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Capítulo 4: O velho se torna o novo, e nunca olhamos para trás. Parte 1

Localização: Alcateia Onix, centro da cidade.

Ikarus Hoover...

Assim que havia terminado meu pronunciamento, a tensão que pensava que sairia dos meus ombros acabou por ficar maior. A maioria daquela multidão estava repartida, uma parte tentando entender minha abdicação e outra que estava aceitando a ideia. Já que a alcateia não poderia ficar sem um alfa. Me retirei daquele meio do palanque de pedras rústicas, e deixei Lucius juntamente com os anciões darem voz aquele festejo entre prós e contra.

—Ikarus... —ouvi a voz baixa de meu beta, Nicolas me chamar. —O que foi isso? —observei sua expressão ainda espantada.

Pois nem aos meus beta e ômega havia contado, ou cogitado dizer. O que posso dizer que foi um pouco de covardia da minha parte. Mas não podia comentar, já que havia chegado sozinho a essa conclusão.

—Fiz o que era certo, Nicolas! —respondi no mesmo tom ao encará-lo. Nicolas era um excelente guerreiro, tinha cabelos na altura dos ombros alargados, barba aparada e um olhar sério naquele homem de pele bronzeada e mais alto que eu.

Foi quando ouvi a voz de Noah, meu ômega, pronunciar:

—Nem sempre fazer o certo é algo bom. —olhei-o de soslaio.

Noah era meu braço direito, um rapaz novo, de pele negra e olhar azulado. Sua mãe era uma Sodalita, uma alcateia que tínhamos tratados de união em prol do bem de ambas e negócios internos.

Pensei em dizer algo aquelas duas pessoas do meu lado, que pareciam querer por respostas. Mas a única coisa que consegui fazer, foi me calar por completo enquanto ouvia os três anciões explicando a multidão sobre a passagem do rito e a festa que teríamos logo depois para comemoração.

Algo que nem ao menos estava animado em participar, mas que infelizmente teria de fazer. Meu olhar levantou-se diretamente para uma pessoa que não queria, Samantha Roosevelt, aquela morena dourada de olhar avelã. Que parecia ter se tornado uma bela mulher, se eu a achasse atraente como qualquer homem em questão.

Toda vez que eu a encarava, podia ver um ódio emergindo em meu interior. E deixando minha mente completamente enevoada.

Mas além disso, o que lembrava daquela mulher era pedaços de quebra-cabeça que tentavam se encaixar. Daqueles momentos que vivemos, até eu descobrir a verdade que me fez odiar até o ar que ela respirava e a única coisa que está impregnado em minha mente. Desviei meu olhar da mesma, e continuei ali ao lado de meu beta e ômega, além de meus irmãos naquela vibração que a multidão estava estarrecida.

Assim que tudo finalizou, sai o mais rápido possível dali. Queria pelo menos colocar a cabeça no lugar, longe dos olhares e perguntas de pessoas curiosas sobre minha abdicação. Eu sabia que não seria fácil isso.

Deixar o título de alfa tão jovem, iria gerar repercussão de todos. Mas se bem que quando me jogaram isso aos meus quinze anos, não se importaram nem um pouco se eu estava apto a cuidar de uma alcateia.

Aquilo era angustiante, auxiliar uma matilha mais parecia que eu tinha mulher e filhos, e que se não me responsabilizasse a culpa dos erros cairiam toda em mim. Porém, ainda tinha mais uma coisa que iria me acontecer...

Casar com Samantha, para minha infelicidade genuína.

Não queria me vincular a ela, não a queria como minha luna. E nem ter filhos ou família com aquela mulher. Só de pensar que ficaria preso a ela até minha morte, me angustiava em todo meu ser.

Não estava pronto para nada disso, e o medo me consumia. Minha ansiedade deu início ali, percebi minha mão esquerda começar a tremer levemente.

—Merda! —praguejei deliberadamente. Olhei para os lados e segui para um beco entre duas casas. Sentei-me em um caixote de madeira escurecida, enquanto puxava da jaqueta de couro, um março de cigarro de embalagem preta depositado no bolso interno.

Bati o mesmo no punho, que fez aquele cilindro fino saltar para fora. E o coloquei entre meus lábios ao pegar o isqueiro do outro bolso. Acendi-o tragando aquele gosto inebriante e amargo daquele cigarro.

Aquele vicio me consumia, mas aquele cigarro de heroína era a única coisa que me relaxava nessa tensão toda de ser o alfa e as tarefas.

Enquanto dava mais tragadas soltando a fumaça, podia presenciar meu corpo se aliviar de tudo aquilo que estava em minhas costas. Foi quando percebi uma silhueta a me encarar, que fez-me tossir quando sentia o sabor do cigarro.

Samantha Roosevelt, emergiu como um fantasma que parecia ter vindo me cobrar algo que lhe devia, ela me encarou profundamente em sua face jovial. Que era iluminada por leves raios solares naquele beco que estávamos.

—O que foi? —indaguei e ela continuava a me fitar. —Me achou tão lindo assim? Talvez deveria tirar uma foto, assim duraria mais. —fui irônico e frio ao soltar a fumaça pela boca.

Samantha se recompôs rapidamente e fez olhares cortantes em minha direção. Sua voz carregava um tom irônico quando ela finalmente falou:

—Fiquei surpresa que passou o posto de alfa ao seu irmão e...

—Então é isso! —eu dei um risinho ao respirar firme e profundamente, que deixou aquela moça desconcertada de um jeito estranho. —Tenho mais o que fazer, Samantha, se quer visitar sua irmã é bem-vinda a nossa casa, do contrário não temos o que conversar. Passar bem, senhorita! —Gesticulei com cabeça num sarcasmo e passei por ela de maneira ríspida.

Mas senti sua mão agarra-se em meu braço, o que deixou nós dois tão próximos que podíamos sentir em nossas peles a respiração um do outro. Nos encaramos por minutos intermináveis.

—O que houve dessa vez? —perguntei irritado. Observei ela me soltar e me encarar.

—É sobre a gente, como fica a questão da vinculação. —pronunciou. Dava para perceber que ela também não gostava de tocar naquele assunto.

Mordi meus lábios de leve, e estreitei meus olhos ao tragar aquele maldito cigarro. Que fez ela expressar uma careta de desgosto pelo o cheiro.

—Não fica! —dei um meio sorriso ao soltar a fumaça em sua faça e seguir para longe dali.

—Ei, espera... —escutei atrás de minhas costas com leves tosses. Entretanto, adentrei as calçadas seguindo em frente tão ágil, que eu não pude mais ouvir sua voz.

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