— Entendo, não tenho nenhum pedido especial, mas eu poderia comer em outro lugar? Não estou acostumada a comer no mesmo ambiente em que durmo. - Ísis explica calmamente, então Elena olha para janela e depois encara a princesa.
— Acredito que esteja na hora do jantar de Vossas Majestades, eles devem estar reunidos no grande salão. - Responde calmamente. - Tudo bem para Vossa Alteza se juntar a eles?
— Claro. - Ísis concorda, de certa forma estranhando o fato de tal proposta não ter sido realizada no início.
Ambas seguem pelo caminho pelo qual vieram, ao descerem as escadas encontram com a senhora Karen acompanhada de uma bela dama, elas realizam uma leve reverência a princesa. O grupo segue silenciosamente para o salão guiados por Elena que andava um pouco mais a frente, mas para abruptamente levando Ísis a esbarrar nela levemente, mas antes que algo fosse falado, vozes exaltadas são ouvidas. Ísis se aproxima da porta onde Elena havia parado, no salão uma Senhora e sua Majestade discutiam, em um canto estavam os generais Castro e Garcia acompanhados do Duque Gonçalves.
— Você só pode estar ficando louco Majestade! – A senhora falava alto.
— Mãe imperial, é minha filha. - O Imperador respondeu.
— E também minha neta…
— Então por que falas tais absurdos, o que passas em sua mente imperatriz viúva, não queria o retorno da princesa? – O Duque questiona a senhora.
— Claro que queria Conde Gonçalves, mas isso foi há 25 anos, mas pensava que a mesma se encontrava morta, e agora me aparece do nada e portando apenas isso! – ela fala mostrando a carta em mãos a que Enzo havia entregado ao Imperador.
— A carta que foi deixada com ela no convento? – O general Garcia questiona.
— Cuidado com a boca general lembre-se que se refere a princesa das terras onde se encontra… – Falou o imperador, mas o mesmo foi interrompido pela imperatriz viúva.
— Isso é o que ela diz Sr. Garcia – Fala a Imperatriz Viúva encarando o grupo que observava a cena na porta. Na verdade, seu olhar ignorava completamente as demais damas, encontrava-se fixo em Ísis, deixando claro sua intensão de intimidá-la. Recebendo de volta um leve sorriso de lado, pois se tinha uma coisa que Ísis Duarte jamais faria seria abaixar sua cabeça para quem quer que seja.
— O que a senhora insinua? – Ísis questiona, agradecendo a Deus pelas aulas de oratória e história que assistiu na adolescência, afinal um passo em falso poderia ser levada a forca. - Por acaso insinuas que essa carta em suas mãos seja uma farsa, por qual motivo eu faria isso? – A Imperatriz Viúva faz menção de retrucar, mas Ísis não permiti que ela pronuncie uma palavra que seja, sua intensão era clara humilhar Ísis, e essa estava decidida a não permitir. – Não tenho nenhum motivo para realizar tal ato, em momento algum disse a qualquer pessoa, que sou a princesa desaparecida, foram vocês que interpretaram assim. Venho afirmando a todos que não sou a Princesa que procuram e caso eu seja, o Imperador já foi informado que não cogito ficar aqui. - Observa a todos no salão, olha para porta onde o grupo que a acompanhara ainda se encontrava. - Gostaria de aproveitar o que estão todos aqui para solicitar que senhora Karen providencie meu retorno ao local e tempo do qual me retiraste, pois desejo voltar para casa o mais breve possível.
— Bom ela não nega ser uma Duarte Majestade. – Fala um senhor, que até então Ísis não notara ao lado da imperatriz viúva.
— Em que momento questionei o fato dela ser minha neta? Isso notei quando a mesma pós os pés nesta sala, o que eu questionava era essa carta? – A Imperatriz Viúva fala balançando o papel em suas mãos novamente.
— Posso ver Majestade? – O senhor fala estendendo a mão para Imperatriz Viúva, que logo lhe entrega a carta.
— O que tanto te intriga nessa carta Mãe Imperial? – O Imperador pergunta aparentando estar levemente esgotado do assunto, contudo a Imperatriz não teve tempo de responder, pois, o homem para quem ela havia entregue a carta respondeu.
— Primeiramente deixe que eu me apresente. - Fala olhando para Ísis. - me chamo Erik Antunes, Alteza, sou comandante do exército na ausência do Marechal Marques. - Se reverência, então volta sua fala para o Imperador, que estava sentado na cabeceira da mesa. - O que incomoda a Imperatriz Viúva Majestade, são alguns erros presentes nela.
— Que erros, General Antunes? – A voz de Enzo soa logo atrás de Ísis, a assustando levemente. O Marechal não usava sua armadura tão pouco sua máscara, o que permitiu a Ísis uma bela visão de um belo par de olhos verdes, seus longos cabelos loiros estavam perfeitamente presos em um rabo de cavalo. Ísis tem sua atenção de volta a discussão a sua frente ao ouvir a resposta do General.
— Apesar de a letra ser exatamente igual à da senhora Carol, acredito que quem escreveu essa carta não tinha nenhum conhecimento sobre o reino.— Não compreendi – O general Garcia se pronuncia pela primeira vez, fazendo sua presença ser notada por uma bela dama que observava tudo da entrada do salão, nenhum dos presentes notou a coloração vermelha que a dama assumira ao notá-lo ali.— A carta foi muito bem elaborada, mas quem escreveu cometeu erros que somente alguém do reino ou o que conhece muito bem perceberia, por isso tais erros não foram notados pelo general Castro. Por exemplo – Fala olhando ao redor, encontrando uma serva em um canto observando e a chamou, que se aproximou e ele prosseguiu. – Aqui diz que a princesa foi resgatada da carruagem em que foi sequestrada pela senhora Carol, mas…— A senhora Carol não falava com a imperatriz a anos, a mesma nem chegou a conhecer a princesa. - A serva completa a fala do general, Ísis então olha para Enzo e depois para Pedro que estava
— Deu certo, - sussurrou a morena que entrou – Deu certo! DEU CERTO, SENHORA, EU CONSEGUI, EU CONSEGUI – a morena gritava e pulava pelo salão, fazendo com que Enzo e Pedro esboçassem um leve sorriso e Karen uma expressão levemente constrangida, ela havia sido pega na mentira, e os Marechais sabiam, e tal constatação não passou despercebida por Ísis.— Sim, Laura você conseguiu… ela está bem agora – Enzo responde. - Agora só temos que convencê-la a ficar.— O QUÊ? ESTÁS LOUCA TIVE UM TRABALHÃO PARA LHE TRAZER DE VOLTA EM SEGURANÇA ANTES ALGO LHE ACONTECESSE E VOCÊ FALA QUE QUER VOLTAR! - ela gritava no salão – POR ACASO CANSOU DE VIVER? QUER MORRER?— Senhora, quem és? – o General Castro pergunta se aproximando.— Permita-me apresentá-la Vossa Majestade. - Enzo fala ignorando o general e pedindo para Laura se aproximar. - Essa é Laura Mendes, ela era aprendiz da senhora Carol. - Assim que Enzo termina de apresentá-la, a jovem se curva ao Imperador. — Como assim era? – O Imperador perg
— Realmente tinha uma pequena margem de erro, mas fico feliz que ela tenha chegado inteira. - Laura responde pensativa.— Pera aí tinha a possibilidade de eu chegar a prestação? - Ísis fala em choque.— Mas era uma pequena possibilidade. - Laura fala sinalizando com as mãos a pequena chance, apesar de querer questionar, Ísis não teve chance, pois a voz de Elena soa no ambiente.— Onde a senhora vai? - Elena questiona Karen que se afastava lentamente.— Ao banheiro. - Karen responde, mas rebate. - E horas não tenho que prestar explicação alguma a uma mera serva.— Esqueceste quem és essa serva. - Elena responde com um tom de superioridade. - Sou a Dama de Companhia da Princesa Herdeira.— Lembro-me que a senhora Karen a pouco se vangloriava de ter trazido a princesa de volta. - Enzo comenta distraidamente, ao mesmo tempo, em que interrompia o discurso um tanto estanho de Elena. Laura olha para a senhora que a pouco tentava sair sem ser notada.— Karen? Como? - Então Laura se aproxima d
“Um amor platônico significa que uma pessoa está desperdiçando a chance de amar e a outra a chance de ser amada. De verdade.”Swami Paatra ShankaraApesar de o silêncio não ser incomodo aos presentes, Artur não podia disfarçar que algo o incomodava, havia sido passado boa parte de sua infância e adolescência brincando naqueles corredores com Elena e agora ela o tratava como um estranho.— Lena, Leninha, minha loira. – Artur chama Elena como costumava chamar quando eram crianças, ele olha para os demais, observando com um misto de expressões, Ísis o observava curiosa, já Uriah e Heitor haviam entendido os planos de Artur. Ele se aproxima, então abraça Elena pela cintura a levantando do chão. – Sabe a Ísis meio que me dispensou, então o que acha de você se casar comigo… - Fala em tom de brincadeira, mas tal brincadeira não agradou nem Elena, afinal não era segredo que tinha sentimentos pelo moreno; nem Enzo, esse encarou a fala do general um tanto desrespeitosa para com a princesa, afin
— Então me explique… porque ainda não vi nada de bom nessa história, sem falar no noivo completamente maluco que me arrumaram… - Ísis comenta, e Elena logo para de sorrir.— Por você… ele é louco por você alteza, essa é a sua sorte.— Como pode ter tanta certeza? - Ísis questiona, afinal chegou ao ponto em que queria, saber mais sobre o General Artur Castro. - Vocês se conhecem a bastante tempo certo?— Sim, crescemos juntos aqui no castelo, é impossível, eu tinha uns 4 anos e ele 10 anos; quando chegou.— Você é filha do General Antunes, certo? - Ísis pergunta recebendo um leve aceno como resposta. - E os pais do general? Ainda trabalham aqui?— Não, Artur é um órfão de guerra, chegou aqui aos 10 anos, seus pais foram mortos durante a guerra.— Como assim?— Artur é o filho mais novo do Rei de Castro com uma concubina, como tinha compromisso com nosso reino, veio para o palácio até ter idade de assumir o próprio reino. Meu pai me disse uma vez que Artur era tão pequeno, não davam mai
Como médica, Ísis ficou bastante curiosa a respeito da morte da esposa de Artur, e justamente por isso percebeu algo parece ter passado batido por todos ali, como o corpo só foi encontrado quando Artur chegou? As pessoas não deram por falta dela? Eles não recebiam visitas? Se ela já estava doente, não deveria ter alguém para cuidar dela, na ausência do marido pelo menos? E principalmente, um corpo em decomposição exala fortes odores, ninguém sentiu? Apesar de todos esses questionamentos em sua mente, Ísis resolveu mudar um pouco o rumo da conversa, afinal duvidava que Elena tivesse as respostas a suas perguntas.— Vocês são próximos? Digo você e Artur, mais cedo me pareceu magoada com a postura dele.— De certa forma sim. - Elena fala pensativa, então por algum motivo muda de assunto. - Quando Vossa Alteza desapareceu ele passou dias sem comer, e se isolou de todos, passou muito tempo se culpando. Aos 15 anos entrou para o exército, afinal precisava ficar forte para proteger sua Imper
“O que é a vida sem um sonho?”Edmond RostandDepois da saída de Elena, Ísis se dá conta do quão cansada estava, sendo levada a terra dos sonhos logo ao se deitar, um sono profundo, que a muitos anos não tinha. Em seu sonho foi levada a um jardim, onde as flores foram delicadamente organizadas, criando um túnel de flores brancas e roxas, o vento soprava uma brisa, balançando levemente seus cabelos. O canto dos pássaros lhe chamava atenção, mas em meio a esse canto ouviu algumas vozes femininas, então, lentamente seguiu pelo túnel querendo saber quem mais estava naquele jardim. Ao fim do túnel havia uma trilha ornamentada com tulipas, lírios-brancos e violetas.As vozes ficaram mais altas, mas agora estavam acompanhadas pelo som de água corrente, ao fim da trilha havia um grande chafariz em mármore branco, cercado por rosas-amarelas que se entrelaçavam formando a fonte. Ao centro uma escultura lhe chamou a atenção, era uma Harpia brasileira, conhecia as inúmeras histórias a respeito da
— Até onde pôde, afinal tem algumas coisas que são necessárias.— Quem é essa Aurora, de quem tanto falam? Ela parecia bem jovem.— Quem é Aurora? Boa pergunta. - Sinis fala pensativa.— Ela é tudo, o ser mais poderoso que poderá existir. - Angel responde, chamando atenção de ambas mulheres. — “Tanto mais que a maldade é o pão que comem e a violência, o vinho que bebem. Mas a vereda dos justos é como a aurora, cujo brilho cresce até o dia pleno. A estrada dos iníquos é tenebrosa: não percebem aquilo em que hão de tropeçar.”¹— Provérbios. - Ísis fala, e Angel acena confirmando.— Mas ela é apenas uma humana, como pode ser o ser mais poderoso? Sempre pensei que você fosse o mais poderoso. – Sinis questiona.— Sou poderoso no quesito habilidades e capacidade, mas Aurora possui um poder diferente, ela pode mudar o mundo, salvar a todos que nele existem, ela contagia a todos com sua bondade e serenidade, ela representa tudo que há de bom na face da terra, mas também pode representar todas