“O MISTÉRIO DO PONTO M”, misturando realidade com ficção, envolve o leitor desde as primeiras páginas com mistério e suspense. Uma equipe de pesquisa arqueológica parte com destino ao Pantanal Mato-grossense, em busca de outra equipe, desaparecida quatro anos antes, durante a descoberta de ruínas de uma cidade Inca. No mapa oficial da CIFEC – Central de Pesquisas Científicas, o local era apenas assinalado pelo ponto M. Durante a viagem, a equipe de resgate se vê envolvida com o narcotráfico e um assassinato, tornando-se a suspeita número um da Polícia Federal. Apesar do apoio do Coronel Comandante do Batalhão do Exército de Aquidauana, os integrantes não escapam das suspeitas. No entanto, o pior ainda está por vir. As ruínas da cidade Inca, local do desaparecimento da equipe anterior, estão envoltas num mistério. A equipe de resgate, na busca de pistas, encontra, em meio às ruínas, um túnel subterrâneo. Coisas estranhas acontecem neste túnel e, sem perceberem, os elementos do resgate viajam no tempo em função da decomposição da luz e da aceleração rotacional do planeta. A “quebra” da luz dentro do túnel separa a equipe, dividindo ainda mais o tempo de cada um. O líder da expedição e mais um elemento são transferidos para um mundo paralelo. O que aconteceu com a equipe anterior? Os elementos do resgate passam a ter dois problemas: encontrar os integrantes desaparecidos e reunirem-se novamente no mesmo espaço e tempo.
Ler maisA equipe retornou à Central. Marcos, eufórico, foi ao encontro dela. Ramon agradeceu ao irmão pela força.— Obrigado, mano. Sem você acho que não teríamos conseguido nem chegar lá.— Que isso, Ramon, eu não fiz nada. Apenas segui suas orientações.Tudo foi contado em detalhes, mas Ramon não queria falar em sucesso. No seu conceito, havia perdido grandes homens e dentre eles o seu grande amigo.Fredy condecorou a todos, incluindo, é claro, seu Diretor Técnico Marcos, e deu a eles uma semana de folga. Antes, porém, reuniu-os em sua sala e propôs um brinde.Enquanto todos erguiam suas taças de champanhe para o brinde, Ramon viu algo tomando forma na mesa do presidente. Aproximou-se e, sob os olhares dos amigos que observavam estáticos o resultado, largou a taça de champanhe e apanhou o que, sobre a mesa, acabar
A noite transcorreu normalmente e Carlos já estava entretido na sua tarefa matinal. Ramon fizera o turno anterior e voltara a dormir. De repente, em meio ao sono, foi surpreendido por Carlos. — Ramon, Ramon! Acorde! Tem alguma coisa estranha aqui! Ramon, num sobressalto, agarrou sua automática e saiu rapidamente da barraca. Mesmo com os olhos embaçados pelo sono, ainda teve tempo de ver algo se formando no centro do acampamento. — Chame os outros, disse a Carlos. Acho que temos visita. Em poucos segundos o corpo estava completo. Era um homem calvo, barbudo e com as vestes sujas e esfarrapadas. Ramon se aproximou. O homem recobrou os sentidos, levantou a cabeça e sorriu ao mesmo tempo em que deixava transparecer sua incredulidade. Além das roupas em trapos, apenas uma lupa na mão direita. Ramon tentou reconhecer o rosto diante de si, mas não foi preciso. O visitante se apresentou. — Sou eu, Ramon! Sou eu! Júlio Gobby! O Julião, cara! Eu
Ramon foi o primeiro a recobrar a consciência. Todos estavam próximos. Olhou à sua volta e, enquanto os demais se recuperavam, checou os integrantes da equipe. — San? San? Meu Deus! Onde você está? Olhou desesperadamente à sua volta à procura do amigo. — Não adianta procurá-lo, retrucou o Sargento levantando e batendo instintivamente a poeira. Ele soltou o mosquete no momento da transição. Ramon sentiu um aperto no coração. — Que Deus tenha piedade dele, murmurou com lágrimas nos olhos. Em seguida, respirou fundo, como se quisesse ter certeza de que o ar era real. Todos observaram o chefe com profundo pesar. Carlos baixou a cabeça imaginando o destino do amigo Will. Em seguida, Ramon agachou-se lentamente e apanhou um punhado de terra. Abriu um largo sorriso e soltou a poeira ao sabor da brisa. — Estamos em casa, pessoal! Estamos em casa! — Iuupiiii!!! Gritaram todos a uma só voz. Os equipamentos estavam todos lá e a ba
A nova equipe de Willdson estava pronta para entrar no túnel. Willdson parou por um instante antes de iniciar o trajeto. Instintivamente, olhou no canto superior direito da entrada. Lá estava seu relógio marcando dia e hora. Não poderia removê-lo e sabia disso. — Que horas tem, Carlão? — 14 horas e 54 minutos. Willdson calculou rápido. Estava certo em suas deduções. A diferença era de 5 horas e 4 minutos aproximadamente. — Vamos embora, pessoal! — Espere! pediu Alexandre. Deixe-me olhar mais uma vez pra “esse mundo”. Afinal, foram quatro anos... Alexandre subiu dois degraus da entrada do túnel. — Vamos, Alexandre! Não temos muito tempo. — Calma, San! Tem alguma coisa estranha acontecendo! Os outros subiram os degraus rapidamente. Em meio às folhas do chão que forravam o acampamento, alguma coisa começava a se formar do nada. Tinha a forma arredondada. — Meu, Deus! exclamou Alexandre. Parece um homem tota
Ramon apressou-se. Apesar do coração apertado por deixar Henrick, sabia que, pelo menos, ele estaria num tempo normal e encontraria toda a sua realidade de uma forma ou de outra. — Seja o que Deus quiser! exclamou ao penetrar no túnel. A corrida era contra o tempo, literalmente. Sem ligar a lanterna do capacete iniciou a caminhada. Os olhos bem abertos observavam cada detalhe. Olhou para o relógio, pois sabia que era a sua mais importante fonte de referência. Pela primeira vez notou que uma leve coloração invadia o ambiente a cada passo. Talvez não tivesse percebido isso na vinda por estarem sempre com as lanternas acesas. Com 11 minutos e 15 segundos de caminhada a passos constantes, percebeu um leve flash ultravioleta. Com 22 minutos e 30 segundos o fenômeno se repetiu na cor azul. Descobriu dessa forma que o tempo dobrava a cada quebra de zona da luz. Ela se decompunha em relação à rotação da Terra. Teria de chegar na zona do vermelho. Se tivesse sorte, en
Carlos ficou estático. Fosse quem fosse era bem real. Imobilizado como estava, não tinha nada a fazer a não ser aguardar os próximos acontecimentos. De bruços e jogado ao chão, Carlos não conseguia ver quem o aprisionara. Contudo, não demorou muito para que a surpresa tomasse conta dele. — Sargento! Corre aqui! gritou o homem que o aprisionara. Carlos ficou atônito. Teria voltado ao tempo normal? Seriam homens do exército? O tal Sargento chegou e ajudou o companheiro a levantar Carlos. Carlos, por sua vez, agora em pé, encarou o homem diante de si: cabelos sujos e compridos, com uma calva na parte superior. A barba longa e as roupas esfarrapadas como se não tomasse banho há semanas. Era realmente uma imagem degradante. Na mão, apontando para o seu peito, uma automática 9 milímetros. Enquanto isso, o outro, de aparência semelhante, desarmara-o e pedia que ele andasse. Carlos mencionou dar o primeiro passo, mas teve oposição. O tal Sarge
Ramon arregalou os olhos. Difícil saber qual a diferença dos dois. — Pelo amor de Deus, Ramon! Sou eu, Henrick! Não está vendo? Ramon estava confuso. Bateu os olhos no cinto e viu a faca de Henrick do lado direito. Era ele mesmo. Pediu silêncio ao garoto e procurou um lugar ainda mais camuflado. Sem tirar os olhos do outro, cochichou ao ouvido de Henrick: — Onde você estava? Estou à sua procura há tempo... — Estava tentando achar o caminho da base quando me deparei com aquele cara. Não consegui ver o seu rosto, mas era como se estivesse vendo a mim mesmo. Alguma coisa me atraiu até ele quando me deparei com você. Afinal, Ramon! O que é que está acontecendo? Ramon, em rápidas palavras, procurou explicar ao garoto o significado de tudo aquilo. Estavam num mundo paralelo e o choque entre matéria e antimatéria poderia ser fatal para um dos lados. Henrick parecia não ouvir metade da explanação do chefe. Seus olhos estavam fixos no seu duplo
Willdson abriu os olhos vagarosamente. Seu rosto estava voltado para o chão. Sem levantar a cabeça, procurou primeiro analisar o cenário. Estava caído como se tivesse sido atirado ao solo por uma imensa força. Só se lembrava que, antes de tudo desaparecer dentro do túnel, agarrara o braço de Carlos tentando o caminho de retorno. Lembrava-se ainda de uma mudança brusca na luminosidade, no momento da transição. Era como se tivesse mudado de faixa, ou seja, retornado à faixa do vermelho. Levantou-se vagarosamente e bateu a poeira da roupa numa atitude habitual. Passou os olhos pelo cenário à procura de alguém, sem perceber, no entanto, que nenhuma nuvem de poeira havia levantado de suas roupas. — Droga, Carlão! O que houve com você, cara? Vamos! Levanta, homem! Carlos estava inerte. Willdson chegou até ele e procurou reanimá-lo. Respirava, portanto estava vivo. Willdson abriu o cantil e despejou um pouco de água no rosto do amigo. Carlos abriu os olh
PARTE III Ramon sentiu-se meio tonto. Anestesiado era a palavra exata. Abriu os olhos com cautela. Estranhamente estava em pé. Olhou para si próprio vagarosamente e ainda teve tempo de ver seu corpo se formando. Como se estivesse se materializando. Aguardou alguns segundos e só então tateou alguns passos. Analisou o cenário e, apesar da familiaridade, alguma coisa estava confusa. Estava nas ruínas do Ponto M e disso não tinha dúvidas, mas... por que tudo estava tão esquisito? Não sabia explicar o que lhe dava essa sensação. No entanto, o mais importante agora era encontrar os outros integrantes. Sabia que o acampamento estava em linha reta da posição em que se encontrava e partiu em direção a ele. Teria voltado ao tempo normal? O pesadelo teria acabado? Com certeza não. Sua missão era encontrar o paradeiro da equipe do Projeto INCA e disso ele estava convicto. Só não conseguia imaginar como os encontraria. Vivo