O Trabalho é Duro

O silêncio na masmorra era opressor. Danika passava os dias em um estado de semi-atordoados, lutando para se adaptar à sua nova realidade. As refeições eram escassas e mal preparadas, entregues por um dos capangas sem um pingo de compaixão. O frio continuava a penetrar em seus ossos, e o espaço reduzido da cela parecia estar cada vez mais apertado.

Cada dia parecia uma repetição do anterior, com a dor e o medo se tornando uma constante em sua vida.

Na manhã de um novo dia, a pesada porta de ferro se abriu com um estrondo, e um dos capangas entrou. Danika se levantou com dificuldade, seus movimentos lentos e cansados. O capanga não estava sozinho; acompanhando-o estava Enry, com seu olhar implacável.

“Levante-se,” ordenou o capanga.

Ela se levantou hesitante, seu corpo doendo e suas pernas tremendo. Enry observava com um olhar frio e distante, sua expressão mostrando pouco ou nenhum traço de empatia.

“Hoje, você vai começar a entender o que significa ser minha escrava,” disse Enry, sua voz cortante. “Quero que esteja ciente de seu lugar aqui. Seu comportamento será monitorado, e qualquer erro terá consequências.”

Danika olhou para ele com um misto de medo e frustração. “Eu não entendo. Por que você está fazendo isso?”

Enry inclinou a cabeça, um fio de frustração cruzando seu rosto. “Você não está aqui para entender, Danika. Está aqui para se submeter e seguir as regras. É assim que funciona.”

Danika balançou a cabeça, lágrimas começando a se formar em seus olhos. “Eu te suplico. Eu só quero sair daqui.”

Enry respirou fundo, sua expressão endurecendo. “Você precisa aprender a obedecer e aceitar sua nova posição. A partir de agora, você terá tarefas diárias. Não espere qualquer forma de bondade de minha parte. O que você tem a fazer é manter-se obediente.”

O capanga empurrou Danika para fora da cela e a conduziu pelos corredores do castelo. Cada passo que dava era um lembrete doloroso de sua nova realidade. Eles chegaram a uma área de serviço onde ela foi apresentada a uma mulher mais velha que parecia ser a responsável pela manutenção das áreas do castelo.

“Esta é Hilda. Ela será sua supervisora. A partir de agora, você seguirá suas instruções e fará o trabalho que lhe for atribuído,” explicou o capanga.

Hilda a olhou com uma expressão crítica. “Vamos ver o que você pode fazer. O trabalho é duro e não haverá piedade para aqueles que não cumprem suas obrigações.”

Ela então se dirigiu a uma pequena arca e tirou de lá um uniforme de serviçal. A roupa era composta por um vestido preto e branco, com uma blusa de manga curta e uma saia longa. O vestido estava decorado com um avental branco na frente, que parecia ter sido escolhido para destacar sua posição de servente.

“Vista isso,” disse Hilda, entregando a Danika a roupa. “Você terá de parecer apresentável para realizar suas tarefas.“

Danika pegou a roupa com mãos trêmulas e, com um esforço doloroso, começou a se vestir. O vestido era simples, mas o avental branco dava-lhe uma aparência de subordinação que parecia ainda mais humilhante. A roupa era apertada e não oferecia muito conforto, mas ela não tinha escolha a não ser aceitá-la.

Enquanto Danika se vestia, Hilda observava com um olhar avaliador. “Você se parece um pouco melhor assim, mas ainda tem muito a aprender. Vamos começar com algo simples. O trabalho aqui nunca acaba.”

Danika vestiu a roupa com um esforço visível e, após Hilda verificar se tudo estava em ordem, foi levada para suas novas funções. Cada tarefa era um lembrete doloroso de sua situação, e o uniforme branco e preto parecia simbolizar sua nova vida de submissão.

Enquanto Danika se adaptava à nova rotina, Enry estava em seus aposentos, lutando com suas próprias emoções. O lobo dentro dele estava em tumulto, a visão de Danika trabalhando arduamente e sendo tratada como uma escrava o perturbava profundamente. Ele sentia a força do desejo de protegê-la, mas o peso de suas responsabilidades e o desejo de manter a ordem o impediam de agir de acordo com esses sentimentos.

Ele se movia pela sala de maneira inquieta, seu olhar fixo em um ponto distante. Suas memórias foram para a noite em que a encontrou pela primeira vez. Ele se lembrava do choque e da raiva que sentiu ao descobrir que sua companheira predestinada pela Deusa da Lua era uma humana. A revelação foi um golpe devastador para ele, um sentimento de afronta misturado com confusão.

Enry recordava o momento em que a viu pela primeira vez, quando a seguiu pelas ruas sombrias e a tomou para si. O lobo dentro dele reagiu imediatamente ao vê-la, um instinto profundo de reconhecimento e conexão, algo que ele não pôde ignorar. Mas, ao perceber que ela era uma humana, a raiva tomou conta dele. A ideia de que a Deusa da Lua o havia destinado a uma humana o encheu de frustração. Era algo sem precedentes, um insulto ao seu status e a seus princípios.

A decisão de mantê-la por perto foi uma forma de manter a força e a dignidade, uma forma de afirmar seu controle sobre o destino que lhe foi imposto. Ele não podia marcá-la como sua companheira, não podia aceitar a ideia de que uma humana fosse seu vínculo sagrado. Ela seria mantida próxima, uma constante lembrança de sua frustração e sua luta interna, mas jamais seria reconhecida como sua.

Danika, ao final do dia, voltou para sua cela exausta. A dor no corpo e a exaustão emocional a deixaram em um estado de total desespero. Ela se encolheu em um canto, as lágrimas escorrendo enquanto tentava processar a brutalidade de sua situação.

As palavras de Enry ecoavam em sua mente, e a dor de sua nova vida como escrava era quase insuportável. O castelo parecia um labirinto de solidão e desespero, e o futuro era uma escuridão sem fim

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