Capitulo 1

O encontro de duas personalidades assemelha-se ao contato de duas substâncias químicas: se alguma reação ocorre, ambos sofrem uma transformação.”

Carl Jung

Ano 1520

Atravessando a campina se encontrava Artur Castro, Uriah Garcia e Heitor Gonçalves, três amigos e membros da realeza de grande influência, eles seguiam com destino ao palacete real, seria a primeira visita de Artur após o incidente de 25 anos atrás.

Pensativo Artur – Uriah quebra o silêncio.

Pensando no motivo de estarmos indo para vila Duarte? - Heitor comenta despreocupado.

De certa forma sim – Artur responde. - já faz 25 anos desde que Ísis fora sequestrada, me pergunto como ela está, se está viva…

Essa semana ela completaria 27 anos, certo?

Sim…

Ísis, falam da Princesa? - Heitor pergunta ao ouvir o nome. - A dama era vossa noiva Artur? - Artur apenas assente, com um leve balançar de sua cabeça.

Fomos prometidos em casamento antes mesmo de nascermos, foi uma promessa feita entre nossos pais.

A promessa a Santa Clara, certo?

— “Se a chuva voltasse, o rei dará a mão de sua única filha em casamento ao filho mais novo do Duque de Castro”.

A história dela correu todo o reino na época…

O Rei ordenou que todas as casas fossem revistadas, meus pais também auxiliaram nas buscas, mas ninguém obteve êxito.

Sim, parece que ela evaporou, nenhuma pista foi encontrada…

E o acordo do casamento foi cancelado, obviamente, então vossa senhoria se casou com a Miss Eleonor, que Deus a tenha.

O que causou grande comoção na época. - Uriah comenta. - Afinal, todo o reino foi contra a união, o padre chegou a se recusar a celebrar o casamento, sem falar nos rumores.

Rumores?

Que eu não tenho descendentes por não proteger minha noiva, nem honrar com o compromisso de minha família com o reino.

Mas há 25 anos, vossa senhoria era apenas um menino. - Fala Heitor parando o cavalo.

Vossa terra é diferente daqui, Conde Gonçalves, eu poderia ser apenas um menino, mas tinha toda minha vida planejada em função do reino e confesso que me casar com uma camponesa do reino vizinho não agradou a muitos, inclusive ao rei. - Artur responde parando o seu também.

Se suas decisões de anos atrás não foram do agrado do rei, por qual motivo ele requisitou Vossa presença após tantos anos?

Isso, meu Caro Conde, é o que desejamos saber. - Uriah responde apeando de seu cavalo.

Assim que Uriah conclui sua fala, um grande trovão ecoa, chamando a atenção dos cavaleiros para o céu, no mesmo começa a escurecer como se uma grande tempestade estivesse se formando. O céu que a pouco estava azul, completamente sem nuvens assume um tom acinzentado com muitas nuvens se movimentando de forma rápida formando um funil.

Um forte vento sobra, outro trovão é ouvido, mas dessa vez os cavaleiros notam algo caindo do céu na direção deles, pensaram ser algum objeto carregado pelo vento. Heitor e Artur correm em direções opostas, a fim de evitar o objeto que caíra, contudo, o jovem Uriah, esse até visou correr, mas não obteve tempo, então o tal objeto cai em cima dele, mas para surpresa deles não se tratava de um objeto e sim de uma mulher.

Ao ver que o companheiro fora acertado, Artur corre em seu socorro, chegando a tempo de ver a mulher fechar os olhos, ele a retira delicadamente de cima de Uriah, verificando se a mesma ainda respira, enquanto Heitor ajuda Uriah a se levantar, pergunta.

Esta viva?

Inacreditavelmente, sim e estava consciente quando caiu.

O céu está voltando ao normal - Comenta Heitor, olhando para o céu.

Sim, - Fala Uriah ao lado do Conde Heitor, acompanhando seu olhar, então um relinchado é ouvido – Agora você volta seu traidor, me abandona e volta assim como se nada tivesse acontecido, descarado… - Uriah começa a brigar com o cavalo.

Tem certeza que ele está pronto para o casamento?

Tenho minhas dúvidas, mas não podemos adiar mais, muito menos cancelar – responde Heitor – De onde ela veio? – fala apontando para a mulher no chão – e, por que está apenas com roupas de baixo?

Não faço ideia, mas não podemos deixá-la assim – fala Artur a cobrindo com sua capa – é um milagre que ela tenha sobrevivido a queda, será que tem família?

O que faremos? - Fala Uriah aproximando-se – Não podemos simplesmente deixá-la aqui.

E levá-la desse jeito pode ser perigoso, ela pode ter quebrado algum osso, sem falar da forma em que está vestida, como explicaremos se encontrarmos com alguém no caminho, podemos ser enforcados antes que ela acorde para explicar…

Isso se acordar, apesar que não será de grande ajuda, já que pode ser ela não lemb… - Artur é interrompido por um gemido emitido pela mulher.

Está acordando…

Parece que sim.

Ao acordar Ísis leva a mão a cabeça soltando um leve gemido de dor ao mexer o braço que teve leves arranhões devido à queda. Abre e fecha os olhos diversas vezes tentando ajustar a visão a claridade, olhando ao redor se vê sendo encarada por três homens trajados com roupas antigas, como se estivessem em alguma peça ou filme de época.

Está tudo bem senhorita? – Heitor é o primeiro a falar algo, obtendo como resposta um leve balançar de cabeça, Ísis força seu corpo a levantar e ao perceber tanto a dificuldade quanto a expressão de dor, Uriah toma a iniciativa de auxiliá-la a se sentar.

Onde estou? – Pergunta após olhar novamente ao redor e não reconhecer o local onde se encontra, ela olha para o céu agora claro e vivido. Recordando-se do acidente que sofreu a alguns metros de distância do hospital, mas agora ela não parecia estar perto de um hospital, na realidade parecia estar no meio do nada e já era dia... – O que aconteceu? Mais alguém se feriu?

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