IV

— Srta. Belaniel? — Os cachos loiros de Erica balançando assim que que sua cabeça surgiu por detrás da porta.

— Entre, rápido!

Erica obedeceu prontamente. Assim que escutou a voz impaciente da amiga, a tensão tomou conta dela. O que aconteceu?

— O que aconteceu Cordélia?

—Te peço um assistente e o que você me manda? Um duende? Ele tem o quê, um metro e cinquenta?

— Um e sessenta e cinco. — Corrigiu-a — E não acho que seja esse o motivo da sua irritação.

Não, não é.Admitiu a CEO consigo mesma.

— Dispense ele e procure outra pessoa. — Voltou o rosto impaciente para os papéis à mesa.

— Não temos tempo, Cordélia! Estou sobrecarregada e essa já é a sexta pessoa que trouxe para você entrevistar. Ou é ele ou ficaremos em uma situação muito complicada. — Bateu o pé no chão, cruzando os braços, irritada.

Cordélia ficou em um silêncio mal humorado que fez Erica suspirar cansada enquanto massageava a testa já dolorida.

— Ao menos dê uma chance ao rapaz. O currículo dele é perfeito e ele parece ser uma boa pessoa. O que ele fez pra deixar você tão irritada?

Cordélia arfou exasperada e procurou responder calmamente.

— Ele... Falou do Fernando... — Virou o rosto de novo, mordendo o lábio inferior.

Ao ouvir aquilo, Erica pôde compreender o mau humor da amiga e passou a falar com ela de forma compreensiva e terna.

— Sei que mesmo depois de tantos anos ainda é um assunto muito difícil para você, mas você é a grande Cordélia Belaniel! Não pode deixar essas coisas te abalarem! E o pobre não fez por mal. Agora mostre que é a grande CEO que todos nós temos certeza que você é e recomponha-se! Pense como Diretora Executiva. O restante é detalhe no momento.

A CEO se deu por vencida e concordou.

— Você tem razão...

— E? — Insistiu.

— Vai me tratar como uma criança malcriada, agora? — Provocou com expressão felina.

Erica alargou o sorriso atrevido e continuou a encarando com o olhar insistente. Cordélia revirou os olhos.

— Eu me excedi e me sinto muito envergonhada por isso. Me desculpe. — Disse em tom irônico, se sentindo contrariada, enquanto exibia um sorriso amarelo para a amiga.

Era difícil para ela admitir um erro, aquilo feria profundamente o seu ego, e Erica tinha plena ciência disso.

— Eu sei. Apesar do que a maioria das pessoas pensam, você é humana, Cordélia. Tem sentimentos e também sente dor, mas precisa se controlar. Vou pedir de novo, vá até a pessoa que lhe recomendei e converse com ele. Vai se sentir muito melhor e esse assunto não será mais uma sombra que paira sobre você.

Cordélia suspirou e acenou com a cabeça afirmativamente. Como sempre, Erica tinha razão.

— O que digo ao rapaz? — Perguntou a Diretora Geral.

— Trate do assunto contratual com ele. Dê mais detalhes sobre o cargo e tudo o que vai precisar saber sobre isso e sobre a empresa também. Se achar que ele está pronto, pode pedir para que comece hoje mesmo.

— Hoje?!

— Sim, hoje. Quero ver se ele é mesmo tudo aquilo que o histórico dele diz ser. — Afirmou com um brilho desafiador surgindo nos olhos de íris vermelhas.

— Você não tem jeito, Cordélia.... — Tudo o que Erica conseguia expressar era um sincero ar de divertimento.

A loira podia não ser má pessoa, porém também tinha seu lado levemente sádico — assim como a maioria dos diretores daquele lugar — ao contrário de Cordélia, que podia ser terrível quando não queria e pior quando tinha vontade.

— Srta. Valadares.

— Sim?

— Faça o que mandei, pode ir, você está dispensada. Ah! E eu sei o que está tentando fazer, você não me engana. — Apontou a caneta dourada para a loira.

Não havia como não notar as intenções da amiga.

— É tudo pelo seu bem e o da empresa. Apenas tento unir o útil ao agradável. — Proferiu com ar de inocência e se retirou.

Cordélia foi até a grande janela panorâmica que tomava toda uma parede do escritório.

Giovani Ortega.... Vamos ver o que você é capaz de fazer.

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