Capitulo IX

Quem é ela? - questiona encarando a jovem.

Ninguém sabe ao certo. - Pedro responde novamente. - Alguns a chamam de fada, outros de bruxa.

Como assim? Por que ninguém faz nada? Tem uma estranha parada no meio do jardim. - Ísis questiona perplexa.

Não sabemos se ela está realmente aqui. - Enzo falar. - Aparentemente somente nós estamos vendo ela, o que pelo que sei não significa boa coisa.

Não significa boa coisa? Como sabe, se segundo vocês, ninguém sabe quem ela é?

— “Era uma bela Dama, os cabelos de cor exótica, uma mistura do mais dourado do ouro com o mel mais puro já extraído das abelhas mais raras, sua pele tão branca como a neve. Suas vestes, uma união da realeza com a simplicidade camponesa, contudo nada é mais marcante que seu olhar penetrante, mas jamais esqueça a presença de tal Dama pode ou não ser um mau presságio.” - Pedro responde - Essa é apenas uma das muitas histórias em torno da Bela Dama misteriosa.

Ísis nada comentou com os cavaleiros, mas um dos motivos aos quais observava atentamente aquela dama misteriosa, era a sensação de déjà vu que a acometia, o trio passou um tempo considerável ali apenas observando a dama que os encarava sem demonstrar nenhuma emoção ou sinal. A sensação de incômodo em Ísis apenas aumentava, sentia em seu interior que algo estava muito errado em tudo aquilo, e quando esse pensamento pareou por sua mente, não pode deixar de soltar um leve sorriso, pois, naquilo estava correto.

Qual seria a graça Vossa Alteza?

Nada, somente um pensamento que me passou, e poderia por favor não me chamar assim.

E como deveria te chamar?

Ísis.

Certo Princesa Ísis.

Somente Ísis, por favor.

O marechal não teve tempo de questionar, pois nesse momento um pombo pousa no parapeito da janela, ele usava uma espécie de mochila nas costas. Pedro retira delicadamente do compartimento fixado ao animal um pequeno bilhete, então olha novamente para o salão onde o Imperador tentava acalmar sutilmente a Imperatriz que desferia insultos e acusações direcionados a princesa. Os demais seguem o olhar de Pedro, observando um ser completamente fora de si, e um imperador dividido em relação à postura que deveria tomar; deveria se portar como marido e compreender a esposa? Como pai e defender a filha de tais insultos, ou como Imperador e impor ordem ao recinto?

Ela não é a imperatriz. – Enzo sussurra, observando a cena a sua frente. - Tem muito tempo que não há encontro, mas a imperatriz Anna jamais se portaria de forma tão desrespeitosa para com o Imperador.

O que faremos? Precisamos descobrir onde esta a imperatriz. – Fala Pedro se afastando da janela se encaminhando para o centro do salão, sendo logo seguido pelos demais.

Ao se aproximarem, o general Artur logo tenta se aproximar de Ísis, mas é impedido por Enzo, levando o mesmo a fazer uma leve carranca, afinal não compreendia o motivo de tal implicância do Marechal, e muito menos a rápida confiança aparentemente adquirida pelo trio a sua frente.

Você disse ter muito tempo que não encontrava a imperatriz? - Ísis questiona Enzo, talvez ignorando a tentativa de aproximação de Artur ou simplesmente não havia notado tal ato.

Sim, uns 5 ou 6 anos depois de seu desaparecimento, princesa. - Enzo lhe responde calmamente, para o espanto da morena.

Quase 20 anos. - ela fala consigo mesmo, então olha novamente para imperatriz, que aparentemente se apresentava mais calma, apenas a encarando como se esperasse que a jovem respondesse aos seus insultos de pouco antes. - Tem certeza que ela não é a imperatriz? - Ísis pergunta a Enzo, encarando fixamente a imperatriz, a sua frente, o trio conversava baixo, logo não tinha como ninguém saber o que falavam.

Absoluta. - Enzo a responde com convicção. Ísis então apenas lhe olha, e depois com um sorriso discreto se afasta de Enzo e Pedro, se aproximando lentamente de onde se encontrava o imperador e a imperatriz, então com um sorriso discreto encarando a imperatriz fala.

Peço desculpas, mas confesso acabei não ouvindo tudo que me falaste majestade. - Começa a falar calmamente. - Mas acredito que minha postura a deve ter incomodado bastante, assim como meus modos. - Fala de forma sarcástica, se tinha uma coisa que Ísis se orgulhava da época em vivia no orfanato era do fato de saber bem como se defender, seja com palavras ou ações. - Deve ser porque não tive minha mãe ao meu lado e não sei como é aqui, mas a vida no orfanato é bem difícil. - Continua se aproximando mais da imperatriz. - Sabe, fui criada em um convento, sem qualquer contato com pessoas de fora, então talvez não tenha aprendido a ter boas maneiras, mas se tem uma coisa que aprendi bem foi identificar mentiras e blasfêmias. - Ísis para frente a “imperatriz” com um sorriso vitorioso no rosto.

Ora sua! - Anna fala e levanta mão na intensão de bater em Ísis, contudo para surpresa de todos ali presentes, Ísis foi mais rápida e agarra seu braço o torcendo para trás, em seguida coloca o joelho em suas costas a forçando-a se ajoelhar.

Como se toda aquela situação não fosse surpreendente para todos ali no momento em que Ísis força a pessoa que até então todos pensavam ser a imperatriz a se ajoelhar, uma grande fumaça verde encobre às duas. Enzo e Pedro correm em direção a elas na intenção de talvez interceptar alguma tentativa de fuga, mas suas interferências não foram necessárias, pois logo a fumaça abaixa, revelando Ísis imobilizando uma mulher completamente diferente da imperatriz. Os cabelos antes negros como luar agora possuíam um tom esbranquiçado, os olhos antes azuis, assumem tom negro como luar, a expressão passa a ser macabra.

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