No outro dia...
Despertei num susto, e percebi como minha cabeça doía-me até a nuca. Os raios solares faziam minhas vistas arderem, e me levar a mão direita tentando evitá-los. Ainda tentava me recordar do que havia acontecido ontem e nada se conectava ou concordava em minha mente. Parecendo um sonho sem pé e sem cabeça.
Tudo parecia pedaços de caco de vidro, estilhaçados e difíceis de se conectarem mais. Pisquei algumas vezes tentando fazer com que minha visão, se acostumasse com o sol entrando por minhas persianas das janelas.
Ter misturado álcool com o que estava fumando, não tinha sido uma bela de ideia. E agora podia ver isso, com meus músculos endurecidos e a ressaca que parecia me matar a cada movimento que fazia naquela cama de casal.
Tentei me erguer, mas cai novamente ao meu leito encarando o teto. E resolvi esperar um pouco e criar forças para me jogar dali. E foi exatamente que fiz.
Minhas noções motoras ainda estavam retardadas, quando me esgueirei para o banheiro. Como se estivesse saído de um coma. Cheguei até aquele cômodo como se estivesse feito uma corrida, com uma tonelada de pedras em minhas costas. Tentei levar minha mão esquerda até a torneira, mas o que consegui foi derrubar as velas de aromas que ali jaziam. Que se estilhaçaram-se ao chão.
Me sentei na tampa do vaso sanitário e fiquei ali por minutos intermináveis pensando em como respirar somente, até que ouvi uma batida na porta, que demorei a virar a face.
Meu estomago estava embrulhado, e só de pensar em beber água me dava vontade de jogar fora que subia pelo o meu esôfago.
—Ikarus? —chamou aquela voz grossa.
Demorei ao pronunciar:
—Estou aqui! —Avisei.
E notei a presença de Lucius ali na soleira do banheiro.
—Você está horrível! —indicou ele numa careta.
—Acho que isso é um elogio, parece que fui atropelado por uma manada de elefante e depois jogado no deserto do Saara! —sentia minha garganta seca assim como todo meu resto do corpo.
—Preciso conversar contigo! —ouvi de seus lábios.
—Pode falar. —disse.
—Não, vamos lá fora um pouco. Um pouco de sol e vento fresco vai te fazer bem!
Eu o encarei com uma expressão nada boa,
—Olha o caco que estou, e quer me matar?!
—É um negócio sério, que gostaria de tratar contigo! —vi que era um assunto realmente importante ao ver sua face me encarando.
—Certo, vou tomar um banho e te encontro! —falei.
—Estarei esperando no labirinto de rosas! —respondeu e quando o procurei percebi que havia sumido.
Tive que criar forças para poder tomar um banho descente, sem escorregar enquanto corria para vomitar no vaso sanitário a cada hora que passava embaixo da água fria. Tentei ao menos estar apresentável ao me encontrar com Lucius.
Mas minha cara, não podia negar em como estava deplorável. Entretanto, não foi o meu pior. Já que misturei coisa piores com bebidas ao ponto de não ter forças para acordar, e deixar pessoas preocupadas comigo.
Vesti uma calça de moletom e uma camiseta sem mangas. Que consegui achar no estado que estava. O banho tinha me feito bem, entretanto, o gosto horrível ainda continuava em minha boca depois de escovar mais de três vezes.
Era incrível, como aquele tempo me irritava. O calor me fazia ficar com a garganta seca mais do que estava, depois de beber mais de um litro de água quando passei na cozinha antes de colocar meus pés aqui fora.
Segui vagarosamente, curtindo apenas a brisa que soprava em meus cabelos e os secavam mais. Dei passos até o jardim, indo na direção do labirinto.
Não sabia onde Lucius estaria, se era rente ao começou ao menos no meio ou final daquilo. Entretanto, eu sabia que quando ele queria conversar algo importante ou sério entre nós. Chamava-me até esse local.
Fui adentrando entre um corredor e outro, quando o vi de longe mexendo em seu celular.
—Lucius... —falei numa voz rouca. Ele despertou do que escrevia e guardou o aparelho. —O que queria conversar comigo?
Ficamos um de frente ao outro.
—Bom... —ele começou me encarando sério. —Gostaria de pedir uma coisa, mas primeiro...
Meu irmão demorou um pouco até que pronunciou:
—Ontem no festival, vi você e a Samantha juntos nas colinas rente a uma arvore! —comentou.
—Ah, sério? Não me lembro de muita coisa de ontem. —fui sincero. —Enchi a cara de bebida!
Ele desviou como se não estivesse surpreso.
—Não minta para mim, Ikarus. —ele falou num tom de voz elevado, o que me deixou apreensivo.
—Não entendo. —disse com minhas mãos enfiadas nos bolsos da calça.
—Vi você e Samantha se beijando ontem... —ele falou e fiquei sem reação com aquilo, com minha alma saindo do corpo. Já que mal lembrava das coisas. —Seja sincero comigo, o que vocês dois tem?
—Hum, nada. —fui direto tentando me recordar de fagulhas de memória. E consegui ao menos uma parte naquele emaranhado de confusão em minha mente. —Ela...
—Eu irei avisar uma coisa! —exclamou ele com uma aura ameaçadora e que conhecia muito bem. A do alfa. —Eu estou apaixonado pela Samantha, Ikarus!
Aquilo bateu na boca do meu estomago, deixando-me boquiaberto. Nunca ao menos Lucius havia comentado sobre ela, e pelo que sabia mal se falavam.
—Você apaixonado por ela?? —acabei por me exaltar por aquela notícia que me havia pegado de supetão. —Está de ironia não? —indaguei ao tentar pensar que ele estava me pregando uma peça.
—Nem um pouco, irmão! —falou com aquele olhar firme.
Lucius podia ter a mulher que quisesse, mas Samantha... Logo ela, por quem o mesmo foi se apaixonar?
—E deixo um aviso... —ele cerrou os punhos para mim.
E com toda certeza, qualquer lobo veria aquilo como uma afronta e declaração de guerra.
—Se chegar perto dela novamente... —me ameaçou, e mantive o olhar. —... irei deixar de ser seu irmão, e virarei seu inimigo declarado!
Um vento farfalhou aqueles espinhos entre folhas secas, enquanto ainda o encarava tentando processar sua intimidação para minha pessoa. Em outras palavras, uma traição vinda de meu irmão que tanto presava e tinha estima...
Localização: Wichita, Kansas, Estados Unidos.Samantha Roosevelt...Abri minhas pálpebras pela a milésima vez, encarando meu despertador que anunciava em sua tela digital que daqui a pouco era hora de acordar. Mas quem disse que preguei meus olhos essa semana toda?! Depois daquele dia no festival, minha mente virou um turbilhão confuso de pensamentos junto com meu coração.Ainda estava tão claro como água, naquela noite, quando eu me aproximei dele. Depois de ponderar por minutos se devia mesmo. Ikarus estava tão mudado. Não era mais um menino, o que meu corpo e cabeça constatavam. Seu corpo havia aumentado não só de altura, mas também a musculatura e seu olhar. Que não trazia mais um céu sem nuvens, como o chamava na infância e sim algo misterioso e com ódio a minha pessoa que ainda continuava.Entretanto, eu realmente gostaria de saber o que fiz para despertar esse sentimento de repudia. Mas eu teria que fazer por onde e tentar persuadi-lo, o que não seria nada fácil da parte do mes
Demorei mais ou menos uns minutos. Coloquei uma calça skinny azulada, que deixava minhas curvas mais salientes e um top caído nos ombros. Não fiz o que minha mãe disse, e nem iria colocar algo tão forte as oito da manhã como ela.Optei por algo básico e leve em minha face, destacando apenas as sobrancelhas grossas e um brilho labial em minha boca. Me aconcheguei num moletom curto e aberto, e tratei de espirrar um pouco de perfume com toque de gardênia e cítrico florais. Coloquei meus cabelos amarrados para trás, e agarrei meu celular assim que eu calcei meus tênis macios de tom pêssego.Fui tão ágil quanto um raio ao sair do meu quarto e descer as escadas, escutando risadas de minhas irmãs e de minha mãe?! Isso estava estranho. Pensei ao parar.Escutei uma voz familiar, grossa e ao mesmo tempo sedosa como um tecido macio. Tinha eloquência e persuasão ao falar.Desci mais ágil ao virar para minha esquerda e seguir para o salão onde fazíamos nossas refeições. Parei de imediato perplexa,
Quando atravessei o portal da alcateia dos Onix, minha mente ainda estava embaralhada. Precisava pelo menos fazer algo certo em minha vida, e umas delas era visitar Vincent. Fazia anos que eu não me atrevia a vim ver seu tumulo, mas sabia bem onde se encontrava. Ao oeste da cidade central, entre grande arvores, de sequoias.Era um local sagrado para os antigos e anciões, e todo o resto da matilha. Onde jazia seus queridos parentes, que morreram e os queriam manter em paz e ao mesmo tempo perto. Acho que não queria isso. Ter Vincent perto de mim, seria egoísmo demais de minha parte. Entretanto, minha mãe fazia questão disso ao usar seu cordão.E falando em cordão, por algum motivo eu trouxe o meu. E não sei bem como explicar, mas sempre que o pegava em mãos podia sentir meu irmão ao meu lado. De alguma forma me zelando e cuidando.Entretanto, não foi como naquele dia que ele sumiu para nunca mais ser achado. Nem ao menos seu corpo ou resquícios dele. Então, a única coisa que me
Localização: Alcateia Onix, oeste da cidade central, cemitério das sequoias.Ikarus Hoover...Samantha me encarava de um jeito, que fazia todo meu corpo vibrar. E meu lado bestial se eriçar por seu calor corporal. Engoli em secos, aquele eternos minutos que fazia meu coração acelerar numa adrenalina frenética.Maldito fosse meu lado animal, o do lobisomem que integrava rente as bestas. E me obrigava a entregar aos desejos carnais, que na nossa raça eram como sofridas chicotadas que fazia doer o corpo todo. Retraindo cada fibra do musculo, me rejeitando a cair tensão sexual que era inundado naquele ambiente. E ela parecia perceber isso.Notei seus quadris ficarem rentes a minha virilha, e num olhar fugaz um sorriso de lado se desenhou. Uma expressão de vingança se fez em sua bela face querendo me tragar, me ver destruído e deixado aos meus instintos. Era isso que aquela loba queria arrancar de mim. Ver meu corpo sofrer.Cravei meus dedos naquela terra fúnebre, como se fosse rasgar o ch
Minhas pálpebras abriram-se devagar, ainda atordoado e com minha visão embaçada. Girei minha retina para a direita, identificando aquele local de tons creme com branco. E uma mulher de cabelos escurecidos, de costas que estava mexendo em algo que tilintou em alguma coisa metálica. Pisquei algumas vezes para tentar entender onde me encontrava.Quando uma dor lançante tomou meu corpo, fazendo-me soltar um gemido. O que alertou aquela mulher, que agora podia ver ser Sarah. Um dos membros da alcateia, que era da área de medicina. Observei-a vindo enquanto notava faixas por todo meu corpo.—Senhor Hoover, melhor não se mexa tanto. Seus ferimentos ainda não sararam por total completo! —quando a mesma pronunciou aquilo, a encarei.—O que houve? —indaguei e a mesma me olhou sem jeito.—Ah, eu acho melhor chamar seu pai! —quando ela ia se virar eu a agarrei pelo o pulso suavemente.—Por favor, me diga o que aconteceu! —pedi a ela.—Você e Lucius quase se mataram ontem! —exclamou uma voz séria
Uma semana depois do acontecido...Infelizmente, a semana passou e era chegada o dia daquela porcaria de reunião. Que nem ao menos sabia do que se tratava. Mas podia palpitar que seria sobre minha briga e de Lucius, que não duvida ter repercutido pela a alcateia toda a essa altura do campeonato. Mas eu estava pouco me fodendo para tal coisa, já que nesses dias todos que me curei me deixei ficar retraído em meu quarto e muita das vezes que saia era pra ir à cidade humana para adquirir meu cigarro e ao menos viver uma vida normal.E nesses dias, evitei os corredores dessa mansão e a face de todos, inclusive de Lucius, meu irmão mais velho. Ainda doía demais que sua decisão, foi me atacar a favor de Samantha. E ela que agora era sua escolha, invés de seu irmão que tanto lhe tinha estima e daria a vida pelo o mesmo.Aquele céu noturno me trazia paz, enquanto tragava aquele meu vício odioso. E soltava a fumaça ao ar, para ser levada pela a brisa fria noturna. Eu tentava me tranquilizar, po
Localização: Casa dos Roosevelt, Wichita, Kansas, Estados Unidos.Samantha Roosevelt...Ainda estava atônita do que havia acontecido, tudo foi tão rápido quanto eu podia prever. Flashes de memória me inundavam, como se eu estivesse afogando-me num mar revolto e que não tinha um grão de terra para me segurar. Ver de perto Ikarus e Lucius se transformando...Então, aqueles eram lobisomens de verdade.Deixando sua humanidade para ser tomado pela besta raivosa. Que eu fracassei naquele momento que tentei parar os dois. Mas ao ver que Ikarus ia morrer, algo dentro de mim ágil de imediato para tentar salvá-lo.Só de ouvir seu grunhido de dor, tentando se soltar dos dentes afiados de seu irmão mais velho, deixava meu peito encolhido e atormentado. Como se minha besta o quisesse salvá-lo do perigo. Que nem eu mesma entendi na hora.Entretanto, depois que sarei de um braço quebrado em menos de um dia. Recebi um sermão de meu pai, que ouvi calada sem sequer questioná-lo sobre.Ainda mais quando
Precisei de alguns minutos, olhando para minhas mãos em tentar organizar meus pensamentos. Mas era impossível.—Mas por quê? —consegui dizer.—Eu não queria falar, mas o que ela me disse que é por sua causa! —explicou. —E, nosso pai ameaçou de não se aproximar de você com o pai do Ikarus!O ar em meus pulmões estava difícil de serem soltos, ou ao menos de tentar inalar o oxigênio que meu coração necessitava para bobear ao meu cérebro. Estava um pouco zonza com aquilo, e levei minha mão direita ao rosto.—É culpa minha isso. —comentei.—Não mesmo, Sam. —ela tentou me acalmar pegando em minha mão esquerda ao se aproximar. —Relaxa com isso, a culpa da briga não foi sua. Ikarus decidiu ir embora, e bom, vocês não se davam bem mesmo!—Mas ele decidiu ir de vez? —a fitei e ela balançou a cabeça positivamente.—Ainda mais que aconteceu isso, e pelo o que a Odette disse ele foi um alfa. E a qualquer hora ele e o Lucius iam ter divergências! —me disse. —Ikarus ainda tem aura de alfa, mesmo que