Capítulo 08

Nina

Augusto põe a mão esquerda no meu ombro me guiando até a saída, seguimos calados. Ao sairmos do celeiro tá um vento suave.

—- Está indo para casa? — Perguntei quebrando o silêncio.

— Não! Vou dar uma volta com o trovão, matar um pouco a saudade e aproveitar para ver o meu netinho. — Diz com um sorriso irônico, referindo ao potrinho, filho do Trovão.

— Por falar nele, já escolheu o nome?

— Sim, Tornado! O que você acha? — Pergunta com um sorriso lindo.

— Tornado! Bonito nome e combina muito com ele. –Dou um leve sorriso e começo a caminhar e já me despedindo. — Até mais Augusto nos vemos na vacinação.

Mau fecho a boca e ele diz:

—Vamos ver o Tornado e depois dar uma volta a cavalo?

— Hoje não! Estou muito cansada e amanhã o batidão será tenso.

Dou um aceno com a cabeça e volto para casa pois tenho que dormir mais cedo, amanhã levanto com as galinhas, combinei com os peões que começaremos às cinco da manhã, já deixei tudo preparado para não ter imprevistos. É a primeira vez que participo, como veterinária responsável, de uma vacinação. Ser a encarregada de fazer tudo sair como previsto me deixa nervosa mesmo sabendo que sou capaz.

Chego em casa e vou direto para meu quarto tomar um banho, coloco um pijama de calça comprida e uma regata soltinha, calço um chinelinho e desço para preparar a janta. Meu pai está na cozinha e apesar de cansado já está adiantando os afazeres para reduzir o trabalho da minha mãe quando ela chegar, sou encantada com esse cuidado que eles têm um com o outro.

— Pode deixar pai, eu arrumo isso aí, vai descansar enquanto mamãe não chega. Eu vou fazer a janta e preparar um suco para nós.

— Pode deixar filha, eu faço. Amanhã você acorda cedo e tem muita coisa para fazer… — Interrompi ele dizendo que é inquestionável e que vou sim fazer a janta.

Meu pai se dá por vencido e sobe para esperar minha mãe, decidi fazer um arroz com carne de sol, feijão, quiabo, abóbora e uma salada. Preparo um suco fresquinho e coloco no congelador, começo a pôr a mesa quando vejo a porta se abrindo e minha mãezinha entrando.

— Oi minha filha, uai não está descansando? — Ela pergunta se aproximando e me dando um beijo na testa.

— Vai tomar um banho e chamar o papai para jantar, enquanto isso término de pôr as coisas aqui— Falo e ela sai mas volta com o sorriso que ela só usa quando vai falar de alguém ou alguma coisa que aconteceu, sorrio e já pergunto logo pois adoro uma fofoca. — O que aconteceu?

— Acredita que a Vanessa já está se insinuando para Augusto? — Ela fala revirando os olhos.

— Aquela oferecida! Já era de se esperar. falo tentando ser indiferente mas isso mexeu comigo.

— Jorge não vai gostar nenhum pouco disso, agora vou tomar meu banho e já volto para jantarmos.

— Vai lá! Estou esperando.

Meus pais descem e nós jantamos fofocando sobre a fazenda nos dias de hoje e a tensão do dia de amanhã.

Levanto antes do sol nascer, tomo um banho frio para despertar pois o dia hoje será de muito trabalho e pelo visto o dia vai ser escaldante, visto uma calça confortável e camiseta branca e ponho um botina velha a minha preferida e não posso esquecer de pegar meu boné, saio do quarto e já sinto cheiro de café acabado de ser coado, entro na cozinha encontro minha mãe servindo uma xícara de café, assim que me vê.

— Bom dia mãe! Não precisava ter levantado tão cedo, já tem muito trabalho e eu sei me virar.

– Bom dia filha! Só quero te mimar um pouco. – Mamãe fala servindo o meu café e logo em seguida tira o pão do forno e me serve, amo muito todo esse carinho que ela dedica a mim. Como apressada pois não posso atrasar.

Chego no curral e já tem alguns peões me esperando, inclusive Agusto lindo como sempre camisa branca calça jeans surrada bota e chapéu chego suspirar olhando esse deus grego, desenhado a pincel.

— Bom dia a todos! — Cumprimento os rapazes, eles respondem em uníssono, Augusto aproxima-se de mim, com um sorriso lindo nos lábios e eu retribuo dando um sorriso tímido.

— Podemos começar?

— Podemos sim! Só vou pegar o Tablet e conferir como estão as vacinas que vamos usar hoje.

— Se for só isso, podemos começar!? Eu e o Fabrício já adiantamos para você.

– Assim sendo, bora começar.

Fiz uma oração em pensamento pedindo a Deus para que nada dê errado e muita proteção. A vacinação segue num ritmo animado até às nove horas quando fizemos uma pausa para um lanche reforçado já que minha mãe sempre diz que saco vazio não pára em pé, sorrio do meu pensamento e vejo Augusto aproximando com um sorriso de canto.

— cansada?

— Ainda não! E você já cansou?

— Preciso bem mais do que isso para me cansar!

— Então come, ainda tem muito batidão pela frente!

Sorrimos e pegamos um lanche cada um e comemos em silêncio. Percebo alguns olhares safados de Augusto mas ignoro, já conheço a fama dele.

Voltamos para a vacinação que graças a Deus está indo tudo bem. Almocei junto dos peões, embora pudesse ter ido para casa, prefiro não perder tempo e também gosto de acompanhar de perto o andamento.

O dia passa numa correria só, gado vacinado com rapidez, segurança e qualidade, respeitando todos os selos da fazenda. Junto às traias para ir embora, começo a caminhar em direção de casa com o corpo exausto, não é longe mas devido ao cansaço sinto que o trajeto triplicou de tamanho, me animo quando Augusto para ao meu lado de camionete e oferece carona.

Em dias normais negaria, mas hoje eu não estou aguentando, entro e seguimos em silêncio, ele estaciona em frente ao casarão. Desço e me deparo com Vanessa, que me fuzila com os olhos, me pergunto se ela acha que sou do tipo dela, era só o que me faltava. Passo direto para casa não estou com energia para atritos agora, principalmente por algo que não tem fundamento.

Entro e meu pai ainda não chegou, vou para o banho e demorei bastante, o cair da água no meu corpo me relaxa.

Saio do banho visto um pijama de vaquinhas e me jogo na cama, pego no sono muito rápido, durmo feito uma pedra de tão cansada e acordo com mamãe chamando e me levanto pronta para mais um dia.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo