A equipe retornou à Central. Marcos, eufórico, foi ao encontro dela. Ramon agradeceu ao irmão pela força.
— Obrigado, mano. Sem você acho que não teríamos conseguido nem chegar lá.
— Que isso, Ramon, eu não fiz nada. Apenas segui suas orientações.
Tudo foi contado em detalhes, mas Ramon não queria falar em sucesso. No seu conceito, havia perdido grandes homens e dentre eles o seu grande amigo.
Fredy condecorou a todos, incluindo, é claro, seu Diretor Técnico Marcos, e deu a eles uma semana de folga. Antes, porém, reuniu-os em sua sala e propôs um brinde.
Enquanto todos erguiam suas taças de champanhe para o brinde, Ramon viu algo tomando forma na mesa do presidente. Aproximou-se e, sob os olhares dos amigos que observavam estáticos o resultado, largou a taça de champanhe e apanhou o que, sobre a mesa, acabar
Ao Denildson Paoli, meu grande amigo, que partiu para o outro lado antes do final desta aventura. Esteja onde estiver "FUMEMOREMOS" o nosso sucesso. Ao meu filho Leandro Bueno e à minha mãe Therezinha Carline Bueno, por terem me incentivado e me cobrado cada capítulo. PARTE I Três de julho de l990. 07:25h. Uma equipe da CIFEC - Central de Investigações de Fenômenos Científicos, estava partindo para uma Expedição em Mato Grosso do Sul, na região Centro-oeste do Brasil. Em l986, portanto quatro anos antes, dois elementos dessa equipe haviam integrado outra equipe que, após dez anos de pesquisas, encontrara as ruínas de uma cidade supostamente Inca. Nos mapas enviados pela equipe à CIFEC, o local era assinalado como ponto M. Quando Ramon Karline e Willdson Capolli retornaram
O dia anterior à partida foi dos mais tumultuados. A equipe de resgate, como foi chamada, tinha de conter no máximo quatro elementos no campo e um na Central. Afinal, não poderiam levantar suspeitas já que todo o Projeto INCA era extremamente confidencial. Desta forma, um carro de passeio seria o mais sensato, apesar de o menos adequado. Ramon e Willdson tinham um currículo invejável dentro da CIFEC. Pelo menos dezessete expedições por várias partes do mundo. Carlos Von Güeler era instrutor de alpinismo e espeleologia, além de ter participado de dezenas de campanhas de treinamento nas piores simulações. Marcos Karline, irmão mais novo de Ramon, seria o contato da equipe na Central. Dele seria a responsabilidade de transmitir e receber informações e processá-las nos computadores. Conhecia bem as estratégias de campo. Hoje, estava em uma cadeira de rodas. Uma corda se rompera durante um rapel, em uma expedição no Himalaia. Henrick Capolli era o novato da equipe. Era fi
Bauru constava no percurso como a primeira parada oficial. Lá, a equipe faria um rápido almoço antes de seguir viagem. Willdson estava no volante agora. Era feito um revezamento a cada três horas aproximadamente para não sobrecarregar ninguém. Só o Henrick não participava do rodízio, exatamente por ser o mais novo da equipe. Ramon fazia algumas anotações em um pequeno bloco quando percebeu o carro puxar um pouco para o acostamento. — Ih, Will! Acho que temos um probleminha! — É... eu já percebi, respondeu Willdson sem tirar os olhos da estrada. Só estou tentando um lugar menos ruim no acostamento. Enquanto o carro saía para o acostamento, Henrick, que não era de falar muito, teceu um pequeno comentário, talvez no intuito de relaxar um pouco. — Isso é que eu chamo de uma entrada triunfal! Willdson olhou pelo canto do olho, sorriu e completou: — Até que enfim você entrou no espírito da expedição, hein? Bem,
Marcos estava impaciente. Já passava de uma da manhã e até o momento nenhum contato. O canal da rede estava aberto. “Não é possível, pensou. A codificação está correta, o canal está aberto e, no entanto, eles não fazem contato”. O interfone tocou. Marcos atendeu já sabendo quem era do outro lado da linha o qual, inconformado, fez a mesma pergunta pela quarta vez. — Não, Fredy! Nenhum contato até agora, respondeu Marcos enquanto acionava alguns botões de controle. Logo o satélite estará fora de operação pra nós... — Não pode ser, retrucou Fredy com certo desespero na voz. Alguma coisa aconteceu! Marcos procurou manter a calma, mas no íntimo também estava apreensivo. As últimas informações enviadas pelo Coronel Krismmel naquela tarde eram bastante preocupantes. Marcos trocou o telefone de mão, reclinou-se na cadeira e tentou tranquilizar o Presidente. — Vá descansar, Fredy, eu vou ficar aqui mais um tempo. Não pense no pior. Conh
A perua rodava pela estrada com destino a Campo Grande. Ramon havia determinado que as paradas seriam apenas em extrema necessidade. Carlos estava no volante enquanto Ramon e Henrick, no banco traseiro, tentavam repousar um pouco. A rodovia, de uma única pista, estava praticamente vazia. Somente um ou outro caminhão transitava nela. Carlos desenvolvia boa velocidade, pois era preciso ganhar tempo. Para o mês de julho a temperatura estava agradável, apesar do ar estar bastante seco. O acostamento era ruim e a poeira, depositada pela falta de chuva, oferecia grande perigo caso fosse preciso uma saída estratégica. E era exatamente nisso que Carlos pensava quando reparou no retrovisor um Comodoro prata que desenvolvia a mesma velocidade. Ficou intrigado e, sem fazer comentários a respeito, afundou o pé no acelerador na tentativa de aumentar a distância. — Hei! Vai com calma, Carlão! falou Willdson em meio a um cochilo. Carlos não disse nada. Nenhuma palav
Ramon estava apreensivo. Uma coisa estava bastante clara: alguém tinha grande interesse em que a equipe de resgate não chegasse ao seu destino. Mas quem? E por quê? Agora, mais do que nunca, o cuidado tinha que ser redobrado. Ramon refletiu por um momento. Era necessário apressar as coisas, pois a escuridão da noite já havia se aproximado. Dirigiu-se até a mala do carro e apanhou uma lanterna. — Carlão, disse ele, fique de olho na estrada. Eu vou dar uma checada no estrago. Willdson, continuou, dá uma geral no Monza e veja o que pode descobrir. Leve o Henrick com você. Ele precisa aprender como se trabalha. Willdson apanhou sua lanterna e Henrick seguiu o seu exemplo. Cautelosamente atravessou a pista e se aproximou do Monza. Era um modelo quatro portas Classic, ano 89, verde metálico. Chegou mais próximo e abaixou-se até ao rés do chão. Vasculhou com a lanterna e nada constatou de especial. — Henrick, vá pelo outro lado e vasculhe. Veja se acha algum
Ninguém tocou em nada. Ramon havia colocado também suas luvas como precaução. O cadáver era de um homem aparentando cinquenta anos. Suas roupas demonstravam que era uma pessoa de fino trato. Ninguém tocou no morto, mas era possível visualizar suas mãos amarradas às suas costas. Pelas primárias deduções, ele havia sido executado com um tiro na cabeça. Ramon fechou o porta-malas do Monza ao mesmo tempo em que observava a placa. Não tinha lacre. — É fria, San! — O que foi que você disse? — Eu disse que a placa é fria. Não tem lacre, tá vendo? Ramon gravou instintivamente a numeração: DX 0454. — Vamos dar o fora daqui ou vamos ter de explicar muitas coisas, observou Ramon. Willdson, pela primeira vez, ficara surpreso com o amigo. — Mas, ... Ramon! Nós temos que fazer alguma coisa, avisar a polícia, ... sei lá!... — San, disse Ramon calmamente, raciocine um pouco. Olhe pro nosso carro e pro Monza. A primeira
Ramon estava no volante. Já era noite alta e a temperatura havia caído bastante. Era assim naquelas paragens. Durante o dia a temperatura podia chegar a 42°C e na madrugada poderia cair a 2°C. Os pensamentos estavam voltados para os últimos acontecimentos. Ramon começou a refazer a história. Quem os havia atacado conhecia muito bem o trajeto. Sabia que a parada anterior, para abastecimento da viatura, era a última antes de um espaço de aproximadamente 300 quilômetros. Era o chamado posto de segurança, pois até Campo Grande não haveria nenhum posto sequer. Com um carro mais possante, puderam controlar o tempo e a distância e atacar no momento oportuno. O Monza seria apenas uma isca. Provavelmente esperavam que a equipe parasse para socorrer o pseudo-acidentado para então abordá-los. Ou quem sabe, matá-los?... — Ramon, me esclarece uma coisa! Se alguém queria nos matar, por que não atiraram na gente no momento em que emparelharam conosco? — Não sei, Car