O Conto da Donzela do Santuário

O Conto da Donzela do SantuárioPT

Fantasia
Victoria Franco Nogueira  concluído
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35Capítulos
2.0Kleituras
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Resumo
Índice

Mikoto é uma miko, uma sacerdotisa de uma pequena ilha, ou era, até um estranho sonho levá-la a de repente fugir de casa, e ir para o lar do maior clã do sacerdócio de todo o continente Yamato. Aparecendo como uma intrusa no meio de uma cerimônia, ela se vê como novo membro da missão das duas miko do clã. Missão essa que envolve youkai de verdade, e perigos que mostram um lado do mundo até então desconhecido, e considerado apenas fantasia. Capa por @R_F_Herondale

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35 chapters
1
A capital sagrada de Yamato era dez vezes maior e mais movimentada do que Mikoto imaginara. Carros e motos passavam zunindo pelas ruas, as pessoas se espremiam nas calçadas apinhadas, e prédios mais altos do que montanhas se erguiam acima de tudo.Mikoto teria ficado impressionada se não estivesse tão perdida e confusa. Sua pequena ilha não era nem de longe tão caótica, barulhenta e cheia de gente como ali, e com certeza ela agora parecia uma simplória moça do campo perdida na cidade grande, o que não deixava de ser verdade.Com certeza ela se destacava na multidão, vestida com um quimono tradicional e botas surradas em meio a tantos ternos e calças jeans com tênis. Se não tivesse saído de casa numa corrida tão desenfreada, com certeza teria vestido algo menos chamativo e antiquado.Porém, ninguém lhe dava atenção.Tod
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2
-- Você diz que veio de uma ilha Iruka. Onde fica? – a jovem mais alta, de olhar mais severo e cabelos que iam até a cintura, começou. Era impressionante como ela conseguia ser intimidadora, até sua pérola amarela dava-lhe um ar de superioridade inata. Mikoto tentou não gaguejar de novo.-- No sul. É a ilha mais ao sul que existe.-- Isso que você carrega é uma pérola celestial. Só existem duas no mundo, e ambas estão aqui, então onde você conseguiu essa? – a voz da alta-sacerdotisa foi o bastante para Mikoto se encolher.-- Eu não sei, ela apareceu perto de mim.-- O quê?-- Poderia nos contar o que a trouxe aqui? – a jovem mais baixa, de cabelos cortados na altura dos ombros, perguntou com mais gentileza. A mulher concordou.-- Sim. Por que está aqui?Mikoto não soube dizer o motivo porque ela m
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3
Sayuri não demorou meia hora para voltar, diferente de Takako, que só apareceu no quarto de hóspedes quando já passava de meio-dia. Ela anunciou antes de fechar a porta:-- Contatamos sua mestra – Mikoto gelou ao ouvir isso – Ela ficou bem zangada a princípio, mas depois que Tamayori-sama explicou o que aconteceu quando você chegou, ela pediu para dar um recado: “Mikoto, se você foi recrutada pelo clã Kairiku, fique aí e faça tudo que as sacerdotisas ordenarem. Honre o nome de nossa ilha. ”A menina precisou de um instante para se recompor. Não queria acreditar que sua avó falara aquilo, mas do jeito que ela sempre fora tão respeitosa ao falar sobre o clã Kairiku, não era muito difícil de imaginá-la dizendo exatamente essas palavras.Se Megumi-sama ordenara que ela ficasse em vez de voltar para casa, então todas as s
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4
Sayuri se dedicou a explorar o convés no momento em que as pessoas no porto ficaram indistinguíveis à distância. Takako pegou as bolsas de viagem e dirigiu-se às cabines que passariam a ocupar.  Mikoto ainda ficou agarrada à amurada, sentindo-se um pouco enjoada com o movimento do navio.Ela ainda estava nessa posição quando Sayuri voltou de sua pequena excursão e sugeriu, na tentativa de distraí-la:-- Que tal mostrar um pouco do que você sabe de naginata?As duas usaram cabos de vassoura, os objetos mais parecidos com a arma que encontraram a bordo, e Mikoto passou algumas horas divertidas mostrando a Sayuri como manejá-la. Ela não era muito boa nisso.Na hora do almoço, Takako interrompeu o treinamento (ou seria brincadeira?), e uma ofegante, porém alegre Sayuri largou seu cabo de vassoura e puxou Mikoto para um abraço, quase pulando de al
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5
Mikoto nunca estivera num lugar remotamente parecido com aquele palácio, e o espanto estava mais do que claro em sua boca aberta e na forma como olhava para todos os lados com os olhos arregalados. -- Talvez seja melhor você esperar aqui – Takako sugeriu ao cruzarem a entrada do prédio – Isso vai ser só uma discussão política. Sayuri fez menção de protestar, então Mikoto se apressou em concordar. -- Eu não saberia nem como me portar na frente do rei – ela deu de ombros e ficou na entrada, observando as duas e os dois guardas se distanciarem. Quando elas desapareceram atrás das portas duplas, Mikoto voltou-se para o jardim. Ele fora o principal motivo para ela querer ficar. Era enorme, e tão cheio de flores e grama como Mikoto nunca vira. Havia tantas flores no mesmo lugar, os poucos jardins de Iruka eram sempre pequenos, com os mesmos tipos de pequenas flores, enquanto aquelas eram grandes e tão diferentes umas das outras. Andar por entre os c
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6
A noite trouxe o silêncio e a escuridão que Mikoto nunca vira em uma cidade grande, era bem mais assustador que as noites em Iruka, cujo silêncio era constantemente quebrado pelo rugir suave das ondas ou o vento ao longe. Apoiada na amurada do navio, com o queixo sobre a mão, a jovem cochilava para acordar sobressaltada logo em seguida. Já devia ser madrugada, e ela não era acostumada a ficar acordada até tão tarde. Em total contraste, Takako e Sayuri estavam completamente acordadas, no píer, atentas a qualquer movimento e ruído. Outros tripulantes, incluindo Yukio e Kurono, também procuravam, espalhados pelo porto e ruas, sem nenhum sinal de anormalidade. Mikoto reprimiu o décimo bocejo dos últimos cinco minutos e estava prestes a pedir para se retirar e dormir quando pensou ter visto algo no céu. Julgou ser uma ilusão de ótica causada pelo sono e pelo escuro, e esfregou os olhos, mas quando os abriu, ainda estava ali, e se elevava acima dos prédios. Ler mais
7
O gato youkai rosnou e Yasha voltou o olhar para a porta também. A mobilidade de Mikoto voltou como que por mágica, e ela disparou a toda velocidade para a sala de espera, o hakama levantado de novo para ir mais rápido.Quase derrubou a porta e matou Takako e Sayuri de susto ao chegar, e ainda ofegante, só conseguiu resumir o que vira. As duas miko ficaram boquiabertas, a mais velha precisou de um minuto para articular:-- Ela invocou um youkai?-- Igual a como nós conjuramos os kami nos papéis de ofuda.-- Vamos falar com o rei Sujin agora, e pegamos essa mulher de uma vez. Chego a pensar se ela mesma não é um youkai disfarçado – Sayuri foi na frente.As três encontraram a salas de reunião vazia exceto pelo rei Sujin e dois conselheiros, com quem debatia fervorosamente, mas todos se calaram com a entrada abrupta das meninas.-- Perdoe nossa intromissão,
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8
Não que Mikoto nunca tivesse visto um cadáver, pois como miko assistente do santuário de Iruka, acompanhara Megumi-sama em várias cerimônias fúnebres, mas nenhum dos mortos que ela ajudou a velar se encontrava num estado remotamente parecido com aquele. Ensanguentados, alguns desmembrados, mas todos com a mesma expressão de medo congelada em seus rostos. -- Oh, céus – Yukio balbuciou e puxou Mikoto pelo ombro para junto de si – Não olhe, senhorita. Ela não conseguia desviar o olhar do rosto do homem à sua frente, cujos olhos vazios encaravam-na de volta. O rapaz desviou a luz do celular e ligou para o navio. -- O Santuário Vermelho foi atacado, todos aqui estão mortos – ele tentava falar, mas seu pânico dificultava a coerência das palavras. Mikoto desviou-se do sacerdote morto e dirigiu-se à entrada do prédio, tinha a impressão de que não estava vazio. Apertou os olhos, sem enxergar nada além do breu em seu interior. Devia haver um interrupto
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9
Ainda estava escuro quando Mikoto acordou, e ela estava de volta ao Genbu. Um pouco trêmula, ela foi para o convés, onde Takako e Sayuri conversavam com um grupo do que pareciam policiais e guardas do palácio.Mikoto esperou que terminassem para aparecer na frente das primas. Assim que a viu, Sayuri a puxou num abraço e Takako alisou seu cabelo, ambas igualmente aliviadas por vê-la de pé.-- Ficamos tão preocupadas quando recebemos aquela ligação.-- Que bom que você não se feriu.-- O que aconteceu? Só me lembro de Yasha quase me apunhalar – sua voz falhou ao pronunciar a última palavra, e ela recomeçou a tremer com a lembrança.-- Ela recuou, e os youkai fugiram com ela – Sayuri apressou-se em responder, e uma sombra caiu sobre seu rosto – Mas fizeram muito estrago.Mikoto pôs a mão sobre a boca aber
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10
O balançar enjoativo do navio derrubou Mikoto assim que passou do rio para o mar. Felizmente, dessa vez ela teve com o que se concentrar: os dias que passara sem treinar com a naginata agora podiam ser compensados.Sayuri também ficou interessada e novamente tentou manejá-la, e acabou se desequilibrando e deixando a naginata cair várias vezes comicamente, para o deleite de Takako, que se dobrava de tanto rir a cada falha da prima.Conforme se aproximavam de Ao, no entanto, o clima tornou-se cada vez mais pesado. Sayuri não tentou mais usar a naginata e Takako mantinha o semblante sério quase o tempo inteiro, e as duas frequentemente conversavam aos sussurros. Mikoto se perguntava sobre o que elas falavam, e só tem sua resposta quando atracaram na capital.-- É melhor você vir comigo ver Ayahito – Sayuri disse ao desembarcarem. Mikoto olhou para Takako.-- E o que você vai fazer?
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