhora Carol, acredito que quem escreveu essa carta não tinha nenhum conhecimento sobre o reino.— Não compreendi – O general Garcia se pronuncia pela primeira vez, fazendo sua presença ser notada por uma bela dama que observava tudo da entrada do salão, nenhum dos presentes notou a coloração vermelha que a dama assumira ao notá-lo ali.— A carta foi muito bem elaborada, mas quem escreveu cometeu erros que somente alguém do reino ou o que conhece muito bem perceberia, por isso tais erros não foram notados pelo general Castro. Por exemplo – Fala olhando ao redor, encontrando uma serva em um canto observando e a chamou, que se aproximou e ele prosseguiu. – Aqui diz que a princesa foi resgatada da carruagem em que foi sequestrada pela senhora Carol, mas…— A senhora Carol não falava com a imperatriz a anos, a mesma nem chegou a conhecer a princesa. - A serva completa a fala do general, Ísis então olha para Enzo e depois para Pedro que estava