“As Aparências Enganam? Não elas apenas tentam ti induzir a um novo '‘conto de farsas’'!”
Jess Nesta
— Quem pensas que é para dar ordens a princesa? Majestade, viste como esse mero soldado trata a princesa? E como ele tramou para a fuga da assassina da imperatriz?
— General Castro, peço que se contenhas, sei que toda essa situação é um tanto quanto inusitada, mas temos que nos manter calmos. - Karen tenta apaziguar a situação.
— Majestade, imagino que também precisas descansar um pouco? Por que não conversamos todos amanhã? - Pedro então se pronuncia pela primeira vez, então sem pronunciar uma palavra sequer o imperador sai do grande salão acompanhado de alguns soldados.
— Sua Majestade amava muito a Imperatriz, descobrir que conviveu durante tantos anos ao lado de uma impostora, e que sua amada, na verdade, está morta foi um grande choque para ele. - Karen fala olhando para porta por onde o imperador havia saído. - Muitas coisas aconteceram hoje, e todos temos dúvidas, mas como Pedro disse é melhor conversarmos amanhã. - Assim que fala, Karen se retira do salão deixando apenas os cinco cavaleiros no ambiente, com as mãos postas em suas costas, Enzo se direciona a saída com Pedro ao seu lado, mas antes de se retirar e ainda de costas ele fala.
— Sei que o General era noivo da Princesa pouco antes de seu desaparecimento, contudo muitos anos se passaram, então não penses que somente pelo retorno da Princesa o noivado será reafirmado, ou que terá algum poder no palácio. - Enzo então se vira para Artur. - Aconselho que não esqueças de seu lugar. - Assim que finaliza, Enzo sai do salão deixando para trás um General confuso, um Duque um tanto quanto curioso e um General vermelho de raiva.
Ísis observava cada detalhe dos corredores perfeitamente organizados e lindamente decorados em lilas e preto, as cores da bandeira do reino. Andaram por diversos corredores, até chegarem ao grande salão por onde havia entrado quando chegou, o salão dava acesso a uma grande escada, após subirem por ela, andaram por mais alguns corredores até pararem em frente a duas grandes portas. A senhorita Antunes abre as portas revelado um quarto que Ísis só havia vistos nos cinemas, a jovem da passagem a princesa que entra maravilhada com o quarto, ele era todo decorado em mogno e vermelho, a grande cama se destacava ao centro do quarto. No canto esquerdo, uma grande penteadeira dava um toque feminino ao local, no lado direito uma lareira aquecia o ambiente, a sua frente sofás, poltronas e um tapete montava uma mini sala de visitas.
Ísis estava encantada observando cada canto do cômodo que poderia muito bem acomodar todas as crianças do convento onde viveu sua infância e adolescência. Não notara as portas que haviam ao lado da penteadeira, notando apenas após a jovem serva sair de uma delas com um vestido nos braços.
— Suponho que este deve lhe servir, não sei se é de seu gosto, mas logo providenciaremos alguns conforme sua escolha e a sua altura, Alteza. - Elena fala com um leve sorriso, colocando sobre a cama o vestido que trouxera, era um vestido verde simples de mangas longas. Ela some por uma das portas ao lado da penteadeira, voltando logo depois com um espartilho e um par de sapatos na mão. - Posso? - Pergunta sinalizando o sobretudo de Ísis, que apenas retira a peça.
Elena, mesmo sob protestos, a auxiliou a se vestir, desde a fechar todos os botões da peça até apertar o espartilho, então em poucos minutos estava devidamente vestida, seus cabelos ganharam um penteado simples, e um pequeno arranjo.
— Ficou um pouco folgado, mas ficou linda Alteza.
— Obrigada. - Fala se olhando no grande espelho que ali continha. - A propósito como se chama?
— Desculpe a grosseria, Alteza, me Chamo Elena Antunes, sou uma das camareiras do castelo. - Se apresenta efetuando uma reverência. - Já está tarde, creio que Vossa Alteza queira descansar.
— Na verdade, gostaria de comer algo, parece que não como há semanas. - Ísis Brinca, mas logo fica séria novamente, ao notar que não havia sido feliz com sua brincadeira.
— Claro, Vossa Alteza, me perdoe, pedirei imediatamente que alguém da cozinha lhe prepare algo e traga para Vossa Alteza. - Fala indo em direção à saída do quarto, mas logo para ao ser chamada.
— Elena, não incomode ninguém com isso, eu mesma posso ir à cozinha preparar algo, não sei como é a rotina do castelo, mas não quero atrapalhar o trabalho… - Ísis não pode concluir sua fala, pois logo Elena estava aos seus pés de joelhos, com os olhos cheios de lagrimas.
— Vossa Alteza, perdoe essa pobre serva, não foi minha intenção ofendê-la. - A cena chocou Ísis completamente, espantada, encarava a jovem dama de joelhos, com a cabeça apoiada no chão e uma mão de cada lado, como se implorasse por sua vida a um Imperador. Os ombros da jovem tremiam levemente, revelando o choro silencioso.
— Elena, levante-se por favor, me desculpe se te ofendi de alguma forma. - Fala, tentando fazer a jovem se levantar sem sucesso, então ela se deu conta estava no ano de 1500, as coisas eram bem diferentes da era em que fora criada, se ajoelha em frente a jovem. - Por favor, Elena me olhe. - pede novamente com a voz mais calma, a jovem dama então levanta levemente o rosto revelado seus olhos verdes vividos, brilhando pelas lágrimas não derramadas. - Me desculpe, acredito que não saibas, mas fui criada muito longe do castelo, e no local onde vivia, não tinha tantas regras e normas, me desculpe se falei algo que a ofendeu ou que poderia prejudicá-la. - Então um pouco mais calma e com ajuda de Ísis, Elena levanta seu tronco fincando apenas de joelhos.
— Jamais um membro da nobreza esteve na cozinha Alteza, muito menos da realeza. - Elena fala baixo. - Vossa Alteza pode me falar o que deseja jantar, então pedirei para cozinha preparar.
— Entendo, não tenho nenhum pedido especial, mas eu poderia comer em outro lugar? Não estou acostumada a comer no mesmo ambiente em que durmo. - Ísis explica calmamente, então Elena olha para janela e depois encara a princesa.— Acredito que esteja na hora do jantar de Vossas Majestades, eles devem estar reunidos no grande salão. - Responde calmamente. - Tudo bem para Vossa Alteza se juntar a eles?— Claro. - Ísis concorda, de certa forma estranhando o fato de tal proposta não ter sido realizada no início.Ambas seguem pelo caminho pelo qual vieram, ao descerem as escadas encontram com a senhora Karen acompanhada de uma bela dama, elas realizam uma leve reverência a princesa. O grupo segue silenciosamente para o salão guiados por Elena que andava um pouco mais a frente, mas para abruptamente levando Ísis a esbarrar nela levemente, mas antes que algo fosse falado, vozes exaltadas são ouvidas. Ísis se aproxima da porta onde Elena havia parado, no salão uma Senhora e sua Majestade discut
— Apesar de a letra ser exatamente igual à da senhora Carol, acredito que quem escreveu essa carta não tinha nenhum conhecimento sobre o reino.— Não compreendi – O general Garcia se pronuncia pela primeira vez, fazendo sua presença ser notada por uma bela dama que observava tudo da entrada do salão, nenhum dos presentes notou a coloração vermelha que a dama assumira ao notá-lo ali.— A carta foi muito bem elaborada, mas quem escreveu cometeu erros que somente alguém do reino ou o que conhece muito bem perceberia, por isso tais erros não foram notados pelo general Castro. Por exemplo – Fala olhando ao redor, encontrando uma serva em um canto observando e a chamou, que se aproximou e ele prosseguiu. – Aqui diz que a princesa foi resgatada da carruagem em que foi sequestrada pela senhora Carol, mas…— A senhora Carol não falava com a imperatriz a anos, a mesma nem chegou a conhecer a princesa. - A serva completa a fala do general, Ísis então olha para Enzo e depois para Pedro que estava
— Deu certo, - sussurrou a morena que entrou – Deu certo! DEU CERTO, SENHORA, EU CONSEGUI, EU CONSEGUI – a morena gritava e pulava pelo salão, fazendo com que Enzo e Pedro esboçassem um leve sorriso e Karen uma expressão levemente constrangida, ela havia sido pega na mentira, e os Marechais sabiam, e tal constatação não passou despercebida por Ísis.— Sim, Laura você conseguiu… ela está bem agora – Enzo responde. - Agora só temos que convencê-la a ficar.— O QUÊ? ESTÁS LOUCA TIVE UM TRABALHÃO PARA LHE TRAZER DE VOLTA EM SEGURANÇA ANTES ALGO LHE ACONTECESSE E VOCÊ FALA QUE QUER VOLTAR! - ela gritava no salão – POR ACASO CANSOU DE VIVER? QUER MORRER?— Senhora, quem és? – o General Castro pergunta se aproximando.— Permita-me apresentá-la Vossa Majestade. - Enzo fala ignorando o general e pedindo para Laura se aproximar. - Essa é Laura Mendes, ela era aprendiz da senhora Carol. - Assim que Enzo termina de apresentá-la, a jovem se curva ao Imperador. — Como assim era? – O Imperador perg
— Realmente tinha uma pequena margem de erro, mas fico feliz que ela tenha chegado inteira. - Laura responde pensativa.— Pera aí tinha a possibilidade de eu chegar a prestação? - Ísis fala em choque.— Mas era uma pequena possibilidade. - Laura fala sinalizando com as mãos a pequena chance, apesar de querer questionar, Ísis não teve chance, pois a voz de Elena soa no ambiente.— Onde a senhora vai? - Elena questiona Karen que se afastava lentamente.— Ao banheiro. - Karen responde, mas rebate. - E horas não tenho que prestar explicação alguma a uma mera serva.— Esqueceste quem és essa serva. - Elena responde com um tom de superioridade. - Sou a Dama de Companhia da Princesa Herdeira.— Lembro-me que a senhora Karen a pouco se vangloriava de ter trazido a princesa de volta. - Enzo comenta distraidamente, ao mesmo tempo, em que interrompia o discurso um tanto estanho de Elena. Laura olha para a senhora que a pouco tentava sair sem ser notada.— Karen? Como? - Então Laura se aproxima d
“Um amor platônico significa que uma pessoa está desperdiçando a chance de amar e a outra a chance de ser amada. De verdade.”Swami Paatra ShankaraApesar de o silêncio não ser incomodo aos presentes, Artur não podia disfarçar que algo o incomodava, havia sido passado boa parte de sua infância e adolescência brincando naqueles corredores com Elena e agora ela o tratava como um estranho.— Lena, Leninha, minha loira. – Artur chama Elena como costumava chamar quando eram crianças, ele olha para os demais, observando com um misto de expressões, Ísis o observava curiosa, já Uriah e Heitor haviam entendido os planos de Artur. Ele se aproxima, então abraça Elena pela cintura a levantando do chão. – Sabe a Ísis meio que me dispensou, então o que acha de você se casar comigo… - Fala em tom de brincadeira, mas tal brincadeira não agradou nem Elena, afinal não era segredo que tinha sentimentos pelo moreno; nem Enzo, esse encarou a fala do general um tanto desrespeitosa para com a princesa, afin
— Então me explique… porque ainda não vi nada de bom nessa história, sem falar no noivo completamente maluco que me arrumaram… - Ísis comenta, e Elena logo para de sorrir.— Por você… ele é louco por você alteza, essa é a sua sorte.— Como pode ter tanta certeza? - Ísis questiona, afinal chegou ao ponto em que queria, saber mais sobre o General Artur Castro. - Vocês se conhecem a bastante tempo certo?— Sim, crescemos juntos aqui no castelo, é impossível, eu tinha uns 4 anos e ele 10 anos; quando chegou.— Você é filha do General Antunes, certo? - Ísis pergunta recebendo um leve aceno como resposta. - E os pais do general? Ainda trabalham aqui?— Não, Artur é um órfão de guerra, chegou aqui aos 10 anos, seus pais foram mortos durante a guerra.— Como assim?— Artur é o filho mais novo do Rei de Castro com uma concubina, como tinha compromisso com nosso reino, veio para o palácio até ter idade de assumir o próprio reino. Meu pai me disse uma vez que Artur era tão pequeno, não davam mai
Como médica, Ísis ficou bastante curiosa a respeito da morte da esposa de Artur, e justamente por isso percebeu algo parece ter passado batido por todos ali, como o corpo só foi encontrado quando Artur chegou? As pessoas não deram por falta dela? Eles não recebiam visitas? Se ela já estava doente, não deveria ter alguém para cuidar dela, na ausência do marido pelo menos? E principalmente, um corpo em decomposição exala fortes odores, ninguém sentiu? Apesar de todos esses questionamentos em sua mente, Ísis resolveu mudar um pouco o rumo da conversa, afinal duvidava que Elena tivesse as respostas a suas perguntas.— Vocês são próximos? Digo você e Artur, mais cedo me pareceu magoada com a postura dele.— De certa forma sim. - Elena fala pensativa, então por algum motivo muda de assunto. - Quando Vossa Alteza desapareceu ele passou dias sem comer, e se isolou de todos, passou muito tempo se culpando. Aos 15 anos entrou para o exército, afinal precisava ficar forte para proteger sua Imper
“O que é a vida sem um sonho?”Edmond RostandDepois da saída de Elena, Ísis se dá conta do quão cansada estava, sendo levada a terra dos sonhos logo ao se deitar, um sono profundo, que a muitos anos não tinha. Em seu sonho foi levada a um jardim, onde as flores foram delicadamente organizadas, criando um túnel de flores brancas e roxas, o vento soprava uma brisa, balançando levemente seus cabelos. O canto dos pássaros lhe chamava atenção, mas em meio a esse canto ouviu algumas vozes femininas, então, lentamente seguiu pelo túnel querendo saber quem mais estava naquele jardim. Ao fim do túnel havia uma trilha ornamentada com tulipas, lírios-brancos e violetas.As vozes ficaram mais altas, mas agora estavam acompanhadas pelo som de água corrente, ao fim da trilha havia um grande chafariz em mármore branco, cercado por rosas-amarelas que se entrelaçavam formando a fonte. Ao centro uma escultura lhe chamou a atenção, era uma Harpia brasileira, conhecia as inúmeras histórias a respeito da