Capítulo 02

Augusto Barros

Desembarco no aeroporto de Goiânia e fico observando como está mais bonito e moderno desde a última vez em que estive aqui, a uns três anos atrás, me entretenho admirando as mulheres bonitas que desfilam de um lado pra outro me fazendo suspirar. Goiás está sempre cheio de mulheres bonitas, é algo que não se pode negar.

Fico perdido nos meus pensamentos até que avisto o Juliano, o capataz da fazenda. Ando em sua direção, ele só me vê quando estou bem perto, Juliano e eu temos quase a mesma idade, sempre que venho a fazenda nós conversamos muito e às vezes saímos para ver as meninas e dançar! no único bar da vila D’água que fica a uns trinta quilômetros da fazenda Soledade.

Juliano é um cara alto, tem mais de um metro e oitenta de altura, tem olhos negros e a pele preta e é careca, ele é um cara muito forte e tem uma cara de mau, mas é somente a cara mesmo. Ele é um homem bom aos seus e um amigo que se importa.

— Oi, patrão! Como você está? Como foi a viagem até aqui? Preparado para mais três horas de estrada? — Juliano pergunta como se estivesse me fazendo um questionário e ao mesmo tempo me dando um abraço de lado.

— Oi Juliano! — Respondo sorrindo e retribuindo o abraço, — Só três horas! Então as estradas estão bem melhores hoje em dia. — Comento demonstrando que fiquei feliz pelo restante da viagem durar somente umas três horas, acho que eu realmente estou desacostumado com estrada de terra — Como vão as coisas por aqui? — Pergunto com bastante interesse. Preciso me atualizar das coisas.

— Muito mudadas, principalmente na minha vida. Me casei e já tenho uma linda filhinha — Juliano fala todo orgulhoso, já caminhando para a caminhonete levando a minha mala.

— Quer dizer então que o peão mais escorregadio foi laçado. — Digo sorrindo e tirando onda com a cara do meu amigo.

— O próximo é você! — Juliano pressagiou rindo.

— Serei sempre um solteirão convicto. Porque ficar com uma mulher só se posso ter todas? — Digo cheio de certeza e Juliano gargalha alto.

— Quando menos esperar vai ser laçado por uma morena que vai te colocar um cabresto e te puxar na rédea curta —Juliano diz, mas parece mais como se estivesse me jogando praga e eu faço o sinal da cruz.

Chegamos no veículo que vai nos levar para a fazenda e guardamos a mala. Julianos senta no banco do motorista e eu no do passageiro e pegamos um trânsito caótico até sair de Goiânia e alcançar a estrada para a fazenda Soledade

— Que você já estava casado, o meu pai havia falado, mas que já era pai de uma menina, fico surpreso, pois se casou a menos de seis meses. — Comento retomando o assunto e Juliano gargalha muito e eu o acompanho.

— Nós começamos a praticar fazer filhos antes de casar — Ele responde divertido e respira fundo para não rir — Mas eu estou feliz casado e sendo pai.

— Fico feliz por você e sua família. — Digo com sinceridade.

Mudo o foco da conversa para a fazenda, quero saber em que pé estão as coisas por lá, vistas pelos olhos de outra pessoa, que não seja meu pai. Juliano é um excelente funcionário e é um bom amigo, confio em sua opinião.

Fico observando a estrada, as pastagens, vejo como tudo está tão diferente de vinte anos atrás, quando fui morar no Texas, nos Estados Unidos. Lembro que toda vez que passei por aqui constatei melhorias, essa é uma região que está evoluindo a passos largos.

— A fazenda soledade é sinônimo de qualidade e confiança e está entre as maiores em criação de gado de corte e a maior em criação de cavalos puro sangue arabe, e também temos melhorado muito o fator genético desses animais, deixando-os mais fortes e ágeis. A comercialização de seus semem está com um alcance cada vez mais longe e muito valorizado. — Juliano comenta muito empolgado.

— Meu pai sempre trabalhou duro para que a fazenda Soledade fosse referência na região e principalmente no exterior— Eu comento com um tom de orgulho na voz. Admiro muito a dedicação do meu pai.

— O senhor Barros é um excelente patrão, é muito respeitado por todos, muitos dos funcionários estão receosos com sua chegada— diz Juliano com um tom respeitoso na voz.

— Porque?— Pergunto, indignado com o que ouvi. Eles ainda não me conheciam realmente.

— Muitos acham que você pode ser um patrão arrogante e soberba, por você ter nascido em berço de ouro, ter morado em cidade grande e em outro país. Diferente do seu pai que já trabalhou duro de sol a sol como nós e por isso nos entende bem. — Juliano explica, muito sem graça. No fundo acho que ele também tá um pouco receoso porque por mais que tenhamos uma relação de amizade, eu nunca fui o chefe.

Fico olhando pela janela da Amarok vendo a paisagem passar e analisando o que o Juliano acabou de falar sobre o que pensam a meu respeito.

— você sabe que não sou assim — Digo por fim e o Juliano assente com a cabeça sem tirar o olho da estrada — Mas eu entendo o receio deles, e espero que quando eu estiver lá possa mostrar que sou como o meu pai.

— Você será um bom chefe — Ele diz e sorri um pouco — Estamos todos contando com isso.

— Eu quero ser um bom chefe, mas só vou poder ser quando estiver lá — Digo e ele concorda comigo e caímos em um pequeno silêncio, até que eu vejo Julianos sorrindo largo.

— Falando de um assunto mais leve e melhor, a fazenda tá cheia de beldades — Juliano diz com cara de safado e eu rio.

— Juliano… — Começo a falar rindo, olhando para o meu amigo, algumas coisas sempre são iguais — Deixa a sua esposa ouvir você falando assim.

— Se ela pensar, é capaz de cortar meus bagos — Ele diz fazendo caretas e eu dou uma estridente gargalhada.

— Mas fala mais das beldades, fiquei interessado! — Peço com um sorriso malicioso brincando nos lábios.

— Tem a Nicole, a professorinha, mas essa o esperto do Fabrício já carregou pra ele — Juliano começa e eu presto bastante atenção — Tem a Vanessa, que é uma gatinha como diz a peãozada. Mas ela é muito metida e está à procura de um marido rico para se tornar madame como ela mesma diz . E tem a Nina. que além de muito bonita é esforçada, trabalha muito e gosta do que faz.

— Me fala mais dessa Nina — Incentivo ele a continuar falando, porque acho que fiquei interessado nessa, mas preciso de mais informações.

— Ela é meiga mas muito brava, ela é veterinária também, das boas. Seu pai tomou a decisão acertada de contratar ela, pois ela conhece a fazenda como ninguém. Nasceu e cresceu lá. — Ele fala quase como se tivesse um certo orgulho da garota – Só saiu, quando veio pra goiânia cursar veterinária na universidade federal. Ela e o Fabrício estão se saindo muito bem nos cuidados médicos com os animais, e agora com você lá não tem pra ninguém.

— E ela é bonita? Gostosa? — Indago com a maior cara de safado.

— A Nina é uma moça de família, é dessas pra casar, sabe? Uma moça respeitosa e carismática com todos, decente — Me responde com rispidez e me olhando com cara de poucos amigos.

Juliano me olha de cara feia como se eu estivesse agredindo alguém da sua família. Fico me perguntando se ele é apaixonado por ela, pois fica calado como se tivesse cometido um crime.

— Qual é juliano? O que eu disse de errado? Por acaso está traindo sua esposa com ela? ou está apaixonado por ela? — Pergunto alto e com rispidez, da mesma forma que ele falou comigo.

— Não fala besteiras Augusto eu amo minha mulher, tenho muito respeito por ela, e nossa filha. Minha família é tudo pra mim, Nina é minha irmãzinha do coração, a irmã que a vida me deu — Ele rebate com semblante furioso.

Nina deve ser muito importante para ele, pois ele nunca tinha falado alto comigo. Fico meio ressabiado, coloco o chapéu tampando meu rosto e resolvo dormir até chegar à fazenda.

Quando passamos pela vila D'Água fico meio melancólico sentido falta de algo que não sei explicar.

Fico observando as casinhas, as crianças brincando livres e despreocupadas no meio da rua tudo muito pacato, sorrio ao ver o Bar do seu joaquim tudo continua igual quando era criança até as casas parece ter as mesma cores.

Juliano só me olha de canto de olho e não diz nada. Será que ainda está estressado? Foi ele quem começou o assunto!

Juliano pára em frente a loja de ração para pegar uns sacos de sal que o meu pai pediu. Quem vem nos atender é um moço pouco mais novo que eu, não lembro dele, ele chega abraça Juliano meio de lado e me cumprimenta com um mover de cabeça faço o mesmo.

— Este estabelecimento não é mais do seu Antônio? — Pergunto observando o lugar.

— Seu Antônio faleceu há cerca de dois anos e agora é o filho dele, o Douglas, que segue com os negócios — Juliano me diz com pesar.

O Douglas volta assim que confere o pedido.

— Lembra de mim? — pergunto a Douglas

— Tenho uma leve lembrança, se não me engano estudamos na mesma sala e você sempre caçava confusão comigo pois eu era muito tímido e um molenga. — Diz Douglas sorrindo

Caio na gargalhada quando as lembranças se fazem presentes

conversamos um pouco mais sobre o passado até nossa carga ficar pronta. Despeço me dele e juliano faz o mesmo e seguimos para fazenda ao som de Jorge e Mateus

Chegamos na fazenda Soledade, pouco tempo depois.

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