O MISTÉRIO DO PONTO M
O MISTÉRIO DO PONTO M
Por: Omar Carline Bueno
Capítulo I

Ao Denildson Paoli,

meu grande amigo,

que partiu para o outro lado

antes do final desta aventura.

Esteja onde estiver

"FUMEMOREMOS" o nosso sucesso.

Ao meu filho

Leandro Bueno

e à minha mãe

Therezinha Carline Bueno,

por terem me incentivado

e me cobrado cada

capítulo.

PARTE I

Três de julho de l990. 07:25h. Uma equipe da CIFEC - Central de Investigações de Fenômenos Científicos, estava partindo para uma Expedição em Mato Grosso do Sul, na região Centro-oeste do Brasil. Em l986, portanto quatro anos antes, dois elementos dessa equipe haviam integrado outra equipe que, após dez anos de pesquisas, encontrara as ruínas de uma cidade supostamente Inca. Nos mapas enviados pela equipe à CIFEC, o local era assinalado como ponto M.

Quando Ramon Karline e Willdson Capolli retornaram à Central em julho de l986, deixaram instruções à uma equipe de cinco homens para darem início às primeiras escavações.

Agora, os trabalhos seriam lentos e demorados, e teriam de ser feitos na mais alta confidencialidade. Assim, com uma equipe pequena, não seriam levantadas suspeitas.

— Espere um pouco Fredy, você está me dizendo que as últimas informações que a CIFEC tem da equipe que integrava o projeto INCA, são as que nós trouxemos há quatro anos?

Ramon fez a pergunta com uma certa indignação na voz. Fredy balançou a cabeça positivamente.

— Eu sei que parece loucura, mas... não tínhamos como levantar dados.

Disse isso ao mesmo tempo em que se levantava de sua poltrona presidencial.

— Mas, e os arquivos?! - exclamou Willdson, aproximando-se da mesa de Fredy.

— Durante a instalação do vibrador intra-molecular, houve um incêndio no arquivo. Aconteceu logo que vocês partiram para a África do Norte, continuou Fredy. Os cabos estavam passando provisoriamente naquela sala. A chave geral estava desligada para evitar qualquer problema até que o serviço fosse concluído. No entanto, o segurança, durante a sua ronda noturna, inadvertidamente, ligou a chave para acender as luzes. Um curto circuito foi suficiente para iniciar o fogo.  O sistema de combate a incêndio foi acionado rapidamente, mas as informações que ainda não haviam sido passadas para o computador foram todas perdidas.

Ramon, com um barulho surdo, esmurrou os braços da poltrona na qual estava sentado, ao mesmo tempo em que, colocando-se em pé, iniciava um vai e vem pela sala do presidente da CIFEC.                                                        

Willdson sentou-se na ponta da mesa presidencial, acendeu um cigarro, colocou o maço sobre a mesa e refletiu longamente enquanto expirava fumaça pelo ambiente.

Ramon virou-se bruscamente para Fredy. De costas, Fredy contemplava a paisagem da janela de seu décimo segundo andar como que esperando a próxima pergunta.

— Vamos ver se eu entendi, senhor presidente. Você está me dizendo que depois que o Will e eu voltamos do Ponto M, em 86, a equipe do projeto INCA não enviou mais nenhuma informação?

Ramon poderia repetir essa pergunta umas mil vezes antes de aceitar a resposta.

— Não posso entender, continuou Ramon em tom de descrença. O Alexandre era um cara experiente! Por pior que fosse a sua situação, ele jamais deixaria de achar uma saída...

— Além disso, interrompeu Willdson, ele era Engenheiro de Comunicações...

—... e saberia consertar um rádio em quaisquer circunstâncias, acrescentou Ramon voltando a sentar-se em sua poltrona.

Sem levantar a cabeça, Willdson balbuciou alguma coisa que fez com que Fredy se voltasse para ele tentando entender a pergunta.

Willdson, na mesma posição, impassível, repetiu a pergunta, agora num tom um pouco mais alto.

— Por que ninguém nos comunicou?

Fredy sentou-se novamente. Agora foi ele quem acendeu um cigarro. Tragou demoradamente, soprou a fumaça e respondeu como que se redimindo da culpa.

— Vocês estavam em uma missão vital para a CIFEC na África do Norte. E vocês sabem muito bem, continuou, que nada poderia atrapalhar. Nada.

Ramon, sem dizer uma palavra, levantou-se e caminhou até a porta. Willdson limitou-se a segui-lo com o olhar.

Abriu a porta e, antes de sair, virou-se para o presidente, que, estático, contemplava os seus movimentos e disse em meio a um sorriso esboçado pelo canto da boca:

— Depois de quatro anos, o que você espera que encontremos lá? Talvez tenhamos sorte se encontrarmos um punhado de ossos.

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