Localização: Alcateia Onix, Mansão dos Hoover, ao norte do portal de pedras rúnicas.
Ikarus Hoover...
Despertei em pânico de um sonho intenso que tive, e que aos poucos se apagava de minha mente feito fumaça se dissipando em meu ao ar. Enfiei o rosto em meu travesseiro novamente e emergi rapidamente ao constatar como estava molhado de suor, assim como os lençóis que me rolavam aquele corpo desnudo. Esfreguei meus olhos com a mão direita, e por um momento não estava mais sentindo o anel do alfa em meu dedo mindinho direito.
A marca ainda residia ali, fazendo-me sentir um pouco de falta daquela joia rustica que trazia uma pedra escura e brilhante. Induzi meus dedos esquerdos até aquele local, e alisei tentando ainda aceitar que não era mais o pião tão importante e que a alcateia necessitava a cada hora de minha vida.
—Senhor Ikarus! —ouvi a voz de Octavio com uma batida leve, que despertou-me de vez.
Ergui aquele tronco musculoso, jogando minhas pernas e depois o corpo nu para fora do meu leito. Retirando as cobertas grossas para longe, já que estavam grudentas em minha pele.
—Diga, Octavio! —falei alto já que não estava a fim de abrir a porta e dar de cara com alguém tão cedo.
—O senhor seu pai, deseja falar com o senhor. Disse para que fosse ao seu escritório! —falou e tentei assimilar o que aquele velho queria comigo.
—Tudo bem, obrigado, irei me vestir e vou até ele! —respondi e ouvi seus passos se voltarem ao corredor, para longe.
Não me demorei em tomar um banho quente, não, que mais parecia água para ferver legumes deixado por horas no fogo. Saí vermelho como um tomate com a pele soltando leve fumaça, mas de alma lavada e fui enrolado na toalha até a bagunça das minhas roupas espalhadas pelo o quarto. Peguei uma calça jeans e uma blusa preta tampando aquelas cicatrizes que ainda faziam presença em minha pele, e que as vezes eu esquecia que estavam ali.
Tinha pequenos fragmentos de recordação de como as ganhei, no teste do alfa que teve aos meus quinze anos e o segundo que foi uma tragedia em minha vida e da minha família. Respirei fundo não querendo relembrar daquilo que era tão fresco quanto um suco num verão de calor intenso.
Calcei umas meias cinzas que encontrei pelo o chão e meus coturnos gastos caídos rente a cama, indo atrás do meu perfume que achei em baixo de outra pilha de roupa só que sujas. E guiando-me até o banheiro para pentear minhas madeixas, para no final bagunçá-las rebeldemente como gostava.
Sai do meu quarto batendo a porta, e girei indo para a direita. Segui por três até chegar ao escritório do meu velho. Bati levemente com a outra mão na maçaneta.
—Pode entrar! —ouvi dele. E a empurrei adentrando e fechando ao dar as costas. —Gostaria de saber porque Achilles, estar com esse olho roxo e parte da face inchada? —foi direto ao ponto enquanto estava presenciando aquele moleque ali, com um saco de gelo no local que eu o acertei.
Lucius estava encostado rente a janela, e parecia estar segurando o riso ao me encarar.
—Eu bati! —me sentenciei culpado de imediato ao cruzar meus braços e rir de leve daquela face que mais parecia um baiacu radioativo.
—E por qual motivo? —o velhote estava sério, mas Achilles era um dos seus filhos favoritos. O segundo, pois Lucius era o primeiro.
—Porque ele me odeia pai, e isso estar comprovado. Tem inveja de mim! —comentou ele me fazendo dar uma risada.
Lucius também não se aguentou.
—Você disse ao velhote que ofendeu a Odette? —indaguei irônico e vi seu semblante empalidecer. Ele olhou para nosso pai, que estava muito mais sério com sua sobrancelha acinzentada erguida na direção de Achilles. —Falou para ele, que a ofendeu dizendo que eu e ela estávamos de caso?!
—Não espera aí, não foi isso! —riu de nervoso tentando consertar a merda que havia jogado no ventilador ontem.
E melhorei ainda mais, evidenciando:
—Que seria melhor ela fisgar o Lucius, porque agora ele era alfa! —continuei e meu irmão mais velho disparou seu semblante a Achilles, do jeito de nosso pai. —E o melhor de tudo, ainda disse na frente do Tyler que Ares havia morrido. Coisa bonita não? De se dizer a uma criança de oito anos que não sabia disso.
—Pai, eu... —só bastou o velhote erguer o dedo indicador para ele se calar.
—Lucius, Ikarus saiam. Terei uma conversa a sós com seu irmão! —pediu sem tirar sua expressão dele.
—Certo, meu pai! —pronunciou Lucius vindo em minha direção.
—Não precisa dizer duas vezes! —ergui as mãos ao alto, e ainda dei uma piscada num sorrisinho irônico a Achilles que tremia de medo ao me fitar.
Assim que saímos dali. Lucius perguntou-me:
—Vai ao festival hoje, irmão?
—Bom, só irei por você. Pois é para festejar seu título! —fui sincero e ele sorriu.
—Agradeço por isso! —ele respondeu. —Agora vou ter que me reunir com os anciões!
—Boa sorte então! —pronunciei. —Vou ver como está a Odette e o Tyler, depois de ontem...
—Achilles, é imaturo demais. Às vezes acho que não é nosso irmão! —esfregou a face.
—Nem eu acho... —falei ao dar passos leves ao dar as costas depois de me despedir.
Entretanto, um sorriso satisfatório formou-se em meus lábios, em saber que Achilles havia se ferrado.
Algumas horas mais tarde...Observei pelo o telhado ao fundo a oeste do portal rúnico, uma iluminação que retirava a escuridão daquela imensidão. Podia ouvir daqui a música além do barulho sendo executados lá, entre as colinas. Já que a maioria da alcateia que reside na cidade, e os que moram nas cidades humanas estavam aqui para festejar o título de alfa de Lucius.Ainda estava decidindo se iria ou não. Havia prometido ao meu irmão mais velho, mas algo dentro de mim só queria ficar aqui admirando de longe a festa e não poder conversar sobre mais nada.—Ikarus! —ouvi uma voz tão suave quanto o vento me chamar.Virei minha face e percebendo que era Archelaos, um adolescente de cabelos castanho com fios loiros. Tímido que evitava olhar em nossos olhos.—Odette estar te chamando, disse para bater na porta do seu quarto! —falou sem jeito com seus cílios abaixados.—Certo, obrigado! —agradeci e ele sumiu tão ágil quanto uma raposa em fuga.Me ergui daquele telhado ajeitando meu casaco fino
No outro dia...Despertei num susto, e percebi como minha cabeça doía-me até a nuca. Os raios solares faziam minhas vistas arderem, e me levar a mão direita tentando evitá-los. Ainda tentava me recordar do que havia acontecido ontem e nada se conectava ou concordava em minha mente. Parecendo um sonho sem pé e sem cabeça.Tudo parecia pedaços de caco de vidro, estilhaçados e difíceis de se conectarem mais. Pisquei algumas vezes tentando fazer com que minha visão, se acostumasse com o sol entrando por minhas persianas das janelas.Ter misturado álcool com o que estava fumando, não tinha sido uma bela de ideia. E agora podia ver isso, com meus músculos endurecidos e a ressaca que parecia me matar a cada movimento que fazia naquela cama de casal.Tentei me erguer, mas cai novamente ao meu leito encarando o teto. E resolvi esperar um pouco e criar forças para me jogar dali. E foi exatamente que fiz.Minhas noções motoras ainda estavam retardadas, quando me esgueirei para o banheiro. Como s
Localização: Wichita, Kansas, Estados Unidos.Samantha Roosevelt...Abri minhas pálpebras pela a milésima vez, encarando meu despertador que anunciava em sua tela digital que daqui a pouco era hora de acordar. Mas quem disse que preguei meus olhos essa semana toda?! Depois daquele dia no festival, minha mente virou um turbilhão confuso de pensamentos junto com meu coração.Ainda estava tão claro como água, naquela noite, quando eu me aproximei dele. Depois de ponderar por minutos se devia mesmo. Ikarus estava tão mudado. Não era mais um menino, o que meu corpo e cabeça constatavam. Seu corpo havia aumentado não só de altura, mas também a musculatura e seu olhar. Que não trazia mais um céu sem nuvens, como o chamava na infância e sim algo misterioso e com ódio a minha pessoa que ainda continuava.Entretanto, eu realmente gostaria de saber o que fiz para despertar esse sentimento de repudia. Mas eu teria que fazer por onde e tentar persuadi-lo, o que não seria nada fácil da parte do mes
Demorei mais ou menos uns minutos. Coloquei uma calça skinny azulada, que deixava minhas curvas mais salientes e um top caído nos ombros. Não fiz o que minha mãe disse, e nem iria colocar algo tão forte as oito da manhã como ela.Optei por algo básico e leve em minha face, destacando apenas as sobrancelhas grossas e um brilho labial em minha boca. Me aconcheguei num moletom curto e aberto, e tratei de espirrar um pouco de perfume com toque de gardênia e cítrico florais. Coloquei meus cabelos amarrados para trás, e agarrei meu celular assim que eu calcei meus tênis macios de tom pêssego.Fui tão ágil quanto um raio ao sair do meu quarto e descer as escadas, escutando risadas de minhas irmãs e de minha mãe?! Isso estava estranho. Pensei ao parar.Escutei uma voz familiar, grossa e ao mesmo tempo sedosa como um tecido macio. Tinha eloquência e persuasão ao falar.Desci mais ágil ao virar para minha esquerda e seguir para o salão onde fazíamos nossas refeições. Parei de imediato perplexa,
Quando atravessei o portal da alcateia dos Onix, minha mente ainda estava embaralhada. Precisava pelo menos fazer algo certo em minha vida, e umas delas era visitar Vincent. Fazia anos que eu não me atrevia a vim ver seu tumulo, mas sabia bem onde se encontrava. Ao oeste da cidade central, entre grande arvores, de sequoias.Era um local sagrado para os antigos e anciões, e todo o resto da matilha. Onde jazia seus queridos parentes, que morreram e os queriam manter em paz e ao mesmo tempo perto. Acho que não queria isso. Ter Vincent perto de mim, seria egoísmo demais de minha parte. Entretanto, minha mãe fazia questão disso ao usar seu cordão.E falando em cordão, por algum motivo eu trouxe o meu. E não sei bem como explicar, mas sempre que o pegava em mãos podia sentir meu irmão ao meu lado. De alguma forma me zelando e cuidando.Entretanto, não foi como naquele dia que ele sumiu para nunca mais ser achado. Nem ao menos seu corpo ou resquícios dele. Então, a única coisa que me
Localização: Alcateia Onix, oeste da cidade central, cemitério das sequoias.Ikarus Hoover...Samantha me encarava de um jeito, que fazia todo meu corpo vibrar. E meu lado bestial se eriçar por seu calor corporal. Engoli em secos, aquele eternos minutos que fazia meu coração acelerar numa adrenalina frenética.Maldito fosse meu lado animal, o do lobisomem que integrava rente as bestas. E me obrigava a entregar aos desejos carnais, que na nossa raça eram como sofridas chicotadas que fazia doer o corpo todo. Retraindo cada fibra do musculo, me rejeitando a cair tensão sexual que era inundado naquele ambiente. E ela parecia perceber isso.Notei seus quadris ficarem rentes a minha virilha, e num olhar fugaz um sorriso de lado se desenhou. Uma expressão de vingança se fez em sua bela face querendo me tragar, me ver destruído e deixado aos meus instintos. Era isso que aquela loba queria arrancar de mim. Ver meu corpo sofrer.Cravei meus dedos naquela terra fúnebre, como se fosse rasgar o ch
Minhas pálpebras abriram-se devagar, ainda atordoado e com minha visão embaçada. Girei minha retina para a direita, identificando aquele local de tons creme com branco. E uma mulher de cabelos escurecidos, de costas que estava mexendo em algo que tilintou em alguma coisa metálica. Pisquei algumas vezes para tentar entender onde me encontrava.Quando uma dor lançante tomou meu corpo, fazendo-me soltar um gemido. O que alertou aquela mulher, que agora podia ver ser Sarah. Um dos membros da alcateia, que era da área de medicina. Observei-a vindo enquanto notava faixas por todo meu corpo.—Senhor Hoover, melhor não se mexa tanto. Seus ferimentos ainda não sararam por total completo! —quando a mesma pronunciou aquilo, a encarei.—O que houve? —indaguei e a mesma me olhou sem jeito.—Ah, eu acho melhor chamar seu pai! —quando ela ia se virar eu a agarrei pelo o pulso suavemente.—Por favor, me diga o que aconteceu! —pedi a ela.—Você e Lucius quase se mataram ontem! —exclamou uma voz séria
Uma semana depois do acontecido...Infelizmente, a semana passou e era chegada o dia daquela porcaria de reunião. Que nem ao menos sabia do que se tratava. Mas podia palpitar que seria sobre minha briga e de Lucius, que não duvida ter repercutido pela a alcateia toda a essa altura do campeonato. Mas eu estava pouco me fodendo para tal coisa, já que nesses dias todos que me curei me deixei ficar retraído em meu quarto e muita das vezes que saia era pra ir à cidade humana para adquirir meu cigarro e ao menos viver uma vida normal.E nesses dias, evitei os corredores dessa mansão e a face de todos, inclusive de Lucius, meu irmão mais velho. Ainda doía demais que sua decisão, foi me atacar a favor de Samantha. E ela que agora era sua escolha, invés de seu irmão que tanto lhe tinha estima e daria a vida pelo o mesmo.Aquele céu noturno me trazia paz, enquanto tragava aquele meu vício odioso. E soltava a fumaça ao ar, para ser levada pela a brisa fria noturna. Eu tentava me tranquilizar, po