Capitulo VIII

Pedro, não brinca com esse coração velho… não me diga – A Imperatriz fala, observando Ísis atentamente, com um leve sinal de Enzo, Ísis entende que esse é o momento de se apresentar.

Delicadamente Ísis solta a mão de Enzo, e lentamente retira o capuz do sobretudo, somente agora revelando seu rosto, sem graça e com receio que seu sobretudo abra, a tornando o personagem principal de uma cena constrangedora, ela se curva perante o casal.

Chamo-me Ísis Duarte, e sinto-me honrada de estar na presença de Vossas majestades. - O cumprimento perfeito surpreendeu não somente quem observava, mas a própria Ísis, que não fazia ideia de onde aprendera.

É você mesmo? Minha princesa voltou para casa… Olha Antony, nosso bebê cresceu… - Anna fala para o marido, se aproxima lentamente da jovem, faz menção de tocá-la, porém, a mesma se afasta, não permitindo o toque. Uma névoa de tristeza passou pelo olhar da Imperatriz, mas logo a postura séria retornou, mas tal lapso não passou despercebido por Ísis.

Perdão majestade, mas suponho que toda essa situação seja apenas um mal-entendido, acompanhei o senhor Pedro apenas porque devido ao lugar em que me encontrava não tinha outra saída, mas venho apenas solicitar que me ajudem a retornar para casa – Ísis fala de forma seria.

COMO ASSIM ÍSIS? AI!!! - o grito estridente veio do corredor revelando aos presentes que não se encontravam sozinhos, um certo grupo de cavaleiros os ouviam do corredor.

Para de gritar idiota. - Heitor fala após desferir um tapa na cabeça do general.

Pensei ter falado para irem aos seus aposentos. - Pedro fala calmamente.

Vim ao castelo porque fui convocado pelo Imperador, logo imaginei que deveria cumprimentá-lo antes de me acomodar. - Artur responde entrando no salão. - E que eu saiba, não sou um de seus subordinados.

Se esse era o caso, por qual razão ficaste ouvido por detrás da porta? - Enzo questiona, deixando o general sem resposta, afinal como justificar tal ato.

Como assim pretendes retornar? - Na tentativa de mudar de assunto, Artur questiona Ísis. – Vistes a carta, agora estás em casa.

Não estou, preciso retornar para o lugar de onde me tiraram, tenho pacientes no hospital os quais precisam de meus cuidados, tem meus amigos, eu realmente não posso ficar aqui. – Ísis responde encarando-o seriamente.

De que carta falas general Castro? - Pergunta o Imperador se sentando no trono e sinalizando que Anna realizasse o mesmo.

Artur olha para Pedro que tinha posse da carta, então o marechal entrega rapidamente a carta ao imperador, o mesmo analisa a carta cuidadosamente, então entrega para imperatriz enquanto inspeciona o selo do envelope.

Karen, aquela velha bruxa, sabia todo esse tempo onde minha filha estava e não me falou nada. - Era possível sentir a tristeza em sua voz, mas não se sentia mágoa ou raiva, pois se tinha algo que ninguém no reino ousava questionar era a lealdade da bruxa Karen a família real. - ela te contaste algo, minha imperatriz?

Claro que não Antony, se eu soubesse teria lhe falado… - Ísis jamais saberia explicar, mas sentiu que algo não estava certo em toda aquela história, algo em seu interior lhe dizia para não confiar naquela mulher, mesmo com a possibilidade dela ser sua mãe.

Majestade, - Ísis chama a atenção de todos ali, tinha algo a incomodando e olhando ao redor nota que não somente a ela, mas Enzo também parece incomodado. - Perdoe-me a ignorância, mas acredito que essa não seja a forma correta de se dirigir ao imperador, ainda mais em público? - Ísis resolve alfinetar, e reforçando o que pensou rapidamente Enzo a puxa levemente para trás colocando-se um pouco mais a frente.

Quem pensas que eres para questionar minha postura? Julgas que pode sumir por anos e voltar se achando a dona de tudo? - A imperatriz dispara nervosa, então se aproxima de Ísis, mas seu caminho é bloqueado sutilmente por Pedro, sendo esse encarado mortalmente. - Quem olha a primeira vista pode se enganar facilmente, pois a semelhança entre nós duas é surpreendente. - Fala se afastando novamente. - Mas olhando agora, realmente você não é minha filha, uma princesa nunca se comportaria assim!

Ao terminar de fala a Imperatriz se senta no trono ao lado do Imperador, o olhar de todos estava sobre ela, nunca haviam visto se portar de tal maneira, e Artur fora praticamente criado no castelo. Antony encarava a esposa completamente, perplexo com sua atitude, mas como diz a etiqueta real não deveria questioná-la em público, ela ficaria desmoralizada perante o reino caso fizesse algo assim.

Nesse momento Ísis teve certeza havia algo errado com a imperatriz, seu olhar cruza com o de Pedro que indica levemente o canto do salão onde o mesmo olhava pela janela antes da chegada do Imperador. Enzo toca levemente o braço de Ísis, e seguem juntos para a janela indicada, seguidos por Pedro, contudo o que Ísis achou mais estranho foi ninguém notar a movimentação deles, nem mesmo os soldados que guardavam as portas.

Está explicado como sequestraram uma princesa nesse castelo. - Ísis comenta baixo.

Há quanto tempo ela esta ali? - A voz de Enzo próximo o seu ouvido desperta Ísis de seus pensamentos, ela olha na mesma direção deles.

Ali próximo à fonte do jardim do castelo, estava uma jovem, seus cabelos eram castanhos claros e ondulados enfeitados com uma tiara simples, sua pela era tão branca quanto a neve, vestia um vestido longo lilas com discretos detalhes em preto. Ela estava apenas parada ali e olhava atentamente para a janela, contudo apesar de estar ali não parecia ser notada por ninguém mais, os soldados passavam por ela, como se fosse apenas mais um detalhe do jardim.

Desde que chegamos, não faço ideia do que planeja. – Pedro responde.

Algo está acontecendo, ela não estaria aqui se algo sério não estivesse acontecendo, Ísis não saia de perto de mim. - Enzo chama a atenção de Ísis, que observava uma jovem no jardim.

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