—Então... e esse? —a voz feminina foi anunciada, enquanto adentrava aquela sala de um apartamento velho cheirando a bebida escocesa e cigarros. —Lembra, é um nove de barriga para baixo.—S-seis? —Respondeu o rapaz de pele rosada, apontando para a placa que Lizzie mostrava a ele.—Isso, você aprende rápido Vincent. Fui até o balcão para providenciar algo para me alimentar, sem atrapalhar os dois. Contudo, foi em vão.—I...Ikarus! —Disse animado ele ao me notar e correr até a mim num abraço. Retribui e me afastei bagunçando seus cabelos.—Pelo menos a Lizzie cara de limão azedo, cortou seu cabelo.—Vai a merda, Ikarus. —Bufou ela que me fez rir enquanto seguia para geladeira e agarrava uma garrafa de leite.Tomei uma golada, até ela arrancar da minha boca de repente.—Para de ser nojento, tem copo. —Disse ela pegando copos para todos, e dando um nas mãos de Vincent.—Da garrafa é mais gostoso. —evidenciei.—Assim vai ensinar o Vincent as coisas erradas. —Pronunciou ela enquan
Logo em seguida... Segui para outro cômodo do apartamento — um espaço diferente dos demais, com um ar denso e abafado por não ter janelas. — A sala havia sido modificada com um acolchoamento nas paredes, cuidadosamente planejado para abafar qualquer som Blake havia transformado parte do próprio lar em uma câmara de interrogatório particular. Me contou uma vez por certa curiosidade minha, entre um gole de café amargo, como sempre gostava, e outro, que durante a construção do apartamento, disfarçou o projeto para os arquitetos, dizendo que queria uma sala para ensaios musicais. Um lugar para tocar guitarra, segundo ele. Uma desculpa inteligente. No entanto, para mim, o vidro especial que separava a sala do corredor entregava tudo. Era o mesmo usado em delegacias — espelhado de um lado, permitindo apenas a observação de fora. Qualquer um mais atento no meio do designer de ambientes desconfiaria. Mas, lembro que ele disse ao mesmo que iria fazer não só uma sala pa
—Podia pelo menos fumar algo menos fedorento. —pronunciou aquela voz.Encarei Samantha da cabeça aos pés, ao sugar a fumaça daquele cilindro preto e retirá-lo da boca soltando-a junto com a respiração.—Não devia estar com suas irmãs? —indaguei ao estreitar minhas vistas.—Meus pais estão com ela. E eu fico onde quiser, para começo de conversa! —me retrucou e ri daquilo ao alisar meus lábios com o dedão.—E justamente, vem ficar onde estou. Coincidência não?! —disse irônico olhando para a lua a minha frente. —Não estou a fim de conversa contigo, e deixei explicito.—Ikarus... —ela começou e observei-a rígida, como se tivesse dificuldade em dizer algo. Respirou fundo e disse: —... já somos adultos, e não crianças bobas. Pelo menos, devíamos fazer as pazes não?—Quer fazer as pazes? —ri de imediato. Que a vi ficar vermelha de raiva. —Oh docinho, eu não quero nada, nem mesmo as pazes com você.—Gostaria de saber por que me odeia tanto, o que fiz para isso? —me perguntou ao se aproximar.F
Localização: Wichita, Kansas, Estados Unidos.Samantha Roosevelt...Meu ar saiu dos pulmões quando consegui parar, meus pés doloridos pela a corrida naquela terra escura e cheias de cascalhos. Minha mente atormentada, fez meu corpo esconde-se rente ao tronco daquelas arvores altas buscando abrigo, enquanto meu predador estava em meu encalço.Eu podia sentir que ele me farejava, e me caçava como uma besta selvagem. Querendo saciar sua sede de sangue. Meu sangue no caso. O uivo gutural anunciou que o mesmo tinha me achado, para meu azar. E então meus pés foram mais ágeis, do que meu cérebro em pensar comandá-los.Pus-me correr com voracidade ao ouvir, as patas da besta baterem de encontro a aquela corrida mortal. Meus cabelos longos e escuros com fios dourados esvoaçaram, junto com minha expressão de pânico e meu coração que acelerava drasticamente. No que mais parecia uma câmera lenta, a favor do meu predador.Tive coragem de olhar para trás e vislumbrar aquele lobo cinzento de olhar e
Na aula de balé...—Vamos, vamos. Parecem molengas! —pronunciava a senhora Romano nós induzindo a agilizar os passos com nossos parceiros.A senhora Romano, era uma mulher de 60 anos, que ainda mantinha um corpo de dar inveja a mulheres mais jovem. Executava com perfeição cada pulo e passo, nos instruindo para não errarmos. Tinha mais de trinta anos de carreira no balé, mas mesmo aposentada, continuava a dar aulas. Pois o amava, assim como eu.—Isso, bambina, continue assim senhorita Roosevelt! —me elogiou enquanto eu girava com leveza ao redor de Mason que seguia meus passos.Entretanto, alguém bateu em mim me fazendo ruir ao piso de madeira encerado e brilhoso.—Opa, desculpa, Samantha! —disse num riso contido Elena.Mason me ajudou enquanto, a senhora Romano a encarava.—Senhorita Garcia, tome mais cuidado com as pessoas ao seu redor. Parecia uma gazela dando piruetas desengonçadas! —ironizou a professora o que fez todos ali rirem do ocorrido, menos Elena que ficou vermelha de raiv
Algumas horas depois... —Odeio portais! —pronunciei assim que pisei o primeiro pé rente aquele batente de pedras, e levei minha mão direita ao estomago e a esquerda a boca. Meu estomago revirou-se como se quisesse jogar o bolo de baunilha que havia comido fora. —Ah, Sam, você só não esta mais acostumada! —Gray se aproximou de mim e alisou minhas costas. Aquela pequena menina, agora era uma adolescente quase me alcançando em altura. —Tanto faz, mas odeio! —falei ao respirar fundo e ficar reta ajeitando minha jaqueta jeans. Guardei a pedra escura que brilhava perante os raios solares, no bolso da minha calça. Gray desceu os degraus de pedra tão ágil como o gato, enquanto por um momento admirei aquele local em ruinas que traziam runas trincadas rente a soleira rígida por onde passamos. A escrita de símbolos, fez-me dar um nó na mente. Tinha esquecido bastante coisas quando fiquei afastada desse local e da casa dos meus pais. —Vai vim ou vai ficar aí parada? —indagou minha irmãzinha
Localização: Alcateia Onix, centro da cidade.Ikarus Hoover...Assim que havia terminado meu pronunciamento, a tensão que pensava que sairia dos meus ombros acabou por ficar maior. A maioria daquela multidão estava repartida, uma parte tentando entender minha abdicação e outra que estava aceitando a ideia. Já que a alcateia não poderia ficar sem um alfa. Me retirei daquele meio do palanque de pedras rústicas, e deixei Lucius juntamente com os anciões darem voz aquele festejo entre prós e contra.—Ikarus... —ouvi a voz baixa de meu beta, Nicolas me chamar. —O que foi isso? —observei sua expressão ainda espantada.Pois nem aos meus beta e ômega havia contado, ou cogitado dizer. O que posso dizer que foi um pouco de covardia da minha parte. Mas não podia comentar, já que havia chegado sozinho a essa conclusão.—Fiz o que era certo, Nicolas! —respondi no mesmo tom ao encará-lo. Nicolas era um excelente guerreiro, tinha cabelos na altura dos ombros alargados, barba aparada e um olhar sério
Algumas horas depois...Sentei-me sobre aquele telhado, composto por uma camada de telhas individuais de tom escurecido sobrepostas para encarar aquela imensidão daquele lugar. As luzes da cidade pareciam as estrelas, tão longe que mais se assemelhavam a vagalumes. Pigarreei de leve, sentindo que estava visivelmente incomodado com algo.Algo não, alguém. Samantha era a pessoa que menos queria encontrar em minha volta para cá, mas infelizmente não podemos querer tudo nessa vida. Levei meu corpo até ali, e o deitei tentando relaxar e encarar aquele teto impressionante. Queria poder fumar meu cigarro, mas como iria daqui a pouco para o rito do Lucius.Devia ir com a face limpa, entretanto... Levei meus dedos para a minha frente e vi como tremiam, mas não era um problema. Poderia segurar isso por mais um tempo, até eu tragar o meu vício.—Tio... —ouvi uma voz infantil me chamar da janela. Levei meu olhar para a minha direita.Tyler estava debruçado, chamando-me com aquele olhar redondo e