Nina
Augusto põe a mão esquerda no meu ombro me guiando até a saída, seguimos calados. Ao sairmos do celeiro tá um vento suave.—- Está indo para casa? — Perguntei quebrando o silêncio.— Não! Vou dar uma volta com o trovão, matar um pouco a saudade e aproveitar para ver o meu netinho. — Diz com um sorriso irônico, referindo ao potrinho, filho do Trovão.— Por falar nele, já escolheu o nome?— Sim, Tornado! O que você acha? — Pergunta com um sorriso lindo.— Tornado! Bonito nome e combina muito com ele. –Dou um leve sorriso e começo a caminhar e já me despedindo. — Até mais Augusto nos vemos na vacinação.Mau fecho a boca e ele diz:—Vamos ver o Tornado e depois dar uma volta a cavalo?— Hoje não! Estou muito cansada e amanhã o batidão será tenso. Dou um aceno com a cabeça e volto para casa pois tenho que dormir mais cedo, amanhã levanto com as galinhas, combinei com os peões que começaremos às cinco da manhã, já deixei tudo preparado para não ter imprevistos. É a primeira vez que participo, como veterinária responsável, de uma vacinação. Ser a encarregada de fazer tudo sair como previsto me deixa nervosa mesmo sabendo que sou capaz.Chego em casa e vou direto para meu quarto tomar um banho, coloco um pijama de calça comprida e uma regata soltinha, calço um chinelinho e desço para preparar a janta. Meu pai está na cozinha e apesar de cansado já está adiantando os afazeres para reduzir o trabalho da minha mãe quando ela chegar, sou encantada com esse cuidado que eles têm um com o outro.— Pode deixar pai, eu arrumo isso aí, vai descansar enquanto mamãe não chega. Eu vou fazer a janta e preparar um suco para nós.— Pode deixar filha, eu faço. Amanhã você acorda cedo e tem muita coisa para fazer… — Interrompi ele dizendo que é inquestionável e que vou sim fazer a janta.Meu pai se dá por vencido e sobe para esperar minha mãe, decidi fazer um arroz com carne de sol, feijão, quiabo, abóbora e uma salada. Preparo um suco fresquinho e coloco no congelador, começo a pôr a mesa quando vejo a porta se abrindo e minha mãezinha entrando.— Oi minha filha, uai não está descansando? — Ela pergunta se aproximando e me dando um beijo na testa.— Vai tomar um banho e chamar o papai para jantar, enquanto isso término de pôr as coisas aqui— Falo e ela sai mas volta com o sorriso que ela só usa quando vai falar de alguém ou alguma coisa que aconteceu, sorrio e já pergunto logo pois adoro uma fofoca. — O que aconteceu?— Acredita que a Vanessa já está se insinuando para Augusto? — Ela fala revirando os olhos.— Aquela oferecida! Já era de se esperar. falo tentando ser indiferente mas isso mexeu comigo.— Jorge não vai gostar nenhum pouco disso, agora vou tomar meu banho e já volto para jantarmos.— Vai lá! Estou esperando.Meus pais descem e nós jantamos fofocando sobre a fazenda nos dias de hoje e a tensão do dia de amanhã.Levanto antes do sol nascer, tomo um banho frio para despertar pois o dia hoje será de muito trabalho e pelo visto o dia vai ser escaldante, visto uma calça confortável e camiseta branca e ponho um botina velha a minha preferida e não posso esquecer de pegar meu boné, saio do quarto e já sinto cheiro de café acabado de ser coado, entro na cozinha encontro minha mãe servindo uma xícara de café, assim que me vê.— Bom dia mãe! Não precisava ter levantado tão cedo, já tem muito trabalho e eu sei me virar.– Bom dia filha! Só quero te mimar um pouco. – Mamãe fala servindo o meu café e logo em seguida tira o pão do forno e me serve, amo muito todo esse carinho que ela dedica a mim. Como apressada pois não posso atrasar.Chego no curral e já tem alguns peões me esperando, inclusive Agusto lindo como sempre camisa branca calça jeans surrada bota e chapéu chego suspirar olhando esse deus grego, desenhado a pincel.— Bom dia a todos! — Cumprimento os rapazes, eles respondem em uníssono, Augusto aproxima-se de mim, com um sorriso lindo nos lábios e eu retribuo dando um sorriso tímido.— Podemos começar?— Podemos sim! Só vou pegar o Tablet e conferir como estão as vacinas que vamos usar hoje.— Se for só isso, podemos começar!? Eu e o Fabrício já adiantamos para você.– Assim sendo, bora começar.Fiz uma oração em pensamento pedindo a Deus para que nada dê errado e muita proteção. A vacinação segue num ritmo animado até às nove horas quando fizemos uma pausa para um lanche reforçado já que minha mãe sempre diz que saco vazio não pára em pé, sorrio do meu pensamento e vejo Augusto aproximando com um sorriso de canto.— cansada?— Ainda não! E você já cansou?— Preciso bem mais do que isso para me cansar!— Então come, ainda tem muito batidão pela frente!Sorrimos e pegamos um lanche cada um e comemos em silêncio. Percebo alguns olhares safados de Augusto mas ignoro, já conheço a fama dele.Voltamos para a vacinação que graças a Deus está indo tudo bem. Almocei junto dos peões, embora pudesse ter ido para casa, prefiro não perder tempo e também gosto de acompanhar de perto o andamento.O dia passa numa correria só, gado vacinado com rapidez, segurança e qualidade, respeitando todos os selos da fazenda. Junto às traias para ir embora, começo a caminhar em direção de casa com o corpo exausto, não é longe mas devido ao cansaço sinto que o trajeto triplicou de tamanho, me animo quando Augusto para ao meu lado de camionete e oferece carona.Em dias normais negaria, mas hoje eu não estou aguentando, entro e seguimos em silêncio, ele estaciona em frente ao casarão. Desço e me deparo com Vanessa, que me fuzila com os olhos, me pergunto se ela acha que sou do tipo dela, era só o que me faltava. Passo direto para casa não estou com energia para atritos agora, principalmente por algo que não tem fundamento.Entro e meu pai ainda não chegou, vou para o banho e demorei bastante, o cair da água no meu corpo me relaxa.Saio do banho visto um pijama de vaquinhas e me jogo na cama, pego no sono muito rápido, durmo feito uma pedra de tão cansada e acordo com mamãe chamando e me levanto pronta para mais um dia.Augusto A campanha de vacinação tem me proporcionado muito cansaço e também muito entretenimento. Está uma correria só, mas estou achando interessante toda interatividade que venho tendo com Nina.Geovana ainda que recém formada é uma exímia profissional, dedicada, competente e não mede esforços para que tudo saia dentro do programado além de linda.O modo que ela conduz os peões e domina seus conhecimentos me deixam encantado. Embora as inúmeras recomendações do meu pai de que eu deva manter distância, algo me prende a atenção nela, talvez seja o fato de que tudo proibido é mais atrativo.Todos aqui vêem as qualidades de Nina, inclusive Vanessa que quase a fuzilou com os olhos quando dei carona para ela no início da semana. Falando nesse dia, o primeiro da vacinação não imaginava que uma mulher linda e baixinha fosse tão valente! E o que me deixa sem ar mesmo é aquele rebolar de bunda indo e vindo, teve uma hora que fiquei de pau duro imaginando aquela bundinha cavalgando no m
Nina Saio da vacinação com o sol se pondo, sigo direto para a minha casa, estou faminta e cansada. Hoje o trabalho foi intenso, mas valeu muito a pena! Principalmente porque o Augusto já havia me chamado para dar uma ida na vila D’água para descontrair! Fiquei na dúvida, porém acabei aceitando. Por puro nervosismo acabei convidando a todos para ir e Fabrício aceitou na hora e no fim todos da nossa equipe resolveram ir também. Quando o Augusto falou que passaria em casa para me buscar, disse que iria com a Nicole e que nos encontraríamos lá. Augusto insistiu para eu ir com ele, mas a covarde que existe em mim deu pra trás. Agora estou arrependida.Chego em casa e entro pela área de serviço para deixar a minha bota e a minha roupa suja por ali. Entro em casa e vou direto à geladeira pegar um copo de água e ver o que tem para comer, e vejo que a mamãe fez o meu bolo preferido.Gemo de puro prazer assim que levo um pedaço de bolo de cenoura com cobertura de chocolate na boca. Hum! Hum
AugustoChego a Vila D'Água e paro em frente ao bar do Zé, demoro um pouco para descer, observo o movimento antes de sair da camionete e sigo para a entrada procurando por Nina.Assim que entro, percorro o olhar pelo local e encontro o par de olhos mais lindo, nossos olhares se prenderam e ela sorri, eu correspondo me virando para ir até ela, porém nesse exato segundo sinto uma mão tocar meu braço e no instante seguinte ser abraçado, e antes que eu reaja sou surpreendido com um selinho.Tinha que ser Vitória, por um momento havia me esquecido dessa insuportável, meus braços ficaram pendurados ao longo do meu corpo e mesmo assim ela enroscou os dela junto aos meus me guiando ao balcão. Sem me perguntar ela pede duas cervejas mas antes que o garçom se afaste eu peço que traga apenas uma.— Não vai me acompanhar? - Vitória pergunta fazendo biquinho e eu quase reviro os olhos.— Não estou com sede! Obrigado! — respondo de forma seca e volto a procurar por Nina, pois tenho certeza que
AugustoSaio do escritório por volta das duas horas da tarde e vou direto para cozinha, estou faminto, vejo que meu almoço está no forno e ainda está quente, como feito um urso quando sai da hibernação. Termino de almoçar, bebo um suco de laranja geladinho e vou dar uma volta pela fazenda, resolvo ir caminhando até o lago.Vou me aproximando e ouço vozes, fico tentando reconhecer, mas tá impossível, vou me esgueirando até chegar perto de uma pedra grande onde me escondo e fico observando até que vejo Nina dá um mergulho e aquele homem mergulhar atrás dela, ambos gargalhando feito dois adolescentes.Saio de trás da pedra e caminho em direção aos dois como estão distraídos leva alguns minutos para notar minha presença Nina dá um grito assustado assim que me vê e seu companheiro continua nadando com os olhos grudados em mim.— O que você está fazendo aqui, Augusto? Está me seguindo?Nina grita esteticamente jogando água em minha direção— Até onde eu sei eu estou na minha propried
GiovanaEntro em casa aos prantos, Augusto me humilhou de uma forma que jamais pude imaginar ser algum dia em minha vida.Minha mãe tenta falar comigo enquanto sigo para meu quarto, mas a deixei para trás com Felipe, entro no banheiro e tomo um banho regado a lágrimas, não posso acreditar que esteja passando por algo assim.Saio enrolada na toalha e me deito na cama, respiro fundo enquanto penso no que farei, minha mãe bate a porta e Felipe também me chama, dou um suspiro profundo e me sento, então digo que podem entrar.— Oh minha menina, como você está? Felipe me contou o episódio monstruoso que Augusto lhes proporcionou, mas não se preocupe que isso não vai ficar assim… — Ela fala triste e preocupada.— Vai ficar tudo bem mãe! Não precisa fazer nada não— respondo com um nó na garganta, e vejo Felipe em pé nos observando. — Vou me vestir e descemos para tomar um café, só o bolo de cenoura com chocolate da senhora pode me fazer melhorar agora. — Levanto e ela me abraça e me dá um be
Nina,Estacionamos em frente a fazenda com o dia ainda escuro, para nossa surpresa Augusto está na varanda de seu quarto e fica nos olhando.Felipe para provocar, desce e me abraça me acompanhando até a porta de casa. Convido-o para tomar café antes de eu ir para o serviço mas ele não aceita, enquanto me despeço dele Augusto passa ao longe nós encarando com muita raiva.— Não sei que bicho mordeu esse homem! Ele só pode estar doido. — Falo irritada, pois foi assim que ele começou o show dele ontem.— Você ainda não percebeu que o nome disso é ciúme? Ele está te querendo e acha que temos algo. — Felipe fala e eu sinto minhas bochechas corarem.— Definitivamente, não! Agora deixa eu cuidar da vida que o dia vai ser extenso. — Me despeço e vou me arrumar.Entro e vejo que minha mãe já saiu para o casarão, no entanto deixou meu café posto, adoro os mimos dela. Tomo meu café com paciência, ainda tenho tempo, arrumo a mesa e vou me vestir.Em meu quarto as palavras de Felipe sobre Augusto f
AugustoSei que fui um babaca e que continuo agindo como um, não sei que sentimento é esse que me faz perder o controle e a cabeça quando estou perto de Nina, e mandar a razão pro inferno quando a vejo com Felipe.Meu objetivo indo até a casa de Dona Marília era pedir desculpas e resolver tudo isso, tinha muitas coisas em mente para dizer mas nada saiu conforme planejado, sou muito estúpido mesmo.Entro no meu quarto batendo a porta e me jogo na cama, o que essa mulher tem que me deixa assim? E o que aquele peão é dela? Eu sinto vontade de socá-lo só de pensar nele.Não saio para o jantar, permaneço em meu quarto vigiando a estrada para ver a que horas eles retornam, para o meu completo desespero não há sinal de que seja essa noite.Reconquistar a confiança de Nina é meu principal objetivo, mesmo sabendo ser muito difícil.Me rendo ao cansaço e vou dormir, inconformado com a audácia de me deixarem só naquela varanda, eu vou tomar Giovana para mim, esse peão não vai pôr as mãos no que
Que ódio, que tonta eu sou!Augusto sai atrás da sirigaita da Vitória sem ao menos me falar alguma coisa, ainda entrelaça o braço ao dela como se não estivesse prestes a me beijar no minuto anterior.Entro batendo a porta e subo para tomar um banho, deixo a água gelada bater em meu corpo tirando o cansaço e forço a mente a parar de pensar em tudo que vem acontecendo, no beijo, penso que gostaria daquele beijo.Após um longo banho acompanhada de reflexões, saio do quarto envolta a toalha com uma enrolada na cabeça, me assusto ao ver que Nicole está no quarto me aguardando.— Amiga! — rio cumprimentando-a.— Oi! Está distraída heim, te chamei várias vezes e não me disse nada— Ela fala se levantando.— Eu estou distraída e você é uma fofoqueira de primeira né? Aposto que mal esperou o dia passar pra vir saber o que houve.Falo e nós duas caímos na risada, afinal, sabemos que é verdade. Conto tudo que houve no domingo, em como me senti e também a vontade que Felipe está sentindo de enfiar