A amizade é o conforto indescritível de nos sentirmos seguros com uma pessoa, sem ser preciso pesar o que se pensa nem medir o que se diz.
George Eliot
Ao terminar de ler Ísis, olha para os cavalheiros que a encaravam com um certo ar de surpresa, até mesmo espanto, sem hesitar ela oferece o papel em suas mãos a Artur que estava a sua frente. A letra perfeitamente desenhada, a caligrafia da senhora Carol era conhecida em todos os reinos, assim como sua dona, por estar sempre ao lado da Rainha, ninguém sabia ao certo qual a sua função no palácio, mais uma coisa era certa nada ali acontecia sem que a mesma ficasse sabendo.
— A senhora Carol não é vista desde o desaparecimento da princesa. - Artur comenta. - A senhorita disse que essa carta foi deixada com a senhorita no convento?
— Sim, foi o que a irmã Maria me falou ao me entregar essa carta.
Artur olha para os demais cavalheiros, seria verdade, a senhora Carol teria conseguido proteger a princesa? Heitor encarava Artur atentamente, assim como Uriah. O nobre cavalheiro volta seu olhar para a jovem a sua frente, Ísis o encarava como se pedisse uma explicação. Após um tempo olhando a moça a sua frente, leva uma das mãos ao pescoço fazendo ali uma leve pressão, solta um longo suspiro e entrega a carta a Heitor. Após reler a carta silenciosamente, e avaliar a letra, o Conde entrega a carta para Uriah, que ao ver a letra olha com espanto a jovem e depois para os demais cavalheiros, logo com um leve aceno confirma, é realmente a letra da senhora Carol.
— O que está acontecendo, podem me explicar? - Ísis, incomodada com toda aquela situação, resolve questionar, contudo, antes que os cavaleiros tivessem a chance de responder, o som de uma águia ecoa, sendo seguido por uma explosão.
— Mas… - Uriah fala se levantando pronto para atacar o agressor, contudo não era possível encontrá-lo em meio a poeira causada pela explosão, em contrapartida. Artur procura Ísis, na esperança que ela não haveria se machucado, avistando-a apenas quando a poeira abaixa, parada no mesmo lugar como se a explosão não a tivesse afetado. A sua frente havia um grande pássaro sobre ele estava, um homem de longos cabelos loiros, usava uma máscara não permitindo assim sua identificação. - Quem é você? E como ousa nos atacar.
— Desculpe, não reconheci Vossas Senhorias de longe, estava apenas realizando meu trabalho. - Fala o homem, sua voz era grave e firme, Artur nunca assumiria, mas sentiu o perigo percorrer em suas veias, já Ísis apesar de parecer calma, em seu interior estava em pânico. O homem desce do pássaro que logo levanta voo. – Desculpe pelo atraso Vossa Alteza, a velha Karen acabou errando a localização do ponto de encontro. – Fala fazendo uma leve reverência para Ísis – Pedro está a caminho e logo nos alcançará, vamos lhe acompanhar de volta ao castelo.
— Quer mesmo que acreditemos que estar aqui para acompanhar a princesa de volta ao castelo? - Pergunta o Conde Heitor.
— Se os cavaleiros acreditarão ou não, não está sob minha ossada.
— Foi a vovó Karen que trouxe a Princesa Ísis de volta? - Uriah pergunta se aproximando.
— Se ela te escuta a chamando assim, se considere um General morto, senhor Garcia. – Fala um jovem ruivo se aproximando. - Vossa Alteza, me chamo Pedro Marques, sou neto da Carol Marques. - Fala Pedro se apresentando a Ísis.
— Pedro, você sabia esse tempo todo onde a princesa estava? Por que não falou nada? - Artur fala se posicionando ao lado de Ísis, na tentativa de afastá-la discretamente do homem mascarado, o que não foi permitido pelo mesmo, ao puxá-la delicadamente para esquerda, se mantendo a sua direita, se postando entre Artur e Ísis, o que não passou despercebido por ambos.
— Fui orientado a não falar, pela segurança dela… não podíamos arriscar. – Responde Pedro, então ele olha ao redor se dando conta de toda bagunça que estava o lugar. - O que aconteceste aqui, foram atacados?
— Sim, pelo seu amigo aí. - Uriah responde apontando para o homem mascarado, que logo se vira para Pedro se justificando.
— Não consegui reconhecer Vossas Senhorias, ataquei apenas na intensão de afastá-los de Vossa Alteza. - Apesar da fala respeitosa, sua postura de superior a todos ali presente, era notória. O que incomodou profundamente o Comandante Artur, afinal ele estava acostumado a ser temido.
— Por que a trouxeram de volta nesse momento? É seguro? - Questiona Uriah, aparentemente alheio a tensão entre Artur e o homem mascarado.
— Infelizmente não a trazemos por ser seguro, mas sim porque se ela não estiver aqui todos os reinos estarão em perigo.
— Como assim?
— A Senhora Karen explicará tudo assim que nos encontramos no castelo. - Pedro responde, então olha novamente ao redor como se procurasse por mais alguém. - E minha avó? - Pergunta olhando para Ísis.
Um silêncio mortal se fez, ele não sabia que sua avó havia falecido há muitos anos, o olhar dos cavaleiros ali presentes se direcionaram para Ísis deixando subentendido que ela seria a portadora da notícia. O que eles não sabiam era que Pedro já tinha uma noção de que sua avó já falecera, mas apesar de ser um nobre soldado, ainda se recusava a acreditar que sua única família havia falecido e que ele estava sozinho.
Ísis estava sem reação, não que nunca tivesse informado a alguém que seu parente havia falecido, afinal era médica e apesar de ser excelente no que fazia, algumas perdas eram inevitáveis, contudo toda aquela situação era inédita para ela, o homem mascarado notando o incomodo de Ísis intervem.
— Pedro - ao ouvir seu nome pronunciado calmamente por aquele que conhecia por toda sua vida, Pedro sente seus olhos encherem de água, ele teria que aceitar a verdade, sua avó se fora e ele não estava ao seu lado.— Entendo. - Fala finalmente dando um leve e triste sorriso.— Não sei ao certo quando ela faleceu ou se realmente faleceu, a única coisa que sei é que em meio a toda essa loucura foi ela me deixou em um convento com essa carta. - Ísis se sentiu na obrigação de compartilhar com aquele jovem a sua frente o que sabia, ela estende a mão para Heitor que devolve a carta para ela. - Acredito que ela deva fica com você. - finaliza entregando a carta para Pedro, que com uma leve reverência agradece.— Bom, é melhor irmos, logo anoitecerá e acredito que a princesa não esteja preparada para uma noite fria no deserto.— E não seria bom para reputação da princesa pernoitar sozinha em meio ao deserto com 5 cavaleiros. - Fala o homem mascarado.— Antes de irmos, não me recordo de ter se ap
“A alma não tem segredo que o comportamento não revele.”Lao-Tsé— ARTUR – Uriah grita, chamando atenção de todos.— O que foi agora?— Tem certeza que ela pode cavalgar vestida assim?— Sei que minhas roupas não são apropriadas, mas não temos outra opção no momento, ou por ventura o senhor teria um vestido em sua posse para me trocar? - Com uma coragem que jamais imaginara ter, Ísis responde ao Uriah.— Como ousa falar assim com um homem? – Heitor fala, mas apesar de suas palavras pesadas, seu tom era calmo, ele a estava testando, queria saber como ela reagiria e o que responderia e Ísis sabia disso. — Com a autoridade de uma princesa, mais precisamente da princesa das terras onde o Duque se encontra – antes que Ísis tivesse tempo de responder, Uriah responde ao Duque – Me desculpe alteza – se desculpa se curvando, Ísis apenas retribui com uma leve reverência.— Todos prontos, então vamos antes que a noiteça. – Fala o Homem Mascarado. Artur segue a frente do grupo, seguido por Uriah
— General Castro, General Garcia. – Um dos soldados os cumprimenta assim que se aproxima, logo depois se vira para o Duque ao qual faz uma leve reverência, mostrando respeito aristocrata. – Estávamos a espera de vossas excelências, Duque Gonçalves, sua prima já se encontra no castelo. – Fala se dirigindo ao Duque, este apenas acena em concordância. O soldado, que até então não havia direcionado o olhar aqueles que se encontravam mais atrás, finalmente os nota. Sua atenção ficou demasiado tempo sobre a Dama ali presente, afinal apesar de todos os esforços de não permitir que qualquer parte de seu corpo ficasse exposta, um sobretudo era consideravelmente justo, o que demarcava bem suas curvas. Um pigarro chama atenção do soldado, afinal ele encarava constrangedoramente cada curva de Ísis, o que incomodou aos cavaleiros ali. O soldado, assim como os demais, direciona seu olhar para o autor do pigarro, recebendo o olhar ameaçador de Enzo, sua postura muda completamente, podia se dizer qu
— Pedro, não brinca com esse coração velho… não me diga – A Imperatriz fala, observando Ísis atentamente, com um leve sinal de Enzo, Ísis entende que esse é o momento de se apresentar. Delicadamente Ísis solta a mão de Enzo, e lentamente retira o capuz do sobretudo, somente agora revelando seu rosto, sem graça e com receio que seu sobretudo abra, a tornando o personagem principal de uma cena constrangedora, ela se curva perante o casal.— Chamo-me Ísis Duarte, e sinto-me honrada de estar na presença de Vossas majestades. - O cumprimento perfeito surpreendeu não somente quem observava, mas a própria Ísis, que não fazia ideia de onde aprendera. — É você mesmo? Minha princesa voltou para casa… Olha Antony, nosso bebê cresceu… - Anna fala para o marido, se aproxima lentamente da jovem, faz menção de tocá-la, porém, a mesma se afasta, não permitindo o toque. Uma névoa de tristeza passou pelo olhar da Imperatriz, mas logo a postura séria retornou, mas tal lapso não passou despercebido por
— Quem é ela? - questiona encarando a jovem.— Ninguém sabe ao certo. - Pedro responde novamente. - Alguns a chamam de fada, outros de bruxa.— Como assim? Por que ninguém faz nada? Tem uma estranha parada no meio do jardim. - Ísis questiona perplexa.— Não sabemos se ela está realmente aqui. - Enzo falar. - Aparentemente somente nós estamos vendo ela, o que pelo que sei não significa boa coisa.— Não significa boa coisa? Como sabe, se segundo vocês, ninguém sabe quem ela é?— “Era uma bela Dama, os cabelos de cor exótica, uma mistura do mais dourado do ouro com o mel mais puro já extraído das abelhas mais raras, sua pele tão branca como a neve. Suas vestes, uma união da realeza com a simplicidade camponesa, contudo nada é mais marcante que seu olhar penetrante, mas jamais esqueça a presença de tal Dama pode ou não ser um mau presságio.” - Pedro responde - Essa é apenas uma das muitas histórias em torno da Bela Dama misteriosa.Ísis nada comentou com os cavaleiros, mas um dos motivos
De joelhos, com um dos braços imobilizados, e com o joelho de Ísis a forçando para baixo, estava Maria, uma das bruxas mais temidas do reino. Ao notar a expressão de espanto nos rostos dos Generais ali presentes e principalmente do Imperador, um sorriso maléfico é esboçado no rosto da bruxa.— Quem é você e o que fez com a tia imperial? – Pergunta Uriah, o que causou um certo estranhamento por parte de Ísis, afinal nunca imaginou que Uriah poderia ser um membro da família real. Então o corpo da mulher abaixo de Ísis treme com a gargalhada emitida pela Bruxa. — É incrível o seu poder Princesa Duarte, estou infiltrada nesse castelo há quase 15 anos e ninguém notou, mas bastou um olhar seu e meu disfarce foi descoberto, e olha que nem chegaste a conhecer sua mãe, é realmente admirável… - a Bruxa fala ainda com um sorriso maléfico no rosto. Não era possível para Ísis ver o rosto da mulher, mas conseguia identificar maldade em sua voz.— Quem é você e o que fez a imperatriz? - Ísis pergun
— Por isso trouxe Ísis de volta logo que descobri que a Imperatriz Anna fora morta. - afirma Karen encarando todos no salão. - O reino precisa de uma imperatriz, levem-na para a prisão imperial. - Karen ordena aos soldados que ali apenas observava a cena, porém esse são impedidos por Ísis.— Disseste que ela não estava mais ali, - fala apontando para janela onde Enzo se encontra – disseste que ninguém deseja ver tal dama, algo me diz que sabe quem é ela?— Ah! Claro que sei, todos os seres que possuem alguma importância – a bruxa fala com certo orgulho em sua voz. - sabe. — De que dama falam? E quem pode ser mais importante que o Imperador? - Antony, mesmo ainda em choque com a notícia da morte de sua esposa, questiona a bruxa.— Seu nome é Sinis, não se sabe exatamente o que ela é, muito menos a dimensão de seus poderes, apenas que cruzar seu caminho pode ser desastroso. - A bruxa responde calmamente, mas Ísis sentia que essa calma era somente por fora, no fundo, ela parecia em pâni
“As Aparências Enganam? Não elas apenas tentam ti induzir a um novo '‘conto de farsas’'!”Jess Nesta— Quem pensas que é para dar ordens a princesa? Majestade, viste como esse mero soldado trata a princesa? E como ele tramou para a fuga da assassina da imperatriz?— General Castro, peço que se contenhas, sei que toda essa situação é um tanto quanto inusitada, mas temos que nos manter calmos. - Karen tenta apaziguar a situação.— Majestade, imagino que também precisas descansar um pouco? Por que não conversamos todos amanhã? - Pedro então se pronuncia pela primeira vez, então sem pronunciar uma palavra sequer o imperador sai do grande salão acompanhado de alguns soldados.— Sua Majestade amava muito a Imperatriz, descobrir que conviveu durante tantos anos ao lado de uma impostora, e que sua amada, na verdade, está morta foi um grande choque para ele. - Karen fala olhando para porta por onde o imperador havia saído. - Muitas coisas aconteceram hoje, e todos temos dúvidas, mas como Pedro