Localização: Wichita, Kansas, Estados Unidos.
Samantha Roosevelt...
Meu ar saiu dos pulmões quando consegui parar, meus pés doloridos pela a corrida naquela terra escura e cheias de cascalhos. Minha mente atormentada, fez meu corpo esconde-se rente ao tronco daquelas arvores altas buscando abrigo, enquanto meu predador estava em meu encalço.
Eu podia sentir que ele me farejava, e me caçava como uma besta selvagem. Querendo saciar sua sede de sangue. Meu sangue no caso. O uivo gutural anunciou que o mesmo tinha me achado, para meu azar. E então meus pés foram mais ágeis, do que meu cérebro em pensar comandá-los.
Pus-me correr com voracidade ao ouvir, as patas da besta baterem de encontro a aquela corrida mortal. Meus cabelos longos e escuros com fios dourados esvoaçaram, junto com minha expressão de pânico e meu coração que acelerava drasticamente. No que mais parecia uma câmera lenta, a favor do meu predador.
Tive coragem de olhar para trás e vislumbrar aquele lobo cinzento de olhar escurecido como a noite, e as estrelas que faziam de espectadores para nós. Quanto mais meus pés agiam rápido, mais aquele animal estava mais perto.
—Tenho que me transformar... —falei quase sem voz ao tentar que meu corpo recebesse a ordem. Mas nada aconteceu. —SE TRANSFORMA! —gritei para mim mesma antes que pudesse sentir a mordida em meu ombro me dilacerando.
Arrancando um pedaço de minha pele parda, e cravando as unhas em minhas costas com um queimar. Gritei ao choramingar percebendo o sangue escorrer como água em rio demasiadamente, mas vi que meu predador parou. Tive a péssima ideia de virar e encará-lo:
Meus olhos de avelã, se espantaram ao ver que era...
—Ikarus? —disse rouca quando seu olhar escurecido, naquele corpo musculoso humano sorriu aterrorizante, para me abocanhar ao se transformar novamente.
Acordei de repente com o lado da minha cabeça quente e dolorido e o corpo ensopado de suor, enquanto ouvia meu despertador soar deixando a dor maior do que estava. Levei meus dedos agilmente parando aquele barulho infernal. E encarando o teto de tom rosado pêssego.
Olhei bem aquelas pequenas estrelas penduradas, tentando processar novamente aquele sonho. Em por que sonhei com ele? Com o Ikarus.
Eu tinha o tirado da mente faz um bom tempo, quando fui morar com minha irmã mais velha, Francesca, em Nashville no Tennessee. O que me fez bem horrores, e aonde voltei melhor do que tinha ido. Fiz amizades lá como Bonnie, uma pessoa que foi minha caixinha de felicidade, sempre me coloca para cima quando estava triste ou melancólica. E David, que me induziu ao balé, virando minha paixão de vida.
Hoje em dia não vivo sem balé, mas sempre me pergunto como eles estão sem mim. Pois não há um dia que não sinta falta deles na minha vida já fazendo três anos que voltei, entretanto, Mason. Um rapaz humorado e engraçado surgiu para tampar minhas tristezas e saudades, dos meus amigos de adolescência. Sendo meu amigo e parceiro nas aulas de balé, e um bom ouvinte quando conversávamos sobre meus pesadelos que me atormentavam todas as noites. Contudo, sonhar com Ikarus era novidade para mim, já que tentei ao máximo não saber do mesmo ou qualquer coisa que se referisse a ele.
Acabei por despertar de meus pensamentos quando ouvi um buzinar de carro, e empurrei minhas cobertas rosadas para o lado e fui até a janela mais ágil que um raio já sabendo quem era. Levei meus dedos a persianas e vi que lá estava ele, me esperando em seu automóvel ônix.
Mason já tinha um caminho trilhado na vida, ao contrário de mim. Que só amava fazer balé, ele tinha um trabalho numa loja de roupas e ainda fazia faculdade de educação física. E eu, Samantha Marie Roosevelt, estava no auge dos meus vinte e nove anos tentando pensar em que faculdade poderia cursar ou onde poderia trabalhar.
Entretanto, minha vida era mais difícil do que podia ser, não sendo uma pessoa normal.
Ouvi outro barulho me chamando, e puxei a persiana abrindo a janela.
—Já estou indo! —gritei tentando limpar a garganta sonolenta. E sorri ao ver um aceno dele de dentro do veículo.
Tentei ao menos ser ágil, deixando minha bolsa pronta. E averiguando que não estava esquecendo nada. Me ergui e fui até ao banheiro para uma ducha rápida, já que Mason odiava esperar. Nem ao menos passei alguma maquiagem no rosto, odiava ter que colocar um quilo de base logo cedo.
Aquilo me sufocava e me deixava de mal humor. Diferente da minha mãe, que as cinco da manhã já estava pronta até para um almoço formal se brincasse. E falando nela...
Quando vesti uma calça jeans azulada com um top além de um tênis macio de tom branco, agarrei a bolsa e meu celular na mesa da cabeceira e bati a porta indo em direção as escadas. Aquela casa sempre enorme e vazia ao mesmo tempo, que podia se ouvir o som de fora ou os estalar da madeira.
—Bom dia. —anunciou ela, Marie Elizabeth Roosevelt, minha mãe.
Estava estonteante ainda mais no batom purpura, que queimavam minhas vistas logo cedo. E belamente depositada num vestido roxo, que ressaltavam suas curvas volumosas. E mesmo ela sendo mais velha, sua aparência dizia que tinha minha idade, isso depois de ter tido seis filhos.
Seis... Vincent. Meu irmão gêmeo, que teria minha idade hoje em dia se estivesse vivo. O que me ressaltou lembrá-lo, não foi minhas irmãs e sim o medalhão cravejado de tom ametista que minha figura materna usava no pescoço. O que meu irmão havia ganhado assim quando nasceu.
E eu também, mas sempre evitava de pegá-lo em minhas mãos.
—Bom dia, mãe! —pronunciei séria.
Eu e minha mãe não tínhamos uma relação tão boa, ainda mais pelos empecilhos que acabou nos separando. E um deles era por eu ser parecida com Vincent no olhar.
—Não vai tomar café com suas irmãs? —me perguntou sem olhar em meus olhos. Era como se eu fosse um fantasma ali.
A observei, sua pele branca e rosada, o que me recordava de Vincent. Ele havia puxado ao tom dela e eu do meu pai, mas em cabelos e olhos éramos demasiados parecidos.
—Não, obrigada, mãe. Estou atrasada para a aula! —pronunciei e ficamos minutos ali paradas até que ela passou por mim, deixando apenas um perfume de lavanda no ar.
O ar saiu de meus pulmões arraiando minha traqueia, e pude dar as costas ao levar meu corpo até a porta. Girei a maçaneta ainda com minhas emoções conflitantes e fui embora, deixando aquela cratera maior entre nós duas.
Na aula de balé...—Vamos, vamos. Parecem molengas! —pronunciava a senhora Romano nós induzindo a agilizar os passos com nossos parceiros.A senhora Romano, era uma mulher de 60 anos, que ainda mantinha um corpo de dar inveja a mulheres mais jovem. Executava com perfeição cada pulo e passo, nos instruindo para não errarmos. Tinha mais de trinta anos de carreira no balé, mas mesmo aposentada, continuava a dar aulas. Pois o amava, assim como eu.—Isso, bambina, continue assim senhorita Roosevelt! —me elogiou enquanto eu girava com leveza ao redor de Mason que seguia meus passos.Entretanto, alguém bateu em mim me fazendo ruir ao piso de madeira encerado e brilhoso.—Opa, desculpa, Samantha! —disse num riso contido Elena.Mason me ajudou enquanto, a senhora Romano a encarava.—Senhorita Garcia, tome mais cuidado com as pessoas ao seu redor. Parecia uma gazela dando piruetas desengonçadas! —ironizou a professora o que fez todos ali rirem do ocorrido, menos Elena que ficou vermelha de raiv
Algumas horas depois... —Odeio portais! —pronunciei assim que pisei o primeiro pé rente aquele batente de pedras, e levei minha mão direita ao estomago e a esquerda a boca. Meu estomago revirou-se como se quisesse jogar o bolo de baunilha que havia comido fora. —Ah, Sam, você só não esta mais acostumada! —Gray se aproximou de mim e alisou minhas costas. Aquela pequena menina, agora era uma adolescente quase me alcançando em altura. —Tanto faz, mas odeio! —falei ao respirar fundo e ficar reta ajeitando minha jaqueta jeans. Guardei a pedra escura que brilhava perante os raios solares, no bolso da minha calça. Gray desceu os degraus de pedra tão ágil como o gato, enquanto por um momento admirei aquele local em ruinas que traziam runas trincadas rente a soleira rígida por onde passamos. A escrita de símbolos, fez-me dar um nó na mente. Tinha esquecido bastante coisas quando fiquei afastada desse local e da casa dos meus pais. —Vai vim ou vai ficar aí parada? —indagou minha irmãzinha
Localização: Alcateia Onix, centro da cidade.Ikarus Hoover...Assim que havia terminado meu pronunciamento, a tensão que pensava que sairia dos meus ombros acabou por ficar maior. A maioria daquela multidão estava repartida, uma parte tentando entender minha abdicação e outra que estava aceitando a ideia. Já que a alcateia não poderia ficar sem um alfa. Me retirei daquele meio do palanque de pedras rústicas, e deixei Lucius juntamente com os anciões darem voz aquele festejo entre prós e contra.—Ikarus... —ouvi a voz baixa de meu beta, Nicolas me chamar. —O que foi isso? —observei sua expressão ainda espantada.Pois nem aos meus beta e ômega havia contado, ou cogitado dizer. O que posso dizer que foi um pouco de covardia da minha parte. Mas não podia comentar, já que havia chegado sozinho a essa conclusão.—Fiz o que era certo, Nicolas! —respondi no mesmo tom ao encará-lo. Nicolas era um excelente guerreiro, tinha cabelos na altura dos ombros alargados, barba aparada e um olhar sério
Algumas horas depois...Sentei-me sobre aquele telhado, composto por uma camada de telhas individuais de tom escurecido sobrepostas para encarar aquela imensidão daquele lugar. As luzes da cidade pareciam as estrelas, tão longe que mais se assemelhavam a vagalumes. Pigarreei de leve, sentindo que estava visivelmente incomodado com algo.Algo não, alguém. Samantha era a pessoa que menos queria encontrar em minha volta para cá, mas infelizmente não podemos querer tudo nessa vida. Levei meu corpo até ali, e o deitei tentando relaxar e encarar aquele teto impressionante. Queria poder fumar meu cigarro, mas como iria daqui a pouco para o rito do Lucius.Devia ir com a face limpa, entretanto... Levei meus dedos para a minha frente e vi como tremiam, mas não era um problema. Poderia segurar isso por mais um tempo, até eu tragar o meu vício.—Tio... —ouvi uma voz infantil me chamar da janela. Levei meu olhar para a minha direita.Tyler estava debruçado, chamando-me com aquele olhar redondo e
Uma neblina pairava entre aquelas arvores secas, de galhos finos que mais pareciam garras, quando eu me aproximei da clareira, onde o rito dos homens seria realizado. Era um momento solene e importante para a alcateia, pois marcaria a ascensão de Lucius como o novo alfa. Como eu tive de passar com meu tio, e nossos ancestrais. Eu sentia um misto de orgulho e tristeza ao testemunhar essa passagem de poder, ainda estava precoce demais que agora não era mais o líder. Entretanto, uma pequena leveza se retirava de meus ombros. Apenas vestindo uma tanga de pele de animais e o resto desnudo, podia sentir meus pés naquele chão de cascalhos e o barulho de galhos quebrando-se a cada passo que dava em direção.O frio não atrapalhava, por ainda estar com meu sangue quente daquela tensão com meu irmão mais novo. Contudo, eu me sentia dilacerado por não conseguir ou impedido Tyler de ouvir aquelas palavras duras sobre seu pai.Tentei relaxar minha expressão, mas era impossível. Avistei ao fundo o l
Localização: Alcateia Onix, Mansão dos Hoover, ao norte do portal de pedras rúnicas. Ikarus Hoover... Despertei em pânico de um sonho intenso que tive, e que aos poucos se apagava de minha mente feito fumaça se dissipando em meu ao ar. Enfiei o rosto em meu travesseiro novamente e emergi rapidamente ao constatar como estava molhado de suor, assim como os lençóis que me rolavam aquele corpo desnudo. Esfreguei meus olhos com a mão direita, e por um momento não estava mais sentindo o anel do alfa em meu dedo mindinho direito. A marca ainda residia ali, fazendo-me sentir um pouco de falta daquela joia rustica que trazia uma pedra escura e brilhante. Induzi meus dedos esquerdos até aquele local, e alisei tentando ainda aceitar que não era mais o pião tão importante e que a alcateia necessitava a cada hora de minha vida. —Senhor Ikarus! —ouvi a voz de Octavio com uma batida leve, que despertou-me de vez. Ergui aquele tronco musculoso, jogando minhas pernas e depois o corpo nu para for
Algumas horas mais tarde...Observei pelo o telhado ao fundo a oeste do portal rúnico, uma iluminação que retirava a escuridão daquela imensidão. Podia ouvir daqui a música além do barulho sendo executados lá, entre as colinas. Já que a maioria da alcateia que reside na cidade, e os que moram nas cidades humanas estavam aqui para festejar o título de alfa de Lucius.Ainda estava decidindo se iria ou não. Havia prometido ao meu irmão mais velho, mas algo dentro de mim só queria ficar aqui admirando de longe a festa e não poder conversar sobre mais nada.—Ikarus! —ouvi uma voz tão suave quanto o vento me chamar.Virei minha face e percebendo que era Archelaos, um adolescente de cabelos castanho com fios loiros. Tímido que evitava olhar em nossos olhos.—Odette estar te chamando, disse para bater na porta do seu quarto! —falou sem jeito com seus cílios abaixados.—Certo, obrigado! —agradeci e ele sumiu tão ágil quanto uma raposa em fuga.Me ergui daquele telhado ajeitando meu casaco fino
No outro dia...Despertei num susto, e percebi como minha cabeça doía-me até a nuca. Os raios solares faziam minhas vistas arderem, e me levar a mão direita tentando evitá-los. Ainda tentava me recordar do que havia acontecido ontem e nada se conectava ou concordava em minha mente. Parecendo um sonho sem pé e sem cabeça.Tudo parecia pedaços de caco de vidro, estilhaçados e difíceis de se conectarem mais. Pisquei algumas vezes tentando fazer com que minha visão, se acostumasse com o sol entrando por minhas persianas das janelas.Ter misturado álcool com o que estava fumando, não tinha sido uma bela de ideia. E agora podia ver isso, com meus músculos endurecidos e a ressaca que parecia me matar a cada movimento que fazia naquela cama de casal.Tentei me erguer, mas cai novamente ao meu leito encarando o teto. E resolvi esperar um pouco e criar forças para me jogar dali. E foi exatamente que fiz.Minhas noções motoras ainda estavam retardadas, quando me esgueirei para o banheiro. Como s