— Quem é ela? - questiona encarando a jovem.
— Ninguém sabe ao certo. - Pedro responde novamente. - Alguns a chamam de fada, outros de bruxa.
— Como assim? Por que ninguém faz nada? Tem uma estranha parada no meio do jardim. - Ísis questiona perplexa.
— Não sabemos se ela está realmente aqui. - Enzo falar. - Aparentemente somente nós estamos vendo ela, o que pelo que sei não significa boa coisa.
— Não significa boa coisa? Como sabe, se segundo vocês, ninguém sabe quem ela é?
— “Era uma bela Dama, os cabelos de cor exótica, uma mistura do mais dourado do ouro com o mel mais puro já extraído das abelhas mais raras, sua pele tão branca como a neve. Suas vestes, uma união da realeza com a simplicidade camponesa, contudo nada é mais marcante que seu olhar penetrante, mas jamais esqueça a presença de tal Dama pode ou não ser um mau presságio.” - Pedro responde - Essa é apenas uma das muitas histórias em torno da Bela Dama misteriosa.
Ísis nada comentou com os cavaleiros, mas um dos motivos aos quais observava atentamente aquela dama misteriosa, era a sensação de déjà vu que a acometia, o trio passou um tempo considerável ali apenas observando a dama que os encarava sem demonstrar nenhuma emoção ou sinal. A sensação de incômodo em Ísis apenas aumentava, sentia em seu interior que algo estava muito errado em tudo aquilo, e quando esse pensamento pareou por sua mente, não pode deixar de soltar um leve sorriso, pois, naquilo estava correto.
— Qual seria a graça Vossa Alteza?
— Nada, somente um pensamento que me passou, e poderia por favor não me chamar assim.
— E como deveria te chamar?
— Ísis.
— Certo Princesa Ísis.
— Somente Ísis, por favor.
O marechal não teve tempo de questionar, pois nesse momento um pombo pousa no parapeito da janela, ele usava uma espécie de mochila nas costas. Pedro retira delicadamente do compartimento fixado ao animal um pequeno bilhete, então olha novamente para o salão onde o Imperador tentava acalmar sutilmente a Imperatriz que desferia insultos e acusações direcionados a princesa. Os demais seguem o olhar de Pedro, observando um ser completamente fora de si, e um imperador dividido em relação à postura que deveria tomar; deveria se portar como marido e compreender a esposa? Como pai e defender a filha de tais insultos, ou como Imperador e impor ordem ao recinto?
— Ela não é a imperatriz. – Enzo sussurra, observando a cena a sua frente. - Tem muito tempo que não há encontro, mas a imperatriz Anna jamais se portaria de forma tão desrespeitosa para com o Imperador.
— O que faremos? Precisamos descobrir onde esta a imperatriz. – Fala Pedro se afastando da janela se encaminhando para o centro do salão, sendo logo seguido pelos demais.
Ao se aproximarem, o general Artur logo tenta se aproximar de Ísis, mas é impedido por Enzo, levando o mesmo a fazer uma leve carranca, afinal não compreendia o motivo de tal implicância do Marechal, e muito menos a rápida confiança aparentemente adquirida pelo trio a sua frente.
— Você disse ter muito tempo que não encontrava a imperatriz? - Ísis questiona Enzo, talvez ignorando a tentativa de aproximação de Artur ou simplesmente não havia notado tal ato.
— Sim, uns 5 ou 6 anos depois de seu desaparecimento, princesa. - Enzo lhe responde calmamente, para o espanto da morena.
— Quase 20 anos. - ela fala consigo mesmo, então olha novamente para imperatriz, que aparentemente se apresentava mais calma, apenas a encarando como se esperasse que a jovem respondesse aos seus insultos de pouco antes. - Tem certeza que ela não é a imperatriz? - Ísis pergunta a Enzo, encarando fixamente a imperatriz, a sua frente, o trio conversava baixo, logo não tinha como ninguém saber o que falavam.
— Absoluta. - Enzo a responde com convicção. Ísis então apenas lhe olha, e depois com um sorriso discreto se afasta de Enzo e Pedro, se aproximando lentamente de onde se encontrava o imperador e a imperatriz, então com um sorriso discreto encarando a imperatriz fala.
— Peço desculpas, mas confesso acabei não ouvindo tudo que me falaste majestade. - Começa a falar calmamente. - Mas acredito que minha postura a deve ter incomodado bastante, assim como meus modos. - Fala de forma sarcástica, se tinha uma coisa que Ísis se orgulhava da época em vivia no orfanato era do fato de saber bem como se defender, seja com palavras ou ações. - Deve ser porque não tive minha mãe ao meu lado e não sei como é aqui, mas a vida no orfanato é bem difícil. - Continua se aproximando mais da imperatriz. - Sabe, fui criada em um convento, sem qualquer contato com pessoas de fora, então talvez não tenha aprendido a ter boas maneiras, mas se tem uma coisa que aprendi bem foi identificar mentiras e blasfêmias. - Ísis para frente a “imperatriz” com um sorriso vitorioso no rosto.
— Ora sua! - Anna fala e levanta mão na intensão de bater em Ísis, contudo para surpresa de todos ali presentes, Ísis foi mais rápida e agarra seu braço o torcendo para trás, em seguida coloca o joelho em suas costas a forçando-a se ajoelhar.
Como se toda aquela situação não fosse surpreendente para todos ali no momento em que Ísis força a pessoa que até então todos pensavam ser a imperatriz a se ajoelhar, uma grande fumaça verde encobre às duas. Enzo e Pedro correm em direção a elas na intenção de talvez interceptar alguma tentativa de fuga, mas suas interferências não foram necessárias, pois logo a fumaça abaixa, revelando Ísis imobilizando uma mulher completamente diferente da imperatriz. Os cabelos antes negros como luar agora possuíam um tom esbranquiçado, os olhos antes azuis, assumem tom negro como luar, a expressão passa a ser macabra.
De joelhos, com um dos braços imobilizados, e com o joelho de Ísis a forçando para baixo, estava Maria, uma das bruxas mais temidas do reino. Ao notar a expressão de espanto nos rostos dos Generais ali presentes e principalmente do Imperador, um sorriso maléfico é esboçado no rosto da bruxa.— Quem é você e o que fez com a tia imperial? – Pergunta Uriah, o que causou um certo estranhamento por parte de Ísis, afinal nunca imaginou que Uriah poderia ser um membro da família real. Então o corpo da mulher abaixo de Ísis treme com a gargalhada emitida pela Bruxa. — É incrível o seu poder Princesa Duarte, estou infiltrada nesse castelo há quase 15 anos e ninguém notou, mas bastou um olhar seu e meu disfarce foi descoberto, e olha que nem chegaste a conhecer sua mãe, é realmente admirável… - a Bruxa fala ainda com um sorriso maléfico no rosto. Não era possível para Ísis ver o rosto da mulher, mas conseguia identificar maldade em sua voz.— Quem é você e o que fez a imperatriz? - Ísis pergun
— Por isso trouxe Ísis de volta logo que descobri que a Imperatriz Anna fora morta. - afirma Karen encarando todos no salão. - O reino precisa de uma imperatriz, levem-na para a prisão imperial. - Karen ordena aos soldados que ali apenas observava a cena, porém esse são impedidos por Ísis.— Disseste que ela não estava mais ali, - fala apontando para janela onde Enzo se encontra – disseste que ninguém deseja ver tal dama, algo me diz que sabe quem é ela?— Ah! Claro que sei, todos os seres que possuem alguma importância – a bruxa fala com certo orgulho em sua voz. - sabe. — De que dama falam? E quem pode ser mais importante que o Imperador? - Antony, mesmo ainda em choque com a notícia da morte de sua esposa, questiona a bruxa.— Seu nome é Sinis, não se sabe exatamente o que ela é, muito menos a dimensão de seus poderes, apenas que cruzar seu caminho pode ser desastroso. - A bruxa responde calmamente, mas Ísis sentia que essa calma era somente por fora, no fundo, ela parecia em pâni
“As Aparências Enganam? Não elas apenas tentam ti induzir a um novo '‘conto de farsas’'!”Jess Nesta— Quem pensas que é para dar ordens a princesa? Majestade, viste como esse mero soldado trata a princesa? E como ele tramou para a fuga da assassina da imperatriz?— General Castro, peço que se contenhas, sei que toda essa situação é um tanto quanto inusitada, mas temos que nos manter calmos. - Karen tenta apaziguar a situação.— Majestade, imagino que também precisas descansar um pouco? Por que não conversamos todos amanhã? - Pedro então se pronuncia pela primeira vez, então sem pronunciar uma palavra sequer o imperador sai do grande salão acompanhado de alguns soldados.— Sua Majestade amava muito a Imperatriz, descobrir que conviveu durante tantos anos ao lado de uma impostora, e que sua amada, na verdade, está morta foi um grande choque para ele. - Karen fala olhando para porta por onde o imperador havia saído. - Muitas coisas aconteceram hoje, e todos temos dúvidas, mas como Pedro
— Entendo, não tenho nenhum pedido especial, mas eu poderia comer em outro lugar? Não estou acostumada a comer no mesmo ambiente em que durmo. - Ísis explica calmamente, então Elena olha para janela e depois encara a princesa.— Acredito que esteja na hora do jantar de Vossas Majestades, eles devem estar reunidos no grande salão. - Responde calmamente. - Tudo bem para Vossa Alteza se juntar a eles?— Claro. - Ísis concorda, de certa forma estranhando o fato de tal proposta não ter sido realizada no início.Ambas seguem pelo caminho pelo qual vieram, ao descerem as escadas encontram com a senhora Karen acompanhada de uma bela dama, elas realizam uma leve reverência a princesa. O grupo segue silenciosamente para o salão guiados por Elena que andava um pouco mais a frente, mas para abruptamente levando Ísis a esbarrar nela levemente, mas antes que algo fosse falado, vozes exaltadas são ouvidas. Ísis se aproxima da porta onde Elena havia parado, no salão uma Senhora e sua Majestade discut
— Apesar de a letra ser exatamente igual à da senhora Carol, acredito que quem escreveu essa carta não tinha nenhum conhecimento sobre o reino.— Não compreendi – O general Garcia se pronuncia pela primeira vez, fazendo sua presença ser notada por uma bela dama que observava tudo da entrada do salão, nenhum dos presentes notou a coloração vermelha que a dama assumira ao notá-lo ali.— A carta foi muito bem elaborada, mas quem escreveu cometeu erros que somente alguém do reino ou o que conhece muito bem perceberia, por isso tais erros não foram notados pelo general Castro. Por exemplo – Fala olhando ao redor, encontrando uma serva em um canto observando e a chamou, que se aproximou e ele prosseguiu. – Aqui diz que a princesa foi resgatada da carruagem em que foi sequestrada pela senhora Carol, mas…— A senhora Carol não falava com a imperatriz a anos, a mesma nem chegou a conhecer a princesa. - A serva completa a fala do general, Ísis então olha para Enzo e depois para Pedro que estava
— Deu certo, - sussurrou a morena que entrou – Deu certo! DEU CERTO, SENHORA, EU CONSEGUI, EU CONSEGUI – a morena gritava e pulava pelo salão, fazendo com que Enzo e Pedro esboçassem um leve sorriso e Karen uma expressão levemente constrangida, ela havia sido pega na mentira, e os Marechais sabiam, e tal constatação não passou despercebida por Ísis.— Sim, Laura você conseguiu… ela está bem agora – Enzo responde. - Agora só temos que convencê-la a ficar.— O QUÊ? ESTÁS LOUCA TIVE UM TRABALHÃO PARA LHE TRAZER DE VOLTA EM SEGURANÇA ANTES ALGO LHE ACONTECESSE E VOCÊ FALA QUE QUER VOLTAR! - ela gritava no salão – POR ACASO CANSOU DE VIVER? QUER MORRER?— Senhora, quem és? – o General Castro pergunta se aproximando.— Permita-me apresentá-la Vossa Majestade. - Enzo fala ignorando o general e pedindo para Laura se aproximar. - Essa é Laura Mendes, ela era aprendiz da senhora Carol. - Assim que Enzo termina de apresentá-la, a jovem se curva ao Imperador. — Como assim era? – O Imperador perg
— Realmente tinha uma pequena margem de erro, mas fico feliz que ela tenha chegado inteira. - Laura responde pensativa.— Pera aí tinha a possibilidade de eu chegar a prestação? - Ísis fala em choque.— Mas era uma pequena possibilidade. - Laura fala sinalizando com as mãos a pequena chance, apesar de querer questionar, Ísis não teve chance, pois a voz de Elena soa no ambiente.— Onde a senhora vai? - Elena questiona Karen que se afastava lentamente.— Ao banheiro. - Karen responde, mas rebate. - E horas não tenho que prestar explicação alguma a uma mera serva.— Esqueceste quem és essa serva. - Elena responde com um tom de superioridade. - Sou a Dama de Companhia da Princesa Herdeira.— Lembro-me que a senhora Karen a pouco se vangloriava de ter trazido a princesa de volta. - Enzo comenta distraidamente, ao mesmo tempo, em que interrompia o discurso um tanto estanho de Elena. Laura olha para a senhora que a pouco tentava sair sem ser notada.— Karen? Como? - Então Laura se aproxima d
“Um amor platônico significa que uma pessoa está desperdiçando a chance de amar e a outra a chance de ser amada. De verdade.”Swami Paatra ShankaraApesar de o silêncio não ser incomodo aos presentes, Artur não podia disfarçar que algo o incomodava, havia sido passado boa parte de sua infância e adolescência brincando naqueles corredores com Elena e agora ela o tratava como um estranho.— Lena, Leninha, minha loira. – Artur chama Elena como costumava chamar quando eram crianças, ele olha para os demais, observando com um misto de expressões, Ísis o observava curiosa, já Uriah e Heitor haviam entendido os planos de Artur. Ele se aproxima, então abraça Elena pela cintura a levantando do chão. – Sabe a Ísis meio que me dispensou, então o que acha de você se casar comigo… - Fala em tom de brincadeira, mas tal brincadeira não agradou nem Elena, afinal não era segredo que tinha sentimentos pelo moreno; nem Enzo, esse encarou a fala do general um tanto desrespeitosa para com a princesa, afin