II

Giovani entrou cauteloso no escritório da Diretora de Operações. Temia ser severamente repreendido pelo atraso, ou pior, dispensado sem mal poder se apresentar.

A mulher de cabelos dourados pousou os olhos cor de safira sobre ele e parou o que estava fazendo.

— Por favor, sente-se.

Ele obedeceu e sentou sem olha-la diretamente.

— Em que posso ajudar?

Ela parecia cansada e perguntou com uma voz sem muita emoção e a sobrancelha arqueada em sua direção.

— Ah, sim, por favor me desculpe! Eu sou Giovani Ortega e vim para a entrevista de emprego de assistente pessoal da Senhorita Cordélia Belaniel.

A expressão dela mudou subitamente. Em pouco tempo a mulher já estava de pé o encarando como se tivesse acabado de ver um santo.

— Por pouco você não está atrasado! Graças a Deus a Srta. Cordélia ainda não chegou. Ela não vai demorar muito. Eu vou lhe explicar tudo o que precisa saber por agora, e depois da sua entrevista com ela eu irei explicar o restante.

— Sou todo ouvidos, senhorita...

— Erica Valadares. Me desculpe por não ter me apresentado antes, eu estava ansiosa pela sua chegada. — Esticou a mão em cumprimento, gesto que o rapaz retribuiu contente.

— Como sei que nos veremos bastante, você pode me chamar apenas de Erica, menos quando estivermos no meio do expediente ou em reuniões. Não posso dar brecha pros outros funcionários, eles só querem uma oportunidade para se aproximarem de pessoas de cargo alto e conseguir regalias. — Pensar naquilo parecia deixa-la irritada, pelo visto ela já tinha passado por várias situações parecidas.

— Sim, senhora.

Ela o fitou com a sobrancelha erguida, Giovani logo se deu conta e corrigiu-se.

— Sim, Erica.

A diretora sorriu divertidamente.

— Como já deve saber, a partir do quinquagésimo andar os dois últimos andares são restritos. Fazemos isso para termos um controle dos funcionários e do espaço. O rigor das restrições aumenta a partir do quinquagésimo-primeiro andar, onde são permitidos apenas os diretores; os demais funcionários que trabalham especificamente nos três últimos andares e, claro, a CEO. O restante só pode ter acesso a esses andares com autorização especial. Agora... O mais importante, vamos falar sobre a CEO.

— Eu pesquisei bastante antes de vir pra cá, também li muito sobre a Srta. Belaniel.

— Você vai ser assistente pessoal dela, depois da entrevista, ela vai preferir que você a chame de Srta. Cordélia. Ela diz que chamar pelo sobrenome a faz parecer velha. Apenas pessoas que não são muito próximas a ela a chamam assim, ou seja... A maioria — Foi possível perceber que Erica havia ficado um pouco desconfortável.

— Você está bem? — Perguntou ele com gentileza.

— Sim, é só que... Ela não tem muitos amigos, na verdade, acho que eu sou a única amiga dela, ao menos aqui na empresa. Você vai precisar ser forte. Nem tudo o que ela fala é para machucar e nem sempre ela vai estar sendo fria ou grossa quando parecer que está. Ela só não percebe. Passou mais tempo dedicando-se mais ao trabalho do que a si mesma e a relações sociais, que, acabou perdendo o jeito com essas coisas. Então seja paciente e compreensivo e faça o que ela pedir. Tente não irritá-la.

— Você se importa muito com ela, não é mesmo? — Perguntou ao notar nela um olhar de preocupação.

— Ela é minha melhor amiga há muito tempo, não aguento mais vê-la só, e, por mais que não demonstre, sei que ela se sente sozinha.

A diretora se recompôs logo que sentiu o celular vibrar no bolso. Pegou o aparelho e leu a mensagem que havia recebido.

— Sua futura chefe acaba de chegar. — A expressão dela ficou levemente séria, ela o olhou com generosidade. — Venha comigo, vou te levar até ela.

Os dois caminharam silenciosamente até a grande porta dupla, com riscos retilíneos desenhados na superfície de madeira escura. Uma pequena placa de metal escovado com letras reluzentes indicava o cargo e a pessoa que trabalhava lá dentro.

 

"CEO - Srta. Cordélia Belaniel."

Uma simples placa já tem um enorme impacto. — Pôde concluir após uma breve reflexão.

— Eu vou entrar para falar com ela primeiro, tenho um assunto importante a tratar. Vou aproveitar e informar a sua presença. Assim que eu sair você poderá entrar.

Ele concordou com a cabeça e deu espaço para que Erica passasse.

Passaram-se poucos minutos desde que a diretora entrou na sala, quando ele viu a porta abrir e uma aliviada Erica sair de lá.

— Parece que correu tudo bem. — Constatou, sentindo-se mais confiante.

— Sim, ela está de bom humor hoje. Você já pode entrar, ela está te esperando.

Erica o empurrou com delicadeza até a porta, desejou boa sorte, se despediu e foi embora antes que ele pudesse agradecer. O rapaz voltou-se para a estrura de madeira, inspirando e expirando calma e profundamente.

Agora é apenas com você Giovani... Apenas com você.

Continue lendo no Buenovela
Digitalize o código para baixar o App

Capítulos relacionados

Último capítulo

Digitalize o código para ler no App