Marcos estava impaciente. Já passava de uma da manhã e até o momento nenhum contato. O canal da rede estava aberto.
“Não é possível, pensou. A codificação está correta, o canal está aberto e, no entanto, eles não fazem contato”.
O interfone tocou. Marcos atendeu já sabendo quem era do outro lado da linha o qual, inconformado, fez a mesma pergunta pela quarta vez.
— Não, Fredy! Nenhum contato até agora, respondeu Marcos enquanto acionava alguns botões de controle. Logo o satélite estará fora de operação pra nós...
— Não pode ser, retrucou Fredy com certo desespero na voz. Alguma coisa aconteceu!
Marcos procurou manter a calma, mas no íntimo também estava apreensivo. As últimas informações enviadas pelo Coronel Krismmel naquela tarde eram bastante preocupantes.
Marcos trocou o telefone de mão, reclinou-se na cadeira e tentou tranquilizar o Presidente.
— Vá descansar, Fredy, eu vou ficar aqui mais um tempo. Não pense no pior. Conheço bem aquela dupla. Perder não faz parte do conceito deles.
Fredy suspirou do outro lado da linha e Marcos continuou:
— De manhã, às onze em ponto, está marcado um novo contato que será feito do quartel. E fique sossegado. Por pior que tenha sido a situação, acredite, eles próprios enviarão a mensagem.
A perua rodava pela estrada com destino a Campo Grande. Ramon havia determinado que as paradas seriam apenas em extrema necessidade. Carlos estava no volante enquanto Ramon e Henrick, no banco traseiro, tentavam repousar um pouco. A rodovia, de uma única pista, estava praticamente vazia. Somente um ou outro caminhão transitava nela. Carlos desenvolvia boa velocidade, pois era preciso ganhar tempo. Para o mês de julho a temperatura estava agradável, apesar do ar estar bastante seco. O acostamento era ruim e a poeira, depositada pela falta de chuva, oferecia grande perigo caso fosse preciso uma saída estratégica. E era exatamente nisso que Carlos pensava quando reparou no retrovisor um Comodoro prata que desenvolvia a mesma velocidade. Ficou intrigado e, sem fazer comentários a respeito, afundou o pé no acelerador na tentativa de aumentar a distância. — Hei! Vai com calma, Carlão! falou Willdson em meio a um cochilo. Carlos não disse nada. Nenhuma palav
Ramon estava apreensivo. Uma coisa estava bastante clara: alguém tinha grande interesse em que a equipe de resgate não chegasse ao seu destino. Mas quem? E por quê? Agora, mais do que nunca, o cuidado tinha que ser redobrado. Ramon refletiu por um momento. Era necessário apressar as coisas, pois a escuridão da noite já havia se aproximado. Dirigiu-se até a mala do carro e apanhou uma lanterna. — Carlão, disse ele, fique de olho na estrada. Eu vou dar uma checada no estrago. Willdson, continuou, dá uma geral no Monza e veja o que pode descobrir. Leve o Henrick com você. Ele precisa aprender como se trabalha. Willdson apanhou sua lanterna e Henrick seguiu o seu exemplo. Cautelosamente atravessou a pista e se aproximou do Monza. Era um modelo quatro portas Classic, ano 89, verde metálico. Chegou mais próximo e abaixou-se até ao rés do chão. Vasculhou com a lanterna e nada constatou de especial. — Henrick, vá pelo outro lado e vasculhe. Veja se acha algum
Ninguém tocou em nada. Ramon havia colocado também suas luvas como precaução. O cadáver era de um homem aparentando cinquenta anos. Suas roupas demonstravam que era uma pessoa de fino trato. Ninguém tocou no morto, mas era possível visualizar suas mãos amarradas às suas costas. Pelas primárias deduções, ele havia sido executado com um tiro na cabeça. Ramon fechou o porta-malas do Monza ao mesmo tempo em que observava a placa. Não tinha lacre. — É fria, San! — O que foi que você disse? — Eu disse que a placa é fria. Não tem lacre, tá vendo? Ramon gravou instintivamente a numeração: DX 0454. — Vamos dar o fora daqui ou vamos ter de explicar muitas coisas, observou Ramon. Willdson, pela primeira vez, ficara surpreso com o amigo. — Mas, ... Ramon! Nós temos que fazer alguma coisa, avisar a polícia, ... sei lá!... — San, disse Ramon calmamente, raciocine um pouco. Olhe pro nosso carro e pro Monza. A primeira
Ramon estava no volante. Já era noite alta e a temperatura havia caído bastante. Era assim naquelas paragens. Durante o dia a temperatura podia chegar a 42°C e na madrugada poderia cair a 2°C. Os pensamentos estavam voltados para os últimos acontecimentos. Ramon começou a refazer a história. Quem os havia atacado conhecia muito bem o trajeto. Sabia que a parada anterior, para abastecimento da viatura, era a última antes de um espaço de aproximadamente 300 quilômetros. Era o chamado posto de segurança, pois até Campo Grande não haveria nenhum posto sequer. Com um carro mais possante, puderam controlar o tempo e a distância e atacar no momento oportuno. O Monza seria apenas uma isca. Provavelmente esperavam que a equipe parasse para socorrer o pseudo-acidentado para então abordá-los. Ou quem sabe, matá-los?... — Ramon, me esclarece uma coisa! Se alguém queria nos matar, por que não atiraram na gente no momento em que emparelharam conosco? — Não sei, Car
Eram duas horas da madrugada do dia seguinte quando a equipe de resgate chegou a Campo Grande. Instalou-se em um pequeno hotel, num apartamento com quatro camas, e procurou descansar naquele final de noite. Após o café da manhã, com toda a equipe descansada, foi dada sequência ao novo cronograma estabelecido. Começariam pela visita ao amigo Guerard. Ele estava no escritório de seu Centro de Pesquisas Ufológicas. Lá era editada a revista UFO Contact de circulação nacional. A recepção como sempre foi fantástica. Guerard ofereceu-lhes um café e, numa sala reservada, procurou se inteirar do objetivo da equipe. — Quer dizer que vocês estão de volta para novas descobertas? Ramon tinha de medir as palavras, pois mesmo para o amigo, algumas coisas deveriam ser omitidas. — Sabe o que é, Guerard, estamos sem contato com a equipe anterior já há algum tempo. Não sabemos exatamente o que aconteceu. Isso está nos preocupando. Ramon colocou a xícara
Fredy andava de um lado para outro em sua ampla sala no décimo segundo andar. Esfregava as mãos uma na outra demonstrando claramente sua aflição. Eram sete horas da manhã e as olheiras fundas no seu rosto denotavam as poucas e mal dormidas horas daquela noite. Marcos, próximo à porta, só acompanhava com os olhos. Havia passado a noite em claro na esperança de um sinal. Tinha de aproveitar que o satélite estava disponível full time nesse primeiro dia. Depois, seu acesso seria de apenas 15 minutos duas vezes ao dia. O telefone tocou. O segurança atendeu e transferiu na frequência especial para a sala da presidência. Fredy deu um pulo e antes mesmo do segundo toque já havia atendido. — Doutor Frederico, é o Coronel Krismmel pro senhor na linha especial. O Presidente odiava o próprio nome. Preferia ser chamado de Fredy, mas não contestou. Acionou um botão em um pequeno painel e travou todas as linhas de acesso. Da
Na guarita do 9º Batalhão de Engenharia de Combate, o Cabo aproximou-se da viatura. Ramon tirou do rosto o Ray-Ban, olhou para o soldado e respondeu a pergunta: — Ramon Karline, da CIFEC. O Coronel Krismmel está nos esperando. — Um momento, senhor! O Cabo foi até a guarita e interfonou. Em seguida, pediu suas identidades e deu-lhes em troca crachás de visitante. — Por favor, senhor, continuou o Cabo. Este soldado vai acompanhá-los. O soldado pediu licença e entrou no carro. Ramon já conhecia o caminho, pois já estivera naquele quartel em outra ocasião. Contudo, era preciso seguir o ritual. Na porta do pavilhão, estacionaram o veículo e um oficial veio apanhá-los. — Por aqui, senhores. O Coronel os espera. Subiram a escada que dava acesso ao gabinete do Coronel. Uma sala espaçosa com dois ambientes. Em um dos lados, uma extensa mesa com um computador. O outro ambiente continha um sofá e quatro poltronas dispostos
Marcos cochilava na cadeira. Estava acordado desde a manhã do dia anterior. O vídeo acusou recepção de mensagem com o bip característico. Marcos abriu os olhos e rastreou rapidamente a tela. — São eles! gritou para consigo mesmo. “Acorda, mano! Você não achou que ia ser fácil, não é? Pois é... eles acharam! Mas está tudo bem conosco.” Marcos sorriu satisfeito. Eles estavam bem. Era seu irmão sem dúvida nenhuma. “Graças a Deus, Ramon! O Fredy nem vai acreditar!” “Tivemos problemas com o carro, mas está sob controle agora.” “Já sabe das últimas?” “O Coronel me colocou a par”. “Espere um instante que eu vou chamar o Fredy. Ele quer falar com você.” Enquanto Ramon aguardava, o Coronel saiu da sala com o restante da equipe. — Vamos andar um pouco. Vou mostrar o quartel para os novos. Fique à vontade e o tempo que precisar. Ramon acenou positivamente enquanto aguardava o Fredy do outro la