Ritual de Rejeição

O dia amanheceu lentamente, e o castelo acordou com uma sensação de tensão palpável. Enry havia passado a noite em claro, atormentado por pensamentos e dúvidas sobre a rejeição de Danika. A ideia de seguir com o ritual o consumia, mas ele acreditava que era a única maneira de recuperar seu controle. Com a primeira luz do dia, ele tomou uma decisão firme: realizaria o ritual de rejeição assim que pudesse.

Ao se dirigir para o quarto onde Danika estava repousando, Enry estava visivelmente desgastado, mas determinado. Ele empurrou a porta suavemente e entrou no quarto, seu olhar fixo na jovem ainda inconsciente na cama. Danika estava pálida e quieta, sua respiração irregular. A visão dela em tal estado apenas aumentava a dor interna que Enry sentia, mas ele se forçou a seguir em frente.

Ajoelhando-se ao lado da cama, Enry se inclinou até o ouvido de Danika, sua voz carregada de um pesar profundo. “Eu, Alfa Enry, rei dos Lycans, rejeito você, Danika, como minha companheira predestinada.”

Assim que as palavras saíram de seus lábios, um grito de dor ecoou pelo quarto. A dor intensa e aguda envolveu tanto Enry quanto Danika, fazendo com que ambos se contorcessem em agonia. Danika começou a se debater na cama, seu corpo tremendo e suando com febre, enquanto Enry urrava de dor, seu corpo em um estado de sofrimento extremo.

Os gritos e gemidos de ambos se espalharam pelo castelo, fazendo com que os moradores se alarmassem. Henrico, ouvindo os sons perturbadores, se aproximou da porta do quarto. Ele olhou para Hilda, que estava ao seu lado, com uma expressão preocupada.

“Eu vou entrar e impedir isso,” Henrico disse, seu tom firme.

Hilda, com uma expressão de resignação, balançou a cabeça. “Não adianta mais. O ritual já está em andamento, e o sofrimento é inevitável. Não há como interromper.”

Henrico hesitou por um momento, mas a dor que emanava do quarto era inescapável. Ele sentia a angústia de Enry e Danika como se fosse sua própria. Contudo, ao ver a gravidade da situação, ele sabia que não havia mais nada a fazer além de esperar.

Dentro do quarto, a dor de Enry e Danika parecia interminável. Enry, com a respiração ofegante e o corpo coberto de suor, lutava para suportar a intensidade do ritual. Seus gritos e gemidos misturavam-se aos de Danika, e a atmosfera no quarto estava carregada de uma dor quase tangível.

Finalmente, quando a dor começou a diminuir e a respiração de ambos se acalmava, Enry olhou para Danika com um olhar surpreso. Ela ainda estava viva, apesar da intensidade do ritual. Seu corpo estava fraco, mas a vida ainda pulsava dentro dela.

“Para uma humana, você não é tão fraca,” Enry murmurou para si mesmo, a surpresa e um traço de admiração em sua voz. Ele percebeu que, embora o vínculo de companheiro não fosse mais o mesmo, havia ainda algo ali, uma conexão que não desaparecera completamente. Ele pensou que era apenas uma questão de tempo até que a sensação se apagasse por completo.

Enry deu um último olhar para Danika, vendo sua respiração se acalmar lentamente. Um misto de pesar e resolução se formou em seu olhar. Com um suspiro, ele se levantou e se afastou, cambaleando em direção à sua toca. A dor e a exaustão haviam tomado conta dele, e ele precisava se retirar para lidar com o que restava de seu tormento interno.

Quando Enry saiu, Henrico e Hilda entraram no quarto. Henrico se aproximou de Danika, seu olhar preocupado enquanto observava a jovem. Hilda, com sua experiência como curandeira, começou a avaliar a condição de Danika.

“Vamos cuidar dela, Hilda,” Henrico disse, sua voz carregada de um sentimento de responsabilidade. “É o mínimo que podemos fazer depois de tudo isso.”

Hilda assentiu, sua expressão decidida e cheia de compaixão. “Sim, vamos fazer o melhor que pudermos para ela.”

Enquanto Henrico e Hilda começavam a trabalhar para estabilizar Danika, a jovem ainda estava inconsciente, sua respiração fraca, mas sua vida ainda estava intacta. O castelo, que havia testemunhado tanto sofrimento, agora parecia mergulhado em uma calma inquietante, esperando que o destino de Danika se desenrolasse com o tempo.

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