Nina
— Não esperava ver Augusto naquele fim de tarde, quando eu estava sorrindo das muitas besteiras que Joaquim e Fabrício contavam. Estávamos em frente ao celeiro, ele surgiu montado no Trovão, com todo seu esplendor, nos cumprimenta com indiferença, manda Joaquim guardar o cavalo e sai se achando um rei, só se for o reinda cocada preta.— Que ser insuportável! Não sei se conseguirei trabalhar com essa criatura Ele é um arrogante.— Aí que você se engana, ele apesar da fortuna é um cara muito simples, não sei que bicho mordeu ele agora, deve estar cansado só pode! – Fabrício fala em defesa do príncipe e eu reviro os olhos vendo Joaquim voltar para perto de nós rindo do meu gesto.— O que eu perdi? — Joaquim pergunta enfiando as mãos nos bolsos da calça com cara de desconfiado olhando de um para outro enquanto Fabrício solta uma gargalhada.—Aah Joaquim, é só o Fabrício que virou advogado de defesa do arrogante e babaca do filho do patrão, parece até que ele tem umsrei na barriga. — Falo com deboche passando as mãos no cabelo.— Nina o Fabrício diz a verdade, Augusto realmente é um cara legal, não tem nada de arrogante.— Quer saber vou pra casa! Bando de puxa saco! Boa noite! — falo e saio sem nem esperar por resposta, só escuto as risadas deles e fico ainda mais irritada.Sigo o caminho todo pensando porque aquele babaca do Augusto me deixa assim, de um jeito que nem sei explicar.Solto ar dos pulmões devagar e caminho apressada até chegar em casa, que fica bem perto do casarão da fazenda. Cheguei e mamãe não está, pois as lâmpadas estão todas apagadas e agradeço por isso, vou até a cozinha beber água e em seguida vou para meu quarto, tomo um belo de um banho frio, visto um pijama, me jogo na cama e vou estudar para o meu mestrado, depois de um tempo estudando Augusto volta para meus pensamentos e desisto de tentar me concentrar na leitura, não vi a hora que peguei no sono.Acordo com minha mãe me chamando e dizendo que passava das sete, como pude dormir tanto assim? Me levanto vou para o banheiro escovo os dentes, olho para o espelho e me vem a imagem de Augusto na cabeça, recobro minha sanidade e tomo um banho gelado para despertar, lembrar dele me deixa irritada. Saio do banheiro, visto calça jeans confortável e uma camiseta branca, faço um rabo de cavalo, pego minha maleta e vou para a cozinha.Encontro meu pai tomando seu café, com aquela calma que só ele tem. Aproximo-me dele abraçando-o e dando um beijo na suas bochechas enrugadas, sento de frente para ele que sorri, eu abro um sorriso sincero em resposta ao dele, amo muito meu pai ele sempre cuidou e cuida de mim, se preocupa hoje igual quando eu era criança.Depois de tomar um café tranquilo na companhia do meu pai, passo a manhã toda organizando para a vacinação dos bois que começa amanhã, dia primeiro de novembro, e vai até dia trinta, isso significa que o trabalho vai ser intenso e cansativo.Termino meus afazeres e volto para almoçar. Hoje vou comer no casarão, ao entrar na cozinha escuto vozes vindo da sala de jantar e uma voz feminina chama minha atenção, sou bastante curiosa e imediatamente olho para mamãe com cara de interrogação, ela se aproxima e fala:— Seu João Arruda e sua Neta Vitória vieram almoçar e desejar boas vindas ao Augusto. — mamãe fala baixinho para que só eu escute.— Aquela patricinha, lembro dela! — mamãe assentiu concordando. Eu e mamãe almoçamos na cozinha e aproveitamos o momento para pôr a conversa em dias, termino de almoçar lavo meu prato mesmo mamãe falando que não precisa, seco minha mãos no pano que está em seu ombro e aproveito a proximidade para dar um beijo em sua bochecha. Saio da cozinha indo para minha casa descansar um pouco. Teremos uma reunião com Augusto daqui algumas horas .Depois de um descanso merecido, saio de casa e encontro o Fabrício que também está indo ao celeiro e seguimos juntos.— Oi Nina! Preparada para a reunião? — Sim, um pouco ansiosa! A Nicole vai viajar quando para Goiânia? — Mudo de assunto porque não tive tempo de estar com Nicole pela manhã, só soube que ela viajaria hoje porque recebi uma mensagem dela na hora do almoço.— Vai hoje! A tardinha vou levá-la a Vila D'Água para pegar o ônibus.Estamos conversando, eu falo sorrido e gesticulando com as mãos, é um hábito que tenho desde criança, olho para o lado e vejo Augusto se aproximando.— Boa tarde! Foi bom vê-los por aqui! Vamos para o escritório para termos a nossa reunião, pois preciso ficar a par da saúde dos nossos animais. — Augusto fala rápido e ofegante. Não deixo de reparar o quanto ele é bonito, camisa xadrez e uma calça jeans preta, fico besta admirando tanta beleza. Saio do transe quando ouço Fabrício responder.— O que você acha de reunirmos lá no celeiro já estamos aqui mesmo?— Tudo bem pra mim, e para você Geovana?— Concordo também! —- Falo já entrando no celeiro e sentando no feno os outros fazem o mesmo.—Bom! vocês já devem já está sabendo que eu voltei para administrar a fazenda Soledade junto com meu pai. Como é do conhecimento de todos, meu pai está com arritmia cardíaca, por isso estou aqui para que ele não precise ter nenhum tipo de aborrecimento ou fazer qualquer esforço físico. Pelo que percebi, e pela a conversa que tive com meu pai, vocês têm tudo sobre controle e cumpre as obrigações de vocês com honra, espero que com a minha chegada tudo continue acontecendo como tem de ser e possamos unir forças para que melhore ainda mais.—Fico agradecida pela a oportunidade que seu Jorge me deu, sou recém formada, mas dou tudo de mim para cumprir minhas obrigações, como o senhor também é veterinário assim como Fabrício pode está me orientando caso falhe. — Falo olhando para minhas mãos cruzadas em cima do meu colo tentando esconder o nervosismo.Fabrício explica com detalhes tudo que está acontecendo . Augusto presta atenção em tudo que é dito.— E como já é do seu conhecimento, amanhã inicia a vacinação de todo o rebanho e vai até dia trinta como previsto. — O nervosismo inicial desapareceu me deixando mais segura, foi uma reunião agradável que nem vi as horas passar.— Gente, até mais! — Fabrício fala já levantando. — Tenho um compromisso agora que não pode ser adiado. — diz já indo em direção a saída.Dou um sorriso tímido para o Augusto que sorri de volta, ele levanta e estende a mão para me ajudar levantar, aceito e ficamos bem próximo, ele aponta para a saída.Nina Augusto põe a mão esquerda no meu ombro me guiando até a saída, seguimos calados. Ao sairmos do celeiro tá um vento suave.—- Está indo para casa? — Perguntei quebrando o silêncio.— Não! Vou dar uma volta com o trovão, matar um pouco a saudade e aproveitar para ver o meu netinho. — Diz com um sorriso irônico, referindo ao potrinho, filho do Trovão.— Por falar nele, já escolheu o nome?— Sim, Tornado! O que você acha? — Pergunta com um sorriso lindo.— Tornado! Bonito nome e combina muito com ele. –Dou um leve sorriso e começo a caminhar e já me despedindo. — Até mais Augusto nos vemos na vacinação.Mau fecho a boca e ele diz:—Vamos ver o Tornado e depois dar uma volta a cavalo?— Hoje não! Estou muito cansada e amanhã o batidão será tenso. Dou um aceno com a cabeça e volto para casa pois tenho que dormir mais cedo, amanhã levanto com as galinhas, combinei com os peões que começaremos às cinco da manhã, já deixei tudo preparado para não ter imprevistos. É a primeira ve
Augusto A campanha de vacinação tem me proporcionado muito cansaço e também muito entretenimento. Está uma correria só, mas estou achando interessante toda interatividade que venho tendo com Nina.Geovana ainda que recém formada é uma exímia profissional, dedicada, competente e não mede esforços para que tudo saia dentro do programado além de linda.O modo que ela conduz os peões e domina seus conhecimentos me deixam encantado. Embora as inúmeras recomendações do meu pai de que eu deva manter distância, algo me prende a atenção nela, talvez seja o fato de que tudo proibido é mais atrativo.Todos aqui vêem as qualidades de Nina, inclusive Vanessa que quase a fuzilou com os olhos quando dei carona para ela no início da semana. Falando nesse dia, o primeiro da vacinação não imaginava que uma mulher linda e baixinha fosse tão valente! E o que me deixa sem ar mesmo é aquele rebolar de bunda indo e vindo, teve uma hora que fiquei de pau duro imaginando aquela bundinha cavalgando no m
Nina Saio da vacinação com o sol se pondo, sigo direto para a minha casa, estou faminta e cansada. Hoje o trabalho foi intenso, mas valeu muito a pena! Principalmente porque o Augusto já havia me chamado para dar uma ida na vila D’água para descontrair! Fiquei na dúvida, porém acabei aceitando. Por puro nervosismo acabei convidando a todos para ir e Fabrício aceitou na hora e no fim todos da nossa equipe resolveram ir também. Quando o Augusto falou que passaria em casa para me buscar, disse que iria com a Nicole e que nos encontraríamos lá. Augusto insistiu para eu ir com ele, mas a covarde que existe em mim deu pra trás. Agora estou arrependida.Chego em casa e entro pela área de serviço para deixar a minha bota e a minha roupa suja por ali. Entro em casa e vou direto à geladeira pegar um copo de água e ver o que tem para comer, e vejo que a mamãe fez o meu bolo preferido.Gemo de puro prazer assim que levo um pedaço de bolo de cenoura com cobertura de chocolate na boca. Hum! Hum
AugustoChego a Vila D'Água e paro em frente ao bar do Zé, demoro um pouco para descer, observo o movimento antes de sair da camionete e sigo para a entrada procurando por Nina.Assim que entro, percorro o olhar pelo local e encontro o par de olhos mais lindo, nossos olhares se prenderam e ela sorri, eu correspondo me virando para ir até ela, porém nesse exato segundo sinto uma mão tocar meu braço e no instante seguinte ser abraçado, e antes que eu reaja sou surpreendido com um selinho.Tinha que ser Vitória, por um momento havia me esquecido dessa insuportável, meus braços ficaram pendurados ao longo do meu corpo e mesmo assim ela enroscou os dela junto aos meus me guiando ao balcão. Sem me perguntar ela pede duas cervejas mas antes que o garçom se afaste eu peço que traga apenas uma.— Não vai me acompanhar? - Vitória pergunta fazendo biquinho e eu quase reviro os olhos.— Não estou com sede! Obrigado! — respondo de forma seca e volto a procurar por Nina, pois tenho certeza que
AugustoSaio do escritório por volta das duas horas da tarde e vou direto para cozinha, estou faminto, vejo que meu almoço está no forno e ainda está quente, como feito um urso quando sai da hibernação. Termino de almoçar, bebo um suco de laranja geladinho e vou dar uma volta pela fazenda, resolvo ir caminhando até o lago.Vou me aproximando e ouço vozes, fico tentando reconhecer, mas tá impossível, vou me esgueirando até chegar perto de uma pedra grande onde me escondo e fico observando até que vejo Nina dá um mergulho e aquele homem mergulhar atrás dela, ambos gargalhando feito dois adolescentes.Saio de trás da pedra e caminho em direção aos dois como estão distraídos leva alguns minutos para notar minha presença Nina dá um grito assustado assim que me vê e seu companheiro continua nadando com os olhos grudados em mim.— O que você está fazendo aqui, Augusto? Está me seguindo?Nina grita esteticamente jogando água em minha direção— Até onde eu sei eu estou na minha propried
GiovanaEntro em casa aos prantos, Augusto me humilhou de uma forma que jamais pude imaginar ser algum dia em minha vida.Minha mãe tenta falar comigo enquanto sigo para meu quarto, mas a deixei para trás com Felipe, entro no banheiro e tomo um banho regado a lágrimas, não posso acreditar que esteja passando por algo assim.Saio enrolada na toalha e me deito na cama, respiro fundo enquanto penso no que farei, minha mãe bate a porta e Felipe também me chama, dou um suspiro profundo e me sento, então digo que podem entrar.— Oh minha menina, como você está? Felipe me contou o episódio monstruoso que Augusto lhes proporcionou, mas não se preocupe que isso não vai ficar assim… — Ela fala triste e preocupada.— Vai ficar tudo bem mãe! Não precisa fazer nada não— respondo com um nó na garganta, e vejo Felipe em pé nos observando. — Vou me vestir e descemos para tomar um café, só o bolo de cenoura com chocolate da senhora pode me fazer melhorar agora. — Levanto e ela me abraça e me dá um be
Nina,Estacionamos em frente a fazenda com o dia ainda escuro, para nossa surpresa Augusto está na varanda de seu quarto e fica nos olhando.Felipe para provocar, desce e me abraça me acompanhando até a porta de casa. Convido-o para tomar café antes de eu ir para o serviço mas ele não aceita, enquanto me despeço dele Augusto passa ao longe nós encarando com muita raiva.— Não sei que bicho mordeu esse homem! Ele só pode estar doido. — Falo irritada, pois foi assim que ele começou o show dele ontem.— Você ainda não percebeu que o nome disso é ciúme? Ele está te querendo e acha que temos algo. — Felipe fala e eu sinto minhas bochechas corarem.— Definitivamente, não! Agora deixa eu cuidar da vida que o dia vai ser extenso. — Me despeço e vou me arrumar.Entro e vejo que minha mãe já saiu para o casarão, no entanto deixou meu café posto, adoro os mimos dela. Tomo meu café com paciência, ainda tenho tempo, arrumo a mesa e vou me vestir.Em meu quarto as palavras de Felipe sobre Augusto f
AugustoSei que fui um babaca e que continuo agindo como um, não sei que sentimento é esse que me faz perder o controle e a cabeça quando estou perto de Nina, e mandar a razão pro inferno quando a vejo com Felipe.Meu objetivo indo até a casa de Dona Marília era pedir desculpas e resolver tudo isso, tinha muitas coisas em mente para dizer mas nada saiu conforme planejado, sou muito estúpido mesmo.Entro no meu quarto batendo a porta e me jogo na cama, o que essa mulher tem que me deixa assim? E o que aquele peão é dela? Eu sinto vontade de socá-lo só de pensar nele.Não saio para o jantar, permaneço em meu quarto vigiando a estrada para ver a que horas eles retornam, para o meu completo desespero não há sinal de que seja essa noite.Reconquistar a confiança de Nina é meu principal objetivo, mesmo sabendo ser muito difícil.Me rendo ao cansaço e vou dormir, inconformado com a audácia de me deixarem só naquela varanda, eu vou tomar Giovana para mim, esse peão não vai pôr as mãos no que