Capitulo 3

Não sei, não conheci meus pais. - Afirma a jovem sem graça. - Fui abandonada na porta de um convento quando tinha 2 anos, tendo comigo apenas um cobertor com meu nome bordado – Completa como se fosse algo que não a afetasse, mas um leve ar de tristeza em seu olhar não passou despercebido por Artur que a observava atentamente.

A senhorita tem quantos anos? Quando é seu aniversário? - Uriah pergunta curioso.

Tenho 27 anos, farei 28 em dezembro e antes que me pergunte, sou médica.

Médica? - Uriah fala com espanto. - Mulheres não podem ser médicas! – Nesse momento Ísis queria se bater, com as brincadeiras com o general e a descontração da conversa, esqueceu completamente da possibilidade de ter voltado mais de 500 anos no tempo, mulheres não podiam ser médicas nessa época. - Nossa, são bem raras, nunca encontramos com uma, né, Artur. - Ísis não conseguiu disfarçar sua expressão de surpresa, afinal estava pronta para sair correndo caso eles a acusassem de bruxaria.

Nem me fale, mamãe sempre reclama de ter que se consultar com Dr. Antunes. - Heitor fala pensativo.

Senhorita Castro poderia nos contar sua história? Talvez nos ajudaria a te levar de volta para sua família. - Artur fala ignorando os demais.

Minha família? Não acredito que queiram me encontrar novamente, ou não teriam me abandonado.

Mesmo que não encontremos sua família, talvez a ajude a voltar para casa, não seria isso que desejas? - Heitor reforça.

Não sei se ajudaria, afinal sei apenas o que me foi falado pelas freiras. Fui abandonada porta do convento, no chão, portando apenas um cobertor de lã com meu nome bordado e uma carta.

Uma carta?

Sim, na verdade, descobri sobre essa carta apenas hoje pela manhã. - fala se recordando da visita que recebeu pela manhã no hospital, e retirando o envelope que por algum milagre ainda se encontra no bolso de seu sobretudo.

O que está escrito?

Não sei, ainda abri. - responde mostrando o envelope lacrado com cera, lembra que achou curioso a forma que o mesmo estava lacrado, afinal era algo que não se fazia a muitos seculos. - No convento nunca me faltou nada, a irmã Maria me criou com muito carinho e amor, fui bem-educada, então não importa quem são meus pais ou o que está escrito nessa carta. - Finaliza já de pé novamente.

Não está curiosa? A carta pode explicar o motivo que os levaram a abandoná-la – Uriah pergunta.

Não, como disse, não tenho interesse em saber quem são meus pais ou, porque me abandonaram.

A senhorita disse que seu nome estava bordado no cobertor, era somente o nome ou o sobrenome também?

Sobrenome também. Não estou entendendo todas essas perguntas senhor.

Peço desculpas se estou sendo inconveniente, é que a filha de um amigo de minha família desapareceu há muitos anos e hoje ela teria sua idade. - Artur justifica.

Além de que também se chamava Ísis Duarte. - Completa Uriah.

A Senhorita se incomodaria de ler a carta para nós? - Heitor questiona.

Mesmo achando toda aquela situação inusitada, Ísis não podia negar que estivesse de certa forma estava curiosa sobre a carta, afinal seria muita coincidência toda essa situação acontecer logo após recebê-la, abre a carta e começa a lê-la em voz alta:

Prezada Ísis,

Vossa Alteza já deve estar crescida após todos esses anos, pedi para irmã Maria lhe entregar essa carta somente quando ela não fosse mais capaz de lhe proteger. Vossa Alteza não me conhece, me chamo Carol, logo que a princesa nasceu eu e meu neto Pedro fomos escolhidos por sua mãe para lhe proteger secretamente.

Na época parecia apenas uma superproteção de Vossa Majestade, afinal nunca, ouve qualquer ameaça a vossa vida, porém tudo mudou em sua festa de aniversário de 2 anos.

Pouco antes de iniciar as comemorações, sua ama apareceu no salão em pânico, informando a todos que a princesa havia desaparecido, todos no palácio sairão a sua procura, quando em meio a mata encontrei pistas deixadas por meu neto, ela estava de vigia naquela noite.

Segui aquela trilha com alguns soldados, os poucos em quem confiava, conseguimos interceptar a carruagem dos sequestradores e lhe resgatar, porém, não era seguro retornarmos ao palácio, afinal não sabíamos o que acontecera.

Após informarmos Vossa Majestade que havíamos lhe resgatado, fomos informados que o reino fora traído e que a princesa não estava segura no palácio a descobrirem o que estava acontecendo, nós deveríamos mantê-la segura.

Sabíamos que sozinhos não conseguiríamos proteger Vossa Alteza, precisava de ajuda, então fui a procura da feiticeira Karen Nunes, precisávamos lhe proteger e não mediríamos esforços para tal feito.

A senhora Nunes nos informou que o único lugar seguro para Vossa Alteza seria em uma nova era, longe de tudo e todos, onde não seria reconhecida. Usando de um feitiço, ela lhe enviou comigo para o futuro, mas devido à idade avançada, quase não consegui sobreviver a viagem.

No estado ao qual me encontrava não tinha condições de criá-la, muito menos de lhe proteger, tive que tomar a difícil decisão de deixar Vossa Alteza sob o cuidado de desconhecidos.

A irmã Maria me ofereceu abrigo logo que chegamos, sempre se mostrou uma boa mulher e fiel a Deus, acredito que ela lhe criou bem.

A feiticeira se comprometeu a lhe trazer de volta assim que fosse seguro, sei que essa serva não tem o direito de lhe pedir nada, mas se Vossa Alteza puder pedir que Sua Majestade me perdoe por não cumprir com meu dever.

Cordialmente,

Carol.”

 

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