Apenas fico ali sem acreditar naquilo. Ele não gostou, achou que estou me expondo ao ridículo? Sério aquilo..?
Corro pro banheiro olhando a minha imagem desprezível no rosto, o meu marido estava certo, já sou velha demais pra essas coisas, é simplesmente ridículo eu querer fazer aquilo. Começo a me livrar das pulseiras e dos adornos bastante brava comigo mesma, só sirvo pra passar vergonha. Removo a maquiagem do meu rosto e tiro aquele vestido ousado, por que diabos eu fui inventar de fazer aquela porcaria? O que há de errado comigo? Quantos anos eu penso que tenho? O que minha filha pensaria de mim se ficar sabendo disso..? Desabo ali mesmo no chão do banheiro em um choro silencioso, o que mais eu faço? A minha vida acabou, eu sou tão ridícula...
Momentos depois vestindo um pijama de sempre, volto pro quarto e começo a limpar as coisas, tinha voltado a minha forma sem vida de sempre. Eu sou apenas mais uma mulher no mundo casada com um homem respeitado, não há nada de especial em mim. Nunca teve. Termino a limpeza e me deito do meu lado na cama me encolhendo no canto de costas pro homem, estou torcendo para que ele não conte nada daquilo a minha sogra pra eu não ser repreendida severamente. Fecho os olhos e apago finalmente, mas por incrível que pareça, quando abro os olhos novamente, o sol não tinha raiado lá fora. Suspiro, só me faltava essa, começar a ter insónia. Me remexo na cama me virando pra outro lado pra alongar minhas costas e então noto que o lado da cama do meu marido está vazio, franzo levemente o cenho estranhando sem saber onde ele poderia ter ido aquela hora da madrugada. Olho em direção ao banheiro e vejo que a luz está apagada assim como eu a deixei horas antes, então no banheiro ele não estava. Talvez deve ter ido beber uma água. Suspiro, pensando bem, também precisava de uma água. Talvez aquilo me iria ajudar a dormir.
Então me levanto da cama colocando um lenço sobre meus ombros e cabeça para esconder o cabelo, calço meus chinelos e saio do quarto indo em direção a cozinha. Aquela hora da madrugada, a casa está tão silenciosa que até dá medo. Quando criança, minha mãe contava que era perigoso sair a noite porque era a hora que os fantasmas acordavam e começavam a sua vida após a morte, sempre que os vivos iam dormir. Então nenhuma pessoa viva deveria ficar acordada de madrugada pra não deparar com esses seres do além senão eles levariam a pessoa com eles. Aquela história me assustava tanto quando eu era pequena, na verdade ainda me assusta, mas ao menos eu nunca tinha visto fantasma nenhum nas noites que eu não pregava os olhos ficando do lado da minha filha a noite toda quando ela ficava doente. Mas só pra prevenir, vou até o pequeno santuário da família e faço uma breve reza aos deuses, principalmente a deusa Durga para que me protegesse e também a minha filha que está na faculdade. Depois disso, me dirijo até a cozinha que também está deserta, e eu achando que Shankar estaria aqui... Dou de ombros e sirvo um copo com água pra mim, bebo um pouco e decido levar o copo pro quarto. Quem sabe eu precisaria de mais água?
Quando chego até o corredor dos quartos, rolo os olhos ouvindo o som dos gemidos da Deva vindo do quarto dela que fica do lado do meu. Um fio de luz escapava da fresta da porta que está entreaberta. Deva e seu gesto escandaloso, suspiro e me aproximo pra fechar a porta, mas então penso. Kabir, o marido dela, está viajando. Então com quem Deva estaria..? Pisco os olhos confusa. Será que Kabir voltou de madrugada? Aquilo é bem pouco provável... Então ela está traindo Kabir? Que garota mais sem noção! Abro a porta de supetão entrando no quarto afim de dizer umas boas pra aquela garota quando o que vejo em minha visão faz o meu coração parar na hora. Deva estava de quatro na cama segurando as barras da cama com as mãos. Estava totalmente nua enquanto Shankar estava por trás dela segurando na sua cintura e enfiando o... Na... Por trás... O quê..? Meu corpo todo fica mole, não percebo como o copo de água cai da minha mão. Eles já tinham me notado.
"Nayana..." Shankar se afasta de Deva ajeitando a túnica para esconder sua nudez, Deva cobre o seu corpo com o lençol. "O que está fazendo aqui? Você deveria estar dormindo!"
"Você... Vocês..." Balbucio com muita coisa acontecendo na minha cabeça. Isso não é verdade. Shankar não fez isso comigo. "Você..." Shankar se aproxima de mim e tenta segurar meu braço, mas eu não deixo. "SOLTA! NÃO ME TOQUE!" Já estou gritando de choque e raiva.
"Não grita, por favor não conte a ninguém." Ele está pedindo urgente com as mãos juntas no peito, as mesmas mãos que a momentos atrás estiveram no corpo de Deva. "Por favor Nayana, pela gente. Sou o seu marido, eu te amo." Ele suplica. Amor? Um dia você já me amou, Shankar..? Apenas derrubo no chão e dou um grito de choro bastante amargurada, eu posso aguentar a frieza dele para comigo, posso aguentar os maltratos dele, até os abusos, posso aguentar tudo, menos aquilo.
[....]
Horas depois, estou sentada no sofá da sala encarando fixamente o chão. Shankar está do outro lado sentado num outro sofá, a anciã desdentada da família está na sua poltrona de sempre, minha sogra tinha as mãos cobrindo a boca ainda surpresa pelos acontecidos, meu sogro está andando de um lado pro outro na sala sem saber como resolver aquela situação. Deva não está ali, ela provavelmente vai ser devolvida pra sua família, isso se eles aceitarem ela de volta, ou então ela será mais uma mendiga que anda pelas ruas para se envergonhar pra sempre pelos seus atos demoníacos, só estão esperando o marido dela chegar pra fazer isso. Eu só me perguntava porquê o homem também não era deserdado se também tinha errado? Provavelmente nada aconteceria a Shankar depois daquilo... Se me perguntarem o que quero que aconteça com Shankar, falarei pra matarem ele sem exitar. Quero que ele morra.
"Os Biswas tiveram melhor produção esse ano." Meu sogro está dizendo. "Ouvi dizer que estão contratando mais gente local para os negócios deles. Contando isso e fato de terem doado as cinquenta vacas para o santuário da aldeia eu diria que a gente está a um ponto de perder a eleição desse ano." Os Suryavant também detém um grande prestígio no tribunal local o que faz deles os mais indicados pra ganhar a eleição para o lugar do chefe da aldeia desse ano. Em suma, o meu sogro está preocupado com a política e a reputação da família. "Agora se esse escândalo vier a tona, não acho que nos favoreceria." Shankar solta um som de deboche e diz.
"Não é como se isso fosse o fim do mundo, pai..."
"CALE A BOCA!" Meu sogro esbraveja furioso fazendo minha sogra dar um pulinho assustada do lugar onde está sentada. "Você não está no direito de falar nada aqui!"
"A gente só... Deve tentar convencer Nayana pra não expor esse caso ainda mais pra não comprometer a reputação da família." Minha sogra intercedeu, eu me cobri mais com o meu lenço. Tem alguém nessa casa que ao menos se importa comigo? Que se dane a reputação da família, eu dediquei a minha vida toda para um casamento pra descobrir que foi tudo em vão...
"Nayana não vai contar." Shankar fala. "Ela é uma mulher inteligente e submissa que sabe resolver contendas maritais no quarto."
"Calem a boca, vocês!" A anciã fala, sua voz ríspida e acusadora bastante patente. "Bando de imprestáveis. Só me dão vergonha como família!"
"Mas mãe..." O meu sogro tentou.
"Mandei calar, Raj. Você não soube educar o seu filho a manter o amiguinho dele longe de buracos alheios, então não tente ordenar merda nenhuma aqui." Todos estão em silêncio a essa altura. "Agora estamos todos a mercê dela aqui." Apontou em minha direção com o queixo. "Deixem que ela fale e tome sua decisão."
Estou emocionada pela pessoa que sempre me julgou naquele lugar, hoje estar do meu lado. Limpo o rosto, o que eu queria? Certamente me vingar do Shankar por ter gozado com a minha cara todo esse tempo, mas eu não tinha nada contra os Suryavant. Levanto o rosto depois de um tempo, posso até sentir a tensão naquele lugar, como a família tem medo de que eu os prejudique.
"Eu... Não vou expor mais nada." Falo e eles soltam sons de alívio, Shankar até se senta com mais conforto. "Mas, eu vou embora."
"Como assim ir embora?" Shankar pergunta um tanto perplexo. "Você é minha mulher, não pode ir a lugar nenhum!"
"Filha... Você tem certeza?" A minha sogra tenta. "Você está mais acolhida aqui com a gente. E sabe o que acontece com mulheres que estão separadas dos seus maridos aqui na aldeia."
"Eu já decidi que vou embora." Balbucio me sentindo pequena demais.
"Vamos apenas... Respeitar a decisão dela." Meu sogro.
"Mas quem vai lavar os meus pés se você for embora, Nayana?" Shankar tem a ousadia. Me lavanto de uma vez e vou até o quarto fazer minha mala. Não paro de chorar, estou odiando isso.
"Você vai mesmo embora, Nayana..?" Anuska está lá me ajudando como sempre. Apenas acinto e ela me abraça me permitindo chorar mais um pouco. "Espero que tudo dê certo pra você." Ela consola.
"Eu também espero..."
Horas depois estou fora de casa dos Suryavant apenas com uma pequena mala e uma bolsa de mão. Caminho com o meu coração batendo forte na caixa torácica á passos apressados, é como se eu estivesse finalmente saindo em liberdade de uma prisão que me prendeu por anos, até dou um pequeno sorriso vitorioso embora ainda nervosa. Pretendo nunca mais olhar na cara do Shankar, tudo que eu tinha feito por ele, eu tinha realmente vivido a minha vida toda pra ele, tinha me doado tanto pra agora descubrir que tudo foi em vão. O homem esteve me traindo esse tempo todo, era bem provável que ele ficava com outras bem antes da gente ter se casado, fazendo assim que eu não fosse a sua primeira mulher e também nada provava que ele não tenha continuado a estar com outras mulheres mesmo depois da gente ter se casado. Eu não estava toda hora do dia de olho nele, ele podia ter me traído vezes sem conta bem de baixo do meu nariz. Pelo menos agora eu entendo o porquê dele não sentir mais excitação quando me v
O apartamento da Hari fica num dos prédios sofisticados da cidade, só pela visão do prédio já dá pra ver que minha amiga está se dando muito bem em Singapura. Subimos até o andar onde o apartamento dela ficava, nunca estive num lugar tão moderno e sofisticado como aquele, a decoração era toda arrojada, tinha um sofá preto longo no meio da sala, uma TV gigantesca na parede da sala, a cozinha inglesa dava para sala. O lugar não era tão grande como a casa dos Suryavant, mas com certeza era tão cara quanto, até mais cara do que a casa deles, me atrevo a pensar."Wau! Sua casa é linda." Exclamo olhando surpresa para o lugar, então é desse jeito que Hari vive. Ela é uma mulher bem resolvida por completo, tenho orgulho da minha melhor amiga. Ela tinha passado por tanta coisa nessa vida que tudo isso ela está conseguindo alcançar é muito mais do que merecido para ela, queria eu ver a cara da família dela que um dia a desprezou por ela simplesmente ser mulher, queria ver como seria a cara dele
Ainda estamos na mesa comendo o jantar e eu estou estática depois de ter ouvido o que ela falou, até achei que ela não tinha falado aquilo. Já não estou vendo mais interesse na comida, mas sim no que ela estava falando."D-devolver? Pela mesma moeda..." Estou chocada. O que ela está sugerindo? Que eu traia o Shankar também? Pelo incrível que pareça ela está mesmo acentindo respondendo a minha questão trémula."Seria uma boa lição." Acrescenta naturalmente, solto uma risada inacreditável."Não acredito que você esteja sugerindo isso, Hari." Eu sabia que minha amiga é louca da cabeça, mas não até esse ponto."Então o que você pretende fazer? Chorar até o último dia da sua vida? Viver se lamentando por tudo isso que Shankar fez com você? O que você perderia dando um troco se ele já tirou toda a sua dignidade? Ele te manchou toda, te ridicularizou. Nem pensou em como você se sentiria, esse homem não merece nenhum respeito seu." Ela fala, fito o chão, ela está certa, não tenho argumentos p
Quando saio do quarto toda arrumada e confiante, Hari até mexeu os ombros de tão radiante que estou, descemos logo e fomos pro carro dela, já é quase 10h da noite, a gente pretendia voltar tarde pra casa naquela noite. Ela ficou o caminho todo me dando dicas de como me portar quando um homem chamar minha atenção e eu quere-lo. Me sinto igual uma adolescente na primeira noitada que vai com uma amiga experiente, odiava a falta de experiência em mim, mas eu não tinha culpa, tinha me casado com 15 anos, tudo o que eu tenho de experiência aprendi com Shankar que não foi lá um bom professor. No sexo, ele não se importava se eu estava gostando ou não, desde que ele estivesse gostando e gozando, estava tudo bem pra ele... Quando chegamos no tal clube havia uma grande fila na entrada do lugar com muita gente querendo entrar, fico cabisbaixa."Ai, amiga. Acho que a gente não vai conseguir entrar aí não." Falo com um biquinho nos lábios, mas Hari ri de mim."Calma. Está comigo, está com Deus." E
"Você está bem, moça? É perigoso andar sozinha por essas ruas a noite." Ele fala em hindu ao se aproximar, pude perceber pelos traços que ele também é indiano, mas aquilo não quer dizer que eu confiaria nele só por ele ser do mesmo pais que o meu, o bom era que eu podia me comunicar facilmente com ele já que falamos o mesmo idioma. Fungo o nariz e respondo."Tá tudo bem, eu vou pegar um metrô e ir pra casa.""Eu estou de carro. Se você quiser te levo até sua casa, pra sua segurança." É cortez da parte dele, mas eu rio o ridicularizando."Eu não vou mostrar a um estranho onde moro, essa seria a coisa mais idiota a se fazer, Are baba!" Ele ri da minha expressão, mas concorda."Você tem razão, mas venha. Posso te levar até pelo menos no ponto do metrô, ainda fica há umas boas quadras daqui e seu sapato não está lá te ajudando." Olho pros meus saltos altos que Hari tinha insistido para que eu os usasse. "Você já tem estatura baixa, então tem que usar um salto mais alto pra dar uma equilib
Não tenho nenhum compromisso com esse homem, não o conheço e não tenho interesse em conhecê-lo. Dessa vez eu vou fazer tudo que Shankar nunca me permitiu fazer na cama, Shankar queria que eu fosse totalmente submissa, que ele estivesse encima de mim metendo enquanto eu apenas estou lá no silêncio esperando ele chegar no seu ápice. Era ele quem se satisfazia sempre, não eu. Mas dessa vez será diferente, a satisfação será minha, ainda mais com este homem que sabe me pegar bem. A forma como ele está me prendendo na parede do quarto do hotel enquanto me beija com vontade, me faz ficar toda molinha por ele, embora não me conhecendo, ele tem tempo pra me apreciar, apreciar meu corpo, apreciar meu rosto, ele tem tempo de dizer o quanto sou linda e atraente, o quanto está completamente rendido por mim. Gosto de quando ele dá atenção extra aos meus seios e admite que eu explore o corpo dele também, as nossas respirações são pesadas um respirando no outro, nossas roupas a muito jogadas em qualq
"Desculpe, não quis te assustar." Abano a cabeça num gesto que indicava que está tudo bem. Não acredito que ainda estou aqui parada arredando, era pra eu ter saído correndo desse maldito quarto, por Shiva! Mas ele tem uma expressão tão fofa quando acorda... Que saco... Ele se senta na cama e coça os olhos, o lençol caindo da sua barriga parando em seu baixo ventre, viro o rosto na hora me sentindo corada. Ele tinha um majestoso corpo, por Krishna..."Bom, eu realmente preciso ir... Já estava de saída!" Falo pegando minha bolsa tentando mascarar meu embaraço. Se não saio agora então nunca mais saio. Meu medo é eu ter um leve surto e ir sentar no colo dele bem manhosa pedindo por carinho e outras coisas... A culpa não é minha... Aquele corpinho dele e seu jeitinho me fazem acelerar de uma hora pra outra."Mas já? Você já vai? Sem tomar um café?" Ele questiona. Sério que ele está me oferecendo um café..? Oh, Deuses. Porquê esse sofrimento? Fecho os olhos por um momento tentando me recomp
NayanaMomentos depois, Radesh estaciona o carro dele por baixo do prédio onde fica o apartamento de Hari. Depois do café ele se ofereceu para me levar até minha casa, eu aceitei de bom grado, ele está sendo um completo cavalheiro comigo."É uma pena que já tenhamos chegado." Ele lamenta e eu dou risada daquilo, estranhamente também queria ficar mais tempo com ele."Eu preciso ir, minha amiga deve estar morrendo de preocução de mim porque eu praticamente sumi ontem de noite.""Entendo entendo. Mas você estava comigo, ela não devia se preocupar... Você vai contar sobre mim pra ela?""Provavelmente!" Outra risada, ele me acompanha e então depois se aproxima e me beija.Dessa vez não foi um selinho, foi um beijo gostoso e cheio de desejo que eu só podia retribuir, quase que fico sem ar, estou desestabilizada."Me diga que voltarei a ver você novamente, por favor..." Ele pede quase sussurrando, seu hálito fresco inundando o meu rosto. Quero tanto beija-lo..."Você vai sim me ver de novo..